Volume 10

Capítulo 202: O início da tragédia (Parte 1)

Parte 1

Naquele dia, Vanessa Paradis, uma investigadora da seção de contramedidas para drogas perigosas do departamento de segurança, estava de mau humor. Geralmente, ela era uma pessoa com expressões limitadas, mas agora qualquer um que a olhasse andando pelos corredores da agência entenderia que sua expressão estava sombria.

— Parece que você está de muito mau humor, Paradis.

Quando Vanessa desviou o olhar para a voz que de repente se dirigia a ela, viu um homem com um cavanhaque por volta dos quarenta e poucos anos, vestido em uma atmosfera astuta.

— Hughes-san. Não, na verdade não, não estou de mau humor…

— Não minta. Você realizou uma investigação secreta por meio ano e, quando chegar a hora, você será retirada da equipe. Não é de se estranhar que você fique de mau humor. Se fosse eu, não há dúvidas de que eu estaria irritado.

— Mas isso… é verdade...

Vanessa gaguejou, sentindo-se perdida pelo que deveria dizer e seu olhar vagou.

Davy Hughes. Ele era um investigador sênior na mesma seção de contramedidas da agência de segurança de Vanessa, um veterano que logo alcançaria seu vigésimo ano de carreira. Ele também era um excêntrico que se fixou em seu cargo atual na medida em que recusava a presidência do chefe da seção, independentemente de suas inúmeras realizações.

— Bem, quem te deixou de fora fui eu.

— ...

Ouvir Hughes expor sua própria ação sem parecer nem um pouco arrependido fez Vanessa ficar sem palavras. Ela também estava olhando fixamente para ele.

Hughes mostrou um sorriso irônico para Vanessa, que estava em tal estado. Ele pediu a Vanessa que continuasse sua caminhada em direção ao escritório do chefe da agência, que era seu destino antes de ele começar sua explicação enquanto caminhava ao seu lado.

— Não me encare assim. Minha equipe está precisando de você agora. Só para você saber, eu consegui fazer com que o líder do esquadrão Ahmed a redesignasse para mim enquanto sofria uma tempestade de sarcasmo dele.

— … se bem me lembro, Hughes-san se tornou o líder da equipe de investigação do "Caso Berserk", certo? Nem mesmo dois dias devem ter se passado desde a formação da equipe... mas já existe algum desenvolvimento?

— É. A situação é confusa em vários aspectos. Desde o início, esse caso era algo irreal, portanto, também se pode dizer que não podia ser diferente. Houve um relatório da origem. É provável que eles usem o programa de proteção, mas… o alvo da proteção é uma garota que ainda tem 16 anos.

— Entendo. Portanto, é necessário um agente do mesmo sexo.

— Certo. Vou deixar a chefe contar os detalhes. Eu também vou para lá agora. Sinto muito por estar lhe pedindo coisas irracionais, mas não há agente feminina mais forte que Paradis para o serviço de proteção. Estou contando com você.

— Se Hughes-san está me avaliando tão bem, então não vou fazer birra. Por favor, cuide de mim.

Hughes riu das palavras de Vanessa enquanto respondia: — Cuide de mim também. — Independentemente de quão veterano ele era, ele não estava se gabando com Vanessa, que ainda não havia se formado no território de novatos. Talvez essa também tenha sido uma das razões pelas quais ele foi capaz de deixar para trás suas inúmeras realizações. Para um investigador sênior que liderava uma equipe, era importante a forma como ele tratava seus subordinados.

O humor de Vanessa, que estava caindo para o abismo momentos antes, subiu de forma súbita ao ouvir as palavras que a avaliavam muito bem por um respeitado investigador veterano. De modo inesperado, essa Vanessa era fácil de lidar.

Embora a expressão dela não tivesse mudado em nada ao receber o olhar penetrante da chefe do departamento de segurança nacional, Sharon Magdanese, dentro de seu coração ela estava sentindo um nervosismo, como se tivesse sido obrigada a andar na corda bamba.

A chefe Magdanese era uma mulher com idade que parecia ter mais de sessenta anos, mas fora encarregada da posição de chefe do departamento de segurança nacional muito antes de Vanessa sequer entrar no departamento. Sua pressão e aura dominante que empurravam aqueles que a encaravam em um crisol de nervosismo não pareciam enfraquecer com sua idade, mas ficavam ainda mais polidas.

— Agente Paradis, esse é o estado atual do "Caso Berserk". Você entende, não é?

— Sim.

Não foi "Você entende?", mas era como se ela estivesse dizendo “Você entendeu, não entendeu? Não é? Eu não vou deixar você dizer que não.”, Vanessa respondeu de volta: — Sim. —, enquanto pensava que, se ela desse outra resposta, poderia ser demitida.

Ao ouvir sua resposta, a Chefe Magdanese assentiu com uma única palavra: — Bom. —, de forma natural, então seu olhar moveu-se para Hughes.

— Agente Sênior Hughes.

— Senhora.

— Reconhecerei a aplicação do programa de proteção para Emily Grant e seus parentes, assim como as pessoas ligadas ao desenvolvimento de "H3-α4" liderado pelo Professor Reginald Down. No entanto, faça de Emily Grant o alvo de proteção prioritário. Você entendeu, não entendeu?

— Entendido. Vamos para lá imediatamente? Se possível, quero ter uma sessão de informações com minha equipe primeiro.

— … eu não me importo. Seria suspeito se vários agentes do departamento de segurança visitassem enquanto o sol ainda está brilhando. Faça isso tarde da noite. Avisarei depois sobre o horário. Se Kimberly está entre os guarda-costas atuais, não acho que haverá problemas, mas, só por precaução, coloque alguns de nossos homens entre a segurança e os zeladores da universidade.

— Entendido.

Não havia preocupação com nenhuma complicação com a resposta de Hughes. Enquanto Vanessa ficava quieta, a Chefe Magdanese e Hughes conversaram mais um pouco e, no final, Magdanese perguntou: — Há mais alguma pergunta?

Vanessa, que percebeu que o olhar estava direcionado para ela, assentiu.

— Chefe, no caso de encontrarmos alguém que pegou esse "H3-α4" e se tornou o pseudônimo "Berserk", qual será o método para lidar com isso e a ordem de prioridade?

— Silenciem o alvo. Não vou questionar o método.

Foi uma resposta imediata. Vanessa, que fez a pergunta, ficou sem palavras. A chefe dizendo para ela silenciar o alvo sem questionar seu método significava que "estava tudo bem matar".

— … existe algum método para salvar as pessoas afetadas pela droga...

— Agente Paradis.

— ... sim.

— De acordo com a Doutora Emily Grant, atualmente não há remédios que possam fazer com que as pessoas que se tornaram Berserk voltem ao normal. Não é como se eu não entendesse seus sentimentos de querer apreender a vítima dessa droga com a esperança de que algum dia uma cura seja desenvolvida. No entanto, esse é o papel da seção de fiscalização, assim sendo, esse não é o seu trabalho. Não vou deixar você dizer que não entende, tudo bem?

— É claro, chefe. Minhas desculpas.

Vanessa abaixou a cabeça um pouco enquanto sentia Hughes sorrindo sem graça ao seu lado antes de fazer mais uma pergunta:

— Um pouco antes, houve a explicação de que o culpado que vazou os dados da droga não está claro, mas quanto do progresso da análise sobre isso está disponível no momento?

— Vejamos. Analista Parker, explique.

— Sim, chefe.

Em resposta à pergunta de Vanessa, a Chefe Magdanese se dirigiu ao homem que estava ao lado dela, que parecia ainda estar na casa dos vinte anos. O jovem esbelto usava óculos e parecia tímido e, por algum motivo, suas sobrancelhas estavam constantemente formando a figura de um "八", parecendo perturbado, o que fortalecia ainda mais sua impressão tímida.

O Analista Allen Parker, que se tornou o subordinado direto da chefe após sua excelência ter sido altamente avaliada em torno de três anos atrás, operou a nota no PC em sua mão enquanto começava a explicar.

— Para informá-los, no momento, ainda não obtivemos informações que podemos analisar. Afinal, faz apenas dois dias desde o "Caso Berserk", e a notificação da universidade só veio há algumas horas, então... atualmente, em vez de uma análise, pensem nisso como uma conjectura.

Allen confirmou e Vanessa e Hughes concordaram e o conteúdo do PC que ele operava foi projetado em uma tela grande. Lá, foram projetados os perfis de Emily, Professor Down, Hendricks e os outros alunos que foram obtidos sabe-se lá como, com suas fotos.

A partir daí, houve uma breve explicação dos antecedentes de Emily e de outras pessoas, e foi relatado que "H3-α4", apelidado de Berserk (foi nomeado assim pela mídia a partir do incidente anterior conhecido como "Caso Berserk"), foi mantido em segredo até o incidente.

— Com base na situação atual, parece que a maior possibilidade é que alguém da equipe de laboratório Down tenha vazado os dados. O motivo é desconhecido. Rancor, desejo de fama, desejo destrutivo, estresse, ou talvez... por brincadeira, quem sabe?

Allen disse algo assim enquanto piscava, talvez com uma intenção amenizar o clima. O olhar intensamente frio de Vanessa o perfurou. Por trás, o olhar de tundra da Chefe Magdanese o esfaqueou. Somente Hughes enviou a Allen um rosto de louvor que dizia: — Você, é um herói. —, como se ele tivesse mudado sua avaliação de Allen.

— Hmm, hmm, tosse. E, ee, a próxima possibilidade, é o caso em que pessoas de fora, ou talvez uma organização, esteja envolvida com isso. Aqueles com alta possibilidade de saberem sobre a existência de "Berserk", mesmo que apenas um fragmento disso, os incluímos na lista junto com as pessoas a eles relacionadas, por exemplo, amigos, família, equipe do laboratório, a loja que visitaram, sociedade científica, local de trabalho de meio período, etc. E então eliminamos as possibilidades improváveis pela investigação. Em seguida, adicionamos várias condições, como quem não seria capaz de divulgar os dados sem que ninguém soubesse e produzimos a lista aproximada de suspeitos.

Os dados exibidos foram alternados entre aproximadamente dez empreendimentos, pessoas, organizações e assim por diante. A exibição de cada suspeito também foi acompanhada de seus respectivos motivos e também da conjectura do método de roubo.

Vanessa chegou a uma conclusão. Sem dúvidas, essa pessoa estava no nível digno de trabalhar diretamente ao lado da Chefe Magdanese. A própria pessoa disse coisas como: — Não está no nível de uma análise. —, ou: — Houve muito pouco tempo. —, mas um analista comum com certeza seria incapaz de formar uma conjectura lógica desse nível.

— … entendo. Muito obrigada pela explicação fácil de entender, Analista Parker.

— Ahaha. Eu disse antes que isso não está no nível de uma análise nem nada parecido. Por favor, não criem algo estranho como ideias pré-concebidas, tá bem? Mas, se você quer me agradecer, por favor, custe o que custar, não seja tão familiar e me chame de "Allen"...

— Hughes-san. Olhando para isso, mesmo que o programa de proteção seja aplicado a eles, não há como deixá-los ficar juntos, não é?

— … é, você está certa. Há uma possibilidade suficiente de um trabalho interno, e é impensável que o culpado seja sensato ao ver como ele lançou "Berserk" no meio da cidade. No mínimo, a Doutora Grant deve ser colocada separada dos outros. Mas, nesse caso, estou preocupado que o estado mental da garota esteja cada vez mais sobrecarregado. Paradis, estou realmente confiando em você aqui.

— Por favor, deixe isso comigo.

O rosto do Analista Allen estava tremendo por ser ignorado como se nada tivesse acontecido. Hughes olhou de soslaio para ele com um pensamento de: "Que sujeito...", seu olhar era como se estivesse vendo um herói. A Chefe Magdanese estava cobrindo os olhos.

A Chefe Magdanese olhou para Allen ao seu lado, depois perguntou se Hughes ou Vanessa tinham outras perguntas, para o que os dois balançaram a cabeça e ela ordenou que fossem embora. Depois de inclinar a cabeça, os dois saíram do escritório, a Chefe Magdanese os viu antes de desviar o olhar para Allen, que estava se sentindo abatido.

— Allen.

— Haa, por que não estou tendo sorte com mulheres? Mas o que está errado em mim? Acho que meu rosto não é tão ruim, e estou sempre prestando atenção em ser bem-humorado e amigável, mas... chefe, tudo bem se eu me concentrar em analisar o método para ser um pouco mais popular entre as mulheres?

— … está tudo bem. Você nem precisa mais vir amanhã.

— Eh!? Por que de repente a conversa se tornou minha demissão!?

"Como eu pensava, talvez eu esteja enganada com a seleção de pessoal.", a chefe Magdanese lembrou o pensamento que ela tinha já há três anos, enquanto reprimia seu sentimento de querer que Allen apenas cumprisse seu trabalho, mas ele estava ocupado demais contestando: — Sem chances… chefe. Se você me tirar meu trabalho remunerado, como vou me tornar popular!? — com esse tipo de preocupação. Ela então deu seu comando:

— Pare de ficar brincando. Você entendeu, não entendeu?

— Não, eu não estou brincando aqui… não, na verdade não é nada. Eu entendi totalmente.

Quando Allen estava prestes a se opor, ele foi perfurado pelo olhar sério da Chefe Magdanese, que o fez saudar tenso e em pânico. A Chefe Magdanese suspirou ao ver Allen agindo assim.


Parte 2

Uma atmosfera pesada pairava no ar dentro de uma sala do prédio de pesquisas da Universidade Percival. Emily estava olhando para baixo com um rosto pálido enquanto seus olhos estavam tremendo, o Professor Down segurava a mão da garota com força em consideração e, do lado oposto, estava Lizzie, que afagava a cabeça dela.

Neste local, além de Hendricks, Dennis e Rod, também havia os membros restantes do Laboratório Down, cujos nomes eram Jessica Cubit, Sam Redman e Milo Yenny.

Jessica era uma aluna com uma atitude relativamente leve que despejou sua energia na moda nos últimos tempos, ao invés de na pesquisa, mas sua atmosfera leve estava agora mais calma e sua expressão parecia sombria.

Até Sam, que costumava ouvir: — Você é mais adequado para ser um artista marcial do que pesquisador. — de Dennis e Rod, com seu corpo musculoso com mais de um metro e noventa de altura, e também Milo, que era negro e veio da América, um aluno de intercâmbio, jovens com atmosferas brilhantes, agora estavam com suas expressões ficando graves.

Dentro daquele ar pesado que os prendia em um atoleiro, uma voz leve que não conseguia entender o clima, ou talvez ousasse ignorá-lo por completo, retumbou:

— Bem, é assim que são as coisas. Senhorita, você se concentra apenas na pesquisa do antídoto sem se preocupar com mais nada. Você pode esperar por uma instalação e segurança impecáveis lá.

O dono da voz era um investigador da seção de contramedida de drogas perigosas da agência de segurança nacional: Kimberly Warren.

À tarde, ele e Hughes foram ao local depois de receberem o relatório do Professor Down e questionaram a todos sobre a situação. Depois disso, Kimberly permaneceu para proteger Emily e os outros enquanto Hughes terminava seu relatório e a preparação para liderar uma equipe.

E então, enquanto Kimberly tomava providências com os agentes disfarçados enviados e aguardava a decisão do planejamento concreto a partir de agora, enfim uma comunicação veio de Hughes.

De acordo com a comunicação, a adoção do programa de proteção foi reconhecida e a equipe esperou até tarde da noite antes de vir buscá-los. Em relação ao programa de proteção, considerando a possibilidade de haver alguém na sala de aula em busca de Emily, ela seria protegida em outro local que tivesse um ambiente que pudesse ser usado em pesquisas, onde seria solicitada a pesquisar o antídoto. A comunicação também mencionou que até o antídoto ser concluído, ela não devia mencionar os membros da sala de Down, e nem seus pais poderiam encontrá-la.

— Agente Warren. É possível que apenas uma pessoa, seja eu ou um dos alunos, acompanhe Emily?

O Professor Down discutiu veementemente com Kimberly, que parecia não ter consciência do estado de Emily. No entanto, Kimberly estava com uma expressão como se estivesse encarando um garoto irracional enquanto dizia: — Hãã? — e rejeitava o pedido de forma brusca.

— Ficarei com problemas se você está fazendo uma pergunta estúpida como essa, professor. Nesta situação em que o culpado não é evidente, todos vocês estão incluídos entre os suspeitos, você deveria entender isso, não concorda? Não há como a senhorita... a doutora não pode ficar com vocês.

— Então, pelo menos, os pais dela podem...

— Por favor, me poupe do seu pedido. Esta é a decisão de cima, não é algo que eu possa fazer.

Kimberly fez uma careta, sentindo que essa situação era problemática e desviou o olhar enquanto cortava as palavras do Professor Down.

— Por quê? Os pais de Emily não estão relacionados a isso! Então...

— Professor, está tudo bem. Vou ficar bem. Terminarei logo se estiver criando algo como um antídoto!

Emily deteve o Professor Down, que se levantou com um rosto ameaçador, como se fosse agarrar a gola de Kimberly. Emily estufou o peito enquanto ria para mostrar que estava bem, como ela disse, mas olhando para a garota do ponto de vista dos membros da turma de Down que a acompanhavam como família até agora, era óbvio que ela estava se forçando.

O tempo solitário em que Emily se matriculou na universidade se tornou um pequeno trauma para ela. Aquela garotinha em um ambiente em que não apenas não conhecia, pelo contrário, todos ao seu redor eram muito mais velhos que ela, fazendo com que ela se sentisse encurralada.

Por isso, se lhe dissessem que, nesse tipo de situação urgente, ela seria separada não apenas do pai substituto e dos irmãos e irmãs mais velhos substitutos, como também não seria capaz de entrar em contato com seus pais, mesmo que entendesse que era apenas por um tempo limitado até que ela conseguisse fazer o antídoto, a menina não pôde deixar de sentir um grande aperto no coração.

— Bem, não importa o quanto você proteste aqui, a decisão já foi tomada. Apena aceite e faça o antídoto logo. Você é um gênio, certo? Então você poderá encontrá-los de novo em breve.

— Alguém como você é... a pessoa que estava com você antes, Hughes-san, não era? Você não acha que deveria aprender um pouco com seu superior?

O Professor Down balançou a cabeça enquanto suspirava ao ouvir o comentário descuidado de Kimberly, que irresponsavelmente desprezou a coragem de Emily. Kimberly sorriu em divertimento e apenas deu de ombros com o olhar feroz do professor.

Contudo, como esperado, quando ele foi encarado não apenas pelo Professor Down, mas também por Hendricks e os outros alunos, ele pareceu se sentir desconfortável e ergueu as duas mãos como se estivesse se rendendo antes de sair da sala.

— Talvez a qualidade dos investigadores da organização deste país esteja caindo.

O Professor Down sussurrou enquanto suspirava.

— Mas, professor. Hughes-san, que veio com essa pessoa antes, não parecia sincero? Ele disse que também designaria uma agente feminina para mim.

— Mesmo assim, Emily. O Agente Warren disse isso, não disse? É "a decisão de cima". Quem decidiu que Emily ficará sozinha foi o agente Hughes. Ou talvez, uma pessoa ainda mais acima dele, entende?

— Mas isso…

A expressão de Emily, que antes blefou ao dizer: — Está tudo bem! — nublou com ansiedade pelas palavras do Professor Down.

Até Hendricks, Lizzie e os outros também estavam com expressões sombrias. Entre eles, o Professor Down fechou os olhos com preocupação antes de mover o olhar para Emily com uma expressão determinada.

— Emily. Eu tenho uma péssima premonição. Não importa como eu pense sobre isso, é estranho que eles estejam tentando separar você dos seus pais. Talvez o departamento de segurança tenha algum outro objetivo, algo mais do que apenas proteger Emily para que você crie o antídoto.

— Professor... mas, nós já relatamos a eles…

Enfim, a expressão de blefe de Emily caiu e ela exibiu um rosto onde a ansiedade estava misturada com perplexidade. O Professor Down falou mais palavras para ela.

— Podemos apenas negar isso. Mesmo assim, se eles ainda tentarem deixar Emily sozinha, isso será prova suficiente de que eles não têm boas intenções em mente.

Professor Down então cortou suas palavras, ele cruzou os braços e fechou os olhos. Depois de ficar em silêncio por um tempo, ele abriu a boca lentamente:

— … … … Emily, eu tenho um conhecido que tem um centro de pesquisa.

— Centro de pesquisa?

— Sim. Ele também tem uma alta posição social e é confiável. Ele deve nos dar abrigo enquanto nos empresta suas instalações de pesquisa até terminarmos de fazer o antídoto. O que você acha? Embora, como esperado, seja impossível para todos participarem, mas se for lá, é possível que eu e seus pais possamos comparecer. Além disso, você também poderá entrar em contato com Hendricks e os outros. É por isso que, antes de nos separarmos, antes de você ficar isolada, por que não te evacuamos para lá?

Emily olhou para o Professor Down sem se mexer depois que ele fez uma proposta inesperada com uma expressão séria. Hendricks e os outros também estavam olhando chocados para o Professor Down.

— Eu sei que é estranho, quem sugeriu nos reportarmos ao departamento de segurança fui eu. Mas, parece que o governo não pode ser confiável. Não há como confiar Emily, que já é como minha filha, para esse tipo de lugar. Sem falar sobre como você estará sozinha lá…

— Professor…

O olhar de Emily vagou em hesitação. Ela poderia estar junta com todos, esse plano soou muito bem em seus ouvidos, era uma proposta tentadora para ela... no entanto, era impensável para ela que o departamento de segurança os ignorasse nessa situação anormal em que uma droga poderia transformar um humano em um monstro sem controle, e era urgente que seu antídoto fosse desenvolvido. Além disso, foram eles mesmos quem denunciaram isso.

De modo natural, havia a possibilidade de que ela causasse muitos problemas ao Professor Down, que disse que ele a abrigaria, e também seu conhecido que seria quem realmente a protegeria. Talvez todos os seus status sociais e prestígio pudessem ser destruídos por causa disso.

Contudo, o Professor Down, que parecia adivinhar o que Emily estava pensando, segurou a mão trêmula dela com força, e então ele lhe lançou um olhar gentil como quando a alcançou pela primeira vez.

— Emily, você não precisa se preocupar tanto. Você é uma pesquisadora de primeira, mas, ao mesmo tempo, ainda é uma criança de dezesseis anos. É um erro para uma boa criança como você arcar com tudo nesse tipo de emergência. É por isso que não há problema em você depender dos outros. Não, eu imploro como alguém que é como uma família para você. Por favor, quero que você dependa de mim.

Emily olhou para baixo para esconder sua expressão. Não era porque ela estava hesitando, mas porque se ela não olhasse para baixo, sua emoção se tornaria gotas de lágrimas.

— Emily, vamos depender da gentileza do professor aqui. Até nós também somos incapazes de deixar você ficar sozinha nessa situação atual.

— É isso mesmo… se for Emily, com certeza você poderá fazer o antídoto sem demora. Por isso, vamos concordar com a proposta do professor, tá?

Começando com Hendricks e Lizzie, os outros membros também levantaram vozes de acordo com a proposta do Professor Down.

Todos eles estavam preocupados com Emily sem exceção, eles estavam forçando seus cérebros para procurar a melhor alternativa para Emily.

Ela era mesmo abençoada. Emily estava pensando enquanto respirava fundo, ela assentiu enquanto olhava com firmeza para o Professor Down.

— Ótimo, então está decidido. Todos, por favor, cooperem comigo. Mesmo se conversarmos com o Agente Warren sobre isso, ele apenas nos deteria. Então, vamos pedir a aprovação dele somente depois que terminarmos. Emily e eu iremos à casa do meu conhecido primeiro, então vocês podem distrair o Agente Warren por nós?

— Entendido. Isto é por Emily. Vamos fazer alguma coisa.

Depois que Hendricks assentiu com veemência, os outros também assentiram com determinação em seus rostos.

— Hahah, que pensaria que chegaria um momento em que pensaríamos em coisas ultrajantes, como enganar os agentes do departamento de segurança? Não é como se estivéssemos em um filme?

— Rod. Não seja otimista demais. Afinal, você é a pessoa com a maior possibilidade de cometer um erro.

— O que você disse, Dennis! Não é você quem sempre fica com medo em momentos críticos e comete erros?

— É o clichê que normalmente o cara que fala demais é na verdade aquele que está com medo. Rod, isso se refere a você.

— Tá legal, eu reaaaalmente entendo que você está querendo brigar comigo. Vamos lá fora, Dennis. Vou fazer com que esses óculos fiquem grudados com o suor dos meus dedos.

— Pode vir. Costurarei com perfeição esse decote desleixado para que você não possa expor seu peito de novo.

Uma pequena risada ecoou dentro da sala que teve sua atmosfera iluminada com os xingamentos habituais de Dennis e Rod. Quando Dennis e Rod viraram o olhar para lá, enquanto suas mãos ainda seguravam a gola um do outro, encontraram a figura de Emily, que soltou uma risada por não conseguir suportar a cena.

Atraídos por isso, Hendricks, Lizzie, Jessica, Sam, Milo e o Professor Down começaram a rir.

Emily mostrou um sorriso incrível enquanto as lágrimas se acumulavam no canto dos olhos. Com um sorriso adorável que era como uma flor desabrochando, ela disse:

— Obrigada, Dennis-oniichan, Rod-oniichan.

— …

— …

Dennis e Rod, que receberam o maior presente com a designação que raramente era usada para eles, arrumaram suas roupas em silêncio e forçaram uma tosse falsa. E então eles se sentaram em silêncio, com os rostos tingidos de vermelho em suas orelhas.

— Muito bem, com o retorno do rosto sorridente de Dennis, Rod e Emily, vamos nos concentrar nos detalhes de como enganar o departamento de segurança.

O comando do Professor Down, como sempre, fez os alunos renovarem seu foco. Pelo bem do futuro de sua irmãzinha fofa, eles conversaram sobre suas opiniões com uma expressão ainda mais séria do que o normal quando estavam em pesquisa ou em uma palestra.


Nota do Autor (Ryo Shirakome)

Muito obrigado por ler essa história.

Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.

O capítulo é curto e, além disso, não progride muito, desculpem-me.

O tempo de escrita já está...

Perdoem-me por manter todos vocês em suspense, mas, levará um pouco mais de tempo até que aquele cara rasteje do abismo, então desejo que todos vocês leitores possam esperar por isso.



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