Astrea Brasileira

Autor(a): Samuel Nohzi


Volume 1

Capítulo 6: Mago elegante

Encarou aquele sorriso por alguns minutos, que mais pareceram horas. A longa caminhada fez seu estômago emitir barulhos estranhos, fizera uma expressão desgostosa com a mão sobre ele.

 Escondeu suas bochechas vermelhas, torceu que seu irmão não tivesse ouvido o som vergonhoso de sua barriga enquanto se escondia atrás dele.

 Ao esgueirar-se, percebeu o sorriso que ele escorregava no rosto, genuíno e alegre mesmo estando em uma situação difícil.

  Ele tá sorrindo… que bom…

 Como o nascer do crepúsculo iniciando um novo dia. Era belo e passava uma sensação contagiante, fazendo seus lábios escorregarem em um sorriso ainda maior.

 Pensou em como aquelas joias ficavam bonitas, se destacando na neblina rasa. Por um momento, de tanto olhar ele esqueceu da mochila que havia trago com sigo.

 Estendeu o braço para a mochila grudada no corpo de Kelmoth, segurou nos pelos grossos e fez o animal reclamar bufando, sorriu de volta.

 Foi mal…

 Ao colocá-la no colo, abriu e colocou as duas mãos lá dentro, revirou tudo tentando encontrar algo que pudesse comer, porém, sua expressão decepcionada já dizia tudo.

 Esgueirando-se para que seu irmão pudesse vê-lo, puxou as mangas de sua roupa, e fez uma expressão engraçada, arregalando os olhos marejados.

 — Irmão, eu tô cagado de fome.

 — Podemos parar para comer, alias, vou me encontrar com meu grupo lá. — Apontou adiante, para uma taverna.

 Então era isso!

 — Eu vou junto? — Tombou a cabeça em dúvida.

 — Não deixe eles te assustarem, são muito feios, mas são boas pessoas.

Assim disse, ao indicar com o dedo como se acabasse de dizer algo sábio. Com um sorriso amarelo, o pequeno garoto abanou a mão em frente a boca, gesticulando, dizendo que era uma bobagem.

   ***

Kelmoth afundou as patas na neve, e Kaleek soltou as cordas que usava para guiá-lo. Acariciou o animal e sorriu agradecido por ele ter os levado até seu destino. 

Ken escorregou ao tentar descer, e por pouco não caiu de cara na neve, suspirou ao perceber seu gorro que havia caído, atolado na neve. 

Chacoalhou o gorro, e flocos de neve voaram no ar. Enfiou-o de volta na cabeça com um estremecer. O tecido gelado encostou na pele, e seus dentes rangeram num grunhido abafado.

 Ao mesmo tempo que seu irmão estava ocupado arrumando o que quer que fosse na mochila, ele se aproximou do tão esperado destino.

À primeira vista, era uma casa um pouco maior que as demais e mais decorada, a madeira brilhava mesmo diante daquele clima invernal.  

Quando pisou nos degraus, avistou a porta da frente, logo acima, uma placa com o nome do restaurante e um porco esculpido.

“Casa do porco” Que nome horrível!

Chegou até mesmo arregalar os olhos e abrir a boca de forma exagerada. Por alguns segundos até mesmo pensou ter lido errado, coçou os olhos antes de prosseguir.

A entrada era marcada por duas grandes janelas — uma de cada lado da porta — que deixavam escapar a luz suave do interior. Um pequeno espaço abrigava uma velha cadeira de balanço, imóvel sob o silêncio da manhã. Quando Ken ouviu vozes vindo lá de dentro, seus dedos recuaram da maçaneta, como se algo invisível o advertisse a não seguir adiante.

A passos ligeiros ele se esgueirou pela janela, sua falta de noção fez com que fosse facilmente visto do lado de dentro, com os olhos grudados no vidro.

Ele passou a mão sobre o vidro embaçado, em movimentos circulares, para que pudesse ver o interior da taverna.

Lá dentro várias pessoas estavam sentadas, às mesas redondas que suportavam quatro ou cinco cadeiras envolta, tremiam com os copos que eram batidos contra a madeira.

No fundo um homem grisalho estava por trás de um balcão, jogando água no bule de café, e uma garçonete passou por trás dele com muita pressa.

Uma mulher com cabelos pretos transitava entre os clientes, muitos deles. A expressão preocupada e o suor que desceu no rosto, não eram os únicos indícios que aquela manhã, era uma das difíceis.

Em meio aquela quantidade exagerada de pessoas, seus olhos saltaram, quando um dos homens abriu caminho para que pudesse ver uma das mesas ao fundo. Uma garota de cabelos loiros e olhos roxos, conversava com outras duas pessoas, na qual não conseguia enxergar pela intromissão do homem novamente.

— Bora. — Quem bateu em seu ombro foi Kaleek, que sorriu para o garoto assustado.

— Não assuste um espião assim!

— Espião, com esse pote aí?

Kaleek riu com as mãos na maçaneta, seus olhos acompanharam o garoto inflar as bochechas e correr até a porta, saltando para dentro do cômodo.

Ele se arrependeu automaticamente quando percebeu os olhares por todos os lados, o suor desceu em seu rosto de expressão séria, mas quando as pessoas o viram, logo voltaram a comer depois de um silêncio constrangedor.

— Perdão pessoal! — Kaleek entrou logo atrás com a mão atrás da cabeça.

Ken percebeu uma coisa estranha, soprou em suas mãos, mas, nada!? Finalmente percebeu, que o suor que descia em seu pescoço e a inquietação e falta de vapor, era por conta dos cristais localizados em cada canto daquele cômodo; um deles estava em cima dele.

Uma pedra laranja estava pendurada nos quatro cantos da sala, essas pedras eram feitas com mana, funcionando como um aquecedor. Ken não tinha muito conhecimento sobre, mas soube imediatamente ao olhar como aqueles cristais estavam brilhando.

Como eram pedras feitas com mana pura, dificilmente eram adquiridas pelas pessoas comuns, por serem de uma pureza difícil de ser conquistada. 

Decidido a enfrentar toda aquela bagunça, só para se distanciar de seu irmão, apertou os olhos e começou a marchar em direção às mesas.

Mesmo uma criança conseguia ver que aquelas mesas estavam desorganizadas demais, estavam localizadas em locais horrível, e atrapalhavam até mesmo a passagem de outros clientes 

Kaleek estava logo atrás de Ken, quando acidentalmente tropeçou no pé de um dos bêbados, cambaleou, mas se manteve de pé. 

Seus olhos se levantaram para os homens emputecidos, barrando sua passagem como se fossem muralhas, mesmo que tentando explicar, não funcionou, chegou a essa conclusão quando viu um deles tocando os bolsos da calça.

Ken viu seu irmão desaparecer em meio àquela confusão, mas não demonstrou reação. Por um instante, foi como se o aroma no ar o enfeitiçasse, atraindo-o com a força de uma hipnose.

Seu corpo foi puxado para trás bruscamente, a tempo de evitar uma colisão com uma mulher que passou cambaleando de bêbada.

 Foi por pouco…

 — Para de me dar trabalho!

 — Me desculpa… — Pareceu arrependido ao abaixar a cabeça.

Cobrindo Ken com seu corpo enquanto estava ajoelhado, ele o repreendeu e foi recebido com um olhar entristecido.

Mesmo que o olhar baixo machucasse, ele precisaria ser firme com seu irmão, mesmo naquele momento difícil. Felizmente a pequena tristeza foi quebrada, mas não da forma que ele imaginava.

O som que veio da mesa a frente assustou o garoto, que quase caiu novamente. Era o som de uma colisão da caneca já havia tido cerveja, agora vazia, na mesa que chegou a balançar.

— Hahahaha, essa foi muito boa, senhorita!

Quem bateu o copo na mesa e assustou Ken, foi um homem de cabelos curtos e pretos, cujo corpo era imenso, ele até parecia um javali de tão forte, e não se surpreenderia se pudesse levantar um.

— São eles, vem comigo. — Kaleek pegou a mão de seu irmão e puxou para mais perto de si.

Ao redor da mesa redonda estava o grande homem, segurando um copo cheio até a boca com cerveja. Foi repreendido por um meio elfo de cabelos loiros curtos logo à frente dele.

— Bebendo logo de manhã, você é idiota ou o que?

— Cala boca, se eu comprei com o MEU dinheiro. Então, eu posso beber quando quiser!

— Mas acontece, que quem pagou foi eu!

— Isso é só porque você não sabe dizer não. — ciciou Ellen.

Aquelas palavras pareciam tão idiotas quanto eram na verdade, uma veia saltou na testa de Cosmo, que insistia em repreendê-lo, colocando as mãos sobre a mesa.

— Se foi você que pagou, então não deveria pegar tanto no pé dele, Cosmo.

— Dessa vez ele tá certo, maninho — assim disse Ellen, que recepcionou os dois com um sorriso largo.

Após alguns imprevistos, Kaleek se reuniu com o grupo naquela manhã mesmo que tardiamente. O que surpreendeu os dois únicos homens além dele, foi o garoto de cabelos negros e olhos azuis como o oceano.

Sua mão instintivamente tocou a barriga, a dor e o frio que nem existiam, fez Ken se encolher em frente ao homem segurando uma caneca. O toque gentil e leve em sua cabeça, fez esquecer seu estômago por alguns instantes.

— Pessoal, esse é o Ken. — Estendeu a mão em direção aos dois na mesa. — Ken, esses são Cosmo e Carlos.

O gigante Carlos deu outro gole na bebida como se não ligasse, enquanto todos olhavam para ele. Ele se inclinou para trás, impedindo Cosmo que estendeu a mão para alcançá-lo.

— Ei, ei, ei!

— O tio vai cair. — disse Ken, calmamente apontando o dedo.

O som que a madeira fez com o impacto de um corpo gigante e musculoso, fez todos na taverna olharem para o grupo. Se desculpando, Ellen se levanta e acena para eles.

— Me desculpem, por favor!

— Bebeu até cair — ciciou Kaleek.

O impacto tirou pequenas lascas do chão, ao que Cosmo e Kaleek retiraram o corpo. Após a garçonete se aproximar, Ellen se pôs a ajudar com um sorriso nervoso.

Eles levantaram o corpo que parecia ter toneladas de tão pesado, Kaleek teve que fazer mais força que o necessário para levantar a parte de cima, enquanto Cosmo nem parecia fazer esforço.

— Por favor, por aqui senhores… — Suspirou fundo e apontou para os dois.

Ela arregalou os olhos para o chão destruído da taverna, mas os guiou até uma cadeira mais resistente que trouxe com sigo.

Até parece que ela sabia que isso iria acontecer…

— Muito obrigado, e nós desculpa por isso…

— Tudo bem, senhor. Tenta controlá-lo na próxima vez, talvez o chão não aguente numa próxima. — Deu um sorriso meigo juntando os dedos.

Enquanto eles conversavam, Cosmo se juntou à mesa novamente, Ellen estava com uma expressão desgostosa para eles. Ken não demorou para perceber, sua expressão assustadora, e a inquietação dela enquanto rangeu os dentes violentamente, quase os quebrando.

Kaleek acenou para a garçonete enquanto se distanciava, se deparou com a expressão de tirar o sono que sua companheira fazia. Confuso, puxou a cadeira para se sentar, antes disso ela puxou sua própria para o lado.

— Sabe que eu só estava sendo educado, né?

— É. — Torceu o rosto.

Ken se virou para Cosmo, que manteve os olhos fechados não querendo se envolver. Abriu-os quando percebeu olhares curiosos e um sussurro: "Uau”.

A vítima dessa curiosidade era a katana de Cosmo, que por algum motivo havia trago para uma taverna. Normalmente teriam barrado ele na entrada, mas como era famoso no ramo, nada fizeram.

— Você gostou dela?

— O maninho disse que eu não posso pegar espadas, por ser uma criança — ciciou meio envergonhado.

— Isso porque, você realmente é! — exclamou Kaleek.

O olhar curioso, grudou na bainha com símbolos em amarelo. Esses símbolos brilhavam ao aproximar as mãos dela, Ken acabou brincando com isso, aproximou e afastou a mão repetidas vezes.

— Quem sabe, eu deixe você usar.

— Sério? Nossa, tio, obrigado! — Abriu o sorriso largo e contagiante, deixando para trás o tom de voz reprimido.

Aquela mesa se rodeou com sorrisos, Ken comemorou ao levantar os braços e gritando “Vitória” enquanto Cosmo ria sem parar.

— Me desculpem pelo atraso, qual é a piada?

Atrás dele, uma voz desconhecida fez seu corpo ficar alerta, o suor gelado desceu por toda a sua espinha. Ao se virar, se surpreendeu com um garoto jovem, aparentava ter sua idade, balançou os cabelos azulados e se apresentou:

— Quem é você? — Kaleek estendeu a mão protegendo Ellen atrás de si.

— Me desculpe pela minha indelicadeza, me chamo Zae. — Se curvou, com uma apresentação respeitosa. 

O garoto vestia uma roupa um pouco diferente do comum, eram roupas características de magos. Um manto grande e negro com algumas poções na cintura, e segurava um grande cajado com uma pedra azul na ponta.

— Tô sabendo, o que você quer?

— Se acalma, ele vai entrar no nosso grupo.

Tomando a frente, Ellen com as mãos no peito dos dois tentou explicar a situação. Kaleek ficou emburrado enquanto olhava para o rosto limpo e sem marcas de expressão do garoto.

Ele falava de maneira elegante, poderia ser até confundido com arrogância pelo seu tom. Além disso, o sorriso que mostrava era tão perfeito que deixou Kaleek enojado.

— Por conta do desaparecimento da Mabel… Ele vai ser nosso suporte na missão de hoje.

Como se não fosse claro o suficiente, Cosmo reforçou quando eles se afastaram um do outro. Kaleek torceu o rosto para Zae que não desmanchou o sorriso largo.

— O trabalho de hoje vai ser bem mais difícil que o comum, e como o Ken vai com a gente, precisaremos de alguém para ajudar, protegendo ele. Além disso, estamos com um membro a menos.

— Tá, mas não tem como eu trabalhar com esse tonho aí!

— Eu também odeio esses almofadinhas, nessa eu estou com você — deu uma pequena pausa. — Porém, ela tá certa. Desta vez precisamos dele.

— Não se acha demais, seu filho da mãe! 

Enquanto trocavam olhares de desprezo, a garçonete de cabelos pretos se aproximou com uma bandeja com um pudim.

Ken reagiu surpreso, virando o pescoço para o lado e sorrindo de volta para ela. Zae observou ele sorrateiramente começar a comer o pudim, e se aproximou quando os olhares se viraram para Cosmo.

— Então é esse o garotinho que eu irei proteger?

Ken ignorou totalmente ele, e continuou a comer sem nem mesmo mover o pescoço.

— Como disse antes, você terá que ajudar na retaguarda enquanto protege ele, espero que não seja demais. 

— É exagero, ele parece bem comportado. — Subiu o dedo indicador. — Senhorita, permita-me perguntar, você é uma maga também?

— Sim, mas eu só consigo usar magia de cura e magia de corte. Sou mais útil no combate.

— Entendo, mas é impressionante. Uma garota tão bonita, ter tantas habilidades.

Percebendo os olhares sobre ela, colocou a mão sobre a boca e riu, se forma meiga agradeceu, enquanto sentia os ciúmes de Kaleek a quilômetros de distância.

— Se continuarem, eu vou vomitar. — disse Cosmo.

— Não faça isso, vai acertar o Ken!

— Hã? Vão vomitar em mim!?

Os olhos de Ken se arregalaram com a sua afirmação, e tremeu ao segurar a colher e levar o último pedaço até a boca. Se manteve estático enquanto lançava olhares laterais para o rosto de cada um ali, mas quando chegou em Cosmo, o viu sorrir.

Forçou um sorriso de volta enquanto, devagar, se levantava da cadeira. Foi tão depressa que, ele mesmo não percebeu as pessoas envolta enquanto corria.

— Ninguém vai vomitar em mim!

— Ken, para de correr! — Gritou Kaleek.

Desviava das pessoas com agilidade, mas por um deslize começou a se distanciar pouco a pouco — não previu, porém, o enorme homem que colidiu com ele, derrubou ele no chão.

Kaleek levantou para salvá-lo, mas Ellen impediu. Seus olhos se arregalaram ao ver Zae de frente para o homem, que rangia os dentes. 

Tinha a mesma altura que Carlos, e seus músculos eram notáveis, sua expressão raivosa fez Ken se afastar arrastando seu corpo pelo chão.

— Seu merdinha, olha para onde anda!

— Me desculpe senhor, não irá se repetir.

— Não desculpo, sai da frente arrombado!

Ao tentar se aproximar de Ken no chão, seu peito foi tocado, eram mãos macias, similares às de uma bela moça. Isso o fez rir com o nariz.

— Senhor, se afaste, por favor.

— Quem você pensa que é?

Seus olhos fixaram-se um no outro, a hostilidade era sentida por todos da taverna, que começaram a se levantar. Entre eles o grupo de Kaleek, que se manteve calado e observou atentamente os movimentos do garoto promissor.

Os olhos tranquilos de Zae deixavam ele assustado, era óbvio que o maior ganhasse, mas seu tamanho pareceu não intimidá-lo.

Enquanto o suor descia pelas suas bochechas, toda essa confiança e selvageria se foi quando ele viu a mão que o tocava, eram aneis mágicos, três deles.

Paralisou só de pensar em que tipos de magia aqueles aneis poderiam possuir, pelas suas roupas, aura e jeito de agir era alguém perigoso.

À primeira vista, se tratava de um anel comum prateado. Mas ao olhar mais de perto, uma auréola azul brilhava constantemente, outras cores eram vistas em diferentes aneis.

— Senhor? — Sorriu ligeriamente. — Ficou impressionado com tal elegância, não?

O suor desceu gelado novamente em seu rosto, levantou lentamente o-olhou nos olhos, negros e profundos. O sorriso de Zae o deixou amedrontado. Instintivamente, fechou os punhos e girou o corpo, desferindo um soco direto no rosto de seu oponente.

— Vôoe.

Sua mão foi afastada com o movimento agressivo do homem, entretanto ele levantou o braço novamente com a palma virada para ele.

O suor desceu pelo seu rosto novamente, mesmo estando prestes a atingi-lo, percebeu o vento forte que vinha de sua mão. Um ciclone se formou ali mesmo, jogando-o contra parede e destruindo uma mesa que estava vazia no caminho.

Por sorte ele não havia machucado ou atingido ninguém, mas causou alguns danos à estrutura. Zae vendo isso, colocou a mão sobre o rosto, riu com o nariz ao ver o homem desacordado.

Quando a garçonete chegou para averiguar, ficou assustada. Zae se aproximou com cuidado para não assustá-la, entretanto não adiantou muito.

— Me desculpe, senhorita. — Suspirou tenso. — Pagarei pelo estrago.

— Tudo bem… ele não está morto, está? — Não conseguia conter suas pernas.

Aquele que parecia ser o mais dócil do grupo, tornará o mais assustador entre todos nos olhos daquela mulher, praticamente um monstro.

Ken estava boquiaberto, uma mão foi estendida para ele, seus olhos fitaram-lhe, agarrou e levantou com a ajuda de seu irmão.

Zae se distanciou do corpo, mas Ken se aproximou curioso. Dobrando os joelhos, o garoto tocou os sapatos esperando uma resposta do homem, mas ela não veio.

— Morreu?

— Isso é pelos danos. — Entregou um saco com moedas e virou as costas — Vamos, temos muito trabalho a fazer.

Enquanto caminhava era aplaudido pelos clientes a sua volta, os assobios e pessoas o saudando apenas serviram para alimentar seu ego, esticou ainda mais seu sorriso.

— Irei me preparar, até breve — disse Zae por cima dos ombros.

Era elegante em tudo, desde atingir o homem e deixá-lo desacordado até pagar pelos danos, se retirando com a maior pinta de um nobre, era como se existisse um tapete vermelho por onde andava.

Ele passava a sensação de ter um palco o assistindo o tempo todo, era tudo um show. Como se convenientemente aquela situação fosse toda fora construída para mostrar sua excelência, e o quão incrível ele era.

— Sabe usar magia de vento, ele realmente é bom, minha irmã.

— Poisé, mas ele deveria ter pegado leve. O cara tá todo estourado na calçada.

Ao bater a porta Ellen ficou apreensiva, quando voltou sua atenção para o velho atrás do balcão, que estava completamente imóvel, em completo choque.

— Você está bem?

— Sim, o moço vai ficar bem?

— Sim, o golpe foi apenas para apagá-lo.

A confirmação de seu irmão o deixou mais tranquilo. Os olhares de vários ângulos e os sussurros, deixou o garoto inquieto e ele curvou a cabeça.

— Ei, galera.

Ken e os outros se viraram após o chamado de Cosmo, apontando para o canto da mesa onde estavam.

— Como a gen

te resolve isso?

O som que mais parecia o ronco de um javali, vinha do gigante de cabelos pretos, onde estava esparramado pela cadeira com as bochechas rosadas.

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