Volume 1
Capítulo 21: A Loteria
Às 21:00.
Após um longo dia de hora extra, Gao Yang chegou ao apartamento do Lin Xian e se jogou no sofá com um suspiro pesado.
— Certo, Lin Xian, vamos lá. Qual é a novidade?
Sentado do outro lado, Lin Xian começou do início. Explicou como tinha convencido o Rosto de Gato Grande a entrar para sua causa durante uma sequência de sonho, descoberto a verdade dilacerante sobre a morte de sua filha e revelado a existência do sinistro Clube de Gênios, responsável pelo assassinato. Detalhou também a estratégia de assalto a banco do Rosto de Gato Grande para conseguir um convite para esse clube misterioso, culminando com Lin Xian avistando pessoalmente um convite no trabalho.
— Uhum, uhum — assentiu Gao Yang, bebendo a água, com o rosto sério e tenso. — Entendi!
— Entendeu? — Lin Xian repetiu, franzindo uma sobrancelha.
Bang.
Gao Yang bateu o copo na mesa, lançando um olhar sério para Lin Xian.
— No fundo, tudo gira em torno do subconsciente!
— Subconsciente, sério? — Lin Xian zombou. — Quando em dúvida, culpa a mecânica quântica? Não consegue explicar, culpa os universos paralelos? Falei por uma hora, e você resume tudo a “subconsciente”?
— Não é a mesma coisa! — Gao Yang interrompeu, ansioso para explicar. — Lembra daquela vez no bar? Eu estava com pressa por causa da Copa do Mundo e não consegui explicar direito. O subconsciente é mais complexo do que você pensa!
— Então resume pra mim.
— Pensa assim! —Gao Yang começou a explicar: — Às vezes você vê ou ouve algo e depois esquece. Mas será que esqueceu mesmo? Não. Fica guardado no subconsciente. É por isso que temos sensações de déjà vu.
Lin Xian se levantou, descartando a ideia com um aceno.
— Isso é forçado demais. Guarda esse papo pra um livro. Já cansei dessa conversa.
— Não é pseudociência! — Gao Yang insistiu, puxando Lin Xian de volta pro sofá. — Deixa eu te dar um exemplo.
— Vai.
— Já teve aquela sensação de que uma música é familiar, mas não sabe de onde conhece?
— Já, acontece.
— Ou ver um estranho que parece conhecido? Um lugar que soa familiar sem motivo?
— Às vezes, sim.
— No trajeto diário, você vê milhares de rostos. Já teve muitos colegas ao longo da vida. Consegue lembrar de todos os rostos? Ou dos passageiros do metrô de hoje de manhã?
— Claro que não. Quem conseguiria?
Smack!
Gao Yang deu um tapa na própria coxa, apontando para Lin Xian com ênfase.
— É isso! A memória humana é falha, especialmente com lembranças antigas. Mas o subconsciente guarda muito mais: rostos, músicas, lugares. Por isso que certas coisas parecem familiares.
— E o que você quer dizer com isso...
— Que você já deve ter tido contato com o Clube de Gênios antes. Talvez um sussurro no elevador, ou um anúncio no metrô. Foi daí que veio o sonho.
Lin Xian olhou para Gao Yang com ceticismo.
— Onde você aprendeu tudo isso? Subconsciente, déjà vu… parece papo furado.
— Haha, lembra daqueles posts daquela psicóloga que te mostrei nas redes sociais?
Lin Xian balançou a cabeça, descrente.
— Mas isso não resolve o meu verdadeiro problema. Não é sonhar com o Clube de Gênios que me intriga. É o fato de elementos do sonho aparecerem na realidade.
— Ontem à noite, sonhei com o Clube de Gênios e o Rosto de Gato Grande discutindo sobre o convite. E hoje de manhã, eu vi o convite na vida real! Como você explica isso?
— Isso é perfeitamente possível — respondeu Gao Yang, acendendo um cigarro. — Muita gente relata sonhos premonitórios, mas na maioria das vezes é só coincidência.
NT: Sonhos premonitórios são sonhos em que alguém acredita ter visões ou sensações sobre eventos futuros que ainda não aconteceram
— Como você pode reduzir isso a coincidência? Meu sonho detalhou muita coisa para abordar o Clube de Gênios!
— E eu já sonhei com fórmulas de cálculo que batiam com livros reais, mesmo sem nunca ter estudado cálculo na faculdade. Tá dizendo que eu sou capaz de inventar teorias melhores que Gauss?
— E daí? — Gao Yang deu de ombros. — Você não acredita mesmo que seus sonhos preveem o futuro, ou que são vislumbres de um futuro real, 600 anos à frente?
— Já considerei essa possibilidade... — admitiu Lin Xian.
Eles trocaram um olhar longo, refletindo sobre as implicações.
— Muito bem... — Gao Yang soltou uma baforada de fumaça e enfiou a mão no bolso. — Acha que seus sonhos preveem o futuro?
— É possível.
Smack!
Gao Yang colocou um bilhete de loteria na mesinha de centro.
— O que é isso?
— Um bilhete da loteria esportiva — Gao Yang explicou casualmente, soltando mais fumaça. — Hoje à noite, semifinal da Copa do Mundo no Catar: Argentina x Croácia, às 3 da manhã.
— Vai dormir agora, sonha com o resultado e me acorda às 00:42 com o vencedor!
Gao Yang deu uma risadinha, apagando a cinza do cigarro.
— Acredita que seus sonhos revelam o futuro, né? Então prova!
Lin Xian pegou o bilhete. Nele estavam listados os detalhes: 3h, Argentina contra Croácia, com uma aposta de 100 yuans na Argentina, com cotação de 2,3; um acerto renderia 230 yuans.
Para testar de verdade se seus sonhos podiam prever o futuro, essa loteria seria a prova definitiva, muito mais convincente do que qualquer outro experimento.
— Tá bom, vou tentar.
Lin Xian foi ao banheiro se preparar.
— Fica quieto aí fora. Não atrapalha meu sono.
— E vê se acerta, hein! — gritou Gao Yang. — E tenta sonhar com o placar exato também; a gente pode ganhar uma bolada!
— Se eu conseguir achar no sonho… Não fica esperando muito.
— Dá pra pesquisar na internet do sonho! Leva dois segundos!
— Já tentei isso. Acha que fiquei vinte anos à toa?
Lin Xian enxaguou a boca e cuspiu a espuma da pasta.
— Já tentei usar o sonho pra acertar na loteria desde o ensino fundamental.
— E?
— Nada! Nunca encontrei nada útil Nem mesmo números da loteria, nem notícias atuais, nem informações de ações… A internet no sonho é inútil.
— Entendi…
Gao Yang pegou um lanche e ligou a TV, abaixando o volume.
— Em teoria, a informação online devia ficar arquivada pra sempre. Devia ter vestígios. Mas como seu sonho é fictício, faz sentido.
Lin Xian secou o rosto.
— Meu sonho não é tão simples assim. Tem muita coisa que ainda não entendo.
— Os fatos vão provar tudo! Vai lá sonhar!
Terminando sua rotina, Lin Xian foi para o quarto.
Apagou a luz e se enrolou no cobertor.
— Vamos ver…
Uma brisa de verão familiar soprou pelo quarto quando Lin Xian fechou os olhos.
Ele despertou na praça de sempre, cercado pelo movimento habitual e pelo canto das cigarras.
Lin Xian olhou para o painel eletrônico, onde mostrava a data: 28 de agosto de 2624, 21:54
Lin Xian coçou a cabeça, intrigado.
— Onde é que eu vou achar o resultado da Copa do Mundo de 2022 no Catar?
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