Clube de Gênios Chinesa

Volume 1

Capítulo 28: A Psicóloga

— Estive pensando nisso, Lin Xian... — Gao Yang falou com uma expressão séria enquanto segurava o braço do Lin Xian. — Em psicologia, eu sou só um amador. Tudo o que te falei antes veio do meu WeChat. Lembra daquela psicóloga que mencionei? Vendi um carro pra ela uma vez e te mostrei as postagens dela.

Gao Yang o relembrou enquanto puxava o celular e abria o WeChat, mostrando a foto de uma mulher de meia-idade vestindo jaleco branco. Ela tinha um sorriso acolhedor, cabelos grisalhos e uma aparência tranquila, que transmitia gentileza e acessibilidade.

— Então você quer que eu consulte essa psicóloga? — adivinhou Lin Xian, piscando os olhos.

— Exatamente!

— Não, não, não precisa. Eu não estou doente, pare de se preocupar comigo... — Lin Xian rejeitou o convite com um aceno. Sabia que Gao Yang talvez achasse que ele tinha um problema sério, mas sentia que compreendia bem sua própria situação.

— Ah, qual é! Não custa nada ouvir! A doutora Liu é uma profissional! — insistiu Gao Yang, abrindo uma página na internet e pesquisando o nome da dra. Liu para mostrar ao Lin Xian o currículo impressionante dela. — Olha só! A doutora Liu é especialista em subconsciente, sonhos e cognição. Em vez de a gente ficar chutando todo dia, é melhor deixar um especialista explicar.

— Você tem que confiar na ciência e na autoridade! A doutora Liu cobra três mil yuans por hora de consulta, isso mostra o nível dela!

— Três mil por hora? — Lin Xian se levantou, espantado. — Por que não assaltar um banco de uma vez?

— Agora é hora de se preocupar com dinheiro? — rebateu Gao Yang, puxando Lin Xian de volta para o sofá. — Eu pago essa pra você! Ganhei um bom dinheiro com a Copa do Mundo por sua causa. Pela sua saúde mental, vale o gasto! Já marquei a consulta. Vamos!

Uma hora depois, Gao Yang arrastou Lin Xian até a clínica de psicologia da dra. Liu, localizada numa vila tranquila à beira do lago, próxima à área turística da cidade universitária.

— Ouvi dizer que cada vila aqui custa um bilhão — Gao Yang cochichou: — Psicólogo ganha bem mesmo!

— Claro, com gente ansiosa como você pra dar dinheiro pra eles — Lin Xian respondeu, sem saber se ria ou chorava. Sabia que Gao Yang estava sendo bem-intencionado, mas tudo isso parecia exagerado.

— Chegamos, Lin Xian. O dinheiro já foi pago, então vamos só entrar e ouvir o que ela tem a dizer — disse Gao Yang, enquanto entravam na vila decorada em estilo europeu, com móveis de madeira natural e uma lareira aconchegante.

— É o senhor Gao? Por favor, venha até esta sala — chamou uma voz suave e elegante vinda de um cômodo próximo.

Eles entraram numa sala espaçosa banhada pela luz do sol, com uma cadeira reclinável de madeira no centro e várias cadeiras nos cantos. Uma escrivaninha de madeira avermelhada estava posicionada perto da janela, onde a dra. Liu os recebeu com um sorriso caloroso.

Lin Xian, observando a dra. Liu, percebeu que ela parecia ainda mais gentil pessoalmente do que na foto.

— Sr. Lin, por favor, deite-se na poltrona e relaxe o corpo e a mente. Vamos apenas conversar um pouco. — A dra. Liu o convidou.

Lin Xian obedeceu, deitando-se e respirando fundo para relaxar, enquanto começavam a conversar sobre sua idade, trabalho, família e relacionamentos. Ele respondeu com sinceridade, sem ver motivo para esconder nada, mas foi mais contido ao falar dos sonhos.

A dra. Liu conversava e fazia anotações, até que finalmente perguntou: — Sr. Lin, tem certeza de que consegue distinguir entre realidade e sonho?

Lin Xian assentiu com confiança. — Sem problema algum, dra. Liu. Nunca confundo sonho com realidade.

— E como o senhor determina essa diferença? — Ela perguntou.

Lin Xian parou, surpreso com a pergunta. — Sinceramente, dra. Liu, nunca pensei nisso a fundo. Eu simplesmente acho... que o tempo depois de acordar é o mundo real. Isso não é senso comum?

A dra. Liu sorriu. — Não subestime essa pergunta. Até hoje, não existe um método teórico completo que consiga distinguir com precisão a realidade dos sonhos. A maior parte do reconhecimento ainda vem da intuição humana.

— Em psicologia, chamamos de “sonho lúcido” quando alguém tem consciência de que está sonhando. E Quase ninguém percebe isso. Só algumas pessoas, em casos bem raros, conseguem ter consciência durante o sonho.

Ter consciência de que estava sonhando? Lin Xian nunca tinha refletido sobre isso. Ele sempre soube quando estava sonhando, pois seus sonhos eram distintos, sempre repetindo aquele mesmo dia. Assim que pisava na praça, ele sabia que era um sonho.

Lin Xian se virou para Gao Yang. — Você nunca percebe que está sonhando?

— Claro que não! — Gao Yang respondeu: — Eu sou normal, diferente de você! Pessoas normais não percebem que estão sonhando, a não ser que acordem.

— Pra falar a verdade, às vezes meus sonhos são absurdos, tipo voltar pro ensino médio ou fugir de dinossauros... Mas, por mais maluco que seja, eu só percebo que era sonho depois que acordo... — explicou Gao Yang.

A dra. Liu assentiu, fazendo anotações. — Gao Yang está certo. A maioria dos sonhos das pessoas é caótica e absurda, como retratos desconexos. E ainda assim, poucos percebem que estão sonhando.

— Mas Sr. Lin, o seu caso é extremamente incomum. O senhor não só tem consciência de que está sonhando toda vez, como também se lembra de como o sonho começa, e seus sonhos não são absurdos; são quase idênticos à realidade.

Ela olhou para Lin Xian com seriedade. — Isso é um sinal perigoso. Ambos os mundos são tão reais que, se um dia o senhor perder a referência para distinguir entre sonho e realidade… sabe o que pode acontecer, não é?

Ela continuou: — Nesse ponto, o senhor não será mais capaz de saber o que é real e o que é sonho.