Volume 1: Caçadores – Arco 1: Ressurgimento

Capitulo 1: O Grande Começo (II)

Outro guarda mais a frente já seguindo pelo corredor parou e se virou para trás, nos observou e começou a se aproximar. 

— Já entendi que sou um Nullu sujo, me deixem em paz! — afestei-me gritando descaradamente alto.

— Você não pode andar pelo castelo sozinho — guarda que jaz na porta chamou minha atenção caminhando em minha direção. 

Com uma distância considerável havia ficado claro que todos os guardas tinham se direcionados ao salão, os corredores se encontravam basicamente vazios. 

— Akiris, pensei que o objetivo fosse não chamar atenção — o guarda surpreso pontuou. 

— Negociei como eu disse que faria, sem mais, nem menos. Agora, Karla me conte logo o que descobriu. 

— Tá, tá, tá, o nome do garoto é Wally, Wally Nyer. Ele é um Híbrido, não sei dizer onde ele está agora, mas pelo menos eu sei que todos os dias ele vem ao castelo receber algum tipo de treinamento. 

Maldição ela havia começado, sua odiosa mania de saltitar quando estava entediada, ao menos sem sua armadura ela realizava menos barulho. 

 — Ele tem uma ligação com a Nação de Energia, seu pai é um Genasis de lá. Estranho pensar que alguém que é Híbrido tenha um título de nobre no castelo, e que esteja tão longe de casa. 

— Não se sinta mal pelo garoto, ele não se sentiria mal por você. De qualquer forma estamos ficando sem tempo, onde fica o local de treinamento? 

Karla parou de saltitar, inclinou seu corpo e balançou aflita sua cabeça procurando guardas apostos nos corredores obviamente vazios. 

— Karla! 

— Credo Akiris. Siga por esse corredor, vire à direita, esquerda e desça as escadas, você vai saber quando chegar.   

Escutei o que precisava e prossegui meu caminho. Descendo os grandes degraus das escadas do castelo, comecei a me aproximar de paredes mais resistentes, porém, totalmente rachadas e com muitas marcas de arcania. 

Embora o causador daquelas marcas pudesse se tornar um problema, havia algo mais preocupante dentro da arena. Quem, ou o que estivesse daquele lado, havia me passado um sentimento errôneo. 

Minhas pernas não desejavam de forma alguma seguirem em frente. 

Porém, havia algo mais estranho, sentia como se o adversário a frente fosse uma mera presa fácil, mesmo com toda aquela pressão assustadora.

Na entrada existiam duas pessoas a protegendo, sem realizar nenhum contato visual por mais de dez segundos, não aparentavam serem uma dupla.

Um deles possuía um cabelo liso curto jogado para trás, vestindo uma roupa escura onde provavelmente se escondia suas armas curtas e... conversando sozinho?  

O outro parecia muito acabado, seu longo cabelo liso estava sujo e ele estava descalço. Em suas mãos portava uma foice afiada e totalmente ensanguentada além que ele parecia esconder mais alguma coisa nas costas por de baixo do manto. Estava claro, os dois não fazíam parte das tropas de Javier. 

— Melhor me prevenir. 

Prestes a passar pelos dois, levantei minhas mãos, rasguei um pedaço de minha pele com a boca, e com as palmas grudadas em frente aos meus olhos, recitei: 

— Undo Canto.

Eu devia ter exagerado, o chão rangia e tremia como se estivesse sendo cortado por toda a parte na arena.

Com os homens perante a entrada dibilitados e sem equilíbrio adentrei sem problemas. 

Diante a arena, dentro do meu campo de visão existia um homem alto encapuzado com uma aparente armadura leve por baixo e outra pesada por cima de sua roupa. 

Em seu rosto estava uma máscara negra com um símbolo gigante estampado de uma ponta a outra... claro, o símbolo dos Caçadores. 

Pela aparência misteriosa e sua máscara chamativa havia se tornado óbvio, ele era Dominus, o líder da Ordem dos Caçadores.  

Era impossível perceber alguma reação de Dominus enquanto me aproximava, mas seus punhos firmes pareciam deixar claro qual sentimento ele estava direcionando a mim. 

Aparentemente minha magia podia afetar até mesmo o homen mais forte que existia em Valíria. 

— SEU MALUCO SUICIDA! Você acabou de quase matar a todos nós! — Dominus gritou com uma voz que ecoou quase perfeitamente para uma máscara. 

— O garoto não é tão fraco ass...  

— ELE É! — Dominus me interrompeu aumentando mais ainda o tom — Caso tivesse saído mesmo que por um minuto, toda a cidade pereceria.  

A cidade pereceria? Ele quem? Sim o garoto tem uma forte energia, talvez a mais assustadora que eu já tenha visto na vida, mas como assim sair?

Não tinha tempo para pensar naquele momento. Não poderia ser amedrontado por Dominus, ele aparentava saber muito mais informações do garoto comparada as que eu tinha, preciso arranca-las dele.

Já relativamente próximo do mesmo, Dominus respirou fundo, encarou-me de cima para baixo por um segundo e continuou. 

— Eu te conheço Akiris, o que você quer? 

— O que eu quero? Eu desejo o mesmo que você. 

— Acha que não sei dos seus pactos? Era o que pretendia com Aska? 

Mas que merda!! Nem mesmo sua jurisdição conseguia chegar até Dracaries, então como ele poderia saber dos pactos?! Quem contou isso a ele? Espera, Aska? Mas que merda ele tava falando?... não, aquilo era diferente. 

— Apenas achei sensato me preparar quando na entrada se encontrava um homem com as roupas banhadas em sangue. 

— Fomos atacados no caminho. 

Dominus ficou quieto por poucos segundos, conseguia perceber ele movendo seu braço aos poucos para esconder suas mãos longe de minha visão.

Otimo, sem visão dos seus olhos ou suas mãos, eu não tinha nada visualmente que demonstrasse uma conjuração de seu arcanismo, no pior dos casos só poderia contar com meu próprio sentido.

— Não entregarei o garoto a Dracaries, Akiris. Mesmo que nossos objetivos estejam alinhados, nossas visões não são as mesm... 

— Não tente preparar o terreno comigo Dominus, vá direto ao ponto.

O lider dos Caçadores me observou estático, não movia um músculo. Sua falta de expressão, um presente da sua estranha mascara, dificultava entender o que ele queria. Pois então, Dominus respirou fundo mais uma vez e prosseguiu:  

— Venha e acompanhe o garoto até a ilha, julgue com seus próprios olhos. É o melhor que você vai obter de mim. 

Sem nem ao menos esperar uma reação ou uma resposta de minha parte, levantou a cabeça em direção aos aparentes caçadores. 

— Vocês dois, acompanhem o Wally. Soltrone, não o perca de vista.

Os aparentes caçadores não responderam, apenas se mexeram. Ainda pareciam abalados assim como Wally, ele passou por nós junto aos Caçadores sem sequer olhar para o lado.  

Logo após saírem, virei-me para terminar minha conversa com Dominus. Chocando minha visão com ele, o mesmo já estava relativamente longe de mim, quando pisquei; ele simplesmente desapareceu. Não deixou nenhum vestígio para trás; apenas sumiu.  

Eu não tinha muitas opções naquele momento, ir até a ilha era tudo o que eu poderia fazer.

Para melhorar ainda mais aquela situação, Dominus não havia passado nenhuma instrução do local de partida... realmente, o líder dos Caçadores era tudo o que dizíam.  

Comecei a caminhar em direção a saída tomando o mesmo caminho de minha vinda a arena, talvez para minha má sorte ela estava aqui novamente, Karlamitas. 

Balançou os braços para o ar e se aproximou saltitando em minha direção com um rosto esbanjando felicidade enquanto gritava. 

— Aquii! Aquii! Ei! Aquii! 

Continuei andando pelos corredores até então vazios tentando a ignorar, entretanto, logo ela me alcançou. 

— Akiris, como foi? Encontrou o garoto? — Karlamitas perguntou ao barrar minha passagem. 

— Encontrei, mas não fui o primeiro, Dominus já estava lá recrutando ele — esgueirando-me saciei sua curiosidade.

— Ah claro, sim, Dominus... Dominus?!  

Karlamitas ficou parada por um curto espaço de tempo murmurando repetidamente alguma coisa, enquanto com uma mão tentava roer a unha protegida pela sua armadura e a outra passava pelo seu longo cabelo vermelho.  

Escutei seus passos acelerarem até chegarem repentinamente ao meu lado novamente, ela parecia estranha, olhava aos arredores inquieta.

—  Eu que não iria querer me esbarrar com esse cara. 

— Realmente, Dominus merece a reputação exagerada, eu analisei ele de perto, não é alguém que você gostaria como inimigo. 

— De perto?! E você está tão calmo? Que frieza, até pra alguém da sua idade.  

— Não é uma boa hora para piadas Karla. 

— Hum, mas e agora? Continuo com as Revoltas? Parece que tem um monstro explodindo coisas pelo reino... juro que não fui eu. 

Karlamitas não parecia estar mentindo, por mais que ela adore explodir coisas e principalmente coisas vivas, sua armadura não estava polida, mas sim um pouco empoeirada, e com toda aquela displicência, ela já teria sido descoberta. 

— Seus ataques, essa tal criatura fará para você por um tempo, então apenas se prepare para partir. 

Ela não falou mais nada, virou-se e saiu pulando de alegria para direita e para esquerda, como uma criança que acabava de comer sua refeição favorita. 

Observando Karlamitas, algo surgiu a minha volta, uma presença de repente apareceu em minhas costas, junto a ela uma mão pairou em meu ombro. 

— Então é ela? A filha de Vlouthier?  

— ... Quem sabe?

A mão saiu do meu ombro e a presença consequentemente sumiu. Seguidamente saí andando sem olhar para trás. 

Aquele era o Dominus... Aquilo foi ele mostrando que estava me observando? Então Dominus podia se teleportar? Não, não, não, não é possível, única magia de teletransporte é do elemento de energia, porém, eu não sentia nada nele, nem um resquício mesmo tão de perto.  

Antes de sair do castelo, havia algo de errado com meu corpo. Minhas pernas desabaram na escadaria.

Meus batimentos estavam completamente acelerados. 

Meu corpo ainda não tinha esquecido; aquela sensação, aquela energia, aquela pressão, tudo o que o garoto emanou quando enfraqueci a arena... foi perturbador. 

— Nem nos meus piores pesadelos, eu imaginei que ele teria dentro dele... a porra de um Primordial. 

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