Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: BcZeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 82: Quatro anos

— Quatro anos? — Mythro treme, a ideia de ficar quatro anos inteiros sem cultivar o assombra.

No seu dantian, e em todo seu corpo, o pequeno NOVA sente que sua aura está sendo reprimida, e que o contato com o céu e a terra estão sendo cortados.

— Gornn o que é isso? Essa coisa do ventre das fadas vai me prender mesmo? — Mythro lança um pensamento.

“Trava de cultivação não são itens que possam ser fabricados por mortais deste plano, com certeza, isso é algo deixado por Markhos, aquele cara de peixe, ou seus descendentes. Ou então é um item das antigas fadas que também foram banidas para cá. Travas de cultivação são usadas para crimes hediondos que ainda podem ser perdoados dependendo da cultura do quadrante ou planeta. Esse homem usou por puro capricho, mas como ele é mais forte que você, tudo que podes fazer é ficar calado e esperar que estes quatro anos passem.”

Da tatuagem do peito do Mythro, uma chave negra surge e cai na mão de Kou.

— Desculpe, garoto. Mas nem os anfitriões podem fazer como bem entendem quando se tratam das antigas leis. — Kou Yulang olha para baixo e balança a cabeça em resignação. Ele sabe que isso tirará muito do futuro do pequeno NOVA.

— Cuidarei bem de seus presentes, Kou, Oprita e Tuin Yulang. E quando eu alcançar o nível dos reis do oeste... um clã a menos permanecerá em pé. — Mythro se aproxima de Kou, se arrastando e falando baixo em seu ouvido, proclamando sua ameaça. Kou evita que o que Mythro diga saia da área ao seu redor, com sua energia branca lunar.

Agora que a energia que Mythro podia criar estava cortada, devido a trava de cultivação, ele seria obrigado a se arrastar por aí, pois não poderia ser possível criar uma serpente de energia.

— Devemos ir, Senhor Kou! — Monica apressa o anfitrião.

Caluf encara Mythro com seus olhos irradiando raiva. Com certeza, uma prisão de quatro anos para ele não era nada. Uma criança com grande potencial cobrirá esse tempo com cores brilhantes. O garoto da vila Chamto só seria impedido de crescer se estivesse morto!

Oprita e Tuin começam a flutuar, é a energia de Kou Yulang os levantando. Oprita está chorando, ela sabe que a visão que todos terão de Mythro será a pior de agora em diante. Nunca uma trava foi colocada em alguém que não tivesse cometido um crime hediondo! Mas Mythro não tinha cometido um crime, ele só se opôs contra a subjugação dos clãs maiores. Algo que os Yulang do clã da lua percebem que acontece, mas não se movem para impedir, pois do meio-oeste adiante, cada clã é uma força necessária contra o norte, e por isso eles agem como acham que podem.

— Eu virei buscá-lo daqui a quatro anos pequeno! — Tuin joga um colar para Mythro, é o seu colar de artesão do clã da lua.

Caluf vira para Schut e depois aponta para Mythro.

— My-Mythro da vila Chamto está desqualificado!

Bijin corre para o lado de Mythro e o pega no colo.

— Vamos embora... — Suas lágrimas rompem de seus olhos.

— Me coloque no cavalo, irmã.

A menina coloca Mythro no cavalo, e a serpente sobe pelas pernas do potro até subir pelas pernas do menino, e seguir por seu dorso até se enrolar em sua garganta.

— Não é seguro deixá-la por volta do pescoço. — Bijin tenta pegar a serpente, mas a mesma quase a ataca.

— Meus animais não são cães do oeste. — Mythro vira para Bijin, e seus olhos dourados a assusta.

— Desculpa.

O cavalo desce da arena e Baki, Brosch e Ariã chegam no menino.

— Filho! — Baki pega Mythro no colo e o aperta sobre si.

— Está tudo bem, mãe. Quatro anos não vão me impedir de passar em cima dessas pessoas.

— Mythro, prometa-me que você não irá buscar vingança por isso. Clãs do meio-oeste não são coisas que podemos alcançar, nem mesmo os clãs do oeste de fora ousam agir de qualquer maneira contra eles. — Baki pede, olhando fundo nos olhos de Mythro.

— Não posso prometer. Eu não aceito subjugação. Quando eu for atrás deles... Eles não terão como me impedir. Eu sou o relâmpago que desce desimpedido, trazendo medo nos corações dos fracos.

— Não é lugar para discutirmos isso. — Brosch coloca um manto feito de pele de lobo em cima de Mythro, e o monta no lagarto de duas cabeças de Ariã. O potro por ser de porte pequeno ainda, consegue espaço no grande réptil.

Muitos sussurros e cochichos rondam por toda a área dos espectadores. Eles se perguntam se tudo o que viram era real, se o menino era realmente um sábio, e se o que Caluf disse sobre isso ser uma farsa é, na verdade o que consta. No final do dia, uma criança santa de uma das vilas vence e é garantida todos os prêmios, e, novos boatos surgem sobre o menino de cabelos negros longos e olhos dourados.

Um boato sobre ele ser um Markho.

**

Ao chegar na vila Chamto, ainda mais tragédias acontecem.

— Gornn... Minha cabeça dói. — Mythro reclama de uma sensação nauseante que vai tomando conta de todo seu corpo.

“Sua área Shen está se selando, já que sua área Jing foi travada, o fluxo contínuo de energia foi interrompido e devido a isso, seu olho do céu ficará “desligado”. Eu não conseguirei falar com você durante esses quatro anos.”

“Nem eu, irmãozinho...” — Ammit também sente a conexão dela com Mythro afinar.

— Esta coisa, vai selar minha cultivação e minha alma? — Mythro desmaia e quase cai do lagarto, a serpente enrolada em seu pescoço não permite.

— Filho! — Baki se joga no pequeno NOVA e o segura. Uma forte febre o toma.

“No pior momento possível... A fome da Grande Morte o ataca, pois sua cultivação está ausente, e não pode suprimi-la.” — Ammit comenta, sua voz quase fraca, como a de alguém caindo em um precipício.

Mas os segredos escondidos no ventre das fadas são longos e profundos. A serpente, morde Mythro em seu pescoço, e sua condição começa a estabilizar.

O corpo da cobra fica tão liso como jade, e uma aura negra começa a tomar o corpo do pequeno NOVA.

“Serpente Jade Negra... garoto sortudo...” — Gornn fica alegre, seu rosto preocupado se acalma.

“Ela livrou ele de todas as emoções negativas, e afastou a tribulação do devorador. Um ser místico? E esse cavalo?” — Ammit não conhecia a serpente.

“As Serpentes Jade Negra são tão antigas quanto os primeiros dragões, nascidas do primeiro bloco de Jade Negro Celeste a vir em existência. Ao que se sabe, criaturas divinas são os filhos diretos dos seres ancestrais, e as místicas são filhos destes. Portanto há apenas uma relação de distância, não diferença de poder, necessariamente. Dizem que essas serpentes ornavam os pescoços de seus mestres, e traziam tranquilidade e refresco a suas almas e corpos.”

“Quanto a esse cavalo... Ele também deve ser proveniente do bloco de Jade Negro Celeste, mas o bloco original se dividiu, um subiu para Yang, e o outro desceu para Ying. Quanto ao que rege para o lado dos Lornianos, eu não tenho muitos detalhes.”

Gornn termina sua explicação com mais uma frase.

“Os Lornianos nasceram para a guerra. Este ser não deve ser diferente.”

Da marca de Mythro, em sua testa, uma moção brilhante ocorre e duas frutas emergem e vão direto para o olho do céu da serpente e do potro.

— A vila Chamto protegerá o menino de vocês! — Ariã bate no peito de Brosch, e os deixa na porta da loja da família Urto.

Ele então sai em disparada em cima do lagarto, direto para a Casa Maior.

Baki, Bijin e Brosch correm pelas escadas que dão passagem a sala de sua casa e deitam o pequeno NOVA nas melhores peles disponíveis e começam a cuidar dele.

— A picada da cobra, não fez nada? — Baki passa a mão onde a cobra picou, e vê que a ferida está quase fechando.

— Ele melhorou depois que ela picou ele, o Senhor Kou Yulang disse que ela era um presente especial de uma ruína de alto nível, ela deve curar ao invés de envenenar. — Bijin explica, pegando no dorso de sua mãe, tentando acalmá-la.

— Ele só precisa descansar, deve ter sido algum efeito colateral de colocarem essa trava de cultivação nele. Levem-no para o quarto, quero sempre alguém com ele do lado. — Brosch vai direto ao quarto do pequeno NOVA e começa a arrumar as coisas para que esteja bom o suficiente para ele descansar.

— Mythro é forte, ele vai passar por isso! — Bijin reza, com as mãos juntas aos joelhos.

O potro e a serpente se recusam a deixar Mythro, e embora Brosch estivesse inseguro quanto aos animais, ele não os proíbe de permanecerem com ele.



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