Volume 8

Capítulo 161: Aqueles que não podem fugir

Um general do exército imperial, Bahn Rhoshwas havia iniciado sua marcha sobre um pedido do corpo principal.

Seu exército era composto apenas de humanos, por nenhuma outra razão além de que ele não podia confiar em monstros. Na verdade, todos os monstros da força principal ficaram fora de controle. Em um momento, ele pensou que eles tinham desaparecido, e no próximo eles estavam em um frenesi.

— Sob um céu com várias centenas de dragões, eles querem que eu lance um ataque ao acampamento inimigo...

Para os habitantes do império, dragões só poderiam representar um símbolo de medo.

A razão pela qual eles chamavam o povo de Courtois de covardes era porque seus vizinhos eram protegidos por esses seres.

Suas próprias forças deram origem a monstros aprimorados, e quando ele pensou que enfim alcançariam o estágio em que seriam capazes de lutar contra Courtois de forma decente, os monstros se tornaram impossíveis de controlar.

— Vamos recuar depois que recuperarmos o Príncipe Askewell. Não há vitória a ser encontrada nesses campos.

O corpo principal do exército ainda estava tentando lutar. Não, Bahn não deixou de notar que eles não estavam obtendo o controle.

No entanto, independentemente do que Bahn fez, não foi muito antes de um exército de Courtois estar se aproximando.

— General Rhoshwas! Um exército inimigo está vindo em nossa direção! Aquela bandeira… Diade!

A expressão de Bahn azedou.

— Então Diade apareceu neste momento?

A Casa Diade poderia ser considerada a mais forte das tropas terrestres de Courtois.

Bahn lutou com eles várias vezes, e todas as vezes terminaram de forma inconclusiva. Antes que um lado pudesse triunfar, os dragoons iriam aparecer, deixando o general sem outra escolha além de recuar.

Recuar não era uma opção desta vez.

— Passem por cima deles para resgatar nossos aliados. Arrastem aqueles idiotas da força principal que ainda podem lutar e recuem!

Com as palavras de Bahn, sua legião experiente se moveu.


Em uma carruagem especialmente preparada, Leor ficou furioso.

— Cada um deles, lixo que não entende magia! O que foi que eu falei? Eu disse a eles para atrair os dragões no meu caminho, mas eles não só falharam em ouvir, como exigem que eu envie reforços... vou fazer de todos eles cobaias.

Resmungando queixas, Leor usava um manto sobre sua pele de cor doentia. Ele não usava nenhuma armadura.

Ele tinha seu orgulho como mago e sabia que o equipamento de proteção era desnecessário.

Um subordinado que se aproximava de sua carruagem o informou sobre o estado do círculo mágico.

— Leor-sama, cerca de setenta por cento dos sigilos estão prontos. Mas há um exército vindo em nossa direção.

Ele não podia exibir todo o seu poder com um círculo incompleto. Leor riu.

— Perfeito. Pode não estar completo, mas é um círculo mágico antidragão... vou explodir qualquer exército humano. Isso mesmo. Eles deveriam apenas ter obedecido minhas ordens desde o início. Sua Alteza ficou tão contente apenas aprimorando os monstros, e aquele ajudante gora dele; vou mostrar a todos eles. Quão maravilhosa minha magia pode ser!

Descendo da carruagem, ele ordenou a seus homens enquanto se dirigia ao centro do círculo. Resgatar Askewell nem mesmo lhe ocorreu em sua ânsia de mostrar o quão superior ele era.

— O império deve saber. Em vez de confiar em monstros, eles deveriam ter confiado em mim... ahahahah!

Enquanto Leor dizia isso, ele foi apoiado por subordinados em ambos os ombros. Através de pesquisas repetidas e de experimentação abrangendo muitos anos, seu corpo havia ficado terrivelmente magro. Em relação a estamina, isso representava um problema considerável.


A força principal liderada por Askewell estava sendo comandada por Mies.

No entanto, a fúria de seus outros homens era terrível.

— General Mies, os exércitos em ambos os flancos estão correndo em nosso auxílio!

— Vamos esmagar o restante do exército de Courtois de uma só vez!

Vendo os cavaleiros e soldados falarem com tanto deleite, Mies ficou perturbada.

— Do que vocês estão falando? Não há como lutarmos nesta situação. Estamos recuando. Sim, é isso que vamos fazer! Não podemos mais controlá-los!

Um dos cavaleiros falou.

Sua expressão era um pouco suspeita. Por um momento, ela teve a sensação que seus olhos emitiram uma luz vermelha.

— Vai ficar tudo bem, General Mies. O gora que o Príncipe Askewell possuiu não atacou nenhum dos nossos homens que se aproximou. Esta é a oportunidade perfeita. A mudança perfeita para enfim ganharmos de Courtois.

Askewell tinha sido possuído por um gora.

Fraseando isso dizendo o oposto, o segundo em comando levantou as esperanças dos que estavam ao redor.

Em sua angústia, Mies não podia notar que o cavaleiro estava diferente do habitual.

— Façam ambos os flancos pararem de uma vez! Se não recuarmos logo, algo terrível irá... o céu acima não é nada além de dragões!

Para os cavaleiros e soldados do império, dragões eram seus deuses da morte. No entanto, nesta situação, mais do que desespero, as tropas buscavam a vitória que há muito desejavam.

— Não podemos recuar assim! Se nos retirarmos, significa que perderemos para um único cavaleiro. Não um dragão, nossas forças foram esmagadas por um cavaleiro solitário... só o inferno nos espera se retornarmos agora.

Um cavaleiro calmo disse isso, e aqueles em seu entorno acenaram.

Eles tinham desperdiçado muito tempo com Rudel. Não havia caminho de volta para eles, o exército imperial estava encurralado; ou melhor, aqueles que realmente haviam lutado, estavam em um estado onde não poderiam se retirar nem que quisessem.

Mies segurou a cabeça e gritou:

— Todas as tropas, se preparam para recuar! Sua oficial comandante é... eh?

Alguns cavaleiros e soldados apontaram suas armas para a mulher.

— Você vai ter que ficar quieta por um tempo. Não sobrou nenhum lugar para nós. Você não entende isso? Para preparar tamanho exército e não trazer resultados... nunca seremos perdoados.

Apenas preparar o exército de monstros causou uma tensão considerável no império.

Além disso, eles formaram dois exércitos ultrapassando dez mil homens para atacar em duas frentes.

Se isso fracassasse, o império seria conduzido a uma crise e talvez até entrar em colapso.

— Se a terra que tomamos for recuperada, o império vai desmoronar. Eu quero que você entenda isso.

A situação era mais urgente do que Mies imaginava. Enquanto ela sentava no local e abaixava a cabeça, os soldados a levavam embora. Por fim, o cavaleiro falou:

— Se apressem e reorganizem nossa formação! Que esses covardes de Courtois conheçam o rancor do império!

Observando esses zelosos cavaleiros e soldados imperiais, homens praticamente mortos caminhando, que sabiam que não havia futuro pela frente, Mies deu uma última olhada no gora que havia assimilado Askewell.

“Então, ninguém mais precisa dele…”


Montando seu fiel corcel Heath, Aleist segurou uma espada em uma mão e golpeou com força.

Ele não tinha a mana inesgotável que outrora possuía. Ele não tinha talento. Até seu charme foi perdido.

Poderia tal homem lutar contra o gora vindo em sua direção?

Enquanto o rapaz se encolhia diante de tais perguntas e medos, Millia se sentou atrás dele com seu arco. Eles estavam cavalgando o pesadelo juntos.

Um dos membros do harém apontou para Millia:

— Aquela va**a!

Millia respondeu para o resto delas:

— Ó, calem a boca! Se fosse qualquer uma de vocês, vocês estariam brigando entre si, então eu montei com ele. Então parem de choramingar e preparem-se para a batalha já!

Repreendida por Millia, a integrante do harém relutantemente obedeceu e se preparou para lutar contra a besta.

Atrás delas, um exército de apoio estava em fila sob as ordens de Chlust.

Chlust parecia a ponto de chorar enquanto dava ordens, entrando nos preparativos para conter o exército. Ao ver isso, Aleist conseguiu se acalmar um pouco.

— Aleist, você vai ficar bem, não vai?

Com a voz preocupada de Millia, Aleist ponderou um pouco antes de assentir.

— Vou ficar bem. Mas, para ser honesto, se podemos vencer aquela coisa ou não...

Heath balançou a cabeça e relinchou. Como se ele estivesse dizendo para o rapaz dar o seu melhor.

No céu, dois dragões da água aguardavam suas ordens para lutar.

Millia suspirou.

— Céus, tenha um pouco de confiança. Rudel esteve lutando contra aquela coisa o tempo todo. Se você é capaz de trocar socos com aquele mesmo Rudel, não tem como ser derrotado com tanta facilidade por aquela coisa.

Aleist relembrou esses duelos, e os socos que ele trocou.

Em suas batalhas com Rudel, no final, eram sempre as armas que seriam as primeiras vítimas. Nesse caso, o que restava era uma extravagante troca de socos.

— Eu não estava trocando socos porque queria.

Aleist pessoalmente teria preferido combates mais elegantes e estilosos. Mas ele sempre foi levado ao limite e começou a pensar que nunca teria como mudar esse fato.

No entanto, ao olhar em volta.

— Bem, parece que todos, exceto eu, são confiáveis o suficiente.

Em termos de jogo, as integrantes de seu harém eram peças competentes. Além do mais, no céu havia dois dragões o apoiando. Assim como dois dragoons.

Em termos de jogo, esta era uma equipe satisfatória, ou melhor, esses números eram maiores do que o que poderia ser obtido de uma vez. Aleist deu um leve pontapé na barriga de Heath.

Com isso, Heath disparou em linha reta contra o gora.

Millia preparou seu arco.

— Aleist, estou contando com você.

— Sim, provavelmente vai dar certo.

Ao ouvir sua resposta pouco confiável, Millia riu. Em pé a cavalo, ela pegou uma flecha na mão, puxou e a disparou.

Ela tinha como alvo Askewell tomado pelo gora, no entanto a flecha foi repelida pelo dedo grosso do monstro. Apenas esticando a palma da mão, o gigante protegeu Askewell por completo.

— O fato de protegê-lo significa que esse realmente deve ser o seu ponto fraco. Mas, vendo como Rudel não poderia ter mirado nisso, ele deve ter uma defesa sólida, não é?

Enquanto Heath aumentava aos poucos a velocidade, o gora baixou dois de seus quatro braços em sua direção. Heath correu direto para os punhos abaixados e os evitou enquanto Millia disparava uma flecha no gora de baixo.

— Minha nossa, não é apenas uma saia de grama.

Observando com atenção o gora que usava apropriadamente suas calças, Millia fez uma análise indiferente antes de disparar uma flecha.

Eep! — Aleist soltou um pequeno grito. Mas isso não pareceu ter qualquer efeito no enorme gora.

— Como você pode mirar na virilha assim!?

Quando Aleist disse isso a ela, Millia:

— Goste ou não, é um ponto vital.

Ela disse, desta vez pegando várias flechas e disparando-as. Todas carregavam mais força do que a anterior, penetrando fundo nas suas partes baixas do alvo.

O gora gritou.

— Maravilha!

Vendo Millia apertando o punho de modo triunfante, Aleist começou a ter pena do monstro.

Agarrando a espada que segurava em uma mão, ele a balançou em direção ao tornozelo da fera.

Uma chama de magia negra enrolou-se na lâmina e, assim que ele a soltou, o pé do gora foi cortado.

“Ainda posso lutar.”

O que ele perdeu foi grande, mas havia muito que ele mesmo construiu, e o que restou se tornou sua força para vencer este monstro.

Enquanto o gora tentava lidar com Aleist, que estava passando bem embaixo dele, os ataques de sopros dos dragões do céu o derrubaram.

Heath se moveu para não ser pego pela queda enquanto Millia olhava ao redor. Cavaleiros imperiais e soldados estavam correndo em direção a eles.

— Quando já estamos ocupados lidando com esse monstro!

Aleist também sacou sua espada na mão esquerda, balançando-as a partir das costas do cavalo para cortar aqueles que se aproximavam. Era a união perfeita de cavalo e cavaleiro.

Não, ao invés disso, Heath era quem acompanhava os movimentos de Aleist. Enquanto Millia disparava flechas atrás dele, os cavaleiros usando armaduras de ferro foram perfurados.

As integrantes do harém de Aleist se reuniram para ocupar o exército que se reunia.

— Vocês estão no caminho!

Seli cortou tudo diante dela com sua habilidosa esgrima.

— Fora do caminho!

Juju jogou, socou e chutou os cavaleiros e soldados que se aproximavam.

Aleist confirmou isso antes de se voltar para o gora.

— Se ele se recuperar tão rápido, não seremos capazes de derrubá-lo.

Diante do gora que se recuperava instantaneamente de seus ferimentos, Aleist pensou sobre como ele deveria se aproximar. Ele pensou, mas para começo de conversa, o rapaz nunca foi muito inteligente.

Confrontos mais longos e demorados seriam inviáveis.

— Então você ou o ataca tão rápido sua regeneração não pode acompanhar, ou o derrota em um só golpe... mas não tenho nenhum ataque tão chamativo quanto o de Rudel.

Cortando os braços do gora tentando ficar em pé, Aleist pensou. Seus arredores estavam começando a se tornar uma confusão de inimigos e aliados, o campo ficou cada vez mais difícil para uma luta.

O gora abriu as asas em suas costas, subindo para o céu.

— Não posso deixar que ele acrescente outra dimensão a batalha... Bennet-san, Keith-san!

Com o grito de Aleist, os dois dragões atacaram para que o gora não pudesse subir. Rasgando suas asas e acertando-o com os punhos dos dragões, eles removeram qualquer meio de fuga.

Saltando das costas de Heath, Aleist transferiu-se para o Gora, rasgando a carne aberta abaixo dele enquanto corria por seu corpo. Apesar da tentativa da enorme palma de capturá-lo, o rapaz abriu aquela mão com uma espada em cada mão, indo para o corpo preso de Askewell.

— Estou vendo.

Correndo do maciço pé do gora à sua cabeça, Aleist balançou sua espada contra Askewell no momento em que ele estava à vista.

Se tivesse algum ponto fraco, ele achava que tinha que estar ali, mas o gora lançou seu olhar para Aleist e abriu sua enorme grande.

Parecia que o monstro ia cuspir uma massa grande daquelas lanças pretas que usou em Rudel. Em sua boca aberta, o rapaz podia ver as incontáveis pontas de armas girando.

Aleist manifestou de sua sombra uma massa negra, espalhando-a para se proteger.

Mesmo que uma lança perfurasse essa proteção, o material se envolveria, pegaria o projétil e receberia o golpe.

E uma vez que o pano preto desapareceu, Aleist pulou para longe e apontou sua espada para Askewell.

— Este é o fim!

No último momento, Askewell, que havia sido enterrado até seus ombros, abriu os olhos, o homem levantou um braço e parou o ataque de Aleist.

Segurando a espada entre as pontas dos dedos, ele olhou para Aleist.

— … entendi, então você é a causa de tudo isto.

Depois de recuperar a consciência, Askewell rastejou para fora do gora, olhou para Aleist e falou.

— Foi para proteger sua existência que o meu povo sofreu... não vou perdoá-lo!

Fumaça negra saiu de Askewell, enquanto o gora desaparecia. Tendo perdido o equilíbrio de repente, Aleist confiou seu corpo à queda livre enquanto movia seus olhos para cima. A forma de Askewell permaneceu exatamente onde estava no ar.

— Então ainda não acabou?

Depois que Aleist foi recuperado por Millia, que abriu suas asas mágicas, ele olhou para a fumaça negra girando e para o príncipe.



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