Volume 1

Mudanças

 

 

 

 

ATO I

 

 

 

Trabalhadores de todos os cantos do reino de Homeworld retornam ansiosos para suas casas. Eu costumava ver esses momentos no meu quarto, do parapeito. Porém, eu estou, nesse momento, sentada em uma poltrona verde quadrada durante a rotina de sessão psicológica. Ao invés de prestar atenção na sessão, minha mente vagava por algum canto desconhecido da minha imaginação. É como dizem: eu estava com a cabeça nas nuvens.

— Princesa Katarina? — disse a Drª Pâmela, trazendo-me à realidade. — Perguntei se os sonhos ainda são recorrentes.

Fisgar a costura da poltrona com a unha é o que me entretinha durante as sessões, quase lúcida.

— Sim — respondi sem vontade.

— Teve algum novo? Ou todos são os mesmos?

— Ontem tive um novo.

— Gostaria de compartilhar?

Eu estava relutante. Minha cabeça matuta enquanto minha mão ainda fisga, sutilmente, os bordados da poltrona.

Acabei, enfim, soltando:

— Não sei dizer onde eu estava. Parecia um corredor de metal com assentos e janelas, em movimento. Alguma coisa parecia me caçar, estava no lado de fora e parecia faminta. Ele abria a casca pronto para entrar... então... eu acordei.

— E os outros sonhos ainda são contínuos?

— Bastante...

Esses sonhos não são novos, costumam ir e vir regularmente como se fossem memórias perdidas de outra vida. Em sua maioria, eram perturbadores, em outros eram tolerantes.

● ● ●

 

Já estava no finalzinho da tarde, buzinas eram soadas dos cocheiros e xingamentos berrados para várias direções do reino de Homeworld, um reino com alto índice de apostas — sendo legais e ilegais — com tratamento da necropolítica sobre a minoria por tratantes e biltres que anseiam por poder, pouco se importando com a Ordem.

Homeworld, localizada no Sul, também é a capital de Ecor um misterioso continente que intrigava a todos com suas maravilhas e terrores que nela habitavam, bastante conhecida por seus surpreendentes Arcos de Pedra arcaicos espalhados pela ilha — com o topo incompleto e quebradiços; são arcos uns sobrepostos aos outros como camadas, todos frequentemente estando fragmentados. A magia arcana aqui é bem forte e isto atrai diversos curiosos, e maliciosos, para cá a fim de estudar e aprender suas forças ocultas.

De qualquer forma, é sexta-feira. Saí do consultório e sigo para a aula de patinação no gelo, sentia meus pés dormentes pelo trajeto até esse coche do rei chegar. Longa de cores escuras e com volumes em dourado, a carroça se aproxima de mim com cavalos cinzas mestiços a trotar. Era o rei que me mandou subir a bordo. Entrei e fiquei calada com cotovelo apoiado na janela, meu rosto se pôs bem próximo da janela, em tédio.

Rei Sweyn — convicto de si e rabugento. Além de ser meu pai, é o rosto do reino por demonstrar sua hostilidade e piedade. Sempre demonstra confiança em seus olhos entreabertos, e um rabugento de rosto largo. Como todo rei que se preze, mantinha seu status por sua barba triangular negra e cinza na lateral, com cabelos longos e sedosos. Nunca parece estar convencido ou impressionado com nada. Sua roupa? Em camadas com tom dourado e cinza.

Ele palestrava sermões a mim sobre meus atrasos nos compromissos, mas deixei-o balbuciar enquanto eu observava as pessoas pela janela da carruagem vendo mães e pais com suas crianças segurando um sorvete de flocos, outras brincavam no playground com joelhos e mãos cobertos de areia. No meio disso tudo, vi umas árvores secas infectadas com algum tipo parasita, como se raízes brotassem direto do interior da árvore, de cores marrons e violetas pulsantes.

Rumores apontam que um fungo antigo e conhecido voltou a se alastrar novamente pela ilha tornando árvores e plantações secas e corrompidas, um fungo. Chamam-no de Praga. O povo alastrou este rumor e jornais já apontam sobre seu ressurgimento. Assim como o rei, outras pessoas mantinham o véu da negação sob o rosto.

O fungo, assim como surgiu, fora extinguido eras atrás de forma misteriosa. Seu retorno, quem sabe, seja um sinal de alguma coisa pior. Eu preferi não comentar na carruagem, mas achei estranho, de fato.

Deixou-me na minha aula de patinação no gelo e foi embora. Nossa relação nunca fora a das melhores, sempre estive tentando e tentando, inutilmente, atrair sua atenção. Como alertar um surdo com gritos. Sempre com alguma reunião, sempre com compromisso, vê-lo em casa era quase impossível.

Entrando sorrateiramente vi a treinadora Bina no gelo com as meninas e alguns garotos treinando os movimentos. Eu entrei de mansinho e me troquei atrás da arquibancada bem rápido — ou pelo menos o mais rápido que eu pude.

Fui me misturar enquanto a treinadora estava de costas. Mas, como toda vez, o cochichar do pessoal me entregou. Aquela mulher tem bons ouvidos.

— Senhorita Hellman. — Disse a treinadora, ela se mantinha de costas, cabelo preso e com postura firme.

Congelei naquele mesmo instante em que meu nome fora dito. Já estava suando como um porco com a roupa e agora de nervosismo.

— Atrasada novamente?

— Sim... — respondo fechando a cara, solto o ar que havia prendido nos meus pulmões sem perceber.

Ela se vira para mim e diz para tentar acompanhar as outras, pois que no fim teríamos uma conversa.

O treino de patinação no gelo foi ideia do rei, meu pai, apesar de eu nunca sentir atração nas artes.

Nós estávamos aprendendo o 'Salto de Dança'. Assim que chegou minha vez, ouvi uma voz estranha me chamar em sussurro, uma voz estridente que me fez perder o foco com o susto e cair no gelo — por alguns segundos eu havia visto uma enorme silhueta na escuridão da arquibancada me observando. A professora me ajuda quanto os outros riam de mim, eu podia me questionar quanto à silhueta, mas não quanto ao sussurro. Eu sabia que foi real e que não foi delírio, pelo menos não ainda.

No fim do treino, a trinadora Bina me chama para a tal conversa. Retiro meu sapato e vou de encontro com ela na arquibancada, à princípio pensei que ela diria algo mais puxado, mas lá ela apenas discute comigo sobre meus atrasos e meu desempenho ter caído. Enfim, minha má vontade de patinar se mostrou.

— Veja, entendo que seja da realeza e o próprio rei a mandou para cá, mas você tem que repensar se for querer mesmo se manter aqui. Nos últimos dias você demonstra tanto desinteresse quanto meu próprio filho pela minha profissão. — Ela me diz. — Até lá, está suspensa das atividades alteza, sinto muito. Ou está dentro, ou está fora.

Eu assenti.

● ● ●

Pela calçada, caminho esquentada por um manto grosso, encapuzada, e sigo pela garoa contínua na cidade, engrossando pouco a pouco. O jeito que todos passavam por mim, na calçada, pareciam apressados para chegar em seus objetivos com suas vestes nobres e de múltiplas camadas.

Os noticiários nas caixas exibiam propagandas de guildas com diversos modelos de diferentes raças compridas, pequenas e antropomórficas — desde que me conheço por pessoa tenho grande sonho em fazer parte de uma guilda ou criar a minha. Uma garota fascinada desde pequena, procuro ler e aprender tudo sobre os guerreiros e suas faculdades, das lendas até os surgimentos e quais monstros enfrentados, mas claro que por meu status eu não teria tanta sorte. Fazer coleções e sonhar é o mais próximo que tenho.

As chamas nos postes brilham enquanto o céu cai, ali eu me sentia como um grão de mostarda em meio da enorme areia chamada Homeworld, apenas, momentos enfadonhos e simples da vida que às vezes eu desejava ter fora dessa vida de realeza.

Como sempre paro numa loja específica onde há um cartaz, próximo à porta, que mostrava guildas posando para uma pintura de recrutamento, servindo para qualquer um que tenha treinamento básico em combate e sobrevivência. Isto sempre me puxava um sorriso e uma falsa esperança de realizar esse meu sonho. Na vitrine: um manequim trajado com roupas femininas de aventureira, diferentes camadas de tecido e um bordado no ombro carregando o símbolo da cidade. Já perdi a conta de quantas vezes já encarei quela loja, e toda vez eu adorava a imaginação de o usar e trazer orgulho aos meus pais um dia.

Atravesso a multidão encharcada com minha bolsa no ombro sem ligar para coisa alguma até esbarrar com um rapaz coberto por um manto e com o rosto encapuzado, me virei para me desculpar, mas este desapareceu na multidão como uma moeda que desaparece em meio de tantas outras.

Aquilo permaneceu na minha mente, particularmente pensei que era mais um promotor ou alguém de alto escalão, mas por um instante vi o bordão da cidade rasgada em seu manto, é uma atitude intolerável para qualquer cidadão do reino. A cena da silhueta no ginásio assombrou minha mente por um instante.

Passei pela rua principal e cheguei no pé da escada que leva à entrada e ao hall do castelo. Passando pelo salão e a sala do trono, entrei na sala de jantar onde Karen e Lina estavam lá na mesa junto com a mamãe comendo e conversando sobre a Karen e seu dia como entrevistada do Portal Diário, em como ela conseguia manter as pessoas acolhidas com o plano de caridade aos moradores de rua.

Sentei-me à esquerda da Karen, deixando minha mochila no pé da minha cadeira, molhando o estofado. Trouxeram minha janta e tentei acompanhá-los na conversa. Lina brincava com a comida e Karen mal comia a comida no prato e mamãe dava o máximo para dar atenção tanto à Lina, por ser criança, quanto à Karen — que se parecia com uma.

— ...E então, foi assim que publicaram tal matéria sobre mim. — Karen terminou de falar com soberba.

— Muito bom, filha... E quanto a você, Ayla? — mamãe se virou para mim como quem espera por qualquer resposta, apenas para fugir das garras vaidosas da Karen.

Hella, a rainha de Homeworld. Minha mãe. A única pessoa na nossa família qual eu podia contar em estar por perto quando eu precisasse. Carinhosa, atenciosa, pouco mais alta que eu. Seu rosto quadrado imponente carregava os mais belos olhos orientais verdes e ferozes do reino e estes se viraram para mim ainda esperando uma resposta naquela mesa de jantar.

Ela parecia estar, realmente, cheia de tanto a Karen falar sobre ela.

Então, falo sobre meu dia na dança do gelo. Karen revirou os olhos enquanto mastigava, remexendo a comida sem vontade alguma. Não falei sobre a voz, mas sim sobre o que a professora me disse e pedi para que ela reduzisse o número das minhas "tarefas da realeza" para que eu pudesse me ajeitar e tentar não me atrasar em quase tudo.

— Bom, acordar mais cedo será de grande ajuda.

— Mãe! — exclamei.

— Ayla, estes deveres são importantes! — ela diz em preocupação, me apontando o garfo.

—Mas é que..., é difícil para mim conciliar com tudo isso e não conseguir se quer respirar!

— Olhe seu tom Katarina! Estes deveres são seu aprendizado para a futura rainha que será. Uma Hellman sempre deve estar preparada.

Katarina Olga Hellman III. Meu nome, conhecida por Ayla aos mais próximos. Minha mãe me deu esse apelido por eu nascer com uma falha na sobrancelha — parecendo um corte, uma cicatriz — que lembrava uma das nossas deusas: Alistair, conhecida por sua perseverança em combate e força de vontade, lembrada por sua cicatriz de batalha que atravessa os olhos

Não disse mais nada para ela e continuei a comer minha janta em silêncio profundo. Logo, acabo me levando pelos pensamentos mundanos e quando me dei conta, eu senti com a língua que havia entortado o garfo com os dentes.

— Está bem? — mamãe me perguntou.

Eu assenti. Mamãe soltou um profundo suspiro antes de anunciar:

— Bom. Eu vou tirar os deveres que você não gosta... mas você vai com a sua irmã na Festa da Criação amanhã.

Karen riu debochando de mim enquanto fazia um gesto debaixo da mesa de que eu estaria fodida com aquela tarefa. Eu não tinha nada contra a Festa de Criação particularmente, apenas não achava muito atrativa.

— Pare de rir, Karen. Tudo bem, para você?

— Está bem, eu vou — respondo, sem saída. 

"Merda", pensei.

— Que bom, vai ser no centro da cidade.

A Festa sempre acontecia no centro bem na estátua do fundador da cidade. Nesse dia nós comemoramos a criação de tudo com uma enorme oferenda para os deuses e a todos. Lá há de tudo e um pouco mais, sessões de todas as coisas, as vezes eu ia lá só para aproveitar o momento e ver as guildas de aventureiros

Se a Lina queria ir lá, eu não poderia fazer nada a não ser acompanhar a minha irmã caçula; Lina era o tipo de criança que tinha a mentalidade de alguém de dez anos, mas ela tem apenas 7 anos. Sou o que ela chama de "irmã gigante", talvez seja o equivalente a irmã preferida talvez. Quem sabe.

— Não esqueça que semana que vem você tem a consulta matinal.

— Até quando isso vai durar, mãe? Digo… já faz anos e nada.

— E de novo: até descobrirmos como retirar isso tudo de você.

Mamãe nunca escondeu que eu nasci com uma rara condição que se ativou logo perto dos meus 12 anos. Me socorreram, levaram-me a um médico privado na esperança de que não fosse algo tão horrível. Acontece que acharam um outro elemento misturado no meu corpo, um elemento indescritível e declararam: simbiótico. Tentaram de todas as formas retirá-lo por apresentar ser uma possível ameaça corrosiva para mim ou para qualquer um a qualquer momento. Entretanto nunca conseguiram o retirar, e ainda realizam tentativas frívolas para retirar o que quer que isto seja.

Querendo mudar de assunto rapidamente, pergunto:

— Mãe, a senhora se lembra das histórias que a senhora contava para nós, as mais antigas?

— Sim, filha. Por quê?

— Hoje, no final da tarde, papai estava me deixando no meu treino de patinação, e eu acabei vendo algumas árvores pelo caminho, elas estavam com algum tipo de raiz obscura subindo nela de acordo como o jornal anuncia... E era do jeito que a senhora costumava contar para a gente. — As palavras me fugiram da boca por um instante.

Mas então, pergunto:

— Mãe a Praga voltou?

Todos nós ficamos em silêncio. O olhar da rainha mudou de tom e sua mão, que segura o garfo com a carne, começou a tremelicar sutilmente. Karen olhou para mim com dubitabilidade e sua expressão é de preocupação pelo estado da mamãe. Lina acompanhou o relance dos nossos olhares voltados para nossa mãe.

Ela pigarreia e diz:

— Filha, a Praga não é vista há séculos... E nem mesmo nos livros de história é dito como que ela parou, ela simplesmente, parou... acho que você estava vendo coisas, filha. Rumores não são confiáveis, sabe disso. Nem sempre as notícias que adquirimos são totalmente confiáveis hoje em dia.

A rainha voltou a comer, educadamente.

Aquele pensamento grudou na minha cabeça, como um chiclete no sapato. Não parei de pensar nisso enquanto cutucava a comida com o mesmo pensamento enigmático: por que a antiga Praga voltou? Ela voltou mesmo?

● ● ●

Enfim, no meu quarto; paro em frente ao espelho próximo da cômoda, observo-me por uns instantes: retiro a coberta revelando minhas as malhas do treino, meu corpo esguio me destacava dos outros membros da minha família, dizem que é devido ao parasita que vive em mim; meus olhos cor de mel já pesavam mais que minha bagagem.

Largo-a ao lado do armário e desembaraço meu cabelo ondulado e castanho suspirando depois deste dia cheio de hoje. Logo, deitei-me em minha cama macia aliviada por estar no meu quarto após mais um dia corrido — meu quarto tinha espaço para andar e pouco para se deitar no chão. Por um instante encaro a enorme janela, perto do armário, na qual uso para sentar e ler um livro, ou para ver a cidade direto do coração da montanha do reino e imaginar alguma coisa abstrata — ou imaginar meus dedos esmagando algumas carruagens ou dirigíveis passageiros. Meus olhos voltam para o teto da fitando meus adesivos de estrelas que brilham no escuro.

Me virei observando o relógio que contava sempre as horas na cabeceira da cama, logo me pus a dormir.

Abro os olhos em outro lugar. Não uma memória. Não um sonho. Apenas o vazio obscuro no meu horizonte que parece consumir tudo como um enorme oceano. Então a mesma voz de antes me veio à tona.

— Olá? — Eu disse.

Tal lugar me assustava a cada segundo.

— Olá?

Eu olhava para todos os lados. Estava sentida, flutuando em um mar de tranquilidade, sem preocupação alguma para me incomodar, mas aquela voz infestava a minha curiosidade como um gato fica curioso. Em meio ao sonho a voz chegou até mim falando que ele estava vindo e que sou diferente, incomum. Uma pessoa que está destinada a algo maior.

Uma parede de água emerge de supetão pelas minhas costas parecendo ser um espelho; do outro lado vejo uma outra garota, mas diferente. Sua bela pele escura com roupas de mais ou menos 15 anos atrás é o que nos se diferencia em nós; usava óculos grandes e redondos, rosto redondo, cabelo cacheado bastante volumoso, suas roupas se limitavam a suéteres e calças largas de alfaiataria e sapatos bastante simples. Assim como eu, ela também parecia confusa. Trocamos olhares rápidos. Nos aproximamos devagar da divisória ondulante, vendo-nos bem de perto. Esguia e pouco assustada, seus olhos não paravam quietos, fitando-me com a respiração pesada.

Em sincronia, levantamos uma das nossas mãos e, juntas, tocamos o muro d'água.

Alguma coisa me fez acordar, vi minhas coisas flutuarem no meu quarto por todo o canto. O rei, a mamãe e Karen entraram no meu quarto querendo, rapidamente, saber sobre mim com seus pijamas de dormir amassados e cabelos bagunçados. Eles veem o que está acontecendo no meu quarto e logo me explicaram que isso estava ocorrendo na cidade toda e até mesmo nos outros cômodos do castelo.

Pulei direto para janela e a cidade estava acordando em meio à madrugada por consequência deste estranho acontecimento.

Eu fico assustada com tamanha proporção da anomalia. Miro a cabeça para o horizonte, lá longe parecia ter alguém em cima de uma das largas casas me observando de longe. Estava meio difícil de ver, mas lá estava um estranho me observando de longe, no subúrbio.

Os objetos deixam de flutuar e caem no chão do meu quarto.

— Katarina?

— Oi... — respondo com a voz trêmula, virei para a mamãe que adentrava mais no meu quarto com a Karen.

— Ééé... Tenta dormir, está bem filha?

— Certo... E o quanto a…?

— A Lina está no seu quarto com o ursinho Bear'O, dormindo.

Bear'O, o ursinho desgastado da Lina.

— Que bom — digo, aliviada.

— Está bem, tenta dormir minha linda. Boa noite. Vamos, Karen.

Assim que a porta fechou, virei imediatamente para ver se a figura misteriosa ainda estava me observando, mas este sumiu. Mordisco os lábios, frustrada, e fecho as cortinas e me sentando na cama em seguida para matutar.

Objetos flutuando, a Praga retornando. De fato, há uma mudança no ar.

 

● ● ●

Na manhã seguinte, levantei-me e fui ao banheiro tomar uma ducha quente para aliviar o estresse dessa madrugada.

Enquanto retiro minhas roupas, noto algumas marcações sutis, como cicatrizes, fazendo relevo idênticas à runas sob meus dedos, era fascinante e ao mesmo tempo extremamente assustador. Como essas coisas surgiram? Provavelmente é melhor eu nem tentar descobrir. Ligo o chuveiro e deixo-o para aquecer, olho para o espelho circular no banheiro: estava embaçado, limpo-o revelando o meu novo cabelo; branco como neve, e minhas orelhas tendo ficado levemente pontudas. A sensação de desespero tomou meu corpo por uns instantes, não sabia decidir se gostava ou amaldiçoava tal estilo. Mamãe pensou que eu o tingi de branco para a festa e para não a preocupar, assenti.

 

● ● ●

Já falta menos de 1h, esperava a Lina no portão de saída do castelo junto com nossos pais. Lá ela aparece fantasiada e bonitinha, já eu: não vestia fantasia alguma, minha função é ser a guardiã dela. E talvez ver as guildas ou algo de interessante por lá se der tempo...

— Tomem cuidado. — Mamãe soltou, com as mãos no coração.

— Tudo bem mãe, eu dou conta — respondo, confiante.

— Dois guardas a mais a acompanharão. — O rei esticou os braços mostrando-os. Um deles era o Greg que me deu um oi animado, acenando.

— Urgh, sério? — bufei soltando os ombros.

— Cuidem uma da outra. — disse, o rei.

— Nós vamos. O que de ruim poderia acontecer?

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