Em Outro Universo Angolana

Autor(a): Tayuri


Volume 1

Capítulo 14: Aiyden Entra Em Uma Batalha de Um X Cinco

Medo de alturas. Se questionassem a Astrid sobre isso, ela certamente diria que não o tinha, no entanto agora que realmente se encontrava em um local, onde tal questão era colocada a um verdadeiro teste, Astrid com certeza diria que sim, que tinha muito medo de alturas.

Pela manhã, no refeitório, havia lido na tela a qual eram apresentadas as informações sobre os grupos e suas actividades do dia, que as actividades do grupo quinze seriam: uma aula de artes marciais, outra de manuseamento de lâminas, desarmamento de bombas, uma corrida sem obstáculos e por fim uma chamada: Teste de sobrevivência. Certamente não era uma palavra que oferecia algum tipo de simpatia ou até trazia à tona pensamentos como: fácil. Então, após Astrid se encontrar diante do que seria o bendito teste de sobrevivência, não pode evitar se questionar como não releu tais palavras? Como não se perguntou sobre o que seria? E por fim, chegou a conclusão que fora por causa da aula de manuseamento de lâminas, que certamente parecia o tipo de atividade com alta probabilidade de ela ter algum de seus membros cortados.

O que inacreditavelmente não sucedeu, entretanto agora agarrada a uma corda e com uma cratera por baixo de seus pés, ela desconfiava que talvez ainda ficaria sem algum de seus membros, claro!! Isso se seu corpo ainda ser um corpo após a queda.

Um atrás do outro, Astrid e seus companheiros tinham as mãos agarradas a uma corda, que parecia extremamente resistente, porém ainda assim não passava confiança para soldados como Jase, o qual soltava palavras de motivação, que nem ele mesmo parecia acreditar.

Há alguns metros da corda que se encontrava o grupo quinze, haviam outras cordas que eram ocupadas por soldados de outros grupos, todos indo em direção a uma floresta, com um poste de metal sinalizando o final do percurso.

Com certeza não era algo que os vencedores do primeiro lugar deveriam estar passando. Foi o que Astrid pensou, após uma breve explicação do que teriam de fazer ou melhor de vivenciar, principalmente quando se tratava de uma dimensão, criada pela mesma garota que conjurava e controlava a dimensão das punições.

Vou morrer!!! Agarrou-se a corda com mais força. Vamos morrer!! Mordeu o lábio inferior com força e sentiu os braços reclamarem de dor. Senhor! Vou cair.

A corda balançou um pouco e involuntariamente Astrid olhou para baixo, se arrependendo logo que suas vertigens aumentaram. Comprimindo os lábios com força, olhou ao seu redor, enquanto tentava ignorar o medo e as coceiras que pareciam surgir só para testar se ela realmente soltaria ou não.

Diferente da corrida de obstáculos e outras atividades, ninguém parecia estar usando seus poderes, o que fez Astrid se questionar se era proibido ou se eles estavam com medo de algo dar errado, e assim descobrirem o que acontece quando um corpo humano cai de uma altura absurda.

— Não olhe! Não olhe para baixo, não olhe!!

Em frente de Astrid, Jase prosseguia com seus resmungos. Ele repetia uma e outra vez e alguns segundos mais tarde traia suas próprias palavras e olhava para baixo, tão logo o fazia levantava a cabeça e refazia tudo de novo.

Os soldados prosseguiram pelo percurso, enquanto a  voz de Jase soava como uma melodia de fundo que os fazia constatar que existia alguém com bem mais medo do que eles.

Aiyden, o primeiro da fila, chegou ao final. Jogou seu corpo para frente, soltou a corda e aterrou no chão. Saiu correndo sem sequer olhar para trás.

Jase sendo o segundo da fila, parou bem perto do poste, obrigando todos os que estavam atrás de si a pararem.

— Jase. Vai!! — Astrid ordenou com urgência.

Jase por sua vez esticou uma perna em direção ao pico do precipício, mas ela não alcançou a terra e ele recuou abanando a cabeça freneticamente.

— Vou cair.

— Vamos todos se você não pular logo.

— Vai logo, larga a corda e se joga.

Edward gritou atrás de Astrid, tão alto que a assustou. Uma de suas mãos soltou a corda e mero desequilíbrio a deixou em pânico.

— Não grite!

Lucky o repreendeu, gritando ainda mais alto.

— Parem de gritar — pediu Astrid, tão baixo que nem teve a certeza se fora ouvida.

— Jase salta. Solta a corda. Por favor!! — Dessa vez foi Logan, e o pânico em sua voz fez o de Astrid aumentar.

— Não consigo, não posso soltar — disse ele, encolhendo os ombros.

— Jase, larga a porcaria da corda e solta!

Chloe gritou e novamente Astrid perdeu o equilíbrio e o medo de cair pareceu subir mais alguns degraus.

Eles iam acabar morrendo por conta dos gritos. Astrid não pode deixar de constatar.

Jase ainda relutante abanou a cabeça.

— Ah, não. Você vai pular.

Astrid com certeza compreendia o medo de Jase, no entanto não se via esperando até ele ganhar coragem para se soltar da corda. Deixando de lado toda e qualquer humanidade, colocou o pé direito nas costas de Jase.

— Vá!! Salte, salte Jase.

Com o pé, o pressionou, e ele prosseguiu abanando a cabeça enquanto dizia:

— Não posso.

Os dentes de Astrid trincaram. Raiva e desespero se misturaram em seu rosto e atacaram seu corpo ao ponto de ela cogitar em empurrar Jase para frente, com toda a força que lhe era possível no momento, porém antes de ter a real coragem para executar seus planos, teletransportou tanto ela como Jase para alguns metros de distância do poste de metal. Eles estavam em terra, quando Jase percebeu isso, abraçou o chão e o beijou.

Uma careta se apoderou de seu rosto anteriormente feliz, após tirar os lábios do chão.

— Sabe a chão. — Observou.

Com ajuda de Astrid se colocou em pé.

— Queria que soubesse a quê? Bolo de chocolate?

— Nunca provei, sabe a quê?

— Felicidade — respondeu e quando todos estavam livres da corda, saíram correndo.

Juntos correram pela floresta, pulando e desviando de armadilhas, animais um tanto quanto furiosos e soldados inimigos que atacavam com coisas como: parede de pedra, jatos de água, mini tornados de vento e até pequenos bonecos de areia super-irritante e indestrutíveis. Após uma longa e perigosa corrida, os soldados do grupo quinze chegaram à meta.

Não foram os últimos a chegar, no entanto, também não foram os primeiros, ao menos não os sete integrantes do grupo, e tal como Aiyslnn explicou brevemente para Astrid enquanto a classificação de cada grupo era apresentado:

— O que conta é todos chegarem à meta juntos.

Foi o que ela disse após um dos ajudantes dizer em alto e bom som que Aiyden havia chegado em primeiro lugar, mas que o grupo quinze não era o vencedor, apenas os tolos que ficaram em sexto lugar quando já tinham o primeiro ao alcance de suas mãos.

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Qualquer felicidade que Astrid sentiu quando o grupo quinze ficou em primeiro lugar na corrida sem obstáculo, se esvaiu completamente quando descobriu que seriam castigados por conta do teste de sobrevivência, como se o primeiro lugar que haviam alcançados antes não fosse nada, eles simplesmente tiveram de passar pelo maldito castigo da corrida em dobro, para no final dele serem mandados para sala de lutas.

A ampla sala que acolhia soldados, curandeiros, guardas e ajudantes estava um pouco vazia, o que na cabeça de Astrid parecia significar que a maioria já tinha ido para a ala médica.

Astrid caiu sentada em um canto e tentou se distrair de suas próprias dores observando aqueles que se magoavam dentro da arena de vidro.

Dois garotos, com rostos familiares e nomes que Astrid apenas aprendeu lendo na tela que os apresentava; O que possuía cabelos platinados e um sorriso contagiante se chamava Kane King, enquanto o outro que tinha o cabelo rosa bem curtinho se chamava Orfeu Axel.

Um primo distante, talvez? Astrid pensou.

De frente um do outro, os garotos pareciam se estudar. Tinham o corpo machucado e sangrando por todo quanto é lado. Os azuis de Orfeu pareciam analisar infinitas possibilidades enquanto que os castanhos de Kane pareciam já ter se decidido sobre seu próximo movimento que não demorou a ganhar vida. Kane trocou suas mãos por patas cheias de presas enormes e partiu para cima de seu adversário.

Com as garras investiu em vários ataques consecutivos que por um tempo só cortaram o ar, pois Orfeu desviava habilmente deles até que um dos ataques acertou seu braço esquerdo. Orfeu recuou e Kane atacou novamente, mas suas garras mais uma vez cortaram o ar, quando Orfeu se abaixou e rolou para o lado, se mantendo a uma distância segura de seu adversário.

Sem o sorriso não mais enfeitando seus lábios, Kane estalou o pescoço e gradativamente seu rosto começou a mudar, a fisionomia humana desapareceu para dar lugar a de um canino. Kane era um lobo de pelagem branca, que estava manchada de sangue, que Astrid não tinha certeza se era apenas dele ou de outras pessoas.

O lobo começou a rondar Orfeu que com um grande esforço se colocou em pé e como se isso fosse uma deixa o lobo atacou, mas sua presa sumiu e ele somente foi contra o chão.

Tal como Kane, Astrid passou a procurar por Orfeu.

Ele também pode se teletransportar?

— Para onde ele se teletransportou?

Seus olhos procuravam pela sala.

— Orfeu não pode se teletransportar.

Olhos azuis reptilianos encontraram os de azuis de Astrid que rapidamente se arregalaram ao passo que seu corpo se sobressaltou.

A menina sorriu divertida e prosseguiu dizendo:

— Orfeu diminuiu de tamanho.

Com os xingamentos que soltou em sua mente, ultrapassados, Astrid olhou mais cuidadosamente para a menina de longos cabelos roxos, presos em uma única trança. Tal como a maioria dos que estavam ali ela tinha machucados por onde sua pele era visível e seu rosto mesmo sorridente não conseguia esconder o quão fraca ela estava, tão fraca que parecia prestes a desmaiar.

— Se lembra de mim?

— Balneários?

— Me referia ao teu belo banho de lama.

Os olhos de Astrid piscaram enquanto o sorriso dela aumentava.

— Meu tornozelo. Foi você!

Keva. Astrid olhou ao redor, mas não a encontrou.

— Não me leve a mal, mas aqui fazemos tudo para vencer. E já agora meu nome é Alanis, prazer!! — Levou as mãos para trás da cabeça. Seu  sorriso aumentou e os caninos proeminentes se tornaram alvos dos olhos de Astrid que quando conseguiu desprender a atenção deles, olhou para seus olhos.

Pestinha. Astrid pensou, os dentes trincados e os punhos fechados. Maldita pirralha. Eu acabei descontando em Keva. Muito lentamente tornou a assistir a luta enquanto sua mente trabalhava em vários pedidos de desculpas para dar a Keva, por ter impiedosamente rejeitado segurar sua mão.

— Se está procurando por Orfeu, esqueça, ele deve estar no tamanho de uma formiga...

— Estou o vendo — falou Astrid quando seus olhos encontraram Orfeu, o garoto corria pela arena.

— O que?!!

Alanis gritou, suas mãos deixaram a cabeça e elas alcançaram o braço de Astrid.

— Não grite no meu ouvido e ele está aí, você não vê?

Astrid apontou e Alanis seguiu até onde seria a localização de Orfeu.

— Não estou vendo ele.

— Ela tem razão!

Edward se sentou ao lado de Astrid e continou com um: Não dá para ver mais ninguém além de Kane.

— Mas...

Astrid deixou o rosto de Edward e passou a olhar para a arena, mas Orfeu havia sumido.

Esfregou os olhos e só parou quando os sentiu arder. Fechou-os com força e quando tornou a abri-los, Orfeu até então sumido surgiu do nada crescendo em uma velocidade alarmante, parando apenas a poucos metros do teto.

Kane recuou, tentou correr para algum lugar, entretanto orfeu o agarrou e sem cerimônias o jogou no chão. O lobo tentou se colocar em pé, mas seu corpo fraquejou e ele voltou ao chão.

Uma contagem decrescente começou na única tela que havia na sala e ao final dela, o vencedor e o perdedor foram anunciados. O tamanho enorme de Orfeu sumiu, dando lugar ao Orfeu de tamanho normal. A passos lentos ele caminhou em direção a Kane, deitou-se ao lado de seu corpo, passou a mão pelagem branca em seu pescoço e por fim fechou os olhos.

— Orfeu venceu!! — Alanis tinha um grande sorriso, enquanto os dois meninos eram retirados da arena.

— Seu controle melhorou bastante — Edward constatou e Alanis concordou. — Se ele continuar aumentando e diminuindo de tamanho quando quiser, terá boas chances de sobreviver na guerra.

— Sim.

— Guerra? Do...que estão...

O nome Alanis Adler foi anunciado e com um pequeno aceno a menina de olhos reptilianos foi embora e no segundo seguinte Edward com um: espere um pouco, partiu atrás de uma garota com um longo cabelo preto, que chegava até um pouco acima de sua panturrilha.

Eles se encostaram em uma parede e começaram a conversar tão descontraidamente que se ignora-se os vários machucados em seu corpo, as roupas sujas, esfarrapadas e ensanguentadas, eles não pareciam mais do que dois adolescentes batendo um papo.

Não só eles, Astrid observou, mas como o resto dos soldados que preenchiam a sala. Era quase como se por acaso, Astrid fecha-se seus olhos para as duas pessoas quase se matando dentro da caixa de vidro, o ambiente ao redor daria um ar de hora do recreio, onde todos deixavam suas salas, se reunião com seus amigos e colocavam a conversa em dia, reclamar de algo ou até contar alguma fofoca.

O anúncio do final da luta soou pelo recinto e quando Astrid voltou para realidade percebeu que a luta de Alanis havia terminado. Ela ganhou, mas parecia tão destruída quanto seu oponente.

Tudo para ganhar. Pensou Astrid quando a maca de Alanis, passou a sua frente, sendo empurrada por dois ajudantes.

As lutas se seguiram, no entanto a de Logan, terminou quando ele foi ao chão, mesmo parecendo bem o suficiente para voltar a ficar em pé, ele simplesmente permaneceu no chão e deram a luta por terminado.

Logan e seu oponente saíram da arena, e partiram juntos para fora da sala, não precisando de macas para transportá-los como os restantes dos soldados que já haviam deixado a sala.

Novos soldados foram apresentados na tela, o primeiro a surgir foi: Kieran Gray. Grupo vinte. Em seguida surgiu: Aiyden. Grupo zero que foi rapidamente substituído por quinze.

 Um erro? Astrid não tinha a certeza.

As conversas cessaram rapidamente e todos passaram a prestar atenção aos dois soldados que já se encontravam dentro da caixa de vidro, onde começou a chover.

A caixa era toda fechada, no entanto a água parecia sair de algum lugar, como se alguém tivesse conjurado uma chuva para dentro da arena, encharcando Kieran e Aiyden em menos de alguns segundos.

Posicionados um de cada lado, esperavam o anúncio da partida que não demorou a chegar.

Quatro Kierans, surgiram por trás de um. Os clones se posicionaram em frente de Gray, formando uma espécie de barreira. O Kieran que se encontrava por trás, tentou mover o braço e seu rosto se contorceu em uma careta de dor, ele apertou o punho e se mascarou com uma expressão que parecia algo entre ódio e seriedade.

Kieran disse algo e os clones partiram em direção a Aiyden. Um clone escorregou no chão molhado e os outros avançaram. Com o inimigo a seu encalço, o menino sodalitano se esquivou dos chutes e socos desferidos por seus adversário e contra atacou com os mesmo golpes. Com um chute giratório fez a cabeça de um dos clones ir contra o vidro e em seguida ele sumiu como fumaça. Outro clone colocou o braço ao redor do pescoço de Aiyden e outro correu em sua direção. Entretanto Aiyden se impulsionou para trás, agachou suas pernas, jogou-as para frente, pousando-as no peito do clone e rapidamente o empurrou para longe, em sequência empurrou seu próprio corpo para trás levando o clone de Kieran consigo.

As costas do clone foram contra o chão e ele sumiu. Aiyden moveu os braços para trás elevando seu corpo na sequência, o mandou para cima e executou um pequeno arco antes de aterrar agachado no chão, no entanto tão logo se levantou, sua panturrilha foi chutada o fazendo ajoelhar, um soco seguido de um chute foi desferido em seu rosto e ele foi ao chão.

Usando um dos braços como apoio, o sodalitano tentou se levantar, mas um dos clones chutou seu abdômen e outro pisou em suas costas com tanta força que seus braços não foram rápidos o suficiente para impedir que sua cara fosse contra o chão. Sangue começou a pintar a água que escorria em volta da cabeça de Aiyden.

Risadinhas, pareceram surgir do além,  sendo o único som na sala, após vários minutos de silêncio.

— Pensei que ele tinha poder de controle mental.

— Eu disse que ele não era tão forte assim.

— Kieran tem de bater nele até deixá-lo inconsciente.

— Ele não pode nos ouvir, certo?

— Está com medo do monstro?

— Não. Claro que não.

Várias conversas e cochichos foram surgindo aqui e ali enquanto Aiyden era espancado pelos clones de Kieran Gray.

As palavras antes ditas baixas tornaram-se mais altas, consoante Aiyden apanhava, como se o facto de ele estar sendo espancado os desse confiança e extinguisse qualquer medo que sentiam por ele.

Ele é fraco, então não precisavam temê-lo. Era isso que Astrid conseguia pensar quando olhava para eles. Não importa para quem olha-se, não parecia haver ninguém que estaria disposto a torcer por Aiyden, alguém para contrariar as palavras deles e dizer para eles não se alegrarem com o sofrimento dele, dizer que ele não merecia aquilo, ninguém...nem sequer Astrid.

Pelo tiro. Ela pensou. Ele me obrigou a matar. Tentou acreditar, mas suas memórias antes um tanto quanto distorcidas pareciam mais claras. Claras o suficiente para a fazer se questionar sobre o tiro e o facto de odiá-lo por ter controlado seu corpo para matar.

Vamos sobreviver. Ele havia lhe dito algo assim. E eles realmente sobreviveram. Estavam ambos vivos tal como ele havia dito, em alguma parte da conversa. Uma conversa que antes o fazia parecer um completo vilão, mas que agora pensando mais claramente sobre suas palavras, Astrid já não tinha tanta certeza.

Encolhendo-se em seu próprio lugar, Astrid tentou ignorar as memórias intrusas que queriam continuar dançando em sua mente e voltou a direcionar sua atenção para a luta ou para o espancamento de Aiyden que depois de muito ser chutado, parou de se mover. Os clones pararam também, a contagem começou na tela, até que em um movimento rápido, Aiyden agarrou a cauda de um dos clones e o puxou para baixo. Rolou seu corpo para longe, levantou e correu em direção ao clone que vinha, com toda força o empurrou e jogou as costas do clone contra parede e ele sumiu.

Com as mãos apoiadas no vidro Aiyden se manteu em pé. Impulsionou seu corpo um pouco para trás, se desprendeu do vidro e virou em direção ao seu oponente. O clone tentou um soco e Aiyden se esquivou, tentou outro e ele o segurou e lentamente o corpo do clone se tornou da cor da lama, e em segundos virou uma estátua.

Aiyden foi por trás dele, colocou o pé em suas costas e o empurrou em direção ao vidro, após o choque, o clone se quebrou. Os pedaços se estilhaçaram no chão e as risadinhas e conversas cessaram.

Só havia um Kieran e Aiyden no campo de batalha.

Cambaleando um pouco o garoto sodalitano, caminhou a passos lentos em direção ao adversário e Kieran Gray que se manteu parado até agora, correu para aquele que vinha até si. Com o punho esquerdo fechado direcionou um soco no rosto de seu oponente, que tal como fez com o clone, parou o punho de Kieran e de repente o ar na sala pareceu ficar mais pesado.

Diferente do clone, Kieran não se transformou em pedra. Aiyden deu uma joelhada na lateral de seu abdômen e ele caiu com um joelho no chão. O sodalitano agarrou seu ombro e olhou para os olhos turquesa de Kieran, os quais tinham um tom mais escuro que os dele. Tais que após substituírem os pretos, brilhavam intensamente.

Kieran Gray que anteriormente se debatia ficou completamente imóvel, mesmo quando Aiyden aumentou o aperto em seu ombro, puxou seu braço direito, empurrou o ombro para trás e para frente em movimentos precisos e definitivamente sem qualquer tipo de hesitação.

Quebrou? Pensou Astrid, quando Kieran abriu a boca. De primeira nada se ouviu e de seguida um grito estridente preencheu o ambiente. Aiyden levou suas mãos para longe do corpo de Kieran e ele foi ao chão, com a mão no braço direito enquanto os olhos negros de Aiyden o assistiam.

Uma contagem começou na tela, após Kieran parar de gritar e fechar os olhos. Ao final, três ajudantes e uma curandeira entraram na sala. Aiyden se afastou e eles acomodaram Kieran Gray na maca.

O vencedor e o perdedor foram anunciados. A maca de Gray foi movida e Aiyden seguiu logo atrás e tão logo deixou a caixa de vidro sussurros começaram a surgir. Ele passou pelos soldados  e eles abriram caminho, se afastando o mais que conseguiam.

Aiyden passou por Astrid e ela tentou o máximo que pode para se afastar, mesmo que suas costas já tivessem alcançado a parede.

Aiyden deixou a sala e o volume das conversas aumentou.

 



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