Em Outro Universo Angolana

Autor(a): Tayuri


Volume 1

Capítulo 24: Um Menino Com A Metade Da Altura De Astrid, Tenta Máta-la

Astrid não diria que estava se acostumando. Ela não estava realmente se enquadrando ou até ficando mais forte, porém certamente estava aprendendo, a habilidade de sobreviver mesmo sendo fraca.

Desta vez não estavam em meio ao frio. Estavam em uma floresta com um clima quente que chegava mais perto de Aquamarine,  que Astrid conhecia, mesmo que ela não fizesse a menor ideia de onde raios no universo estavam. 

Era longe do Centro de Ajuda tão longe que ela poderia cogitar em pensar que haviam mudado de país, ou melhor...Reino.

Astrid se teletransportou quando um ciborgue disparou contra si e por pura sorte não foi contra uma árvore, tal feito que era fruto de seus esforços em realmente tentar controlar seus poderes, descobrindo os furos de sua habilidade, bem como seguindo os conselhos de Jase que mesmo sem esperar qualquer pedido de ajuda vindo de Astrid, lhe ofereceu uma mão e algumas palavras sempre que Astrid ía contra uma parede. 

Ele não era muito bom em motivar, entretanto era paciente e explicava as coisas para Astrid em uma linguagem que seu cérebro conseguisse processar. 

Mais uma vez, Astrid se teletransportou para longe do inimigo. Correu com o chão tremendo por conta dos homens de sucata, sendo que um vinha atrás de si e o outro vinha a sua frente e seus passos em consonância faziam o chão tremer tanto que Astrid sentia estar andando em um trampolim,

Dando passos rápidos e tentando não se desequilibrar, Astrid olhou para cima e lentamente seus olhos se abriram mais. A soldada aumentou as passadas, os ciborgues continuaram vindo até que, Astrid se teletransportou para cima e se agarrou ao ramo de uma árvore.

Abaixo de seus pés os ciborgues colidiram um contra o outro e para o azar do  menor o ciborgue maior caiu por cima dele, o esmagando com seu monte de sucata.

Quando seus braços começaram a doer, Astrid se balançou, impulsionando seu corpo para frente, soltou o ramo, agarrou-se a outro e se deixou cair no ramo abaixo. 

Os ciborgues se levantaram gritando um com o outro e quando por fim pararam de soltar ofensas, olharam para cima e Astrid se encolheu para mais junto da árvore. 

Os homens, olharam ao redor, andaram de um lado para o outro, até que finalmente sumiram do campo de visão de Astrid.  

O tempo passou e Astrid permaneceu na árvore até que decidiu acreditar que eles realmente haviam ido embora. Sem se dar ao trabalho de dar uma última olhada desceu da árvore e tão logo seus pés tocaram o chão, um gritinho atravessou seus ouvidos. 

A soldada olhou para trás e viu Jase, a encarando como se ela fosse assustadora. 

— Aahh!! — soltou ele e de seguida deixou escapar alguns xingamentos que foram pronunciados tão rápido, que Astrid nem conseguiu se sentir ofendida. — Não apareça desse jeito, como...como se fosse uma assombração. 

— Desculpa!! Podes não acreditar, mas não estava tentando te assustar. Estava escondida na árvore. — Apontou para cima e Jase seguiu com o olhar.

— Na árvore. — Astrid assentiu e Jase baixou seus olhos cinzentos para ela e de seu rosto vagueou por seu corpo até parar em seus pés e em seguida voltou para seu rosto. — Trocaste de roupa? 

Astrid olhou para as próprias roupas.

— A pouco... — Jase começou, no entanto pareceu incerto. — Eu vi você. — apontou um dedo para Astrid, a qual não tardou a apontar para si mesma. — Mas você vestia uma roupa preta...Ou seria azul? Era preta? De qualquer forma você usava outra roupa. Eu acho — falou, baixo. 

— Do que você está falando? Como eu poderia trocar de roupa. 

— Poderes — sugeriu e Astriu o encarou como se ele tivesse dito uma piada sem graça. — Sabe! Como aquelas personagens que trocam de roupa e...Esqueça!! Eu devo ter visto errado! Ou não. — Tombou a cabeça para o lado. — Mas ela parecia realmente com você. Mas não pode ser, certo?

— Claro que não. Você deve ter visto errado. Eu estive escondida em cima da árvore por um bom tempo, então não pode ter sido eu, quem você viu. — Jase assentiu. 

— Claro! Não deve ter sido você. Mas... — Astrid não o encarava. — Ao acaso, você não teria uma irmã gêmea? E que, pode até ser que não era você, mas...Ela definitivamente se parecia com você.

— Sou filha única. — Astrid por fim o encarou. — Então não tenho uma irmã gêmea, ou algo assim. 

 — Certo! Eu devo ter visto errado, vamos apenas fingir que eu vi errado, porquê isso está começando a me assustar um pouco. — Sorriu, entretanto Astrid não retribuiu

Os olhos azuis encararam Jase por algum tempo e então, se desviaram e olharam para alguma coisa atrás de seu companheiro. 

— Falando em coisas assustadoras. — Astrid começou e o sorriso de Jase sumiu. — Acho...que estou vendo um fantasma.

— Hein?! 

Astrid engoliu em seco e olhou mais atentamente para o menino de prováveis dez anos, cabelo crespo platinado, como os de Jase. Olhos heterocromáticos, como os de Edward e roupas brancas como as de Arlo. O menino estava flutuando e como se fosse um fantasma que acabou de emergir seus olhos não pareciam ter vida. Seu rosto pálido e sua expressão vazia com certeza não contribuíam para uma boa primeira impressão.

— Ei!! — Jase chamou e os olhos de Astrid se voltaram para si. 

— Acho que é um fantasma. — Astrid repetiu. 

Jase não olhou para trás.

— É um menino, certo? — Astrid assentiu. — Está usando roupas brancas? — Novamente Astrid assentiu. — Ignore. Deve ser apenas alguém do centro. Arlo, diz que alguns fantasmas que não vão embora acabam nos seguindo até para a guerra. Então ignore. Só finja que não o viu e va-vamos embora depois falamos sobre essa tua habilidade de ver fantasma. 

— Você não pode vê-lo? 

— Não! — Respondeu, muito rápido. — Não posso. Então, apenas vamos. — Tentou alcançar o braço de Astrid, quando ela anunciou:

— Sumiu.

A mão de Jase, antes parada se moveu rapidamente, empurrando Astrid para o lado, onde sem qualquer oportunidade de recuperar o equilíbrio foi para o chão. 

— Ao menos não é um fantasma. — Jase sorriu e Astrid se levantou quando a lâmina deixou o abdômen de Jase e veio em sua direção, sendo transportada pelo menino que deveria ser um fantasma. 

Astrid se teletransportou, no entanto não para perto de Jase, mas felizmente para longe de seu agressor. 

Apoiando o corpo em uma árvore, Astrid assistiu o menino se aproximar de Jase, o qual  se contorcia de dor no chão. 

— Desculpe! — pediu. — Não deveria ter sido você, sinto muito! 

Com uma última olhada em Jase o menino olhou para Astrid. 

— Agora nós.

Seus pés descalços deixaram o chão. 

— Dessa vez você não escapará. 

Como se andasse sobre uma superfície sólida, ele caminhou em direção a Astrid, entretanto sua caminhada foi interrompida por uma rajada de raios que foi mandada em sua direção. 

Apenas uma mão. O menino moveu apenas uma das mãos e os raios bateram contra uma parede invisível. 

— Fique fora disso! — falou e sem esperar qualquer palavra de Jase, sumiu.

Com raios nas mãos, Jase olhou ao seu redor. E quando seus olhos enfim se fixaram em um ponto, gritou: 

— Astrid. Em cima!! 

Jase jogou os raios em direção ao inimigo, porém o tal sumiu antes dos raios o atingirem e reapareceu de frente a Astrid, com sua adaga em mão. 

A intenção parecia clara. Então Astrid tentou corresponder a ela, ao mero movimento de seu adversário, Astrid flexionou as pernas ao mesmo tempo que inclinou o corpo para trás. A lâmina passou por cima de seu corpo, refletindo seus olhos assustados antes de se teletransportar. 

As costas de Astrid foram contra o tronco de uma árvore e a soldada mordeu a língua. Entretanto, ela não chorou. Respirando fundo se levantou e olhou para o inimigo, como se não sentisse nada.

— Você... — Levantou sua adaga e a apontou em direção a Astrid. — Eu irei te matar. — anunciou ele enquanto seu corpo pequeno se transformava em pó e se misturava com o ar. — Em nosso próximo encontro, eu com certeza irei te matar. — Declarou, com tanta convicção que até Astrid poderia facilmente acreditar que ele o faria.

O corpo do menino foi se desintegrando até que finalmente sumiu e Astrid caiu sentada.

Me matar. Por que? Por que um menino da primária quer me matar? 

Nada veio. Nenhuma resposta, apenas a lembrança da existência de Jase, veio em sua mente. 

A soldada, deixou o chão. Correu até Jase e caiu de joelhos ao seu lado. 

— Jase! — Chamou. — Você está bem? — perguntou. Pensou em tocá-lo, mas recuou com medo de piorar. — Está doendo muito? 

Jase parou de dar atenção para suas mãos que tapavam o ferimento e decidiu dá-la a Astrid. 

— O que você acha? — Sua voz saiu em um tom baixo. 

— O que devo fazer? 

— Me... — Travou, respirou fundo. — Ajude a pressionar a ferida. 

Com as mãos trêmulas, Astrid as colocou sob as suas e segundos depois Jase retirou suas mãos e elas estavam cobertas de sangue. 

— E-está...está sangrando muito. 

— Eh! Eu sei! 

Jase soltou um suspiro. Pousou as mãos no chão e sentiu o tremer. 

— Oh!...Merda!! — Astrid ouviu, Jase dizer.

 



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