Em Outro Universo Angolana

Autor(a): Tayuri


Volume 1

Capítulo 25: Entra A Vida E A Morte Jase Diz: Que Odeia O Cabelo De Aiyden

Com uma sorte que não julgava que possuía antes dos ciborgues os alcançarem, Astrid se teletransportou com Jase para longe e conseguiu repetir tal feito mais três vezes até seu poder voltar a apresentar avarias. 

Sem realmente ter muitas alternativas, Astrid se apegou a tudo que tinha. Amarrou seu casaco em volta do abdómen de Jase. O colocou em suas costas e inesperadamente seu corpo não o achou tão pesado quanto seu cérebro havia julgado que ele seria. 

Era isso ou talvez, só talvez mesmo estivesse ficando mais forte. 

Astrid se esgueirou pela floresta. Se esquivou de qualquer movimentação sem se dar ao luxo de pagar para saber se era amigo ou inimigo. 

Depois de muito caminhar sem realmente saber onde estava indo e com Jase começando a pesar, Astrid parou e com cuidado pousou seu companheiro no chão, o encostou em uma árvore e sentou-se ao seu lado.

— Daqui a pouco continuamos — anunciou para ele. — Vamos descansar só um pouco. 

Os olhos de Jase se fecharam e voltaram a abrir antes de ele dizer: 

— Sabe... — Astrid o encarou. — Eu até...diria aquela coisa legal de me deixe aqui e vá. Mas...esse lugar...parece sinistro demais para morrer. 

Astrid sorriu. Olhou em volta e percebeu que já havia escurecido.

— Não se preocupe! Não irei te deixar para trás. — Tentou se acomodar em seu lugar. — Ou saímos os dois daqui, ou não sai ninguém.

Jase sorriu. 

— Que...palavras tão... — Pausou e continuou: — Legais. Obrigado! Por se esforçar tanto por mim. 

— Você merece.

Jase a encarou. Seus olhos cinzentos brilhando como se tivessem sido ligados à tomada. 

— Se não fosse por você. Esse ferimento estaria em mim. Isso é o mínimo que posso fazer.

— Não foi nada demais — falou, após olhar para o chão. — 

— Isso não é verdade. — Astrid se encolheu. — Até agora tudo que você...Tudo que vocês tem feito por mim tem sido demais. Segurando minha mão e até... — Seus olhos se encontraram. — Ser esfaqueado por mim. Você...vai sobreviver, certo? 

— Talvez! 

Astrid olhou para frente. 

— Talvez. — Repetiu. 

— Astrid. — Jase a chamou, mas ela não o encarou. — Está me ouvindo? 

— Estou.

— ...Se...se eu morrer...Se sabe! Acontecer de você sair, se você conseguir realmente sair do centro poderia me fazer um favor? 

Astrid demorou a responder.

— O que? 

— Eu tenho uma tia. Ela meio que...é a única parente próxima que eu tenho. Então...se sabe. Se eu morrer e você sair. — Respirou fundo. — Leve com você... algo que eu goste. Pode ser uma das minhas espadas, ou sei lá...minha cadeira do refeitório. Pode ser apenas uma parte dela. Só leve. E...entregue para ela. Diga que eu gostava e vá embora. 

— Por que eu? Peça para outra pessoa. 

— Já o fiz. Mas... eles rejeitaram. — Admitiu. 

— Eu também estou rejeitando. 

— Eu... — Tomou ar. — Estou à beira da morte e tudo mais...por que você...está me recusando? 

— Vamos continuar. — Astrid tentou se levantar, entretanto Jase a puxou para baixo. 

— Esqueça! Se-se continuarmos andando às voltas, só vamos encurtar ainda mais...o meu tempo de vida. Vamos... apenas ficar. Eu prometo que não peço...ma-mais favores. 

Astrid abraçou as pernas.

— Va-vamos falar de outra coisa. Qualquer coisa. — Acrescentou após vários segundos em silêncio. 

— Por que você odeia o Aiyden? 

Jase não respondeu.

— Você disse qualquer coisa. 

— Disse? Por que... do nada está falando sobre ele? Você gosta dele? 

— Está mudando de assunto. E eu estou apenas curiosa. E também se falarmos sobre ele, você irá parar de pensar que vai morrer. 

— Por que acha isso? 

— Por que você o odeia — Astrid retrucou. 

Jase riu. 

— O...que uma coisa tem haver...com a outra? E não sei se...notou, mas para além de talvez você...todo o resto, odeia ele...então...

— Ele não matou a Keva. Aiyden...não matou ninguém. Quer dizer...não alguém do centro.

— ...Como pode...ter...tanta certeza? 

— Aiyden ajudou o Kieran. No frio ele...

— O que aconteceu no frio? — Jase quis saber.

— Nada! 

Astrid olhou para o lado e Jase seu manteve a encarando.

— O que quero dizer é que...

— Você...tem um Crush nele. 

— O que? Que-que Crush? — soltou encabulada. — Eu não tenho um crush nele. 

— Se...você diz! 

— Você disse sobre qualquer coisa. 

— Eh, mas... — Se remexeu um pouco. —  Esqueci de dizer, qualquer coisa...exceto sobre o teu não Crush.

— Jase!

— So-so vamos parar de falar dele.

— Você realmente acredita que ele matou todos? Ninguém nunca viu nada. Todos apenas ouviram de outra pessoa que por acaso também ouviu de outra pessoa. Como isso pode ser um facto? 

— Ficarias satisfeita...se te dissesse que... — Uma pausa. — Se...dissesse que é...por que não curto...o cabelo dele? 

Astrid se apoiou na árvore. 

— Esqueça. Como você está? 

— Morrendo...Muito.Lentamente. 

— Acha que pode levantar? 

— Não! Astrid! Está tudo...

— Tudo?! 

— Girando. Você...ta-também está vendo assim? 

Astrid não disse nada.

— Ou...sou só eu? — perguntou tossiu e cuspiu sangue. — Merda...acho que é apenas eu.

— Jase!

Astrid tocou em seu braço e seu corpo trêmulo a deixou arrepiada.

— Se...se você mudar de ideia...e ir ver minha tia. Diga para ela também... — Respirou fundo. Umedeceu os lábios. — Diga para ela...que...que eu a odeio e que...se puder...irei assombrá-la. — Sorriu, com sangue manchando seus dentes.

— Achei que gostava dela. — O abraçou. 

— É complicado! E...está doendo...Seu abraço. Está doendo. — Admitiu e acrescentou. — Não me abrace tão...forte.

— Desculpa — pediu e diminuiu o aperto. 

— Melhor! — Sorriu e apoiou a cabeça no ombro de Astrid. — Ah...Eu queria...ter colocado fogo... — sua voz foi se tornando um sussurro até que Astrid não pode mais ouvi-lo.

Astrid esperou, no entanto a voz de Jase não voltou a ser ouvida. 

— Jase! — Chamou, porém a resposta não veio. — Jase!! — Chamou novamente e mais uma vez recebeu apenas o silêncio. 

Astrid não o soltou. Não o encarou e apenas o abraçou mais forte. 

Mais um? 

Aumentou o aperto e seus soluços se tornaram audíveis aos seus ouvidos.

Primeiro Edward, agora...

Não. Jase não vai morrer. 

Trazendo Jase para mais perto de si, Astrid fechou os olhos. 

Só desta vez. Me ajude só desta vez. Por favor...Funcione.

Astrid inspirou e expirou. 

Por favor...nos teletransporte. 

A temperatura mudou, o corpo de Astrid percebeu. Jase estava morrendo, seu cérebro alertou e assim Astrid abriu os olhos e Elis Swooney entrou em seu campo de visão.

— Elis... — Lágrimas vieram facilmente em seus olhos. —  Sa-salva o Jase, por favor!



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