Farme! Brasileira

Autor(a): Zunnichi


Volume 2

Capítulo 38: Preguiça

Lucas entrou na zona. O ambiente estava um pouco diferente da última vez, uma parte dos prédios haviam caído e montanhas de destroços marcavam a faixa do horizonte.

Alguns estavam de pé, mas a vista limpa satisfazia o desejo do rapaz. 

Por conta da área limpa, mais goblins também apareceram, facilitando o trabalho de arregaçar alguns na base da katanada.

Fazia um tempo desde que não adquiria níveis, para sua própria frustração. Ele até concluiu a masmorra que aparecia no desafio dos 20 goblins uma vez, mas foi tão fácil que não havia necessidade de reviver a memória.

Lucas não demorou para avistar uma criatura na distância, um homem parrudo e muito mais alto que ele. Engoliu seco, revivendo a luta contra a vampira da última vez. 

Aproximou-se do tal sujeito, que na mesma hora se virou para analisar o visitante. Seu queixo quadriculado, olhos vermelhos e cabelo escuro pincelaram a aura que o tal homem transmitia.

Era algo semelhante a sabedoria, ou quem sabe uma energia culta de um senhor velho que passara a vida inteira numa biblioteca. 

Uma pena que o fato dele estar peladão com certeza atrapalhava na impressão que a aparência entregava, fazendo Lucas dar graças a Deus que sua mãe não estava por perto, se não jatos de sangue voariam pelo ar. 

 

Seu familiar passou 161 horas, 31 minutos e 10 segundos cumprindo suas ordens. 

 

Mudanças ocorreram neste meio tempo, ranks foram incluídos na tela principal para melhor organização.

 

Computando alterações…

 

Drak Vladimir Tepes

Vampiro Ancestral ♂ ; Nível 10 (-0)

Habilidades: Padrão Evolutivo Aprimorado (S), Sentidos Aprimorados (A), Toque Vampírico (A), Resistência Onimágica (A), Magia de Sangue (B), Aprimoramento Físico por Energia Vital (B)

 

“Cacete, como ele ficou tão potente em tão pouco tempo??! Deve tá até mais forte que a Mila, mesmo dez níveis atrás!”

— Bem-vindo, mestre — disse o vampiro, com uma voz séria e de dar arrepios. — Fiquei esperando bastante tempo por você, imagino que tenha vindo me dar minha recompensa.

— Sim, pode pegar. — Ao invés de revelar o pescoço para ser mordido, Lucas jogou uma bolsa de sangue para Vlad. — Isso é tudo meu, saboreie o quanto quiser.

Estava trabalhando uns dias antes para conseguir fazer aquele presente. A interação com Mila quando ela chupou seu sangue trouxe uns traumas, então era melhor não deixar um homem másculo e alto mordendo seu pescoço gordinho.

O vampiro analisou aquele envelope, procurando entender como abri-lo. No final das contas não precisou, pois um pouco de pressão estourou um pedaço, e sangue escorreu pela sua boca.

O vermelho desceu pelo canto do lábio, dando um estranho ar sensual a sua estranha degustação. Lucas até desviou o olhar, talvez sua mente estava com malícia demais naquele dia.

 

O familiar adquiriu um bônus de (+3) níveis por ter ingerido sangue. 

Quanto mais forte você for, maior será a qualidade do seu corpo, então qualquer criatura que absorva sua energia vital de alguma forma ganhará mais força. 

 

“Bem útil, vou lembrar disso.” Lucas levantou a cabeça quando Drak terminou a refeição. — Agora, temos trabalho a realizar, me acompanha. 

Ele andou na direção da pilha de destroços, agarrando um pedaço com a mão e abrindo a aba de craft para criar um martelo de construtor. 

— Olha, eu só preciso que você carregue materiais para perto, vou construir umas coisas por aqui e…

Só depois de prestar atenção que Lucas reparou Drak no mesmo lugar. Ele estava de braços cruzados e com as costas na parede, sequer tendo se importado com o que disse. 

— Ei, o que você tá fazendo aí? Não me escutou?

— Eu estou entediado, mestre — respondeu o familiar, com o tom mais desinteressado possível. — Fiz o que pediu sme um instante de pausa, então é mais que justo uma pausa depois de tudo.

O vampiro tinha seu jeito com as palavras. Lucas facilmente concordou, e pensando em retrospectiva o motivo de Mila não ter adotado o mesmo comportamento, podia ser por causa de seu contato com outros vampiros.

Eles deviam muito bem livrá-la do tédio, junto de uma gama bem grande de atividades que mantinha a cabeça de todos constantemente ativas, diferente de Drak, que esteve sozinho desde o primeiro dia que o invocou.

Isso ativou uma certa ideia na cabeça de Lucas. — Já entendi, eu vou fazer um acordo com você: me ajuda nisso que eu te tiro do tédio, que tal? Uma diversãozinha, hein?

Drak mexeu  os lábios, extremamente pensante, mas se rendeu ao trato de Lucas e juntos começaram a trabalhar.

O plano era construir algumas mobtraps, mas dessa vez num modelo menor por conta da mão-de-obra limitada.

Lucas fez um cubo do tamanho de uma casa média, com uma frestinha embaixo por onde entraria sua Lâmina de Vento.

Repetiu a mesma infraestrutura outras vezes pelo terreno disponível, ao todo foram cinco mobtraps com boa parte dos materiais.

Ele viu a pilha sobrando e achou mais legal voltá-las à construção de uma base, um cafofo confortável o bastante para guardar itens e esperar mais goblins spawnarem.

Quando foi terminado, ele colocou uma pequena placa ao lado da entrada e largou um conjunto de ervas dentro de uma das várias cestas ali.

Por fim, Drak o observou com os braços cruzados, esperando sua devida recompensa. Lucas abriu a aba de construção, e dentre os objetos possíveis de construir, existia a miscelânea.

Dentre os diversos objetos, havia um cubo mágico. Levou nem meio segundo para que o item surgisse na sua mão.

— Isso deve te manter distraído por um tempo. — Lucas mostrou o cubo, embaralhando-o numa velocidade rapidíssima, um de seus poucos talentos era entender cada dimensão do cubo mágico. — O objetivo desse brinquedo é fazer todas as faces terem uma mesma cor. Não é difícil, aproveite por quanto tempo quiser.

Drak olhou para aquela coisinha, rodando cada uma das partes muito depressa, mas falhando imediatamente em cada uma das suas tentativas.

Demorava um tempo para dominar a habilidade de controlar o cubo mágico, ou seja, isso seria o bastante por um tempo.

Lucas reuniu o restante dos materiais do lado de fora e abriu a Loja dos Heróis, além de abrir sua tela de status. 

 

Classe: Iniciante

Nível: 18

Prestígio: 3

·························

Força | 40

Agilidade | 26

Velocidade | 25

Resistência | 29

Inteligência | 31

··························

Atributo Técnico: 21

Esgrima | 7

Boxe | 14

 

Sua evolução estava lenta demais para seu gosto. O tanto de atributos era muito inferior a vez passada, ele sentia saudade de ver sua força acima do 100. 

Seu nível, por outro lado, subiu um pouco mais rápido do que a última vez, já que ele demorou muito pouco para bater aquele ponto, diferente da última vez, que parou no 22.

O que precisava agora era mais atributos. Da Loja dos Heróis, comprou o Anel do Abatedor. 

 

Anel do Abatedor

Raridade: Raro

 

Uma bijuteria criada por um clã de matadores, que absorve a energia vital das criaturas e a distribui em pontos. Para cada criatura morta, recebe 0.1 em força, agilidade, velocidade e resistência.

Máximo de 100 atributos.

 

Com as cinco caixas disponíveis, chegar a esse 100 seria muito fácil. No entanto, ele não estava satisfeito, pois precisava de mais algumas coisas.

A primeira parte era liberar mais potencial de seu corpo e dominar por completo o Fluxo. Ainda preso aos 30% de sempre seria difícil enfrentar qualquer um.

O tal Leviatã que o matou era um exemplo disso. Não teve nem como reagir naquela luta… não, naquela humilhação. 

O frasco de medicina estourou na sua mão de tanto apertar. Lucas pegou sua espada e seguiu para as mobtraps e conjurou sua magia Lâmina de Vento pela fresta.

O corpo dos goblins se despedaçaram em contato com a magia, voando para todos os lados e garantindo atributos para o anel. 

Pena que a quantia e a demora desacelerava o processo, no final das contas Lucas só pegou 7 pontos. 

Se os pontos não fossem para todos os atributos, diria que fora um péssimo investimento gastar suas economias naquilo.

Além disso, Lucas pegou as ervas da manhã dropadas e transformou em medicinas, só para vendê-las na Loja para arranjar alguns trocados. 

Não era o bastante para comprar nada além de poções de cura menores e algumas de energia, vulgo o café diário de Lucas por ser tão barato.

Resolvido esse problema, ele retornou a Drak, que tentava inútilmente resolver o cubo mágico, frustrando-se a cada falha.

— Agora tenho outro dever para você, e se fizer, eu te darei mais coisas pra se divertir.

— O que agora, mestre? 

— Você vai proteger alguém pra mim, simples. Quero que fique de olho nele e evite que ele entre em qualquer tipo de perigo, pode usar violência se necessário caso pense que é o bastante.

Drak concordou com a cabeça, mas tinha uma coisa que mexia ainda na cabeça de seu mestre.

— Uma coisa: se você causar confusão em público e ser visto, fuja. Do contrário, eu provavelmente vou te achar no meio do conflito, então se você me ver, aja como um vilão bobo e corra depois, entendido?

Essa última parte o vampiro realmente não gostava, mas faria de tudo para uma coisa que matasse seu tédio.

Lucas agradeceu por ter conseguido convencê-lo, mas sinceramente, não queria sair por aí com um bombado pelado. 

Ele deu uma passeada num shopping só para arranjar uma muda de roupa, sentindo tristeza pela facada no seu bolso pelo número de parcelas que teria que pagar. 

Depois de vestir Drak apropriadamente, os dois caminharam pelas ruas no meio da noite. O vampiro estava claramente incomodado, seus instintos monstruosos queriam atacar todos.

— Tenha autocontrole, é uma das principais coisas que você precisa — alertou Lucas, notando a intenção naqueles olhos. — Quanto tempo você resistiria sozinho? 

— Hum… talvez três dias para reposição. 

Isso era problemático. Lucas não sabia como o sangue era construído dentro do corpo, muito menos tinha certeza se podia acompanhar o ritmo da fome dele sem morrer de anemia. 

— Você teria algum problema tomando sangue de outros que não fossem eu? 

— Não, eles só não teriam o mesmo sabor e dariam a mesma satisfação, acho. 

— Entendi. Você pode fazer isso no campus do meu irmão, mas não ataque nem ele e nem a namorada dele, a Natália. 

O vampiro concordou. Lucas parou na entrada do tal campus, um lugar enorme com diversos dormitórios na extremidade do terreno.

Aquela era uma faculdade prestigiada, o que por si só trazia orgulho a mãe e ele. Não era de se esperar que também havia umas pessoas vigiando os arredores, mas a habilidade de furtividade que Lucas upou facilitou o serviço.

Ele pulou o muro, esperando o vampiro bombado acompanhar, assim os dois seguiram na direção do prédio do dormitório. 

O rapaz só reconheceu o caminho por conta das vezes que veio observar se seu irmão estava em segurança, logo a região se tornou algo natural de entender e observar. 

Os dois escalaram o prédio até chegarem no quarto de Levi, que dormia igual um bebê na própria cama. Lucas deu as devidas ordens para Drak, que se escondeu naquele quarto durante a noite inteira.

Mais tarde o rapaz voltaria para checar a situação e facilitar a infiltragem, mas por agora não podia. Ele desceu do prédio e correu em direção ao muro que pulou, até de repente ser pego desprevenido por uma baixinha que surgiu no meio do caminho.

— Quem é você? — Os olhos dela brilharam em dourado, enquanto as mãos se envolveram com a mesma cor. — Não ouse se mexer nem um milímetro, se não eu te mato.



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