Fenrir Brasileira

Autor(a): Marcus Antônio S. S. Gomes

Revisão: Heaven


Volume 4

Capítulo 41: Amargura repentina

— FUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIU!

O barulho de mais um Slime morrendo depois de enterrar minha adaga em seu núcleo, com isso o último Slime foi derrotado.

Eu avaliei cada slime que matei, de alguma forma senti um cansaço, não físico, mas mental.

Retomei meu fôlego e comecei a recolher o líquido verde que os slimes deixam quando morrem, não tenho certeza se vale algo, mas já que tive todo esse trabalho não custa tentar.

*Perícias subiram de nível:

  • Usar adagas NV 01 → NV 04
  • Ambidestria NV 01 → NV 02
  • Lutar com duas armas NV 01 → NV 03

Parece que está dando certo! Meu plano está dando frutos, eu também sinto a melhora de minha forma de lutar em meus movimentos.

Olhei para o sol e vejo por ele que nem sequer é meio dia, isso quer dizer que ainda tenho tempo de sobra para treinar, infelizmente não trouxe nenhuma comida comigo, mas só de pensar em voltar para restaurante apenas para retornar aqui depois, eu sinto falta de vontade.

Acho melhor eu mesmo assar alguma carne que tenho armazenada e comer de qualquer jeito, eu tenho um pouco de perícia em culinária, então pelo menos não vou queimar a comida.

Como planejei, fiz sozinho minha comida e me alimentei, não fiquei satisfeito com o sabor, não que tenha ficado péssimo, mas depois de me alimentar diariamente com uma comida deliciosa como a do restaurante de Stela, acho que fiquei exigente com meu paladar.

Com um suspiro eu decido continuar meu treino, como a área dos slimes foi limpa penso em me aprofundar na floresta, uma caminhada de meia hora me levou a um território onde há uma quantidade satisfatória de monstros.

Embora não pudesse enxergá-los em meio a mata densa, ainda podia sentir seu cheiro e escutar seus movimentos.

Eu entrei nessa nova área que parecia um pântano úmido, minhas botas afundaram um pouco na lama, mas como o Fenrir me falou, eu devo jogar fora meu luxo para encarar a realidade.

Assim que pisei nessa área a terra começou a se mexer, pequenas saliências se formam na lama e de lá criaturinhas ainda mais grotescas que os slimes apareceram.

STATUS
Nome: Verme do Pântano Raça: Inseto Fraco Gênero: Hermafrodita
Força: 35   Resistência 12  
Agilidade 42   Destreza 21  
Sabedoria 27   Inteligência 11  
Carisma 01   Poder Mágico 32  
Ataque 88   Defesa 90  

Habilidades:

Lançar Ácido

 

— BLERGH! QUE NOOOOOJO!

Essa coisa está no topo de “as criaturas mais repulsivas que encontrei em minha vida”, a aparência diz claramente que tocá-la daria ânsia de vômito.

Infelizmente não estou em posição de escolher meus adversários.

São pelo menos três dezenas de vermes do pântano que emergem da lama, meu desejo é maximizar meu nível com as adagas, infelizmente esses seres grotescos são os únicos mais próximos.

— Hunf! Como não tem jeito, são vocês mesmo.

Um dos vermes atirou em mim um líquido verde viscoso, como meus sentidos sobrenaturais estão ligados foi fácil desviar.

Na minha esquiva o fluido acertou uma árvore e corroeu seu tronco, eles realmente expelem ácido.

Sem perder tempo armei minha postura e ataquei, eles não possuem núcleos como os slimes, então vou focar em pontos vitais como na cabeça e nos olhos.

Um brandir rápido de minhas adagas fez cinco vermes divididos ao meio, os vermes revidam expelindo ácido, mas evito facilmente seus fluidos.

Meus movimentos com as adagas são notavelmente mais refinados, as perícias realmente auxiliam em tudo que fazemos, focar nas perícias talvez seja tão ou mais necessário do que focar nas [habilidades] em si.

Em menos de um minuto limpei a área, esses são mais fáceis que os slimes, pois eles não possuem um ponto específico para acerta-los.

*Perícias subiram de nível:

  • Usar adagas NV 04 → NV 06
  • Ambidestria NV 02 → NV 03
  • Lutar com duas armas NV 03 → NV 04

*Nova habilidade adquirida:

  • Precisão (habilidade passiva): a capacidade de identificar e atingir com mais facilidade os pontos vitais dos inimigos, serve também para atingir alvos a distância e fazer medidas métricas intuitivas.

— Hooo! Uma nova habilidade? Já era hora! Essa parece bem útil.

Ainda é cedo para voltar, então decidi arriscar e adentrar ainda mais a floresta, dessa vez a caminhada foi mais longa, cerca de uma hora e meia, mais que isso eu vou voltar, afinal a distância pode me fazer chegar tarde na hora de voltar.

Quando ia desistir e voltar vi longe uma grande colina, achei que já que vim de tão longe, não custava vê-la de perto.

Mais quinze minutos foram o suficiente para chegar até lá, uma pequena cachoeira brotava das alturas dessa colina, o cheiro da água límpida me fez relaxar um pouco.

Primeiro vou maximizar a minha perícia com adagas, depois vou para as espadas curtas e assim sucessivamente.

Quando uso minhas correntes Gleipnir mesmo mudando sua forma, não é como se eu usasse espadas de um jeito, apenas uso movimentos lógicos, aprendi lutar com as [Shackle Daggers] porque elas são similares aos grilhões da Gleipnir, com a diferença que agora posso cortar em vez de apenas perfurar.

Para todos os efeitos, não é a mesma coisa, devo adquirir perícias em todas as armas possíveis, não há limite para o quanto posso modificar minhas correntes, desde que não seja um ser vivo, minha magia vai agir plenamente.

Depois de dominar as armas, penso que seria bom dominar minha magia por completo.

Próxima a colina há uma pequena caverna, uma vez entrei em uma dessas com Hiekf esse foi um incidente com ratos.

Meu estômago embrulhou depois de lembrar daquela cena, mesmo assim não há como voltar, decidi aumentar minhas perícias e é isso que vou fazer.

Adentrei a pequena caverna e escutei um som familiar:

— Droga! Você só pode estar brincando! Os deuses deste mundo não vão com a minha cara!

Dezenas, não! Centenas de ratos atrozes estavam ali em um bolo nojento amontoados uns nos outros.

Esses malditos são considerados pragas, matá-los pode render uma alguma recompensa da guilda, já que esses monstros estão classificados como praga, seu extermínio deve ser constante.

STATUS
Nome: Rato Atroz Raça: Monstro Fraco Gênero: Macho
Força: 23   Resistência 10  
Agilidade 40   Destreza 21  
Sabedoria 10   Inteligência 08  
Carisma 01   Poder Mágico 01  
Ataque 86   Defesa 90  

Habilidades:

Mordida Infecciosa

 

Esses ratos são surpreendentemente mais fortes que os que enfrentei com Hiekf a muito tempo.

Um deles não esperou e saltou com suas presas visando minha cabeça, com um único balanço duas metades passaram por mim e se chocaram contra o chão no outro lado.

Felizmente ganhei experiência em combates, então posso lidar com ele sem me sujar muito com seu sangue repulsivo, ao contrário da outra vez.

Em poucos minutos exterminei o ninho inteiro, cortei fora as caudas de seus cadáveres, pois servem para provar sua subjugação para guilda.

Guardei tudo em meu espaço dimensional e segui para fora da caverna, embora não tenha me sujado, seria um desperdício não me banhar nas águas da cachoeira, assim tirei a roupa e mergulhei nu, tirar o suor do corpo é bem relaxante afinal.

—Aaaah! Como isso é relaxante!

A água estava fria, mas o cheiro de sua pureza junto com a visão dessa natureza tão bonita me deixou relaxado, as florestas de Lemur são bem tratadas, embora haja civilização não há danos severos a flora, talvez essa seja a política bestial em relação a natureza, é bem estranho se parar para pensar, a floresta fica ao lado da cidade, porém eu nunca escutei sobre um ataque vindo de uma besta selvagem.

Hiekf me disse uma vez que os bestiais têm a proteção divina de Ithina, a deusa da natureza, como retribuição eles respeitam a floresta.

Infelizmente o que é bom dura pouco, com meu olfato apurado junto com minha audição senti movimentos de pessoas me cercando devagar, são ao menos oito.

Me fiz de desentendido e esperei o primeiro movimento, claro, mantive a prontidão.

Foi irritante vendo-os se mover como serpentes, cada segundo fechando a distância entre nós.

Com um suspiro farto falei:

— Aaaaaaaaah! Por favor! Saiam logo! É irritante ser observado enquanto estou pelado. são vocês um bando de pervertidos?

Uma faca saiu voando em direção ao meu olho direito, ergui meu braço e a peguei por reflexo entre os dedos. Foi um movimento preciso, mas era tão lento que dava tempo de bocejar.

Eu provoco:
— Ooooh! É assim que se dá as boas-vindas por aqui? Creio que não possa apreciar seus costumes!

Dos arbustos e no meio das árvores sujeitos encapuzados saíram, todos vestiam sobretudos negros impedindo sua identificação.

Só que não posso ser enganado facilmente graças ao meu olfato superior:

— Então! Sabem que é falta de educação atrapalhar um banho de uma pessoa, não é?

Fiquei sentado no mesmo lugar sem mostrar nervosismo, a minha calma aparente, irritou os estranhos:

— Tsk! Maldito! Fazendo pouco caso de nós!

Um deles falou primeiro, os demais mostraram irritação e hostilidade para minha pessoa “como se eu não estivesse acostumado! Hunf!”.

Droga, o dia estava perfeito até esses caras aparecerem, será que são bandidos? Ou os irritantes membros da Predatory?

— O que querem droga! Não estão vendo? Estou ocupado!

Um deles veio a frente sacando uma adaga, vi que essa arma emanava uma energia sinistra, ser atingido por ela não é uma boa ideia.

Com um largo suspiro me levantei relutante das águas da pequena cachoeira, não tinha porque sentir vergonha e nem me preocupei em vestir minhas roupas, na verdade fazer isso agora seria baixar a guarda.

Me aproximei deles e usei a habilidade de [Avaliação].

“Status protegido por magia de ocultação”

— Tsk! Esses malditos itens de ocultação que deixam a habilidade de [Avaliação] inútil!

Ao menos com isso dava para ter uma ideia de quem eles são, minha avaliação é particularmente alta, um bandidinho qualquer não tem dinheiro para bancar um amuleto desses. Concluindo, eles são membros da Predatory.

Sem temer fui na direção deles, um dos capangas resmunga:

— Tsk! Exibido maldito!

Não entendi o comentário invejoso, mas também pouco me importava, não sentia pressão vindo deles, ou seja, são mais fracos do que eu.

Não entendo também porque posso compreender a força do oponente apenas por intuição, como nunca falhou tenho plena confiança em meus instintos.

Um dos homens de sobretudo, tinha a construção maior que a dos demais, um tamanho parecido com um membro do Clã Rinoceronte, os clãs da Predatory consistem em clãs de alto sangue bestial, como consequência as características animalescas são sempre maiores que as humanas.

Geralmente seus rostos detém a forma do animal do clã representante, um bom exemplo é Barbatus, um bestial do clã rinoceronte que conheci quando lutei contra a aberração de espinhos, bom, posso citar Hiekf como exemplo também.

Sem temer cheguei ao centro deles, eles não desperdiçaram a chance de me cercar pelos flancos.

Dei um aviso:

— Tem certeza disso! Posso dar um tempo para fugirem se quiser!

— CALADO BASTARDO NARCISISTA!

Foi a primeira vez que fui chamado disso.

Um dos encapuzados avançou sobre mim com sua adaga esquisita, simplesmente dei um passo para trás esquivando de seu ataque e peguei-o por seu pulso atirando ele em seguida no chão, suas costas bateram com violência.

— Guaaaaaah!

— Não percam a brecha! Ataquem juntos!

Os sete restantes partiram para cima de mim, só que não foram movimentos desastrados, pelo contrário, havia uma grande sincronia entre seus ataques, provavelmente é um grupo que passou bastante tempo junto.

Foi complicado desviar de suas facas e adagas, mas com minhas habilidades [Movimento Rápido] e [Esquiva Sobrenatural] foi possível realizar tal façanha.

Um veio direto com a faca visando meu peito após desviar deste, outro que já vinha escondido em sua sombra atacando minha cabeça, dois vieram por trás pelos dois lados, com um salto acrobático para trás saí da área de ataque, mas outro deles já tinha calculado minha área de aterrissagem e se adiantou antes que eu pudesse pousar no chão, com dificuldades movi meu corpo em pleno ar e desviei seu ataque com a mão direita, pousei no chão e quatro vieram até mim.

— Hou! Eles não são fortes individualmente, mas tem uma vasta capacidade em conjunto!

A sincronia deles me fez lembrar de Hiekf e Gruvus que me atacaram junto a muito tempo atrás.

Repentinamente minha perna foi agarrada, o primeiro homem que joguei no chão, apenas se fingiu de desacordado e me pegou de surpresa, o homem exibiu um sorriso apesar de seu rosto dolorido.

— ESSA É A CHANCE, ATAQUEM! APENAS UM ARRANHÃO VAI SER SUFICIENTE!

Pensei:

“Como suspeitava! As armas desses caras são perigosas!”

Todos os membros restantes vieram de uma vez contra mim, reuni minha força e dei um chute lançando aquele que agarrou minha perna em cima dos demais, três deles caíram com o choque de corpos.
O ainda sobraram quatro, todos armados com lâminas que emitiram a mesma energia negra sinistra, parecia muito com a maldição da adaga de Bartor que retirei a uns dias atrás.

Cerrando meus olhos perguntei:

— Que diabos há com as suas armas? Essa energia que emana delas é certamente perigosa, também tem um cheiro repulsivo!

Um deles finalmente retira seu capuz, ele tem um rosto magro e sofrido, parecia alguém desesperado, apesar de parecer um bestial do clã dos linces ele tinha uma pelagem mais escura que o normal.

Ele declara:

— Há uma maldição nessa arma, mesmo o famoso lobo negro pereceria diante de tal maldição!

Os demais retiram seus capuzes, eram três bestiais caninos, um do clã roedor, um do coelho e o último um felino.

Todos estavam com uma aparência maltratada e magra, foi quando percebi:

— Todos vocês! São mestiços, não são?

Eles olharam para baixo com desgosto, meu cérebro ficou confuso, primeiro, eles não são da Predatory como achei que seriam, segundo, como pessoas em um estado físico tão pobre podem adquirir amuletos de ocultação de alto nível?

Um deles riu seco a minha pergunta e respondeu com olhos tristes:

— Hanf! Esse é o destino dos mestiços afinal!

Sem perder tempo voltaram a me atacar, seria perigoso apenas ficar desviando, por isso decidi acabar logo com isso.

Me adiantei desferindo um forte golpe na boca do estômago do lince mestiço, em seguida chutei o bestial felino e soquei o coelho. Todos caíram no chão sem consciência.

Restam apenas os três caninos mestiços e um roedor, com minha velocidade movi meu corpo no meio deles, ao me notar todos se assustam, mas era tarde para reagir, golpeei com força fazendo-os perder a consciência.

O roedor era o mais jovem e com sua faca apontada ele disse com medo:

— A…. afaste-se deles!

Ele tentou proteger seus companheiros.

Dava para ver sua mão tremendo ao segurar a faca, com um hábil movimento peguei seu pulso e o desarmei colocando-o no chão, dei uma chave em seu braço colocando seu cotovelo nas costas. No chã o roedor gemeu de dor:

— Aaaargh!

— ME DIGA AGORA! QUEM MANDOU VOCÊS?

Levantei seu braço nas costas para forçar a falar, porém mesmo gemendo de dor ele não disse nada, senti que mesmo que quebrasse seu braço ele não diria.

Foi aí que desdenhei:

— Tsk! Você é um tolo! Acha que a pessoa que te enviou se importa com você!

O roedor riu me ridicularizando:

— Kukukukukukukuku! Você acha que eu não sei disso? Não é como se eu tivesse escolha afinal!

Não entendia as palavras do jovem homem naquele momento, mas vi uma marca escondida pela roupa em seu pescoço, curioso retirei a roupa e lá vi uma marca familiar.

A muito tempo, quando conheci Hiekf um dos líderes da Predatory, Laruk, havia marcado ele com um selo igual.

Cheio de repulsa, murmurei:

— Selo escravo!

O homem respondeu com desgosto:

— É exatamente isso! Não tínhamos escolha a não ser cumprir as ordens do nosso mestre, queria viver um pouco mais com meus amigos, mesmo com a vida desgraçada que levamos. Que pena é tarde agora!

Os bestiais caídos no chão começaram a colapsar de repente, eles pareciam sentir muita dor, gritando segurando suas cabeças de e gemendo com sofrimento.

Eu virei rapidamente o bestial roedor que sofria dos mesmos efeitos, sangue foi cuspido de sua boca sujando meu corpo sem roupas.

— O QUE ESTÁ ACONTECENDO! POR QUE VOCÊS ESTÃO ASSIM?

O roedor com a respiração fraca tinha um rosto doloroso, ele respondeu com angústia:

— Fa…. falhar…. morte.

— O que?

A voz do homem ficou fraca e com um esforço magnífico ele tentou explicar:

— Ordem…. não cumprida…. morte!

Eu entendi, pelo selo escravo foi dada a ordem de me matar, se falhar morreriam pela ordem rompida do selo escravo.

Arregalei meus olhos com essa situação angustiante, nunca imaginei que os escravos sofressem assim por causa do selo escravo.

Os outros sete pararam de se mover, mais uma vez o roedor cuspiu sangue em meus braços, ele se desesperou e com um grande esforço segurou meu ombro.

— Você…. mestiço também…. ajudar…. por favor.

O que eu poderia fazer? Não havia nada para parar a dor desse homem.

O homem estendeu a mão para o céu e disse:

— Meu filho…. queria… ver meu…. filho mais uma…..vez…. Kazz!

A mão do homem veio ao chão, seu olhar sem vida colocou angústia no meu coração, não sou uma pessoa sensível, mas eles são pessoas como eu. Só um monstro não se sentiria tocado.

— Droga! Predatory! seus caras são sujos!

Maldita seja a Predatory, usando as pessoas como bonecos descartáveis assim, o que raios eles pensam que a vida é?

Coloquei o corpo do pobre bestial roedor no chão e lavei nas águas da cachoeira o sangue cuspido em mim, após me vestir, comecei a cavar sepulturas e os enterrei, isso foi o máximo que podia fazer, nem mesmo seus nomes eu sabia, ali próxima aquela colina, agora existiam oito túmulos sem nome.

Não os conhecia, eles tentaram me matar, mas por que? Por que me sinto tão culpado?

Repentinamente me lembrei dos olhos desdenhosos das pessoas no começo, ao escutarem o termo “mestiço” alguns até cuspiam no chão, não liguei para o preconceito, aceitei sem temer a ira dos residentes de Harp, como fui ficando famoso as ofensas pararam.

Demorou para perceber, mas agora eu entendo, ninguém me reconheceu, apenas temeram alguém mais forte, por isso os olhares de hostilidade nunca cessaram, embora não seja um mestiço de verdade, eu senti o pesar que os mestiços sofrem.

Recolhi as armas estranhas desses homens, seus amuletos de ocultação também.

Olhei para os oito túmulos e lembrei das palavras do pobre roedor “Você…. mestiço também…. ajudar…. por favor”.

Forçando um pensamento a mim mesmo, jurei para aqueles que morreram sem que eu soubesse seus nomes:

— Eu não trabalho de graça! Mas seus equipamentos serão um ótimo pagamento! Não sei como fazer, mas sua requisição foi aceita!

Dei a volta para casa, sinto muita tristeza, eu sempre fui egoísta, mesmo eu não sabia o porquê dessa repentina simpatia, simplesmente não posso aceitar esse selo escravo, só de pensar cerrava os dentes.



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