Volume 2
Capítulo 8: Prólogo
Prólogo:
Uma meia-irmã é uma estranha. Posso te dizer isso por experiência própria.
Nossos pais se casaram de repente, nos forçando a uma relação de irmãos sem nada que a sustentasse. Sem sentimentos de parentesco gerados por DNA semelhante e sem anos passados crescendo juntos. Tudo isso é óbvio, claro.
Mas, um mês depois que meu pai se casou com Akiko e ela e sua filha se mudaram para nossa casa, comecei a perceber que essa estranha chamada meia-irmã ocupava uma posição extremamente ambígua em minha vida... Eu não podia simplesmente pensar nela como uma hóspede em minha casa.
Mas, se você me perguntasse o que exatamente ela era para mim, eu não saberia dizer.
Quando a escola terminou, voltei para casa. Na porta do nosso apartamento, estendi a mão e girei a maçaneta já muito conhecida por mim.
"Ei, Asamura."
"Ei, Ayase."
Já tinha se passado um mês, mas as palavras que usávamos para nos cumprimentar eram as mesmas de sempre.
Só porque eu nasci uma semana antes dela, fui designado como o irmão mais velho, e a Ayase se tornou minha irmã mais nova. Isso não significava nada para nós, mas ainda trocávamos cumprimentos frios e educados como estranhos.
Ayase não ficava feliz e animada ao ver seu irmão mais velho chegar em casa, nem gritava comigo, xingando e dizendo para eu manter meu rosto nojento longe dela. Inclusive, sou extremamente grato por isso.
Mas... é verdade que começamos a trocar algumas palavras a mais depois dos nossos cumprimentos frios e educados. Por exemplo, poderíamos ter uma conversa assim: "Você disse que está voltando ao trabalho, certo?"
"Sim. Você também começa hoje, não é?"
Então ela diria "sim", e seria isso.
Nada mais do que algumas palavras simples, mas você poderia chamar isso de uma mudança, acho.
Uma semana antes das provas finais, pedi umas férias do meu trabalho de meio período, e meu pai e Akiko disseram à Ayase para parar de cozinhar também.
Hoje marcava o fim das nossas provas, e nossa pequena conversa de agora confirmava o retorno à nossa rotina comum. Isso, por sua vez, me levou a pensar sobre minha meia-irmã, a "estranha" que agora fazia parte da minha família.
Um mês pode parecer pouco, mas muita coisa pode acontecer nesse período de tempo.
Se fôssemos namorados, um mês morando juntos provavelmente seria suficiente para aprender os defeitos um do outro e pressionar o relacionamento. Ou poderia ser o bastante para diminuir ainda mais a distância entre nós e nos fazer apaixonar ainda mais.
Não que eu soubesse, claro, já que nunca morei com uma namorada. Essas reflexões eram apenas baseadas no que eu havia lido em livros.
Então, e se ela e eu fôssemos parentes de sangue? Nesse caso, um mês seria muito pouco. A resposta correta é: depois de passar mais de dez anos juntos, um mês seria insignificante. Em outras palavras, nada mudaria entre nós.
Minha meia-irmã — distante demais para me estressar com quaisquer defeitos irritantes que ela pudesse ter, mas não próxima o suficiente para eu ignorar sua presença. Já li mais do que minha cota de livros, e ainda não consigo pensar em uma palavra para descrever a estranha distância do nosso relacionamento. Pelo menos, não agora.
Enquanto entrava no meu quarto para me trocar para o trabalho, Ayase chamou:
"O frango estava em promoção hoje, então estou fazendo yu lin chi."
Diante da menção casual de um prato que eu só tinha visto no menu de um restaurante chinês — frango frito ao estilo chinês, se me lembrei corretamente — coloquei a cabeça para fora da porta e perguntei: "Você pode fazer isso em casa?"
"Posso, e nem é tão complicado", ela disse, esboçando um sorriso irônico.
"Não é?"
Meu pai e eu estávamos felizes em nos contentar com entregas ou refeições prontas que podíamos pegar no supermercado ou na loja de conveniência, então eu não fazia ideia do que era necessário para preparar um prato como yu lin chi. Graças a isso, meu repertório culinário ainda estava no nível do que aprendi nas aulas de economia doméstica do ensino fundamental e médio.
"Não se preocupe", ela disse. "Estou apenas jogando algumas coisas juntas. Não vai ser super original nem nada."
Parecia que ela tinha captado com precisão minhas preocupações sobre ela se sobrecarregar.
"Se você diz."
Ayase tinha o hábito de deixar seus pensamentos irem longe demais quando se sentia travada. Mesmo que estivéssemos morando juntos há apenas um mês, senti que tinha aprendido muito sobre o tipo de pessoa que ela era. Me lembrei da noite de quase um mês atrás, quando ela tentou um emprego de meio período com pagamento alto (sendo eu o empregador).
Aquele pequeno incidente poderia ter sido desastroso para nós dois.
"Você não vai se atrasar se não se apressar?" ela perguntou.
"S-Sim. Ok, estou indo. Ah, espera", eu disse, me virando antes de abrir a porta. "Gostaria que você me ensinasse a fazer esse prato. Quero fazer eu mesmo."
"...Você não precisa se forçar."
Desta vez, fui eu quem sorriu ironicamente. Ela percebeu minhas verdadeiras intenções.
Hoje em dia, o mundo inteiro é construído com base em contratos. Mas o emprego de meio período bem remunerado que eu prometi encontrar para Ayase em troca de sua cozinha ainda estava pendente. Ela disse que gostava de dar muito quando se tratava de troca. Eu precisava seguir seu exemplo e produzir resultados.
Então, o que eu deveria fazer? Esse pensamento preenchia minha mente enquanto eu corria pelas ruas de Shibuya. O calor do verão ainda estava no ar.
As cigarras começavam a cantar como se tivessem acabado de voltar aos seus lugares, e isso me lembrava que o outono estava quase chegando. E, espiando pelas brechas entre os prédios, eu podia ver uma nuvem de tempestade, tingida de vermelho pelo sol poente.
Tradução: Thomasmasg
Revisão: Momoi
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