Hant! Os Piores Brasileira

Autor(a): Pedro Suzuki


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 21: Partida ao banquete

Lucca Massaro Monti, Jithnaris, 1340 D.M.

Depois de me despedir dos dois fujões que restaram, os guardas me levaram pelo o mesmo corredor que eu entrei, como eu entrei: algemado e vendado.

Então fizeram uma saudação aos de chapéu dourado, que consegui identificar pelas duas fortes pisadas, e me levaram para a parte externa, onde dessa vez eu saí pelo céu e não pelo subterrâneo, com Khajilamiv, que me esperava com uma espécie de helicóptero.

Ele ainda parecia bastante irritado e eu não tinha como me justificar pela fuga. Passamos o percurso inteiro em silêncio, com ele lendo um livro e eu admirando a vista.

Assim que pousamos, fomos direto para um bairro comercial, onde o Khajilamiv comprou três mudas de roupa para mim.

Foi interessante conhecer um comércio que se desenvolveu sem estar centrado na cultura da comida.

Lojas de perfume, roupas, design, brinquedos, esportes e arte, tomavam conta dos lugares que eu esperaria que vendessem lanches salgados e doces.

Ainda haviam bares e restaurantes, mas pela aparência externa, pareciam estar direcionados a elite. Depois de andar e comprar mais algumas coisas, paramos em um desses, para almoçar.

Pela alimentação básica gratuita, oferecida pelo Duque e pela maldição que fez quase todas as plantas e animais tóxicos para humanos, pensei que a única opção de comida fosse aquela gororoba da prisão, mas para minha surpresa, o que chegou a minha mesa foi uma comida muito bonita e cheirosa.

Era como uma peça de arte, mas ainda tinha um tamanho que me saciaria completamente. O cheiro de carne relembrava os melhores churrascos, a textura era simplesmente perfeita, cada ingrediente tinha uma função, mas o gosto era... Decepcionante. Era como mastigar água.

Escondi minha frustração e continuei comendo, enquanto discutia temas fúteis e compartilhava minhas experiências e aventuras na prisão.

Depois disso, ele insistiu que eu fosse em um banho público e quando eu saí, ele me entregou três vidros cheio de perfume.

Borrifei o primeiro e quase morri sufocado, pelo cheiro terrivelmente forte. Quando esse problema se encontrava nos ambientes ou nos outros, eu podia me afastar ou tampar o nariz, mas agora que estava impregnado no meu corpo, qualquer resistência parecia inútil.

Vendo meu sofrimento, o Khajilamiv me ofereceu um recipiente circular, com um creme dentro. Passando em baixo do nariz, o aroma desapareceu.

— Posso ficar com esse?

— Cada aplicação dura duas horas e meia.

Após cerca de uma hora fazendo compras, voltamos para uma pousada.

— Experimente isso — disse Khajilamiv, me entregando mais um perfume.

Eu hesitei um pouco, mas com o anti-perfume em mãos, tomei coragem e quando fui borrifar no meu pescoço, fui impedido.

— Faça isso enquanto estiver deitado, não quero arrastar você até seu quarto.

— Isso é um sonífero?

— Vamos voltar para casa sem nenhuma parada e eu acho bastante difícil dormir na carruagem.

Por eu já ter dormido em lugares piores, me surgiu a tentação de recusar esse sonífero; mas minha relação com ele só pioraria se eu continuasse o contradizendo.

— Qual quarto está livre?

— Todos do terceiro andar. A minha escolta vai dormir nos do primeiro e segundo.

Eu subi as escadas, passei por alguns cavaleiros que me deram o mesmo olhar de quando você enxerga lixo, mas como eles não tentaram nada, eu só ignorei e cheguei sem grandes problemas.

Passei para dar uma olhada nos quartos, mas eram todos quase iguais.

Escolhi o mais distante das escadas, joguei todas as compras em cima de uma escrivaninha, me sentei em cima da cama e fiquei analisando o perfume.

“Será que alguém vem me acordar?”, tive o receio de acabar dormindo demais, mas cheguei à conclusão de que quanto mais cedo começasse a dormir, mais cedo acordaria.

Eu usei duas borrifadas em meu pescoço e quando ia me deitar, desabei e minha consciência apagou.

...

— Ele vai ficar bem.

Abrindo meus olhos, ainda embaçados, vi dois vultos conversando.

— Sabia que esses sapos viriam me buscar...

— O que? Ah, ele acordou.

— Espera... Quem é você?

Olhei para os meus arredores e eu ainda estava no mesmo quarto de antes.

— Se você tivesse usado mais uma vez, seu coração parava! — Me virei para a direção da voz e ao lado da porta, estavam o Khajilamiv e a Selena.

— Por que não avisou antes? — Tentei me levantar, mas minha cabeça começou a doer, então me deitei novamente.

— Estava escrito em letras maiúsculas, grifado em vermelho e apontado por uma seta, bem no meio do perfume — disse Khajilamiv, em um tom indignado.

— Mas eu não sei ler essa língua.

— É mesmo? Me desculpe, não sabia. — Essa foi uma resposta seca demais, considerando que eu quase morri, mas vendo as suas profundas olheiras, aceitei esse incidente como minha culpa, pela falta de cautela.

Afinal, soníferos em excesso também eram perigosos na Terra.

Voltei meu olhar para os dois do meu lado. O primeiro, vestido de roupas brancas e equipamentos médicos, claramente era o doutor me tratando. Mas quem era o outro?

Mesmo sentado, era perceptível que ele era mais baixo que a média. Esbelto e com uma beleza que vi poucas vezes, com diversos traços femininos delicados e roupas reveladoras e maquiagem que acentuavam isso. Contrastante, seu olhar afiado era intimidador, sua postura perfeita não podia ser obtida inconscientemente e na sua cintura, ele carregava uma espada com o brasão da família, cheia de manchas antigas de sangue.

Nesse grande contraste entre sua aparência e modo de agir, outro aspecto se destacava: Era inegável sua ligação de sangue com o Khajilamiv.

— Esse homem seria...

— Você dormiu tanto que meu pai decidiu vir me buscar.

Ouvindo a confirmação, logo me curvei como podia e pedi perdão pela minha insolência.

— Guarde essas futilidades para o Banquete. — Quando viu que eu estava bem, ele se levantou e saiu do quarto. — Partiremos em vinte minutos.

— Tome isso — disse o médico, me entregando uma caixinha cheia de pílulas. — É um suplemento que vai te ajudar a recuperar suas forças, por enquanto.

— Obrigado.

Então ele também saiu.

— Consegui identificar pela voz, mas por que ela está disfarçada assim? — Dessa vez, a Selena estava usando uma capa preta e faixas para cobrir seu nariz e boca, mas seus olhos estavam em sua cor original.

— Usar o disfarce antigo só chamaria mais atenção indesejada, por causa da habilidade da família. A desculpa de agora, é que meu pai contratou uma assassina da família Lance para escoltar a gente, uma meia verdade, que vai servir por enquanto.

— Entendi... Pode pedir para alguém me trazer um copo de água? — Eu tomei uma das pílulas e depois de alguns minutos, consegui me levantar sozinho. — Argh, quanto tempo eu dormi?

— Oito dias, vinte e duas horas, quarenta minutos... Basicamente, nove.

Enquanto me alongava, a Selena jogou uma carta na minha frente.

— O velho deixou isso em casa.

— Vibogo?

— Ele mesmo.

Eu abri a carta e dentro estava um mapa, com um X marcado no meio de uma floresta.

— Ele me disse que isso leva a uma masmorra, já explorada e saqueada por um homem lendário do passado, mas que propositalmente deixou para trás um cômodo secreto, que leva a uma sala onde existe um artefato que pode resolver o seu problema de mana. — Então, com um tom imitando a voz do Vibogo, ela continuou: — Considere isso o segundo dos três pedidos. Quase todas as armadilhas já estarão desativadas, então é só ir lá pegar.

“Esse homem lendário do passado... É ele mesmo?”

— Qual a sua relação com o Vibogo?

— Se está pensando que eu posso estar tramando alguma coisa com ele, pode ficar tranquilo, esse velhote só surge quando a família está prestes a ser destruída ou está passando por uma grande crise. Tirando isso, ele faz jus ao seu título.

Olhei novamente para o mapa, mas não consegui me localizar.

— Vocês sabem onde é?

— Fica perto do caminho que vamos percorrer, na cidade escolhida este ano para ser a sede do torneio preliminar de Modros. Acho que dá para passar lá, com a desculpa de querer assistir as finais — disse Khajilamiv.

Entreguei o mapa para ele, já que podiam confiscar de mim, por ainda estar em julgamento e desci as escadas.

— Espere.

Mas saindo da porta, fui barrado por dois cavaleiros que não estavam na pousada antes, e eles me algemaram.

— Pai! Eu falei que não precisa disso!

— Até que o Duque tome seu veredito, ele é só mais um caloteiro.

Apesar do Corvo ter me dito que a magia de detecção de mentiras é falsa, me lembrei que no dia em que encontrei o Khajilamiv, ele usou outra magia para descobrir minhas intenções.

Juntando ao fato de que a “habilidade da família” poderia descobrir que a Selena faz parte da guilda Lance, cheguei à conclusão que talvez os Fortuna tenham posse dessa magia da verdade e espalharam rumores, através desses livros de magia, justamente para não suspeitarem que ela foi descoberta, evitando que contramedidas fossem criadas, pelo máximo de tempo possível.

— Por que não usa aquela habilidade que faz seu olho ficar dourado, para confirmar se eu sou um herói ou não? — Imediatamente, me arrependi de ter dito isso.

O Barão me olhou com uma expressão intensa, o Khajilamiv começou a coçar sua cabeça, olhar para baixo e a Selena começou a rir.

— Eu disse algo que não deveria?...

— Meu pai... Não consegue usar a habilidade da família.

“Essa vai ser uma longa viagem.”

— O criminoso vai junto com os grão-mestres.

— Isso é demais... Ao menos deixe ele ir com os empregados.

— Se ele é um herói verdadeiro, vai sair vivo com quem quer que seja!

Quando sai da pousada, entendi a gravidade de sua ordem.

Na estrada, estava estacionada uma frota que parecia estar indo para guerra, com automóveis que pareciam tanques e uma carruagem real, blindada, guiada por cavalos vestindo armaduras de ferro.

Diversos soldados faziam a contagem dos suprimentos e instruíam os outros. Cartógrafos, médicos e outras profissões especializadas, ficavam logo ao lado da carruagem principal.

E logo acima, estava uma pedra elemental, protegida por uma grade de um material vermelho fosco, alimentando quatro círculos mágicos, que quando iniciados, subiriam uma barreira, grande o suficiente para manter tudo citado em seu alcance.

Mas os grão-mestres, que estavam checando a condição de suas montarias: monstros com aparências variadas, desde criaturas que pareciam dragões, até cavalos modificados, muito maiores e mais musculosos que os comuns; ficavam fora do alcance da barreira.

Durante toda a viagem, longa o suficiente para precisar de quatro carroças quase transbordando de suprimentos, eu teria que andar exposto aos perigos que requeriam toda essa preparação.

“Pelas medidas sociais do Duque, acho difícil que os problemas sejam só bandidos.”

Os demônios desse mundo, monstros modificados em laboratório ou soldados de outro país, que Fortuna está em guerra, um desses três motivos que ouvi dos fujões, deve ser causa dessa preparação.

Enquanto estava pensando, ocasionalmente desviando das pessoas andando de um lado para o outro, um dos grão-mestres veio na minha direção e soltou as minhas algemas.

— Agora que eles entraram na carruagem, não vão conseguir ver você.

— O Khajilamiv disse para você fazer isso?

— Espere. 

Bem na minha frente, ele tirou um bilhete amassado do bolso, desembrulhou e leu. 

"Caso o herói pergunte, diga que não fui eu e mande sua..." 

— Não, eu só precisava de alguém para ajudar a juntar os suprimentos, que caíram depois do meu filho quase quebrar aquela carroça.

— Seu filho, por acaso, é aquele tigre branco que está tentando engolir uma árvore?

— Ei! Cospe isso agora! Bebê mau! Desculpe, ele está na primeira viagem dele. — Mais curioso que os dez olhos nas patas do tigre, era a força desse homem, que levantou o monstro que deveria pesar mais de uma tonelada, como se não fosse nada.

“Que atuação péssima. Como que um tigre desse tamanho, cheio de cicatrizes, está viajando pela primeira vez?”

Eu dei uma leve risada e comecei a jogar os vegetais caídos de volta para carroça.

No fim dessa tarefa, meu corpo voltou a perder a força, então eu peguei a caixa do meu bolso e tomei mais uma pílula.

“Espero que não tenha nenhum efeito colateral igual ao sonífero.”

— Esqueci de me apresentar. Meus pais me nomearam para ser um doutor da lei, o que claramente não sou. Rafun, prazer — disse, estendendo a mão.

— Não sei se meu nome tem algum significado especial, mas sou Lucca. — Seu aperto de mão era esmagador, como esperado.

— Um fato curioso... Eu consigo fazer mágica!

— É um mago?

Ele colocou sua mão detrás da minha orelha e de lá surgiu uma das pílulas. Então, mostrou a outra mão fechada e pediu para que eu assoprasse nela, então a caixa surgiu e ele devolveu a pílula para lá.

— Só sei alguns truques.

— Também não acho que tenho algum talento tão interessante... Já sei.

Abri o sistema e meus olhos mudaram de cor, o que o impressionou bastante.

— Como fez isso?

— É uma habilidade reservada para quem é herói.

Quando o grão-mestre viu que o movimento começou a se acalmar e o líder do grupo subiu para cima da carruagem blindada, ele me ajudou a subir no tigre apressadamente e parou em uma pose formal, como um membro de um exército, assim como todos os outros.

— Todos estão prontos!? — Então uma voz forte agitou todos os animais e monstros. Chamando toda atenção para ele: — Nossa primeira parada será na fronteira do marquesado, daqui a dois dias, na vila Bronte! Vamos!

O Rafun pulou na minha frente e deu dois tapinhas nas costas do tigre, que avançou como um tiro, quase me derrubando.

Seu ritmo violento era imprevisível: as vezes apenas avançava furiosamente, as vezes saltava por cima de obstáculos no caminho ou escalava montes íngremes de praticamente noventa graus.

E tudo que eu tinha para me segurar eram duas barras de ferro ao meu lado, na cela e um apoio para os pés, de couro, que frequentemente fugia dos meus pés.

Seguimos assim por horas e ele avisou que era a parte mais tranquila da viagem.

— TUDO BEM DEIXARMOS A CARRUAGEM LÁ ATRÁS!?

— NOSSO PAPEL É SÓ CHECAR SE TEM ALGUM PERIGO, PARA MUDAR DE DIREÇÃO, SE NECESÁRIO!          

Se eu apenas falasse no volume normal, era impossível ser escutado. Como correr em uma pista com todos os vidros abertos, o vento era desnorteante.

Quando as casas começaram a rarear, as estradas se tornaram mais rudimentares e a natureza começou a nos cercar, o grão-mestre puxou as rédeas com tudo e fez a primeira pausa.

— Cinco zeros à frente, vigia? — perguntou para um estudioso que carregava uma enciclopédia enorme consigo, montado em um cavalo, guiado por outro grão-mestre.

— A1 ou A2, podemos seguir em frente, diga para os executores ficarem atentos.

Com ajuda de um artefato, o grão-mestre conjurou uma magia de amplificação de voz e gritou para trás.

— A1 ou A2, executores!

— Entendido! — respondeu uma voz distante, que se aproximou e nos ultrapassou.

Duas feras, ainda mais loucas que o tigre que eu andava, destroçavam todos os animais que viam pela frente e sobre eles, os homens cobertos por uma armadura especial, ornamentada com pedras elementais, um carregando uma foice enorme e outro um bastão espinhoso, terminavam o serviço.

— Limpo!

O grão-mestre deu duas batidas no tigre, eu me segurei com todas as minhas forças e ele voltou a avançar.

— B2 ou B3, tomem cuidado. 

— Mudar de rota? 

— Como estão os outros caminhos? 

— A3 à esquerda e 0 à direita, vigia? 

— B3 ou Z3, melhor seguir à esquerda. 

Esse processo se repetiu diversas vezes, com poucas variações, até a noite cair e finalmente desacelerarmos.

Na pequena pausa para os monstros descansarem, beberem água e comerem, eu perguntei sobre o que eram aqueles codinomes.

— Pergunte para o vigia. Ele está lá atrás.

Eu andei até encontrar uma segunda fogueira e cumprimentei o vigia.

— Qual a sua dúvida?

— O que significa todos esses códigos, que os guardas falam o tempo todo? 

— As criaturas são divididas em: A, B, C e Z, com variáveis numéricas de 1, menos perigoso, para 3 ou 6 dependendo da categoria, mais perigoso. E variáveis especiais, sendo 0 para inimigos não identificados ou sem perigo imediato e X para “a gente vai morrer”. 

— Essas letras significam alguma outra coisa?

— Eu fiz uma explicação rápida porque estamos sem tempo, quando chegarmos a vila, eu explico melhor.

Eu voltei e o grão-mestre perguntou:

— Matou suas dúvidas?

— Mais ou menos.

Eu joguei água na fogueira e assim continuamos a viagem.

— Droga. Vigia! Um C a frente.

— ...C5.

— C5! Peguem outro caminho!

— Não tem como!

— Como assim não tem como... Qual o problema!?

— Os terrenos alternativos são difíceis demais para a carruagem passar!

O grão-mestre suspirou e me colocou no chão.

— Se tudo der errado, entregue essa carta para o Barão e fuja até suas pernas não aguentarem mais.

E ele partiu com tudo, para cima de um monstro que estava longe demais para eu enxergar.

— O que é aquele monstro? — perguntei para o vigia.

— A definição é que C5 são monstros ativamente capazes de aprenderem magias, ou seja, eles são um ponto de interrogação. Se eles são novos e não aprenderam muitas, tudo bem, mas se for um monstro que viveu décadas, pode ser tão perigoso quanto um colosso, o X que falei antes.

— Pode me emprestar o binóculo? — Ele acenou para o grão-mestre, que checou a bagagem e me entregou um.

Quando consegui enxergar ele, a luta já havia começado.

— Dez anos pelo menos... Chame reforços — disse o vigia.

— Mais dois!

O cavaleiro com a montaria de um dragão terrestre e outro com um híbrido de escorpião e hipopótamo, vieram, conversaram com o vigia e correram para ajudar o grão-mestre.

O C5, que requeria 3 grão-mestres para ser vencido, tinha uma aparência humanoide, mas um rosto alienígena de formiga. Ele carregava um tomo ou cajado por braço, totalizando sete, provavelmente roubados de outros que foram derrotados por ele, por não combinarem nada um com o outro, tanto em tamanho, quanto em estilo.

E atirava uma quantidade ridícula de magias por segundo.

— Eles estão perdendo? — Nem mesmo os três grão-mestres juntos, estavam conseguindo acertar nem sequer um ataque no monstro, que além de disparar todas aquelas magias, sempre que ia ser acertado por um ataque, se teletransportava para outra direção. — Tudo que eles estão conseguindo fazer é desviar!

Na verdade, só dois desviavam como se esperaria, mas o cavaleiro dragão simplesmente permanecia imóvel, ignorando todos os ataques de peito aberto.

“Pela barreira... É a mesma escola do Brutamonte?”

— Você nunca viu um duelo de um lutador contra mago? Eles estão ganhando bem tranquilamente, na verdade.

— Como assim?

— A partir do momento em que o seu companheiro de viagem conseguiu defender o ataque mais forte daquele monstro, o destino da luta já havia sido decidido. Olhe bem para a expressão daquela formiga.

Tentei seguir a formiga por um tempo e consegui ver a cara de desespero dela.

— Se ela consegue teletransportar, por que não foge?

— É questão de orgulho. Pelos equipamentos que ela exibe, provavelmente nunca perdeu uma luta e acredita que nunca vai perder.

— Os ataques pararam?

— A mana dela acabou.

O vigia abaixou e guardou o binóculo e subiu na montaria.

Os três avançaram e dilaceraram o monstro até se tornar irreconhecível, então jogaram fogo, pegaram as cinzas e deram para as montarias comerem.

— Dez minutos, até que durou bastante. Pode ir.

Os outros dois continuaram seguindo em frente, mas o Rafun voltou para onde eu estava e gritou:

— Limpo!

Só lembro que encontramos mais alguns monstros inofensivos, que foram facilmente lidados pelos executores, mas o resto da viagem ficou como um borrão na minha memória. Já estava no limite do meu sono e da minha força.

— Que barulho todo é esse... Chegamos em algum feriado?

Pela estrada que passamos para entrar na vila, dos dois lados havia um mar de pessoas festejando, gritando, jogando presentes para os cavaleiros e jogando flores ao alto.

— É apenas a calorosa recepção das pessoas dessa vila.

— Nem mesmo o imperador receberia uma recepção assim — corrigiu o Vigia. — Apesar da estadia de um nobre ser algo raro ao ponto de ser comemorado, o motivo de um festival dessa escala estar acontecendo é um misto de outros fatores, como os boatos do Barão ter derrotado a ilha dos demônios que perturbavam os comerciantes por centenas de anos, a popularidade estrondosa da baronesa e a gratidão as medidas humanitárias dos Fortuna, que contrastam tanto com o governo do Grão Duque anterior, que se tornou tradição dos moradores fazer essa festa, sempre que encontram um.

No meio dessa explicação, comecei a roncar.

— Lucca! Você está...

— Me desculpe.

Eu passei direto pelo Khajilamiv, entrei na primeira pousada, arremessei algumas moedas que o Rafun me deu, subi um lance de escada e me joguei na cama, para o meu tão aguardado sono.

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