Hyouka Japonesa

Tradução: slag

Revisão: slag


Volume 5

Capítulo 6: Aproximando a Distância entre Duas Pessoas

17,0 km percorridos; restam 3,0 km

Corri sem pensar por um tempo depois disso. Chitanda havia começado alguns minutos antes de mim, então não era provável que eu a alcançasse. Tudo o que me restava fazer era esperar por Ōhinata. Eu poderia ter feito isso simplesmente parando e esperando por ela, mas corri mesmo assim. Parte da dor no meu joelho ainda persistia, mas fosse pelo caminho à beira do riacho, constantemente açoitado pelo vento de maio, fosse pela estrada ladeada de cedros que esfriava minha pele com a umidade no ar, fosse pela calçada carregada de fumaça que seguia ao lado do desvio, eu continuei correndo.

Um semáforo apareceu à minha frente, e o sinal verde para pedestres começou a piscar. Diante dele estava um membro do Comitê Geral, com o rosto que parecia de um aluno do primeiro ano, aparentemente pronto para tentar interromper meu ritmo. Desviei pela lateral e atravessei a faixa de pedestres de uma vez só. Naquele momento, percebi que havia finalmente entrado novamente no centro da cidade. Carros residenciais e caminhões iam e vinham pelo desvio, e, ao olhar para cima, vi várias fileiras de prédios residenciais sem graça.

Correr era assustador. Minha mente ficava em branco. Parecia que todos os eventos que eu lembrava, assim como todas as ideias que havia formulado, estavam começando a derreter e escorrer do meu cérebro. Eu compreendia a felicidade de alcançar esse estado mental puro e desligado, mas eu absolutamente precisava me lembrar de tudo naquele momento. E ainda assim, continuei correndo. Não era possível que eu já tivesse esquecido algo pelo caminho, como água derramando de um copo? Eu sabia que precisava me acalmar, mas não conseguia parar de correr. Assim como em uma corrida de longa distância de verdade, minha respiração era curta e meus braços balançavam pouco a pouco.

Era estranho. No ano passado, eu havia passado por tantos encontros cara a cara. Durante as férias de verão, quando assistimos ao projeto de vídeo dos senpais, foi com a Irisu-senpai. No estacionamento durante o festival cultural, tive uma conversa frente a frente com ela. Provavelmente houve muitos outros momentos também, mas minha respiração estava tão ofegante que não conseguia me lembrar de nenhum.

Ainda assim, um pensamento me ocorreu: por mais intensos que tenham sido aqueles encontros, nenhum deles pesava tanto no meu coração quanto esse agora.

Provavelmente para evitar cruzamentos, o percurso que antes seguia reto ao lado do desvio virou em uma rua estreita que passava por uma área residencial. Como era uma região particularmente antiga da cidade de Kamiyama, telhados de chapas de ferro enferrujadas e de cor âmbar se destacavam por todos os lados. Passei por caixas de correio com a pintura vermelha descascando e por postes de telefone com refletores amarelos desbotados, aproximando-me de uma ponte construída sobre um pequeno canal de apenas alguns metros de largura.

Esse lugar provavelmente serviria. Havia água por perto, o clima era fresco e agradável, e havia um pequeno espaço ao pé da ponte onde eu poderia esperar sem atrapalhar ninguém. Reuni coragem e parei de correr. Agachei-me dizendo.

— Ah, meu cadarço desamarrou! — e fiz cena de que estava amarrando o tênis sujo, mas isso só me fez me sentir esperto demais.

Conseguia ouvir o leve murmúrio da água no canal. Estudantes vestidos de branco e carmesim passavam ao meu lado.

Sorrir depois de correr cerca de dez quilômetros era difícil.

Havia um garoto exausto se movendo mais devagar que uma caminhada normal, mas que continuava balançando os braços para cima e para baixo, mantendo a postura de quem corria. Duas garotas caminhavam lado a lado, cabeças abaixadas, talvez presas a alguma promessa como: "Vamos correr até o fim juntas!". Outro estudante arrastava-se com o rosto contorcido de dor, provavelmente sentindo algum tipo de sofrimento. Não vi um único sorriso em nenhum daqueles rostos.

Pensei que, a essa altura, praticamente todos os alunos do segundo ano já haviam passado. Todos que eu via agora eram do primeiro ano. Julgando pelas expressões enquanto corriam sem saber quanto ainda faltava, estavam todos miseráveis. Isso me deu vontade de tranquilizá-los, dizendo que, se continuassem correndo com sinceridade, logo chegariam ao fim. Se eu fizesse isso, acho que acabaria virando o querido "senpai" de todos, gostando ou não da ideia.

Depois de amarrar o cadarço do tênis direito, comecei a amarrar o do esquerdo. E então, novamente o do direito. Foi assim que consegui passar o tempo agachado ali.

Observei dezenas de rostos cansados passarem e me perguntei há quanto tempo estava esperando. Então, Ōhinata apareceu.

Assim como eu havia imaginado, ela não estava com ninguém. Corria sozinha, com os braços apertando as laterais do corpo e a boca levemente entreaberta, em um ritmo surpreendentemente rápido.

Levantei-me devagar e acenei para ela. Ela me notou imediatamente.

A princípio, pensei que ela poderia decidir me ignorar. Se fosse o caso, não haveria o que fazer, e eu estava pronto para desistir de tudo.

No entanto, Ōhinata arregalou os olhos e começou a diminuir a velocidade, até parar bem na minha frente. Controlou a respiração ofegante e, de repente, ergueu o rosto para me encarar.

— Que lugar estranho pra você estar, não é, senpai?

Sorrir depois de correr cerca de dez quilômetros era difícil. E ainda assim, Ōhinata me mostrou um sorriso radiante, exatamente como no Festival dos Novatos.

— O que foi, Tomoko? Quem é esse?! — Alguém gritou para Ōhinata em tom provocativo. Ōhinata respondeu.

— É só um senpai do meu clube! — Depois de ser convencida por Ōhinata de que não era nada, a estudante voltou a correr. Provavelmente era uma colega de classe.

— Ela só se mete quando o assunto não tem nada a ver com ela — comentou Ōhinata, fazendo uma careta e depois semicerrando os olhos para mim.

— Mas falando sério, senpai, o que está fazendo aqui? Se bem me lembro, você deveria ter começado bem antes de mim.

— É, então

— Espera! — interrompeu ela, com um comando firme, levando uma mão ao queixo.

— Deixa eu tentar adivinhar. Os membros do Comitê Geral normalmente ficam em lugares assim. Mas você não é um membro, Oreki-senpai. Já o Fukube-senpai é, e vocês dois são amigos. Já entendi.

Ela levantou o rosto e me perguntou.

— Qual você acha que é o meu palpite? — Talvez ela não tivesse percebido que já havia dito em voz alta.

— Você acha que o Satoshi está contando comigo para substituí-lo como membro do Comitê Geral.

— Bingo! — Seu rosto se iluminou na hora. Ao contrário de ontem, depois da aula, esse era um sorriso natural. Talvez fosse o chamado "barato do corredor"? Ou então, quem sabe, o alívio por ter decidido sair do clube.

— E aí? Acertei? — Perguntei, apontando para meus sapatos. — Meus tênis estão sujos. Se eu fosse mesmo um membro do Comitê Geral, teria sido deixado aqui, então os sapatos não estariam assim. Estão desse jeito porque tive que correr até aqui.

Ōhinata olhou para meus tênis e fez um biquinho, aparentemente decepcionada.

— Mas só uma pessoa normal conseguiria correr o bastante pra ficar tão sujo assim. Como você conseguiu isso, Oreki-senpai?

— Tô te dizendo que corri até aqui sozinho. Quer que eu diga o quê mais?

— Então... por que você tá aqui?

— Queria te dizer uma coisa, então esperei por você.

— Pra quem? — Depois de perguntar isso, ela apontou pra si mesma com uma expressão de surpresa. — O quê? Pra mim?! Ai, caramba...

Pelo visto, ela não se incomodava tanto assim de ser surpreendida dessa forma. Na verdade, parecia até impressionada.

— Desculpa por ter feito você perder seu tempo com isso.

Ela inclinou levemente a cabeça em sinal de desculpas e continuou a falar enquanto brincava com o cabelo curto.

— Pra ser honesta, eu até esperava que alguém viesse me dizer alguma coisa... mas não achei que fosse você, logo durante o Torneio de Maratona, Oreki-senpai.

Então ela me encarou fixamente e sorriu.

— Mas me desculpa. Já tomei minha decisão. Foi um clube bem divertido, então tenho certeza de que logo outra pessoa vai entrar.

Não havia a menor chance disso acontecer. Ao mesmo tempo, eu também não tinha vindo com a intenção de impedir que ela saísse.

— Não era sobre isso que eu queria falar com você.

Respirei fundo.

— Tem uma coisa que eu quero te contar.

— Hã... seria complicado se você fosse me chamar pra sair agora.

Ignorei a brincadeira e fui direto ao ponto com a frase que havia pensado e lapidado cuidadosamente.

— A Chitanda não sabe absolutamente nada sobre a sua amiga.

— O quê...

— Ela não sabe de nada.

A expressão de Ōhinata sumiu discretamente do seu rosto bronzeado de sol.

Chitanda não sabia de nada. E, ao mesmo tempo, isso era exatamente o tanto que eu também sabia — e Ōhinata percebeu isso rápido.

Quanto tempo será que ficamos em silêncio?

Um corredor que ainda tinha energia passou correndo bem ao nosso lado, levantando um vento ao passar. Como se fosse levada por essa brisa, Ōhinata começou a falar.

— Se a Chitanda-senpai não sabia de nada, então... quem te contou?

— Ninguém.

— Não quero ter uma conversa longa aqui.

Eu pensava o mesmo. Ficar parados bem ao lado do percurso chamaria atenção demais. Já tinha me preparado pra isso.

Fiz um gesto com os olhos na direção de um beco, cercado por cercas de madeira entre duas casas antigas.

— Deve ser tranquilo se a gente for por outro caminho.

— Ah… — Ela hesitou. — Isso pode? Não é um Evento de Maratona?

— É a Copa Hoshigaya. Se quiser que tudo fique registrado certinho, também não vou dizer que é impossível.

Ōhinata olhou para o beco e depois para os alunos que atravessavam a ponte conforme avançavam no percurso. Refletiu por alguns segundos.

Não demorou muito pra ela me responder.

— Tá bom, vamos. Mas... tô um pouco nervosa.

Seria ruim se fôssemos vistos saindo do percurso de maneira tão óbvia.

Ōhinata e eu esperamos uma brecha na fila de estudantes do Colégio Kamiyama e então entramos no beco discretamente.

*

 

18,6 km; 1,4 km restantes

— Esse caminho leva de volta pro Colégio Kamiyama, né?

Considerando que estava sendo guiada por uma rua desconhecida, não era estranho que se sentisse insegura.

— Ele se reconecta ao percurso na frente do Santuário Arekusa. É um atalho e tanto, sabia?

— Um atalho, é...

Ainda preocupada com o fato de termos saído do percurso, pude ouvir seus resmungos.

— Você basicamente faz o que quer, né, Oreki-senpai?

Não diria que isso era verdade. Se fosse absolutamente necessário, até eu correria o percurso todo direitinho. Simplesmente não vi outra alternativa, então não tive escolha a não ser fazer isso.

Caminhamos lado a lado. Não havia mais motivo pra correr.

— Olha, um gato — murmurou Ōhinata.

Olhei e, de fato, havia um gato em cima da cerca de madeira. Era rajado, parecido com um tigre.

— Senpai, você não gosta de animais, né?

— Nunca parei pra pensar nisso. Por que acha isso?

— Porque animais dão trabalho. E você não gosta de coisas que dão trabalho, senpai.

Ela acertou em cheio. Ao mesmo tempo, nunca me considerei alguém que não gosta de animais. Também nunca me esforcei pra gostar.

— Você não está presumindo demais?

— Provavelmente… — A voz dela ficou um pouco mais baixa. — Isso é típico de mim. Sempre presumo demais.

— Me dá um exemplo.

— Presumo que você tá encobrindo a Chitanda-senpai ao mentir que ela não sabia de nada. Se ela realmente não soubesse de ninguém... como é que você ficou sabendo?

Durante a Taça Hoshigaya, eu pensei bastante sobre a Ōhinata...

— Não é isso. Se você pensar bem, dá para aprender uma quantidade surpreendente de coisas.

— Sério? — Confirmei que sim, e ela suspirou. — Desde o começo, nem foi como se eu tivesse dito que a culpa era da Chitanda-senpai por eu estar desistindo.

— Você não disse com todas as letras, mas falou pra Ibara que "a Chitanda parecia um bodisatva", não foi?

— Isso não é um elogio?

Se fosse mesmo um elogio, então por que ela abaixou tanto a cabeça ao dizer aquilo?

"Se alguém parece um bodisatva por fora, então deve ser um yakṣa por dentro", não é isso? — Ōhinata ergueu os olhos fracamente na minha direção, com um sorriso amargo.

— Eu fiz questão de fingir que não sabia de nada, será que você não podia ter feito o mesmo?

— Os senpais do segundo ano sabem de muita coisa. Se você não queria que a gente soubesse, devia ter tentado esconder melhor.

— Tipo falando em russo?

— Tipo isso, russo.

Uma pedrinha rolou na nossa frente. Ōhinata deu um chute nela, fazendo-a seguir pela rua, e soltou um suspiro leve.

— Então você descobriu mesmo. Se a Chitanda-senpai realmente não te falou nada, então me diga você, senpai... onde foi que eu errei?

— Não é questão de estar errada.

— Era só força de expressão.

Cheguei àquela conclusão com base no que lembrava do comportamento da Ōhinata; não ouvi nada da Chitanda. Enquanto eu não explicasse esse processo pra ela, provavelmente ela não escutaria o que eu tinha a dizer. Não havia jeito fácil de resolver isso, mas era difícil organizar tudo na cabeça.

— Me pergunto por onde eu deveria começar...

— Que tal do dia em que a gente se conheceu?

Claro que essa parecia ser a solução mais simples, mas...

— Isso ia tornar tudo muito longo. Acho que dá para resumir um pouco.

— Pode ser longo, não tem problema. Afinal de contas, nós… — Ela fez uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras, e então continuou com um sorriso contido, cheio de autoironia. — Afinal de contas, nós saímos acidentalmente do caminho certo.

Dizer uma coisa dessas sobre nós... Cheguei até a dizer que iríamos nos juntar ao grupo principal depois.

Mas acho que era verdade que nos afastamos do evento escolar. Não havia nenhum sinal de vida no beco à nossa volta sob o sol do meio-dia. Até o gato que estava por ali antes parecia ter desaparecido no silêncio. Apenas os sons dos nossos passos e vozes ecoavam nas cercas de madeira.

— Bem, então acho que vou começar do começo, no dia do Festival dos Calouros.

Enquanto eu dizia isso, Ōhinata me encarava com intensidade, observando meu rosto de perfil. Continuei, um pouco incomodado.

— Naquele dia, você ouviu sem querer uma conversa sem importância entre eu e a Chitanda. Pensando bem, você deve ter parado num lugar bem discreto.

— Não era sem importância. Vocês talvez tenham salvado a vida de alguém ali.

Agora que ela mencionou, realmente foi um caso sério de intoxicação alimentar. Até então, eu não tinha pensado que aquela conversa à mesa poderia ter sido tão significativa. Mas, naquele momento, não era algo em que eu queria me aprofundar.

— O maior indício daquela conversa veio, na verdade, de algo que você disse.

— Sério? Eu? — Ela apontou pra si mesma. — O que foi que eu falei, mesmo?

— Não lembro exatamente suas palavras, mas foi algo como "pessoas suspeitas não usam crachás". Foi por causa disso que conseguimos perceber o que estava faltando na apresentação do Clube de Confeitaria.

Um brilho leve apareceu nos olhos da Ōhinata.

— Agora que você falou, acho que eu disse algo assim mesmo.

Parecia algo que tinha acontecido há muito tempo, mesmo que tivessem se passado menos de dois meses. Uma lembrança que antes estava trancada na memória de repente escapou, me fazendo lembrar dos sorrisos que Chitanda e Ōhinata trocaram naquele dia, livres de preocupações.

— Mas o que mais me chamou a atenção foi o que você disse logo antes disso. Acho que foi algo mais ou menos assim...

Respirei fundo.

"Foi uma amiga que me disse, mas..."

— Você tem uma memória e tanto.

— É que, na hora, pensei que aquilo era você dizendo sua própria opinião.

Durante a Copa Hoshigaya, pedi para o Satoshi fazer um teste. Perguntei o que ele pensaria se eu dissesse: "Uma amiga me disse isso, mas convenhamos que é bem injusto os membros do Comitê Geral não terem que correr." O Satoshi respondeu: "Então é isso que você realmente pensa, né? Algo assim me deixaria bem irritado." Achei uma resposta bem representativa.

— Quando as pessoas têm algo difícil pra dizer, muitas vezes usam frases como "ouvi alguém dizer", "tem um boato" ou "acabei de escutar isso" e inventam um terceiro imaginário para suavizar o impacto. Tipo: "Não fui eu quem disse isso, e nem acredito, mas ouvi por aí..." Dá a sensação de estar falando com alguém pela porta dos fundos.

— Pela porta dos fundos... que jeito mais indireto de dizer isso — Ōhinata sorriu com amargura.

— Só diga o que está pensando.

— Eu não sou tão cara de pau a ponto de criticar alguém assim.

O beco continuava se estendendo. Achei que tivesse visto algo se mover pelo canto do olho, mas era só roupa sendo balançada pelo vento no varal da varanda de alguém.

Será que a Ōhinata estava usando esse tipo de método quando falava com a gente? Era o que eu pensava no começo, mas...

— No seu caso, essa comparação com a porta dos fundos não se aplicava.

Não houve resposta.

"Isso é só algo que uma amiga me contou." Essa "amiga" não é uma terceira pessoa imaginária, mas alguém que realmente existe. Não posso afirmar com certeza que todas as frases que você atribuiu a essa amiga foram realmente ditas por ela, mas algumas, sem dúvida, vieram dessa pessoa real.

Sem confirmar nem negar, Ōhinata continuou me encarando com uma expressão incrivelmente calma.

— Por que você acha isso?

— Suas ações e as ações da sua "amiga" se contradisseram. Aconteceram coisas que não aconteceriam se você estivesse apenas usando essa "amiga" como pretexto para expressar suas próprias opiniões.

— Não é possível... nada assim aconteceu.

Ela resmungou sem energia, olhando para os próprios pés.

— Foi no último domingo de abril, a partir das 14h.

— Não lembro de nada disso, mas considerando que você fala com tanta certeza, estou supondo que foi no seu aniversário, senpai?

— Está certa. Deixe-me agradecer mais uma vez por tê-lo comemorado comigo.

— Fico muito feliz em saber que você gostou.

Mesmo trocando essas gentilezas, a tensão desconfortável entre nós, enquanto nos observávamos cuidadosamente, não mostrava sinais de desaparecer. Não era exatamente insuportável, mas achei melhor prosseguir com cautela.

— Naquele dia, se me lembro bem, sugeri pedirmos uma pizza. Seria perfeito para nós cinco beliscarmos algo, mas no fim das contas, não pedimos. Lembra por quê?

— Lembro.

Ela levantou a cabeça e respondeu imediatamente.

— Foi porque a Ibara-senpai não gosta de queijo.

Assenti com a cabeça.

— Exato. ...Aliás, sabia que, mesmo dizendo que não gosta de queijo nenhum, a Ibara aparentemente não tem problema com cheesecake?

— É mesmo?

Dei um leve sorriso.

— Já comi com ela uma vez.

Ela não respondeu a essa observação. Eu e a Ibara talvez não estivéssemos nos melhores termos, mas nos conhecíamos havia mais de dez anos. Eu já a tinha visto muitas vezes, e em uma dessas ocasiões, ela estava comendo cheesecake.

— Lembra do que você disse naquele momento? — Depois que perguntei, ela assentiu levemente.

— Acho que eu disse: "Você também não gosta de queijo?" ou algo do tipo. "Devemos jogar fora tangerinas podres e leite estragado."

Claro que era normal desgostar de certos alimentos, mas parecia uma forma excessivamente forte de se expressar. E isso não era tudo.

— Você esqueceu de começar com "Isso é só algo que uma amiga me contou, mas..."

— É mesmo? — Tenho certeza de que ela lembrava, mas fingiu não saber. — Sua memória é ótima. Você se apega inesperadamente aos pequenos detalhes, não é, senpai?

— Até você se lembrou que a Ibara não gosta de queijo. Então, eu também tento me lembrar do que as pessoas não comem. Seria ruim se eu acabasse recomendando algo inadequado mesmo depois de saber disso.

— É mesmo assim que funciona?

Ela coçou a bochecha e me lançou um sorriso envergonhado.

Por um instante, o beco pareceu contornar uma casa velha de paredes de chapa de ferro. Muita água caía de uma calha elevada, escorrendo pela parede, e o som era até refrescante.

— Depois disso, assumi que você não comia queijo. Afinal, pensei que o "Isso é só algo que uma amiga me contou" fosse apenas uma forma de introduzir suas próprias palavras e opiniões. Por isso achei estranho quando fomos à cafeteria.

Ao chegar a esse ponto, Ōhinata pareceu juntar o restante sozinha.

— Entendi, então era isso. Também fui uma idiota.

— Tinha certeza de que você escolheria o creme tradicional. Imagine minha surpresa quando não escolheu.

Na cafeteria administrada pelo primo da Ōhinata, a única coisa que podíamos comer eram scones, acompanhados de geleias e cremes. Havia dois tipos de geleia, e dois tipos de creme: o tradicional e o de mascarpone.

Não me lembrava de muitos detalhes, mas duas coisas ficaram marcadas: todos nós escolhemos combinações diferentes de geleia e creme, o que deixou o dono um pouco frustrado; e a mesma Ōhinata, que havia dito "Devemos jogar fora tangerinas podres e leite estragado", escolheu justamente o creme com sabor de queijo.

— Percebi naquele momento, embora provavelmente teria percebido bem antes se tivesse aceitado suas palavras pelo que eram desde o começo.

Ōhinata sempre dizia "Isso é só algo que uma amiga me contou". Eu deveria simplesmente ter aceitado isso ao pé da letra, em vez de tentar complicar tudo com interpretações desnecessárias.

— Você tem uma "amiga" e, ao contrário de você, essa pessoa não gosta de queijo.

Ōhinata mordeu o lábio e não respondeu. Nem sequer retrucou com o óbvio: "É claro que eu tenho amigas, qual o problema?"

Seu silêncio dizia tudo. Ōhinata tinha uma amiga que ela não queria que ninguém soubesse que existia.

*

 

O beco ficou mais sinuoso, com pequenos trechos onde apenas uma pessoa conseguia passar de cada vez. Para minha surpresa, vi uma plaquinha na parede com o nome daquele bairro. Isso significava que até aquela ruela fazia parte do registro oficial da cidade. Enquanto me parabenizava mentalmente por ter chegado até ali, Ōhinata falou atrás de mim.

— Isso aqui é mesmo uma rua de verdade? Meio suspeito, se quer saber.

Embora tenha dito isso em tom de brincadeira, sua voz estava desprovida de qualquer leveza habitual.

— O que você faria se eu estivesse mentindo?

— E você, o que pretende fazer?

— Bom, como eu não estou mentindo, não faço ideia.

Não havia como continuar aquele papo sem sentido. Passamos pelo beco, desviamos cuidadosamente de um vaso de flores no meio do caminho e finalmente saímos numa rua um pouco mais larga. Respirei fundo, aliviado.

Estávamos subindo uma ladeira suave. Ōhinata olhou para os lados e murmurou uma pergunta.

— Onde estamos?

Eu não fazia ideia de como explicar em relação a outros pontos da área, então decidi simplesmente disfarçar.

— Você vai descobrir em breve.

Enquanto começávamos a descer a colina, Ōhinata caminhava ao meu lado. Não havia dúvidas de que, em nossa conversa anterior, Ōhinata havia dito que realmente tinha uma amiga — e que repetia as palavras dessa amiga quando conversava conosco. Mas havia outras coisas que eu sabia sobre essa tal amiga.

— A propósito, essa "amiga" também é do ensino fundamental, certo? É um tipo de relação especial. Existe a possibilidade de ser alguém do seu cursinho ou algo assim, mas deixando isso de lado, essa pessoa deve ter se transferido no terceiro ano e, depois disso, não entrou no Colégio Kamiyama com você.

Ao tocar nesse assunto de repente, Ōhinata franziu as sobrancelhas com força. Era claramente um olhar de desconfiança. Não havia necessidade de repetir o que eu acabara de dizer.

— A Chitanda não me contou isso.

— Mas não tem como você saber tudo isso...

— Você mesma disse que não tinha amigos no colégio. Quando você, o Satoshi e eu voltamos juntos da escola aquele dia, tenho quase certeza de que foi isso o que disse. Se você não tinha amigos no colégio, então é evidente que essa sua "amiga" deve ser do tempo da escola anterior, certo?

Naquele dia chuvoso, quando Satoshi e eu saímos da escola, encontramos Ōhinata logo ao sair pelo portão. Como ela disse "ainda não fiz muitos amigos", os três acabamos indo embora juntos. Lembro distintamente de ter pensado por dentro: "Sério? Você parece tão sociável..."

— Aquilo foi...

Apesar de ter começado a falar, ela logo se calou novamente.

— Você não quis dizer que não tinha com quem conversar de forma íntima. Parece se dar bem com várias pessoas da sua sala, e ainda assim, não se refere a elas como amigas.

Esperei um pouco por uma resposta. Ela permaneceu em silêncio.

Se continuasse calada mesmo com minhas provocações, provavelmente precisaria reunir uma quantidade considerável de energia para conseguir dizer algo. Na prática, parecia que já havia ficado bastante abalada só por eu estar falando daquele jeito.

Eu estava prestes a pisar nos sentimentos e pensamentos dessa garota com quem conversei naturalmente ontem como seu senpai. Basicamente, eu estava dizendo a ela: "É assim que você é". Acabei parando por um momento, tomado pela gravidade das minhas palavras. Mas precisava continuar.

— Agora vou falar sobre ontem, então tenho certeza de que ambos vamos lembrar com clareza. Conversamos um pouco no corredor antes de entrar na sala do clube. A conversa em si foi significativa, claro, mas o que me chamou atenção foi quando você mencionou estar na mesma sala que a irmã mais nova do Satoshi.

Ōhinata sabia sobre o que havia acontecido entre Satoshi e Ibara — embora não conhecesse os detalhes, sabia que ele devia algo a ela. Ao que parecia, tinha ouvido tudo isso da irmã mais nova do Satoshi.

— Eu acho que a irmã do Satoshi é uma pessoa bastante estranha, mas aparentemente você não pensa assim. Aliás, qualquer pessoa que conta todos os romances do irmão para alguém com quem nem tem tanta intimidade é estranha, por mais que tentem justificar.

— Se foi por ela que você soube dos envolvimentos do Satoshi, então vocês devem ter um laço de amizade forte o suficiente para ela confiar em você com esse tipo de informação. Além disso, você disse que almoça com ela, certo? E mesmo assim, nem sequer a chama de amiga. Eu percebi isso justamente porque você continuava chamando-a apenas de "colega de classe".

Um caminhão subia a ladeira na nossa direção. A estrada estava mais larga, mas mesmo assim me coloquei à frente de Ōhinata para que andássemos em fila única, por precaução. O sol estava bem diante de nós. Já tinha usado esse caminho de vez em quando, mas não havia percebido que a colina era voltada para o sul.

Sentindo o cheiro do escapamento enquanto o caminhão passava, me alinhei novamente ao lado de Ōhinata. E continuei como se nada tivesse acontecido.

— Por causa de um encontro bem incomum, acabei sendo arrastado para uma confusão atrás da outra no último ano. Em meio a tudo isso, comecei a pensar em várias coisas e percebi algo. Sempre que surgia um problema, eu acabava sendo o responsável por resolvê-lo. Naquele momento, o Satoshi disse que eu tinha o "papel de detetive", mas não gostei nada disso. Achei meio constrangedor, e não queria ser chamado assim.

— Esse ato de rejeitar um rótulo apenas por um desejo egoísta, sem se importar com a validade dele... não é exatamente o que você está fazendo agora? Você não quer usar a palavra "amiga" como se fosse algo banal. Mesmo com conversas íntimas e almoços ao lado dela, nesses menos de dois meses desde que entrou no ensino médio, ainda não consegue se referir à irmã do Satoshi como amiga. Não é isso?

Eu deveria ter percebido há muito tempo o quanto Ōhinata valorizava essa palavra. Ela mesma disse claramente, naquele dia chuvoso, o que era mais precioso para ela. Mais uma vez, tudo acabou se tornando complicado porque eu não levei suas palavras ao pé da letra.

Ōhinata abriu a boca. Um leve.

— Eu...

...escapou de seus lábios. Mas no fim, não continuou. Reprimiu-se, quase como se suspirasse. O problema ainda não havia acabado.

— Nesse caso, que tipo de pessoa é essa que você chama de "amiga"? A única coisa certa é que ela não estuda no Colégio Kamiyama. Bem, esse tipo de coisa é inevitável. Quando terminei o ensino fundamental, também tive que me afastar de várias pessoas com quem me dava bem. O Satoshi foi praticamente o único que veio comigo.

Embora eu tenha dito isso, na verdade não conseguia lembrar de nenhum outro nome além do dele. Que realidade cruel.

Seria o caso de "quem não é visto, não é lembrado"? Ou será que eu sou mesmo um pouco frio?

De repente, comecei a sentir o cheiro de sopa de missô vindo de algum lugar. Vi uma pequena poça d’água no chão, onde provavelmente alguém havia lavado alguma coisa. A maior parte já havia secado sob o sol forte da primavera. Não tinha me dado conta de como as ruas ficavam desertas antes do meio-dia. Mesmo esperando encontrar algum morador eventual — e até tendo preparado uma desculpa para possíveis perguntas —, não cruzamos com ninguém. Achei curioso ver tantos sinais de atividade humana e ainda assim nenhuma pessoa por perto. De qualquer forma, se não fosse assim, talvez nem conseguíssemos andar por aí dessa maneira em pleno dia de aula.

— Tudo que a Chitanda me contou foi sobre o que vocês conversaram na sala do clube depois da aula ontem — continuei, quase como se estivesse falando comigo mesmo. — Foi sobre a Ibara, não foi? Sobre ela ter saído do Clube de Mangá. A Chitanda concordou com a decisão dela de sair. Provavelmente até a incentivou. Eu não conheço bem os dois lados da história, então não posso dizer se concordo ou discordo. Mas o que eu sei é que a Ibara ficou visivelmente mais tranquila depois disso. Só por esse motivo, talvez já tenha sido o melhor.

— A propósito, ontem depois da aula, você claramente parecia estar se preparando para resolver algo. Para acabar com aquela sensação constante de incerteza, decidiu confirmar algo com a Chitanda. Foi sobre o que aconteceu com a Ibara? Você discutiu com a Chitanda por ela ter apoiado a decisão da Ibara, porque não queria que ela saísse do Clube de Mangá?

Claro que não foi. Ōhinata respondeu rapidamente.

— Não foi.

— Se esse fosse o tipo de conversa que você não conseguiria ter sem se preparar, seria difícil acreditar que conseguiria puxar o assunto de improviso e de uma vez só. Achei que você só estivesse mudando de assunto ou talvez escondendo suas verdadeiras intenções.

— Então tentei pensar mais para trás. De fato, houve um momento em que você lançou uma pergunta repentina e sem relação com o que estava sendo dito. Foi quando estávamos na cafeteria aberta pelo seu primo. Acho que foi algo assim: "A Chitanda tem um rosto marcante, mas será que ela conhece uma certa pessoa?" A Chitanda respondeu dizendo que essa pessoa era uma kouhai do colégio Kamiyama.

— Agawa. Sachi Agawa. Turma 1-A.

— Não faço ideia de quem seja. Era só alguém que você usou para medir o quanto o rosto da Chitanda se destaca, certo?

— Você deveria saber quem é a Agawa, Oreki-senpai.

— A Chitanda me disse a mesma coisa. Ela fez o juramento como representante dos alunos na cerimônia de entrada este ano, mas só saber disso não quer dizer que eu realmente a conheça.

— Não é disso que eu estou falando.

Parei de andar e me virei para ela.

— Se é alguém que eu "deveria conhecer", então está dizendo que ela veio da Escola Kaburaya?

— Isso mesmo.

Se Ōhinata a conhecia, não seria estranho que viesse da Kaburaya. Mas ao contrário da Chitanda, eu não conseguia lembrar nomes e rostos de alunos com os quais nunca tive contato. Enquanto pensava nisso, porém, Ōhinata começou a falar como se me repreendesse.

— Ela era a presidente do Comitê de Saúde. Você realmente não se lembra dela?

— Era mesmo? — De fato, na segunda metade do meu terceiro ano na Kaburaya, perdi numa votação e acabei entrando para o Comitê de Saúde. Como os senpais estavam ocupados se preparando para as provas, um aluno do segundo ano foi escolhido como presidente. Acho que o nome dela era algo assim mesmo.

Ao ouvir isso, percebi outra coisa.

— Entendo. Nesse caso, posso dizer com ainda mais certeza. O que você queria confirmar ao fazer aquela pergunta à Chitanda era: o rosto dela se destacava tanto a ponto de reconhecer alguém da Kaburaya mesmo tendo estudado na Inji? Quando ela disse que conhecia o nome, lembro que você ficou bastante surpresa.

Ōhinata provavelmente esperava que a resposta fosse "não conheço". Quando isso não aconteceu, ficou desconcertada. Talvez "esperava" não seja a melhor palavra. Talvez fosse um desejo. Mesmo entendendo o quanto a Chitanda conhecia pessoas, ela ainda torcia para que não fosse tanto assim.

— O que o Satoshi disse foi mal formulado. Afinal, ele fez parecer que ela conhecia todo mundo da cidade. Estou te dizendo isso só pra ter certeza de que entenda, mas a Chitanda não sabe nada sobre a Agawa além do fato de ela ter feito o juramento na cerimônia de entrada.

Eu já estava acostumado com o jeito exagerado dele de falar. Por isso, sempre ouvia o que ele dizia com certo ceticismo. Mas não seria impossível que Ōhinata tivesse entendido aquilo como verdade — afinal, só começou a escutá-lo com frequência este ano.

Ainda assim, Ōhinata balançou levemente a cabeça.

— Fico na dúvida. E não estou falando do Fukube-senpai. A própria Chitanda-senpai também sabia sobre os seus amigos, não sabia? Ela conseguiu que um deles mostrasse a coletânea de textos da sua antiga escola, a Kaburaya. Ela até sabia que o Fukube-senpai cantava na sala de transmissão, no ensino fundamental.

— Você está mesmo com medo de que a Chitanda conheça a sua "amiga", não está?

Sem resposta.

Ou seja, Ōhinata ainda não me contou toda a história.

Essa "amiga" era alguém especial para ela. Tão importante que influenciava até sua forma de falar. E, mesmo assim, ela não queria que ninguém soubesse nada sobre ela. E então apareceu a Chitanda. Ela sabia sobre meu passado e o do Satoshi e, segundo as hipérboles dele, seu conhecimento sobre os outros era inacreditável.

— Eu devia ter percebido que você estava com medo da Chitanda ali mesmo.

— Ali mesmo?

— Não se lembra?

Apesar de perguntar, eu mesmo não conseguia me lembrar com exatidão. Mas puxando da memória da forma mais clara possível, continuei.

— Foi quando estávamos falando sobre a Ibara ser ácida, mas nunca a imaginaríamos sendo ríspida com a Chitanda. Você disse algo como "Talvez seja porque ela conhece e pode explorar todas as fraquezas da Ibara". Como era tão absurdo, nem demos bola. Mas pensando agora no motivo de você ter imaginado algo assim... entendo o porquê.

Não era que ela achava que a Chitanda conhecia as fraquezas da Ibara. Era medo de que a Chitanda conhecesse as suas fraquezas.

— Você só era cautelosa com a Chitanda. Pensando racionalmente, não deveria ser eu quem conheceria a sua amiga? Afinal, estudei com você na mesma escola.

— Ah... então é por isso… — A voz de Ōhinata pareceu se perder em resignação quando continuou. — Por isso você disse que ela deve ter se transferido no terceiro ano.

— Exato. Se ela fosse da Kaburaya e mesmo assim a gente não conhecesse, devia ter se transferido depois da nossa formatura. De todo modo, o fato de você parecer bem à vontade com a gente reforça isso. Você só temia a Chitanda.

Não foi algo que fiz de propósito. Quando percebi, um pequeno suspiro escapou dos meus lábios. E como se até aquele suspiro a assustasse, o corpo dela enrijeceu. Não havia mais nenhum traço da veterana cheia de confiança que eu conheci.

— Para começar a pensar sobre isso, formulei uma hipótese com base na conversa que ouvi entre você e a Chitanda ontem, depois da escola. A Chitanda falou sobre a Ibara. Sem subentendidos, sem segundas intenções. Ela falou sobre a Ibara.

— Mas não foi assim que você ouviu. Quando ficou apoiada no batente da porta, tentando entender o quanto a Chitanda sabia, decidiu que precisava trazer à tona aquele assunto sombrio. A conversa que tiveram depois foi fruto da coragem que você reuniu para confirmar suas suspeitas. Talvez fosse algum tipo de metáfora.

Se você desconfia implicitamente de alguém, pode acabar enxergando essa pessoa como um tipo de demônio. Se eu aceitasse isso como verdade, então poderia dizer que Ōhinata via a Chitanda como um yakṣa.

Com isso, o mal-entendido ficou claro.

— Na conversa de ontem, o que ela disse foi mais ou menos o seguinte: para a Ibara, o Clube de Mangá já era um caso perdido e prejudicial. Pensando em si mesma, a Chitanda acreditava que sair do clube era a decisão certa. E você respondeu: "Mesmo assim, você não deveria simplesmente abandoná-los, certo?" Foi estranho você usar a palavra "abandonar" de repente. Se eu tivesse que escolher, diria que foi o clube que a afastou. E ainda assim, por que você escolheu justamente essa palavra para descrever a situação?

Respirei fundo.

— Se eu estiver errado, é só me dizer — comecei assim. — Não foi como se você sentisse que a Chitanda estava tentando te dizer, naquela conversa, para abandonar sua própria "amiga"?

Ōhinata levantou os olhos para mim, com um olhar frágil.

— Como você pode ter tanta certeza de que não era isso o que ela queria dizer?

Mesmo dizendo isso, dava para perceber que nem ela acreditava nas próprias palavras. Ninguém com a voz tão fraca e rouca poderia pensar realmente algo assim.

— Ei. Consegue imaginar o motivo pelo qual a Chitanda acha que você está desistindo? — Ela me olhou com confusão, mas não respondeu. — Ela acha que é porque ela mexeu no seu celular sem permissão que você ficou brava com ela e decidiu sair do clube.

— O quê?

— Acredita nisso? Uma garota que acabou de entrar no segundo ano, quase chorando, me disse que achava sinceramente que esse era o motivo. Ela me disse que planejava ir te encontrar depois de cruzar a linha de chegada, para se desculpar por ter mexido no seu celular ontem.

Os olhos de Ōhinata se arregalaram e sua boca parecia prestes a rir. Mas o som que saiu de sua garganta foi um soluço estranho e contido.

Ōhinata abaixou a cabeça. Seus ombros começaram a tremer. Quis acreditar que era porque ela estava rindo em silêncio.

*

 

18,9 km; restando 1,1 km

A paisagem se abriu à nossa frente. Depois de finalmente deixarmos as ruas estreitas e residenciais, nos aproximamos da entrada dos fundos do Santuário Arekusa. A rua era larga e havia lojas dos dois lados. Normalmente ficava cheia durante o Ano Novo e nos festivais de primavera e outono, mas agora estava completamente silenciosa — só as bandeiras das lojas ainda exibiam cores festivas.

— Então é por aqui que saímos — murmurou Ōhinata, como se enfim estivesse convencida.

— Seguindo por esse caminho do santuário, dá pra se reconectar com o percurso original. Se sente melhor agora?

— Ah, fala sério, não é como se eu tivesse duvidado de você ou algo assim.

Sei.

O sol brilhava forte, aproximando-se do meio-dia. Nossas sombras se estendiam no asfalto, com tons profundos. O verão já estava quase chegando.

— Senpai.

Ōhinata levantou o braço e apontou para uma loja. Em frente, havia uma sombrinha tradicional grande e um banco no estilo tatame.

— Quero comer dango.

— De onde veio isso agora?

— Tô cansada, então decidi que quero comer dango.

Após essa declaração unilateral, ela começou a andar em direção à loja. Fui atrás, sem saber o que fazer.

— Espera aí. Tecnicamente ainda estamos em aula.

Mas isso não a impediu nem um pouco.

— Você me trouxe até aqui, fora do percurso, e agora quer falar de regras? Já quebrou uma, pode quebrar todas.

— Você ao menos tem dinheiro?

Ao ouvir isso, ela finalmente virou o rosto e olhou por cima do ombro.

— Você tem, não tem? — Ela sorriu ao dizer isso. — Ouvi o barulho das moedas no seu bolso.

De fato, eu tinha levado algumas moedas caso quisesse comprar uma bebida no meio do percurso, mas...

— Você não para quando começa, né? E se eu não tiver o suficiente?

— Ah, não pensei nisso. Você tem o suficiente?

Coloquei a mão no bolso e tirei todas as moedas. Na palma da mão, contei ¥240 em moedas de ¥100 e ¥10.

A loja que Ōhinata apontou tinha preços bem acessíveis. Mesmo em um lugar onde muitos pagariam caro por turismo, a placa tradicional dizia: "¥80 por espeto".

— Acho que tenho, sim.

— Então está decidido.

Ōhinata correu levemente até a loja e chamou.

— Com licença, três espetos de dango, por favor.

Ela ia me deixar sem um tostão? Espera... Por que eu estava alimentando ela, afinal? As perguntas não paravam, mas acho que já era tarde demais — ela já tinha feito o pedido. Acho que posso bancar o bom senpai e pagar só dessa vez. ¥80... favorzinho barato.

A atendente era uma senhora simpática, com aparência doce. Devíamos estar com cara de quem matou aula, ainda de uniforme de educação física, mas ela não comentou nada. Apenas disse.

— Temos mitarashi e yomogi.

— Três de yomogi.

— Acho que mitarashi é melhor.

— Ia ser chato se o molho grudasse na roupa.

Pensando bem, fazia sentido. Ela prestava atenção nas coisas mais inesperadas.

Antes que eu percebesse, já estávamos os dois sentados no banco, comendo dango. Embora eu achasse que preferia mitarashi, por não gostar do cheiro forte de ervas do yomogi, o aroma era até refrescante. O sabor doce penetrava nos ossos.

— Me sinto viva de novo.

Ōhinata murmurou isso, e sem perceber, concordei com a cabeça. Tinha algo naquele momento. Mesmo que essa corrida parecesse interminável, era como se até o cansaço estivesse cansado.

Cinco bolinhas de dango estavam no espeto dela. Depois de comer mais duas, olhou para o céu e soltou um longo suspiro.

— Ah, tô tão aliviada. Não me sentia assim há séculos.

Então ela me disse algo de repente.

— Senpai, tem algo que você não está dizendo de propósito, não é?

— Sobre o dango?

— Claro que não.

É, não tinha como ser sobre o dango. Havia um grande vazio em nossa conversa anterior. Eu não tinha intenção de tocar no assunto, mas Ōhinata trouxe à tona por conta própria.

— Havia uma certa "amiga" minha que eu queria esconder, e eu temia que a Chitanda soubesse da existência dessa pessoa e de mim. Por quê, então? Por que você acha que eu estava tentando esconder essa "amiga"?

— Não faço a menor ideia.

— Ah, para. Se vai ser gentil a ponto de mentir, que pelo menos seja uma mentira boa.

Fiquei em silêncio, encarando o dango na minha mão.

Acho que ela me leu.

Na verdade, eu tinha uma ideia razoável do que havia acontecido. Talvez até fosse mais preciso dizer que foi exatamente por ter entendido isso que consegui juntar todas as peças. Mas eu não tinha intenção de dizer nada. Achei que era algo que ela não gostaria que mais ninguém soubesse. Dito isso, não era como se eu tivesse certeza absoluta de toda a verdade.

— Aaah, por que as coisas tinham que chegar a esse ponto… — Enquanto murmurava isso, Ōhinata puxou outro dango com os dentes. Em seguida, começou a falar. — Eu achava que ela era uma boa pessoa. Assim como você disse, senpai, ela... aquela garota se transferiu para cá no terceiro ano. Ela era bem estranha. Eu não sabia se ela tinha dificuldade para fazer amigos ou se simplesmente não se importava em ter algum, mas ela era muito independente.

— Eu fui a primeira amiga dela. E provavelmente a única, em toda esta cidade. Ela mesma me disse isso, afinal. Nós duas fizemos uma promessa de que nunca nos separaríamos.

— É uma promessa difícil de manter.

— Não achei isso na hora em que fiz. Eu era bem burra. — Ela sorriu pra mim. — Digo, eu estava no ensino fundamental, afinal. Crianças no fundamental são todas meia burras, não são?

Olha quem fala, considerando que você se formou nele faz só dois meses.

— A gente nem conversava muito na escola. Parecia um segredo só nosso. Por isso acho que ninguém sabia que éramos amigas, mesmo estando na mesma série. Mas assim que as aulas acabavam, ela me mostrava várias formas de se divertir. Me levava a shows, me ensinou a jogar bilhar, e até começamos algo parecido com uma bandinha. Foi ela também quem me apresentou aquela geleia MilleFleur, igual àquela que vimos no seu aniversário. Eu disse que fiquei com esse bronzeado de neve por ter ido esquiar, mas foi a primeira vez que tentei isso, quando ela me levou pra uma estação de esqui. Foi muito divertido.

— Não foi snowboard?

— Eu tô dizendo que foi esqui, poxa.

Como alguém adepto ao estilo de vida "poupador de energia", eu realmente não entendia muito sobre as várias formas de diversão por aí. Mas havia algo que eu compreendia em meio a tudo aquilo: para se divertir daquele jeito, era preciso dinheiro.

Ōhinata tinha feito uma viagem de esqui para Iwate. Ela seguiu uma banda em turnê de Sendai até Fukuoka. Sempre que ouvia essas histórias, eu me perguntava como ela conseguia bancar tudo aquilo.

Minha irmã viajava pelo mundo quando bem entendia, mas só conseguia fazer isso porque ganhava dinheiro suficiente para permitir esse luxo. Provavelmente, Ōhinata não tinha esse privilégio, sendo apenas uma aluna do ensino fundamental. Inicialmente, pensei que a família dela fosse rica o suficiente para bancar tudo com a mesada, mas, pelos desabafos que ela deixou escapar enquanto estávamos na Blend, descartei essa possibilidade.

— E então... eu fiquei sem dinheiro.

Só a boca dela ainda sorria.

— Se bem me lembro, sua família não permite que você trabalhe meio período, né?

— Isso mesmo. Eles são bem rígidos.

— Mesmo te deixando fazer essas viagens?

— Só porque eu estava com outra pessoa. Basicamente, eles não confiam em mim. — Ōhinata então murmurou algo mais, quase como se ela mesma não tivesse pensado nisso até aquele momento. — Mesmo que eles tivessem deixado, eu nem sei se teria vontade de trabalhar só pra bancar aquele tipo de diversão...

Ōhinata tinha dito antes que "foi muito divertido". Eu não conseguia imaginar que fosse mentira, mas também parecia que ela não conseguia aproveitar de verdade, do fundo do coração, por conta do gasto exagerado envolvido.

— Mesmo que eu sempre fizesse questão de dizer "Desculpa, não tenho dinheiro no momento", acho que isso nunca chegava de verdade nela. Ela era bem peculiar, sabe, então só dizia pra eu dar um jeito, pra que pudéssemos continuar nos divertindo. Mas não dá pra fazer nada com o que não existe, e além disso, eu tinha provas chegando. Enquanto eu não sabia o que fazer, ela disse: "Deixa comigo." E depois disse: "Tá tudo bem. Nós somos amigas, né?"

Existem várias formas de conseguir dinheiro, mesmo sendo só uma aluna do fundamental. O problema é como você decide fazer isso.

Após falar até esse ponto, Ōhinata começou a se atrapalhar nas palavras. Provavelmente ainda estava em dúvida se devia continuar ou não. Talvez fosse melhor eu ajudá-la.

— Quando você tem algo que quer evitar a todo custo, é realmente difícil quando acaba cara a cara com outra coisa que traz exatamente esse assunto à tona..

Ōhinata inclinou a cabeça de lado, como se não soubesse bem o que dizer.

— Se esse tipo de coisa fica à mostra, alguém inevitavelmente vai acabar ficando curioso. Mas se você faz questão de esconder, aí é que as pessoas ficam mais interessadas ainda no motivo disso.

Pegue meu aniversário, por exemplo. Eu ficava o tempo todo preocupado em como lidar com aquele gato da sorte que indicava que a Chitanda já tinha ido na minha casa. Enquanto ele estava ali na mesa, eu nunca sabia quando o assunto poderia surgir. Mas também era estranho simplesmente tirá-lo dali, então não podia fazer isso.

— Quando a Chitanda chegou, alguma coisa tinha sumido de forma bem suspeita. E só por isso, eu já conseguia imaginar o que tinha acontecido.

— Chitanda-senpai? Quando?

— Quando fomos à cafeteria.

Ōhinata provavelmente fez aquilo no automático, e por isso não entendeu de imediato do que eu estava falando. Mas quando entendeu, arregalou os olhos e me encarou sem piscar.

— Ah, agora que você falou...! Senpai, você até percebeu isso?

Na cafeteria, Ōhinata tinha escondido algo.

A revista Shinsou.

Se me lembro bem, o Satoshi tinha notado um exemplar da Shinsou na estante de revistas e pediu para Ōhinata pegar para ele. Ela teve dificuldade para tirar. A estante estava tão apertada com jornais e revistas que ela teve que segurar tudo com uma mão e puxar com a outra.

Antes da Chitanda chegar, o assunto tinha mudado para previsão do tempo. Não me lembro dos detalhes, mas quando estávamos indo embora, fui tirar um jornal da estante para verificar se o que eu disse sobre o tempo estava certo. Naquela hora, o jornal saiu com facilidade.

Havia espaço onde antes estava a Shinsou.

A Shinsou tinha sumido da estante. E também não tinha sido deixada no balcão. O local onde ela tinha desaparecido não era tão importante. Provavelmente só foi escondida em algum lugar. O que era estranho, na verdade, era por que ela tinha sumido. Não era nada óbvio. Alguém tinha feito isso de propósito — e se foi de propósito, por quê?

— O caso da empresa Suitou... Em outras palavras, foi por causa daquela matéria sobre o golpe com o dinheiro roubado, que saiu justamente naquela edição da Shinsou. Você pegou ela casualmente quando foi ao banheiro. Nunca imaginei que algo assim fosse acabar revelando tudo...

Ōhinata soltou um suspiro forçado.

— Esquece a Chitanda-senpai, eu devia ter ficado mais atenta a você, Oreki-senpai.

— Que falta de educação. Eu te paguei dango, não paguei?

— Eles realmente são deliciosos.

Ela comeu mais uma bolinha, e restava apenas um yomogi.

— Eu sou tão idiota. Não tem como saber com certeza que só o fato daquela revista estar na estante faria a conversa ir naquela direção.

— É verdade.

— O que diabos eu estava fazendo? Talvez nem eu saiba a resposta... — Murmurou para si mesma, virou-se para mim e assentiu levemente. — Parece que você basicamente entendeu o que aconteceu, Oreki-senpai, então vou falar direto. O tio daquela garota fazia parte de uma família rica. Nem eu teria medo se a Chitanda-senpai tivesse só um monte de contatos. Mas o fato era que ela pertencia a uma família antiga, então naturalmente eles teriam muitos contatos antigos com outras casas também, certo? Ela poderia muito bem ter dito um dia, com um sorriso, que foi visitar essa casa para trocar cumprimentos, não poderia?

Era uma possibilidade incontestável.

— Exato. Minha "amiga" enganou o próprio tio para conseguir dinheiro.

— Muito dinheiro?

— Era muito dinheiro.

Ōhinata ficou olhando para o último dango enquanto continuava.

— Eu fiquei com tanto medo. A polícia... não, não é isso. Mesmo que tivessem descoberto tudo, a polícia teria prendido só ela, não eu. Eu não tinha nada a ver com aquilo. Mas eu tinha medo dela. Se fosse para ficar com essa "amiga", ela faria qualquer coisa. Ela poderia até rir despreocupadamente de ter cometido um crime. E essa "amiga" era eu. Eu não sabia o que fazer. Eu tinha completamente subestimado a distância entre nós. É o que sempre pensei.

Embora o sol brilhava forte sobre nós, o corpo de Ōhinata estremeceu por um instante.

— Depois que ela soube que eu ia para o Colégio Kamiyam, ela me disse tantas coisas. Coisas como "Ah é? Então é esse tipo de pessoa que você é?" e "Você está cheia de mentiras, não está?" Ela ficou só alguns pontos abaixo na prova, então não conseguiu entrar. No fim das contas, mesmo indo para escolas diferentes, prometemos de novo que continuaríamos amigas e logo depois nos formamos. Quando entrei no colégio, percebi algo. Eu fiquei tão aliviada.

Sua voz foi ficando mais alta.

— Mas essa é uma história terrível, não é? Mesmo que ela tenha uma visão distorcida na cabeça, ela ainda me considera sua única "amiga". Eu não quero abandoná-la. Se houve algum tipo de mal-entendido entre a gente, não devo tentar resolver? Eu não posso abandoná-la. Não tenho permissão para isso. Seria errado, como ser humano. Foi o que eu fiquei me dizendo.

— E mesmo assim eu tenho tanto medo de tudo isso. Tenho medo do crime dela ser descoberto e tenho medo da nossa amizade ser exposta. No segundo em que pensei que a Chitanda-senpai poderia chegar até mim e dizer "Você é amiga dela, né?", eu não consegui mais encará-la.

Ōhinata então virou para o asfalto à nossa frente e começou a gritar como se quisesse esmagar suas palavras contra ele.

— Eu sou... Eu sou uma idiota!

O dono da loja de dango saiu e nos entregou chá. Aceitamos com gratidão, mas não precisávamos de mais nada. Havíamos conseguido descansar completamente durante aquela parada na jornada, mas precisávamos, enfim, chegar à linha de chegada.

Levantei-me e falei com Ōhinata, que continuava sentada.

— Chitanda ficaria muito feliz se você entrasse para o clube. Ibara e Satoshi também.

Quando ela levantou a cabeça, mostrou um leve sorriso e balançou a cabeça suavemente.

— Eu me assustei sozinha e acabei culpando a Chitanda-senpai, e ainda disse todas aquelas coisas horríveis para ela. Como eu poderia encará-la depois de tudo isso?

— Foi só um momento de ansiedade. As coisas vão voltar ao normal antes que você perceba. A Chitanda não guarda mágoa; na verdade, talvez ela possa até ajudar.

Até eu sabia que isso era impossível naquele momento. Eu tinha desfeito o mal-entendido entre elas, mas isso só provou que a Chitanda não tinha nada a ver com o problema da Ōhinata.

— Eu sei que você foi magoada, mas não pode descontar isso na gente.

Foi tudo que disse. E então, como esperado, Ōhinata começou a balançar a cabeça novamente.

— Eu vou me desculpar com a Chitanda-senpai eventualmente, mas acho que ainda não aguento ficar no mesmo lugar que ela.

— Entendi. Então vou indo.

No instante em que me virei para sair, ela me chamou.

— Você se lembra, senpai? Lembra do que eu te disse, quando decidi entrar para o Clube de Clássicos durante todo aquele recrutamento?

Relaxei os ombros e respondi.

— Não muito.

Não podia ver seu rosto, mas sabia que ela sorria mesmo assim.

— Você é tão mentiroso.

Como ela sempre sabia? Eu era mesmo tão fácil de ler?

— Ver amigos juntos me deixa mais feliz do que qualquer coisa no mundo. Eu falo sério. Então, o que eu quero dizer, senpai, é... esses últimos dois meses... acho que eles realmente me salvaram.

Naquele momento, talvez eu devesse ter me virado e dito algo diferente. "Se quiser, pode passar aqui quando quiser." Mas não consegui. As palavras dela saíram muito mais rápido.

— Os dango estavam bons. Muito obrigada.

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