Infernalha Brasileira

Autor(a): San


Volume

Capítulo 2: Uma Alma Nobre.

 Conforme eles andavam pela floresta, Hayakaz reparou que Elphaseus estava inquieto, e então resolveu agir.

— O que deu, cara? Por quê se tá todo pensativo aí? — perguntou Hayakaz.

— Meu lorde! Me desculpe… Estou apenas um pouco preocupado em relação a esse mago. Controlar monstros é uma magia realmente poderosa. — Elphaseus coçou o queixo.

— Saquei, mas não se preocupa. A gente vai vencer.

— Esse não é o meu medo, meu lorde. Eu estou preocupado com o fato de que este mago pode acabar nos fazendo lutar uns contra os outros.

— Entendi. Ele não vai nos fazer lutar uns com os outros, sabe o porquê?

— O que quer dizer, senhor?

— Porque é o dever de um líder proteger seus aliados.

 Ao ouvir as palavras de Hayakaz, Elphaseus abriu um sorriso tão genuíno que chegava a ser contagiante, o que fez Hayakaz sorrir também.

 Após conversarem, os quatro repararam que a cidade se aproximava, ficando cada vez maior. Ela era rodeada por enormes muros de pedra, tão altos que era difícil de ver algo dentro, mas não pareciam tão resistentes, como se fossem improvisados. Ao chegarem mais perto, eles reparam em um guarda sentado perto da entrada da cidade, mesmo estando tão tarde.

— Ei, vocês quatro! Pra entrar em Mizuhara, vocês têm que pagar o pedágio. Podem ir colocando as moedas na mesa, cinco pratas por pessoa — disse o guarda.

— Pera, pedágio? — perguntou Hayakaz.

— É assim que as coisas funcionam agora, bichano. Ou paga, ou vaza.

— Do que você me cha… — disse Hayakaz, não conseguindo terminar a frase.

— Desculpe o incomodo, senhor. Estamos de viagem e não fomos informados deste pedágio. Vamos nos retirar. — Garrik colocou o braço na frente de Hayakaz.

 Após os quatro se retirarem, se afastando da muralha, Hayakaz pegou no braço de Garrik e disse:

— Qual foi? Tu me corta pra falar uma merda dessa? Qual é a tua, Garrik?

— Não seja burro, bola de pelos. Atrair atenção só vai causar problemas. Vamos procurar outro modo de entrar — respondeu Garrik, com a mão no rosto e balançando a cabeça.

— Ele tá certo, Hayakaz. Só vamos ter problemas se atrairmos a atenção dos guardas sem um plano — falou Hexoth.

— Meus lordes, me permitem dar uma ideia? — perguntou Elphaseus fazendo reverência.

 Depois de conversarem um pouco, Hayakaz olhou para os outros três e disse:

— Você tá louco? Você sabe o que vai acontecer se isso der errado?

— Meu lorde. Por favor me deixe ajudar. Vocês estão fazendo todo o trabalho. Eu ainda sou um servo, senhor.

— Você não precisa se forçar a isso, Elphaseus — disse Hexoth.

— Não estou me forçando, meu lorde. Eu realmente quero fazer isso.

— Isso não é motivo pra fazer algo desse tipo — falou Hayakaz.

— Hayakaz, ele é bem forte. Vai ficar tudo bem. Deixe de ser protetor com um servo, temos vários outros — disse Garrik.

— Não importa que ele seja um servo. Ele é nosso amigo. Não eram vocês que estavam falando de atrair atenção? — falou Hayakaz.

— Quando ele terminar, muita gente vai entrar junto, logo, não vão reparar que fomos nós que causamos isso.

— Meu lorde, eu prometo que vou voltar vivo, afinal eu vou servir vocês pelo resto de suas vidas.

 Hayakaz olhou para Elphaseus e, após ver seu olhar determinado, disse:

— Argh. Ta! Eu não concordo com isso, mas se não tem outro jeito… vamos fazer isso.

 O servo então voltou até o lugar do pedágio com o manto cobrindo todo o seu corpo.

— O que você quer? Pra entrar tem que pagar, baixinho — falou o guarda, com a cabeça erguida e um sorriso no rosto.

— Que seus pecados sejam julgados… — sussurrou Elphaseus.

— O que se disse? Fala pra fora!

— Que sua alma seja purificada, em nome de Lúcifer. — Depois de Elphaseus dizer isso, seu corpo começou a brilhar em vermelho — Vazio Sombrio!

 Depois de recitar o encantamento, a luz no corpo de Elphaseus começou a ficar cada vez mais ofuscante, até se tornar uma total silhueta vermelha, resultando em uma explosão seguida de uma enorme destruição, o que deixou uma brecha para os três lordes entrarem correndo, junto de várias pessoas que não conseguiram pagar o pedágio.

— Esse sabe fazer um belo show heim, haha — disse Hexoth enquanto corria.

— Servir de distração se explodindo. Isso não me parece uma boa ideia — falou Hayakaz

— Calem a boca e continuem correndo — disse Garrik — Não sabemos quanto tempo essa distração vai durar.

 Após ouvirem as palavras de Garrik, os dois lordes se focaram em correr sem olhar para trás, e depois de muita corrida os três acabaram parando em um beco.

— Cara… isso foi incrível… — falou Hexoth, ofegante.

— Eu… não esperava… algo tão… grande assim… — falou Hayakaz, que mal conseguia manter sua língua na boca.

 Garrik apenas se sentou, encostado na parede, sem dizer nada.

— Certo, ele disse que nos alcançava depois da distração, mas cadê ele? — perguntou Hayakaz

— Não sei, Hayakaz, mas ele deve tá chegando. Ele acordou a gente, acho que isso não seria problema pra ele, haha — respondeu Hexoth.

— Ta! Temos que bolar um plano. Tem um mago humano que controla monstros na cidade. Então a gente tem que matar ele, porque senão a gente não vai ter como usar o exército contra a humanidade. O que acham de procurarmos informações, por hora?

— Certo, Hayakaz. Não esperava que você conseguisse ter uma ideia plausível

— Cala boca, Hexoth.

 Enquanto os dois lordes discutiam, Garrik decidiu sair do beco e se misturar na multidão.

— Ele não vai fazer o que eu to pensando, né? — perguntou Hexoth.

— É. Ele vai.

 Após ficar um pouco na multidão, Garrik voltou para o beco com alguns pequenos sacos de couro, que jogou perto dos dois.

— Pronto. Agora temos um pouco de dinheiro — falou Garrik, com um sorriso no rosto.

— Algumas vezes você é incrível, Garrik — disse Hexoth, segurando o riso.

— Ta! Voltando ao foco principal, como vamos conseguir mais informações? — perguntou Hayakaz.

— Detesto depender de humanos, mas precisamos explorar a cidade e conseguir mais informações sobre o tal mago. Eu vou perguntar para alguns guardas que eu vi nas muralhas. Não causem problemas! — intimou Garrik.

— Pode deixar. A gente não vai fazer nada errado dessa vez, Senhor Certinho, eu acho — falou Hayakaz.

— Espero que isso seja verdade, bola de pelos.

 Os três então se separaram, com Hexoth e Hayakaz andando pelo centro da cidade e Garrik andando pelas proximidades das muralhas.

 Após andar um pouco, Garrik acabou achando alguns guardas que estavam discutindo em um dos cantos da muralha.

— Com licença, senhores — falou Garrik, tentando manter a compostura.

— Heim? Ah! É só um elfo qualquer. Não tem nada pra você aqui, vaza — respondeu um dos guardas.

— Eu apenas quero informações. Mais especificamente sobre o Grande Mago. — Garrik mostrou o saco de moedas.

— Então você quer saber sobre o senhor Azazel? — perguntou o primeiro guarda — Agora você parece alguém respeitável. É o seguinte, orelhudo, a alguns anos a cidade tava com problemas por causa da superlotação de monstros nas florestas ao lado, então o senhor Azazel apareceu e matou a maioria dos monstros, o resto ele controlou e levou para longe, assim salvando a cidade. Nós devemos as nossas vidas a ele.

— Entendo. Por algum acaso ele tem momentos específicos para aparecer na cidade?

— Geralmente ele aparece nos desfiles, mas só isso mesmo. Inclusive, vai acontecer um desfile em alguns minutos.

— Entendi. Obrigado pelas informações. Espero que aceitem esse… agradecimento pelas informações. — disse Garrik entregando cinco moedas de prata falsas.

— Hehe. Foi bom negociar com você, elfo.

 “Isso foi mais fácil do que eu pensava. Bando de idiotas”, pensou Garrik.

 Enquanto isso, Hayakaz e Hexoth andavam pela cidade, pedindo informações, quando perceberam uma ferraria aberta e decidiram ir até ela.

— Opa, tem algum human… digo ferreiro, disponível? — falou Hayakaz,

— Claro. O que desejam? — falou um humano atrás do balcão.

— Nós queríamos fazer algumas perguntas, se possível — respondeu Hexoth,

— Informações? Bom, minha memória não esteve tão boa nos últimos dias, sabe?

— Entendi. Isso é suficiente? — Hexoth colocou cinco moedas de prata na mesa.

— Hexoth, você não acha que tá exagerando?

— Eu sei o que eu to fazendo, Hayakaz.

 O humano colocou uma mão no queixo e outra nas moedas e falou:

— O que querem saber?

— Bom. O que você sabe do Mago que Controla Monstros?

— Ah… são forasteiros! Entendi. O senhor Azazel salvou nossa cidade. Tinham demônios na floresta e então ele controlou todos os animais e atacou os demônios nos salvando.

— Até bem simples. Então ele salvou toda a cidade. Bem honroso, eu diria — falou Hayakaz com a mão no queixo.

— Eu tenho mais uma pergunta. Você sabe quando ele aparece na cidade? — disse Hexoth.

— Bom, minha memória ficou bem ruim de novo! Olha que coisa.

— Certo. Mais dez? — perguntou Hexoth

— Vinte!

— Argh. Ta! Trato fei… — disse Hexoth, antes de ser interrompido.

— Não! — Hayakaz bateu no balcão.

— Bom. Que peninha. Eu não me lem…

— Você vai nos dizer, e vai ser agora, a menos que queira seu órgãos espalhados por toda a cidade — falou Hayakaz, olhando nos olhos do ferreiro enquanto o segurava pela roupa e o ameaçava com a outra mão.

— Gua… GUARDAS! SOCORRO! — gritou o ferreiro.

 Ao ouvir os gritos do ferreiro, Hayakaz golpeou a cabeça dele com sua manopla, o esmagando, e então foi até o lado de fora, seguido por Hexoth.

— É. Você é mesmo um pavio curto, Hayakaz. Ainda dissemos ao Garrik que não íamos fazer algazarra — Hexoth começou a se alongar.

— Eu não sou pavio curto, eles que são muito irritantes.

— Você tem razão, mas você precisa aprender a se controlar, nem que seja um pouco.

 Os guardas então os cercam, apontando seus projéteis mágicos de terra e fogo.

— Abaixem suas armas e se rendam, ou seremos obrigados a usar a força — disse um dos guardas.

— Força? Tsc… Vamos ver quem é mais forte — falou Hexoth, liberando sua aura com uma pressão enorme, que fez alguns guardas caírem de joelhos.

— Ma… mas que merda é essa?! — gritou um dos guardas.

— Vamos acabar com isso rápido, certo, Hexoth?

— Eles não parecem ser fortes, não acho que seria divertido. Só vamos embora.

— Do nosso jeito? — perguntou Hayakaz com um sorriso no rosto.

— Óbvio — respondeu Hexoth com um olhar psicótico.

 Após receber a resposta de Hexoth, Hayakaz abriu um sorriso ainda maior e pulou para cima dos guardas, abrindo um caminho para Hexoth, que veio golpeando os guardas que sobraram.

 No beco, Garrik estava sentado em um dos cantos, quando um enorme portal surgiu em sua frente, o deixando confuso. Após alguns segundos, uma pessoa saiu do portal, era Elphaseus.

— Ah. Então você sobreviveu àquela explosão. Pelo visto você cumpre com a sua palavra — disse Garrik.

— Fico lisonjeado, meu lorde — disse Elphaseus, soltando vapor de suas feridas.

— Então? Você conseguiu alguma informação útil, servo?

— Eu estive fugindo até agora, meu lorde. Não consegui nenhuma informação.

— E isto me é útil em que? Eu pensava que você era mais útil — falou Garrik, colocando sua mão no rosto, se segurando para não xingá-lo ainda mais.

— Sinto muito, meu lorde.

 Depois da conversa, Garrik reparou que Elphaseus estava com um olhar distante e resolveu perguntar:

— Pelo o que você está tão preocupado?

— Ah! Não é nada, meu lorde.

— Me diga o que aconteceu. É uma ordem do seu superior.

 Elphaseus se assustou com a mudança de tratamento de Garrik, mas logo se recompôs e falou:

— Eu estou preocupado com o que o senhor Hayakaz me disse… se esse mago for como as pessoas falam pelas ruas, ele será um grande problema.

— Você quer nos proteger?

— Sim, meu lorde.

— Então… prove isso.

 Ao ouvir isso, Elphaseus levantou sua cabeça, como se tivesse finalmente entendido algo.

 Garrik foi até a entrada do beco e começou a observar a multidão, quando de repente ele escutou uma explosão vindo do centro da cidade.

— Argh! Droga. Eu disse para eles não causarem problemas! — Garrik correu na direção do som.

 Ao chegar no centro da cidade, Garrik viu Hayakaz e Hexoth cercados por vários guardas caídos.

— O que vocês fizeram?! — perguntou Garrik.

— Nada demais — respondeu Hayakaz.

 Enquanto eles conversavam, uma voz misteriosa surgiu: — Vá, N37.

 Após isso, um enorme lagarto bípede caiu do céu, próximo aos dois. O lagarto então começou a golpear os dois descontroladamente.

— Mas que merda é essa? Por que você tá atacando a gente? — disse Hayakaz, antes de ser golpeado e jogado contra uma parede.

— Esse bicho não vai ouvir a gente. Vamos ter que… — disse Hexoth, antes de ser agarrado pelo lagarto.

 O lagarto levantou Hexoth, próximo ao seu rosto, e abriu a boca tentando devorá-lo, quando Hexoth reparou em algo desenhado na testa do lagarto.

— Entendi — falou Hexoth

 Garrik preparou seu arco e disparou na mão do lagarto, assim soltando Hexoth.

— Ele tem um círculo mágico na testa. Aquele mago deve estar controlando — disse Hexoth

— Beleza, mas como a gente mata essa coisa?! — perguntou Hayakaz.

— Eu não sei vocês, mas eu vou me divertir com isso.

— Você já teve ideias melhores, Hexoth — falou Garrik.

 Hayakaz abriu um sorriso e pula na direção do lagarto, dando um leve toque na pele dele enquanto se desviava dele.

Patas de Lagarto!

 Após terminar de falar, seus braços começaram a brilhar em amarelo, dessa vez assumindo a forma de braços de lagarto. Ele então começou a golpear o lagarto, causando leves danos. Hexoth pulou na direção do lagarto, invocando sua espada e golpeando suas pernas.

— Agora, Garrik! — disse Hexoth.

 Garrik então preparou seu arco e disparou três tiros seguidos no lagarto, o fazendo recuar um pouco, assim dando uma abertura para Hayakaz que golpeou as patas do lagarto, o fazendo cair e permitindo que Hexoth golpeasse a cabeça dele até cortá-la.

 Eles se afastaram do corpo e repararam todas as pessoas reunidas ao redor deles com olhares de nojo e medo. Então Elphaseus apareceu na multidão e correu na direção deles.

— Esse bicho foi difícil de matar, mas não foi pior que aquele baixinho do mausoléu — falou Hexoth

— Você tem toda a razão. Aquele cara era forte demais — disse Hayakaz.

— Meus lordes. Parece que esse lagarto estava sendo mesmo controlado. Suponho que deve ter sido o tal mago  — Elphaseus analisou o corpo.

— Era realmente controle mental. Parece que temos um grande problema aqui — falou Garrik coçando o queixo.

— Então… vocês sobreviveram. Isso é inesperado, mas não vai mudar o resultado final. — Um encapuzado pulou de cima de uma casa.

 Após ouvirem a voz, eles repararam na pessoa com um manto cinza escuro que se aproximava. Quanto mais perto ela chegava, mais o sol ia nascendo e iluminando a cidade aos poucos. 

 Quando o sol iluminou o corpo do lagarto, ele se desfez em pó.

— Você não serviu nem pra isso. Vou ter que fazer mais alguns ajustes em você, N37 — falou o encapuzado olhando para o lagarto que virava pó.

— Você controlou a mente dele e ainda diz isso?! — falou Hexoth, com um olhar de desprezo.

— Ele era apenas uma marionete, não tenho motivo para ter pena dele, mas isso não importa agora. Eu vou acabar com isso de uma vez..

— Então… você é o Azazel, o “Mago Controlador de Monstros”? — perguntou Garrik.

— Oh! Então você sabe o meu nome? Interessante. Sim, eu sou Azazel. E vocês? Quem são? — perguntou Azazel.

— Hayakaz, esse é o nome daquele que vai te matar. — Hayakaz apontou para Azazel.

— Belas palavras… Não está sendo audacioso, nyancaller?

— Vamos acabar com isso logo. — Hexoth empunhou sua katana.

 Hexoth pulou na direção de Azazel, golpeando-o contra o chão e levantando uma nuvem de poeira. Quando a poeira baixou, Hexoth percebeu que uma barreira anulou seu golpe.

 “Ele usou um encantamento sem recitar?", pensou Hexoth.

— Seu golpe mais forte? — disse Azazel, antes de chutar Hexoth na direção dos outros dois.

— Aprenda o seu lugar, humano — disse Garrik, disparando contra Azazel, que bloqueou os projéteis com outra barreira.

— Concentrem-se em lutar, não em falar. Senão nunca vão me acertar — falou Azazel.

— Que merda. Esse cara não para de bloquear. O que a gente faz? — perguntou Hayakaz.

— Talvez a “Lobo de Guerra”? — falou Hexoth.

— Certo — disseram Hayakaz e Garrik, entrando em suas posições.

 Hayakaz então começou a carregar energia enquanto transformava seus braços.

— Elphaseus, atrasa ele um pouco pra gente, pode ser?

— Certo, meu lorde. Correntes de Sangue! — Elphaseus invocou um círculo mágico que surgiu ao redor de Azazel, que liberou sua aura tentando quebrar o círculo, mas sem efeito.

— Um encantamento? — falou Azazel, olhando para o Elphaseus. 

 Quando Azazel olhou diretamente para Elphaseus, seus olhos se arregalaram.

— É você! — disse Azazel — Seu desgraçado!

 Azazel pulou na direção de Elphaseus, quebrando o encantamento ao seu redor, e começou a golpeá-lo, o arremessando de um lado para o outro da arena.

— Por quê você ainda tá vivo?! — gritou Azazel, enquanto golpeava Elphaseus.

— Do… que… você… tá… falando?! — Elphaseus tentou dizer.

 Elphaseus então abriu os braços liberando uma aura que afastou Azazel.

— Eu não sei o que você tem contra mim, mas eu não vou perder tão fácil — disse Elphaseus, tirando seu capuz branco e revelando sua aparência. Era um demônio de pele vermelha, chifres de magma, cabelos pretos e olhos dourados.

— Você… você vai pagar pelo que fez! Você vai pagar! — falou Azazel, pulando na direção de Elphaseus, recomeçando a troca de socos.

 No meio dos socos trocados, Elphaseus se aproveitou de uma abertura nos golpes de Azazel e o golpeou, o fazendo recuar um pouco.

— Morra de uma vez — Azazel tentou socar Elphaseus, que segurou seu punho e disse:

— Eu disse… que eu não vou perder.

 Elphaseus golpeou Azazel no peito, o fazendo recuar, e logo em seguida seguiu o golpeando com uma sequência, sem dar chance para ele se livrar. 

 Após ser golpeado diversas vezes, Azazel olhou para Elphaseus e disse: — Caia!

 Após Elphaseus ouvir as palavras de Azazel, uma enorme pressão caiu sobre seu corpo, o fazendo ficar deitado no chão.

— Como… — falou Elphaseus, mal conseguindo se mexer.

— Você parece ser um bom feiticeiro, mas se esqueceu que eu não preciso nem recitar eles.

— Do que… está falando…

— Se eu não preciso recitar eles, significa que eu já tenho um poder imenso para encantamentos, mas se eu os recitar mesmo assim, eles podem ter até o triplo da força original… Agora… Abaixe sua cabeça perante as correntes de seu senhor… — Azazel começou a recitar um encantamento com um sorriso no rosto.

— Eu… não… vou… traí-los…

Elphaseus então se levantou, quase não conseguindo se manter.

 “Não está funcionando? Ele tem tanta determinação assim?”, pensou Azazel.

— Eu vou cumprir a minha promessa… — disse Elphaseus, indo na direção de Azazel. — Eu vou servir meus lordes até o fim da minha vida! — Elphaseus golpeou Azazel que dessa vez não recuou.

— Você… está mais fraco — disse Azazel, golpeando o peito de Elphaseus e o fazendo cair no chão outra vez.

— Pensando bem, te tornar uma marionete seria uma punição muito leve para você. Então… eu vou te torturar até você implorar pra eu te matar! — falou Azazel, se preparando para chutar a cabeça de Elphaseus. 

 Quando Azazel ia golpear Elphaseus, um punho acertou seu rosto em uma velocidade absurda. Era Hayakaz.

— Eu não sei qual o seu problema, mas você mexeu com o meu servo — disse Hayakaz, o golpeando de novo — Se ponha no seu lugar.

 Após alguns golpes, Hayakaz pulou para trás fazendo um sinal com a mão para Garrik, que disparou contra Azazel o fazendo recuar um pouco, dando chance para Hexoth ativar sua magia — Corte Sombrio! — e arremessar sua katana coberta por sombras para Hayakaz, que por último, golpeou Azazel com um corte de cima a baixo com a katana e suas manoplas de lobo — Técnica em Conjunto: Lobo de Guerra — gerando uma explosão enorme.

 Após alguns segundos a poeira começou a se desfazer, revelando Azazel com um enorme ferimento no peito. 

— Seu… Seu verme!!! — disse Azazel, criando uma lança de pedras vermelhas e se preparando para golpear Hayakaz — Lança Santa.

 Ao ver a lança se aproximar, Hayakaz sabia que não ia conseguir desviar dela. Foi então que algo cobriu sua visão e sangue jorrou para os lados. A ponta da lança por pouco não tocou Hayakaz.

— Elphaseus? Po… por quê? — perguntou Hayakaz, com lágrimas caindo de seus olhos.

— Eu fiquei… cof cof… sem mana… Era o único… jeito de… cof cof… te salvar — disse Elphaseus, com sangue escorrendo pela boca.

— Não! Calma! A gente vai te curar! É só a gente usar um encantamento, não é?! —  falou Hayakaz, não conseguindo mais segurar suas lágrimas.

— Não adianta… — Elphaseus parou a mão de Hayakaz. — Não é possível… cof cof… curar um ferimento… de magia sagrada. Eu sou um demônio… lembra? — Elphaseus fechou os olhos. — Me perdoe… Eu não pude… cof cof… cumprir a… minha promessa… 

 Então, a mão de Elphaseus, que estava apoiada na mão de Hayakaz, caiu ao chão sem forças.

— Elphaseus? Não! Não! Elphaseus! AAAAARGH!!! — gritou Hayakaz, que caiu em um mar de lágrimas.

— Só morra de uma vez. Está atrasando a minha diversão — falou Azazel, com um olhar assustador.

 Hayakaz se calou, e lentamente colocou de Elphaseus no chão. O corpo dele ia se desintegrando conforme o sol o cobria. Depois de alguns segundos, o céu inteiro escureceu de maneira anormal. Hayakaz, de cabeça baixa e de olhos fechados, disse:

— Você não sente nem um pingo de culpa pelos seus crimes… — Uma aura amarela começou a transbordar do seu corpo de Hayakaz, causando uma leve pressão ao redor — Então eu também não vou me sentir culpado pelo que eu vou fazer agora…

 Raios começaram a sair da aura de Hayakaz, que agora mostrava dentes e garras enormes.

Eu vou destruir você!



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