Infernalha Brasileira

Autor(a): San


Volume

Capítulo 9: Correntes de Vidro.

 Após alguns minutos, os quatro estavam reunidos na frente da entrada do castelo, suas roupas estavam totalmente reparadas e seus ferimentos haviam sido curados.

— Estão todos prontos? — perguntou Dartanham.

— Estamos — disse Hexoth.

— Vamos logo — falou Hayakaz.

— Certo, certo. — Dartanham bateu as duas mãos, gerando um som que ecoou por todo o local, e então os três lordes se viram novamente em uma enorme planície de grama.

— Não importa quantas vezes ele faça isso, é sempre muito estranho — falou Hayakaz.

— Fiquem atentos, ele deve começar logo! — Garrik entrou em posição de defesa e invocou suas pistolas tubarão. — Despertem e cacem… Disparadores Tubarão!

 Após alguns segundos, Dartanham apareceu em sua forma demoníaca, sua presença era tão forte que chegava a ser sufocante.

— Muito bem. Vejo que já estão em posição de luta.

— O que vai ser dessa vez? Vai bater na gente até cansar, que nem na última vez? — disse Hayakaz, dando uns passos para trás.

— Quase isso. Primeiro irei lhes ensinar a despertar e controlar seus poderes. Se conseguirem fazer isso, eu vou lhes mostrar um artefato que pode ser útil em um futuro próximo, e depois irei lhes ensinar a realizá-la.

 Os três lordes se olharam sem entender nada, e então Hexoth disse:

— Agora as coisas estão interessantes. Vamos de Águia de Sangue! — Hexoth olhou para os dois e então partiu na direção de Dartanham, que bloqueou a espada com as mãos.

 No momento em que Dartanham bloqueou a espada de Hexoth, seu olhar se tornou mórbido por uma fração de segundo.

 “O que?”, pensou Hexoth.

— Arrume sua postura! — Dartanham golpeou o tríceps e as costas de Hexoth, mudando sua pose.

— Droga! Presas de Serpente! — A lâmina de Hexoth então se transformou em uma serpente que tentou morder Dartanham, mas ele apenas se virava de lado para desviar.

— Atacar de maneira disforme é uma estratégia interessante, mas isso pode te deixar mais desprotegido que um ataque coordenado… — Dartanham correu na direção de Hexoth, desviando da serpente como se não fosse nada, e então golpeou Hexoth com a palma da mão esquerda, o arremessando para longe. — Um inimigo que sabe seus padrões é um grande problema, mas um inimigo que consegue ver através de seus ataques é ainda pior.

— Argh! Eu sei! Você falou a mesma coisa da última vez. — Hexoth correu novamente na direção de Dartanham, mas ao invés de o golpear com sua serpente, ele a fez entrar dentro do solo — Armadilha de Lâminas! — e de repente diversas lâminas saíram do solo, prendendo Dartanham.

— Interessante… Essa foi uma boa armadilha, mas você sabe que isso não vai me parar por muito tempo?

— Já é tempo suficiente! — Hexoth abriu um sorriso e olhou na direção de Garrik, que estava carregando um ataque com suas pistolas.

Disparo Marinho! — Garrik então disparou na direção de Dartanham, que quebrou as lâminas que o prendiam e tentou esquivar, mas teve seu braço esquerdo explodido.

— Hmph… — Dartanham abaixou sua cabeça, novamente com um olhar mórbido. — Vocês precisam criar novos padro… — Antes que Dartanham pudesse terminar, seu braço direito foi decepado. — O que?

 De repente Hayakaz apareceu do lado de Dartanham, seus braços haviam se tornado enormes asas de águia, mas suas penas eram tão afiadas quanto a lâmina de uma espada. — Asa de Águia!

— Eu não era a única distração, professorzinho. Hahaha! — disse Hexoth.

 Dartanham arregalou os olhos com a situação, e então abriu um sorriso.

— Duas distrações seguidas, talvez vocês…

— Se você tem tempo pra falar, tem tempo pra desviar! — Hexoth correu na direção de Dartanham — Lobo de Guerra, agora!

 Hexoth tentou golpear Dartanham, que agora tinha dificuldade para desviar.

— Trocar — falou Hayakaz, saindo de trás de Hexoth e socando Dartanham. — Garras de Lobo!

 Após isso, Hayakaz começou a pressionar Dartanham, o fazendo recuar.

— Seus socos realmente estão cheios de raiva, mas você cometeu o mesmo erro do senhor Hexoth. — Dartanham começou a investir contra Hayakaz, desviando de seus socos, e então chutou Hayakaz, levantando uma nuvem de poeira. — Golpes aleatórios geram aberturas aleatórias.

 Quando a poeira baixou, Dartanham arregalou seus olhos. Seu chute havia sido bloqueado por Hayakaz.

— Quem disse que eram aberturas aleatórias? — Hayakaz abriu um sorriso e então olhou para Hexoth. — Agora!

Corte Sombrio! — falou Hexoth, imbuindo sua espada em sombras enquanto a descia com toda a força.

Disparo Marinho! — disse Garrik, disparando contra Dartanham.

 O impacto do disparo e do corte gerou uma enorme explosão, tanto de energia quanto de poeira, e conforme a poeira ia se dissipando, Garrik ia se aproximando em guarda alta. Após a nuvem se dissipar totalmente, Garrik pode ver o resultado dos ataques: os braços de Dartanham haviam se regenerado totalmente e criado dois escudos de pedras, um para bloquear o golpe de Hexoth e o outro para bloquear o golpe de Garrik.

— Droga, não pensei que sua regeneração fosse tão rápida… — disse Hexoth.

— E eu não pensei que a sua Criação conseguisse segurar o Hexoth e o Garrik — falou Hayakaz.

— O plano de vocês foi muito bom, vocês teriam me derrotado se isso fosse uma luta até a morte.

— Droga, a gente não consegue nem furar a sua defesa — reclamou Hayakaz.

— Com tempo e treino, vocês talvez voltem aos seus ápices de poder… Mas há algo que eu não entendi.

— O que quer dizer com isso? — Perguntou Garrik.

— Eu não disse que teríamos um treino de combate…

— Ah não… — Hayakaz bateu em seu próprio rosto com a palma da mão.

— Eu disse que iríamos treinar a liberação e controle de seus poderes.

— Droga! Então a gente apanhou de graça?!

— Digamos que… sim!

 Ao ouvirem isso, os três sentaram no chão, de cabeça baixa. Após alguns segundos, Hexoth olhou para Dartanham e disse:

— Bom, se não viemos para tomar uma surra, como vai ser o tal treino?

— Por hoje, meditação.

— É o que? — disse Hayakaz. 

— Isso mesmo, vocês vão passar todo o dia meditando.

— Já aviso que isso não vai dar certo…

 Enquanto isso, havia uma grande movimentação de pessoas por todos os lados da catedral. Klaus se movia em meio às pessoas, com algo em suas mãos, desviando de todas as pessoas que passavam por perto.

— Desculpe, senhor Klaus! — disse uma atendente que quase esbarrou nele.

— Não foi nada, não se preocupe. Você não me acertou, afinal — respondeu Klaus, com um sorriso carismático no rosto.

 Após isso, Klaus continuou andando, até passar por uma escada circular com tijolos requintados, eram dourados e bem cuidados, como os tijolos de um castelo. Ao chegar no topo da escadaria e passar por uma porta, Klaus pode ver uma enorme gaiola dourada que parecia ser projetada para pássaros, dentro dela repousava a garota de pele cinza e cabelos brancos, Kagura.

— Senhorita? Aqui está seu almoço — disse Klaus, entregando a coisa que carregava: uma vasilha com uma boa quantidade de comida e uma jarra de água. 

— Obrigado, senhor Klaus — disse ela, pegando o almoço e comendo lentamente, com um pequeno sorriso no rosto.

 De repente uma pequena bolinha brilhante surgiu rodeando Karura.

— Você fez um novo amigo? — perguntou Klaus, com um pequeno sorriso.

— Eu não sei ao certo… esse vagalume apareceu hoje cedo e resolveu ficar…

— Ele parece gostar de você.

— Não… eu não teria esse direito… — Kagura tentou forçar um sorriso, mas Klaus percebeu.

— Sinto muito… Eu não consegui impedi-los…

— Não se preocupe… Isso ia acontecer uma hora ou outra… E você esteve junto de mim o tempo todo, você já fez mais do que devia…

— Mas…

— Não se preocupe… Eu apenas quero que você faça o que tem que ser feito, por favor.

— Eu… Tudo bem… — Klaus concordou com a cabeça e saiu do local. — Me desculpe, pequena flor…

 Após isso, Klaus trancou a porta que dava passagem à gaiola e começou a descer as escadas.

 “Pobre criança, nascer com um poder tão profano em suas mãos…”, uma pequena sombra se manifestou no ombro de Klaus.

— Não! Ela não nasceu assim, Pandora! — disse Klaus, com um olhar repleto de ódio. — É tudo culpa dele! Ele amaldiçoou a Kagura!

 “Você está certo… É tudo culpa de Hexoth…”, a sombra se posicionou atrás de Klaus e colocou as mãos ao redor do pescoço dele.

— Sim… Ele causou tudo isso!

 “Igual fez com a Hen…”

— Sim! Todas essas coisas são culpa dele! Ele tirou a vida da Hen, e agora vai matar a Kagura!

 “Só há uma forma de terminar isso…”

— Sim… — Olhar de Klaus estava completamente ameaçador. — Ele tem que morrer!

 Enquanto isso, na dimensão de treino, os três lordes estavam em postura de diamante, de olhos fechados e com as mãos nos joelhos.

— Vocês precisam respirar calmamente — disse Dartanham, golpeando o peito de Hexoth — e precisam se concentrar no fluxo de mana pelo corpo. — Dartanham golpeou a nunca de Hayakaz.

— Ai! Vai com calma, cara!

— Concentrem-se! Vocês não podem perder o foco em uma batalha de magia, senão podem acabar perdendo o controle e machucando a si mesmos no lugar do inimigo.

 Ao ouvir isso, Hexoth arrumou sua postura e voltou a se concentrar, e de repente escutou uma voz ecoar em sua mente.

 “Salve-a…”, disse a voz.

 Quanto mais Hexoth tentava se concentrar, mais ouvia a voz ecoar.

 “Cale-se!”, pensou Hexoth, que de repente se viu em um enorme vazio negro.

— Mas qu… — Antes que Hexoth pudesse terminar, ele viu um enorme olho pairando pelo ar.

 “Salve-a… Você deve salvá-la…", a voz ecoava por todo o lugar.

 Então, enormes mãos vermelhas começaram a sair debaixo de Hexoth e começaram a puxá-lo para baixo, tentando o afundar no vazio

— O que? Que droga é essa?! — Hexoth golpeou as mãos com sua espada.

“Salve-a! Salve-a! Salve-a!”, a cabeça de Hexoth se encheu dessas vozes, ele mal conseguia ouvir a própria voz e os próprios pensamentos.

— Chega! — Hexoth gritava, enquanto era puxado para baixo, até sobrar apenas a sua cabeça.

— Hexoth! Acorda, Hexoth! — Hexoth acordou com Hayakaz o sacudindo e dando tapas em seu rosto.

— O que… aconteceu? — perguntou Hexoth.

— Cara, você tá bem? Você começou a liberar mana adoidado, e gritar! Tá tudo bem?

— Eu… não sei. Eu acho que eu acabei cochilando. — Hexoth colocou a mão na cabeça, tentando se lembrar do que havia acontecido. — Minha cabeça tá doendo pra caramba!

— Talvez você deva descansar um pouco… — disse Garrik.

— Não! Eu vou ficar bem, vamos continuar! — gritou Hexoth, com um olhar fulminante.

— Não se perca em seus pensamentos, Hexoth! — disse Dartanham, o golpeando nas costas. — Se você se distrair, vai perder o controle.

 Após alguns segundos, Hexoth estava novamente na postura de diamante, tentando meditar. 

— Garrik, você está deixando sua mana escapar do controle — disse Dartanham.

— Ah? Droga! — Garrik respirou fundo e voltou a se concentrar.

— Senhor Hayakaz, arrume sua postura e mantenha o foco.

 Enquanto Dartanham tentava colocar Hayakaz nos eixos, Garrik tentava manter o foco e meditar corretamente, quando de repente, a visão dos elfos mortos veio à sua mente, o fazendo liberar a mana contida.

— Argh! Droga!

— O senhor precisa manter o foco em apenas um pensamento.

— Ta! Mas pra que a gente tá treinando isso? — disse Hayakaz.

— Tendo controle de seu foco, é possível não demonstrar sua vontade assassina, além de que assim sua mana não sairá do controle. Agora, volte para a meditação.

 Garrik respirou fundo e tentou se concentrar novamente, mas toda vez que fechava os olhos, as imagens do massacre vinham à sua mente.

— Argh! Já chega! Eu cansei disso! — disse Garrik, se levantando.

— Acalme seus ânimos. Isso não é algo difícil.

— Se é tão fácil, faça você! Eu já me cansei disto! — Garrik arrumou suas roupas. — Abra a fenda!

— Mas, Gar…

— Agora!

— Certo… — Dartanham respirou fundo, como se estivesse se contendo, e começou a desenhar símbolos no ar. Então criou uma fenda na frente de Garrik, que atravessou sem olhar para trás.

— Ele só precisa de um tempo. Ele não quis dizer aquilo — falou Hexoth, de olhos fechados tentando controlar sua respiração.

 Dartanham não respondeu, apenas abaixou a cabeça e continuou os guiando, mas novamente o olhar mórbido surgiu em seu rosto

— Ei! Pss! Hexoth! — sussurrou Hayakaz.

— Agora não! Não quero levar porrada de novo…

— Cara, você não tá achando o Dartanham meio estranho?

— Estranho? Como assim?

— O olhar dele parece meio… morto, não sei.

— Não, não reparei.

— Concentrem-se! — Dartanham novamente golpeou as costas dos dois.

 Conforme os lordes iam treinando, o tempo foi passando.

 No dia seguinte, Garrik retornou para o treinamento. Foram segundos que se tornaram minutos, minutos que se tornaram horas e, por fim, os três dias haviam passado.

— Agora, iremos checar seus desempenhos em uma prova prática. Todos estão prontos? — disse Dartanham, parado em frente aos três lordes.

— Óbvio! Cai dentro! — disse Hayakaz, com um sorriso no rosto.

— Claro! — Hexoth entrou em guarda, segurando sua katana.

— Vamos logo com isso… — disse Garrik, com seu arco empunhado.

 Ao ouvir isso, Dartanham abaixou sua cabeça e novamente seu olhar mórbido havia surgido, mas dessa vez estava muito mais aparente do que das outras vezes.

 “Chega!”, pensou Dartanham, que então começou a desenhar um símbolo em seu peito, fazendo um clone surgir ao seu lado.

— Este clone pode não ser tão forte, mas ele é necessário para o que irei lhes mostrar. Vocês precisarão de alguém com um corpo parecido com o de vocês — disse Dartanham, com um sorriso no rosto.

— Tá, mas o que você vai mostrar, afinal de contas? — perguntou Hayakaz.

— Acalme-se, Hayakaz, esta técnica leva um bom tempo, mas é muito poderosa. — Dartanham retirou um par de braceletes dourados de seu bolso e mostrou aos lordes. — Esses são os Braceletes de Nanamiah, vocês terão que usar um em cada, cada um em um braço diferente. Igualar sua mana com a de seu parceiro também ajuda, isso evitará uma separação instantânea!

— Separação instantânea?

Me dê seu poder, que eu lhe darei o meu, e então nos tornaremos um só com a mana… — Dartanham e seu clone começaram a recitar o feitiço juntos. Alguns segundos após isso, o sorriso gentil de Dartanham foi substituído por um olhar de desgosto. Um enorme clarão se formou, forçando os lordes a fecharem os olhos. — Magifusão!

— Fusão?! — Os três lordes falaram juntos.

 Após alguns segundos, o clarão começou a se desfazer, revelando uma versão um pouco diferente de Dartanham. Seus cabelos e chifres estavam muito mais longos, seu corpo parecia maior, suas roupas pareciam iguais, mas usava os dois Braceletes de Nanamiah em seus braços.

— O que aconteceu? Pra onde foi o outro cara! — disse Hayakaz, ainda de guarda alta.

— Hayakaz… Eu não consigo sentir a força dele! — Hexoth arregalou seus olhos e colocou sua espada em bloqueio.

— Espera! Você tá dizendo que ele tá tão forte que nem você consegue saber o quão forte ele tá?! — Hayakaz deu um passo para trás. — Você só pode tá me zoando!

— Vamos acabar logo, eu estou cansado disso — disse Dartanham, mas sua voz parecia uma junção de duas vozes iguais.

 Hayakaz olhou para os outros dois e disse: — O que a gente faz agora?

— Eu… quero muito lutar com ele! — disse Hexoth, com um olhar maníaco em seu rosto.

— Calma, Hexoth! A gente tem que… — Antes que Hayakaz pudesse terminar, Hexoth saltou na direção de Dartanham.

Corte Som…! — disse Hexoth, mas Dartanham apenas deu um passo para frente e Hexoth foi arremessado para longe.

— Hexoth! — gritou Hayakaz. — O que você fez, Dartanham?!

 Hayakaz pulou na direção de Dartanham, que apenas se movia alguns centímetros para os lados para desviar de todos os golpes de Hayakaz.

Disparo Marinho! — Garrik disparou contra Dartanham, que parou seus golpes com a palma das mãos.

— Você é… fraco!

Asa de Águia! — Hayakaz tentou o golpear com suas asas, mas não conseguiu nem se aproximar. 

— O que está fazendo? — perguntou Garrik, carregando outro disparo.

— A técnica da fusão não apenas junta suas forças, mas aumenta esse resultado de maneira exponencial… — Dartanham se aproximou de Hayakaz e lhe acertou um chute, o arremessando contra uma parede de pedras que surgiu no mesmo instante. — Se não puderem me vencer… Como pretendem mudar este mundo?

— Argh! — Hayakaz foi obrigado a recuar, com sangue escorrendo por todo o seu corpo e um braço inutilizado. — O que a gente faz, Garrik?!

— Lutar não parece uma boa opção, mas ele não para de atacar!

— Eu não vou mais aguentar as baboseiras e infantilidades de vocês. Já que vocês sabem sobre mim e a minha missão, não tenho mais motivos pra me esconder nessa máscara! O exército do Grande Lúcifer não precisa de demônios fracos, igual vocês!

— Ora, seu…! — Garrik transformou seu arco nas pistolas de tubarão — Disparadores Tubarão!

— Eu não cai ainda! — De repente, Hexoth surgiu do céu com sua espada embainhada em sombras, não apenas suas espada, quase todo seu corpo estava coberto por elas. Ele havia entrado em sua forma demoníaca. — Eu não vou perder uma luta tão maravilhosa com apenas um golpe!

Disparo Mari… — Antes que Garrik pudesse terminar, Hayakaz colocou a mão em seu ombro.

— Eu tenho um plano. Segura ele por três minutos!— Os olhos de Hayakaz estavam mais sérios do que nunca.

— … — Após pensar por alguns segundos, Garrik concordou.

 Cada espadada de Hexoth fazia Dartanham recuar, o pressionando com mais e mais força.

— Não vai vencer se apenas me fazer recuar. Seus ataques são fracos demais para me ferir! — disse Dartanham, empurrando a katana de Hexoth com as duas mãos.

— Hahaha! Se você me bloquear, é só eu bater de novo e de novo até quebrar sua defesa! — Hexoth puxou sua espada com a mesma velocidade que a chocou contra Dartanham novamente. A cada golpe, Dartanham sentia que Hexoth ia ficando mais forte.

 “Que força!” Dartanham continuou bloqueando, até que a katana de Hexoth conseguiu lhe causar um pequeno corte.

— Eu não vou perder! Eu não posso perder! — As sombras da espada de Hexoth começaram a reduzir de tamanho.

— Já chega de brincar! — Dartanham então golpeou Hexoth na região do estômago, o arremessando novamente ao chão. — Eu estou cansado disso! Vocês são completos inúteis, nunca conseguiriam conquistar esse mundo novamente! Vocês nem conseguem me vencer! Eu vou matar vocês três e terminar o que vocês não conseguiram!

Disparo Marinho Sequencial, Chuva Caótica! — Garrik começou a disparar dezenas de flechas d'água na direção de Dartanham, o fazendo recuar.

— Você já desistiu da sua vida? Uma hora você irá ficar sem mana… — Após Dartanham dizer isso, a frequência de disparos de Garrik começou a diminuir. — Seu tempo está acaban…

 Antes de Dartanham acabar de falar, uma enorme lâmina de sombras surgiu perto do seu pescoço, o fazendo recuar.

 “Ele não reduziu os disparos por estar ficando sem mana…”, pensou Dartanham.

— Ta recuando por que? Você não ia matar a gente?! — Hexoth surgiu em meio aos disparos e começou a golpeá-lo.

 “Ele reduziu para que o Hexoth pudesse se aproximar!”

 Após isso, Dartanham começou a bloquear os disparos de Garrik com um de seus braços, enquanto bloqueava as espadadas de Hexoth com o outro. Conforme ia bloqueando, uma camada de pedras ia surgindo ao redor de seus braços, o protegendo dos golpes.

 “Se eles continuarem assim, eu vou ceder em algum momento. Tenho que mudar o ritmo da…”, antes que Dartanham pudesse fazer algo, um disparo passou por sua defesa e o acertou no ombro, o desestabilizando e permitindo que Hexoth acertasse mais um golpe.

— Argh!

— Desapareça! Corte Sombrio! — Hexoth levantou sua espada e as sombras começaram a se expandir em sua lâmina.

 Ao ver a lâmina de Hexoth se aproximar, Dartanham levantou seus braços para bloquear, mas algo o empurrou contra o chão, o impedindo de bloquear e o fazendo receber o corte em cheio, tendo seu braço esquerdo e perna esquerda decepados.

 “Um encantamento?! Mas quem…?”, pensou Dartanham, caído no chão.

Caia! — recitou Hayakaz, apontando para Dartanham com as duas mãos juntas. — Eu não curto usar encantamentos, sabe? Mas vou abrir uma exceção pra você… Pare!

 Ao ouvir o encantamento, o corpo de Dartanham foi completamente paralisado, permitindo que Hexoth e Garrik o golpeassem novamente. Cada golpe acertado era capaz de atravessar a camada de pedras, causando dano direto em Dartanham.

— Onde… você… aprendeu… isso?! — disse Dartanham, tentando se levantar, mas falhando miseravelmente.

— Eu aprendo as coisas bem rápido… Eu só tive que ver o Azazel usando…

 “Vou ter que usar isso! Espero que esse corpo suporte!”, pensou Dartanham, que logo depois usou todas as suas forças para se levantar, contrariando o encantamento. Ele começou a liberar uma quantidade enorme de mana, fazendo Hexoth recuar.

— Maldição Desperta, Luar Absoluto! — As palavras ecoaram no ar, como um chamado ancestral. A conjuração reverberou através da atmosfera, agitando o tecido da realidade e convocando sombras antigas. A magia, como fios invisíveis, começou a entrelaçar-se ao redor de Dartanham, iniciando uma metamorfose sinistra. A escuridão, longe de ser um mero vazio, ganhou profundidade e textura, envolvendo Dartanham em um manto que transcendia a escuridão comum. Era como se o próprio luar tivesse sido corrompido.

 Quando as sombras se dissiparam, Dartanham estava coberto por uma armadura completamente negra, um enorme par de asas, também negras, havia surgido em sua costas e uma silhueta de uma lua cheia havia surgido acima de sua cabeça. A pressão liberada por ele fez Hexoth e Garrik caírem de joelhos, enquanto Hayakaz estava completamente paralisado.

 Dartanham então foi até Hayakaz, passando ao lado de Hexoth, que não conseguia se mexer e disse, — Você me surpreendeu, Hayakaz, mas nenhum encantamento seu irá funcionar em mim, agora. Sua carta na manga foi feita em pedaços…

— Como… você…?

— Esta é a minha Maldição Desperta… o ápice do meu poder.

— Por que… você está… fazendo isso?

— Por que? Hahaha! — Ele se aproximou ainda mais de Hayakaz. — No começo, eu acreditava que os senhores apenas estavam escondendo suas forças, mas com o passar do tempo eu percebi que os senhores já estavam dando tudo de si mesmos… E se os senhores conseguiram causar uma guerra apenas com essa força tão deprimente, o meu poder seria muito mais do que o suficiente para purificar a humanidade. Eu cansei de abaixar minha cabeça para as besteiras de vocês… Sempre que o senhor Garrik se cansa de algo, ele desiste na mesma hora! O Senhor Hexoth pensa apenas em lutar e lutar, não consegue se concentrar em algo simples! E o senhor… você não se destaca em nada! É o mais fraco dos outros lordes! Você é mesmo um lorde demônio?

— Hahaha…

— Do que está rindo? — Dartanham pegou Hayakaz pela gola do kimono e o levantou na altura dos olhos.

— Do que eu to rindo? Hahaha! Dessas suas falas de merda! Hahahahaha!

— Então você ainda consegue falar asneiras… — disse Dartanham, ao dar um soco no rosto de Hayakaz, o fazendo cuspir sangue.

— Mas… o mais engraçado… é como você… o “Todo-Poderoso-Dartanham”... caiu em uma armadilha tão simples!

 Ao ouvir isso, Dartanham reparou na enorme quantidade de mana se acomulando ao seu redor.

— Maldito!

— Liberte as chamas do inferno: Purgatório! — Após Hayakas dizer isso, um enorme clarão vermelho se formou ao redor dos dois, para logo assumir a forma de uma enorme lâmina de chamas que os acertou em cheio. A lâmina era vermelha como o sangue, mas brilhava como o sol, destruindo tudo em seu caminho.

 “Eu detesto ter que admitir isso… mas acho que você tava certo… são eles…”, pensou Dartanham, antes de desaparecer no clarão de chamas.

 Após alguns minutos, a enorme lâmina começou a se desfazer, deixando uma enorme cratera em seu lugar. Quando Hexoth e Garrik acordaram, eles estavam em frente ao castelo e estavam intactos, mas não havia sinal nem de Dartanham e nem de Hayakaz.

— Nós… voltamos? — perguntou Hexoth, com a mão na nuca.

— Aquele maldito do Hayakaz colocou um encantamento de proteção na gente… Ele realmente pensou em tudo. — Garrik estava limpando suas roupas, que estavam suja de poeira.

— Eu ainda to sentindo a mana dele, parece que ele também colocou uma medida de segurança em si mesmo. — Hexoth estava olhando os arredores, na esperança de ver Hayakaz.

 Após alguns segundos, um enorme casulo de terra e pedras emergiu do chão, sua estrutura estava danificada, mas não havia buracos que revelassem seu conteúdo.

— Não… — Antes que Hexoth pudesse continuar, o casulo se partiu em vários pedaços, revelando Dartanham em sua aparência original, caído e cheio de ferimentos.

— Essa foi… cof cof… por pouco… não acha?



Comentários