Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 1

Capítulo 44: Um Pandemônio

Ouvindo a sirene tocar, ninguém ousou mover um dedo, esperançosos de logo acabar. Laurem, recuperando a compostura primeiro, falou:

— Isso não muda a situação, senhor oficial, prenda-os.

Considerando as opções, considerou. Leo, aproveitando essa oportunidade, lembrou de algo importante e disse:

— Espera! Um ataque está acontecendo, é o seu trabalho ir ajudar evacuar os cidadãos.

Coçando o queixo, considerou seriamente as palavras. O certo seria ir correndo e ajudar os civis, no entanto, perder uma prisão tão boa o incomodava, talvez nunca tivesse outra dessas.

— Deve ser só um alarme falso, é sempre assim, vocês evacuam as casas e quando as coisas acabam só volta ao normal. — Laurem implorou ao líder dos policiais. — Pode até ganhar uma promoção prendendo tantos criminosos.

Só de ouvir a menção de uma promoção, escolheu sorrindo.

— Andem logo, os levem à delegacia, agora!

Policiais sacavam algemas e iam em direção aos Salvadores, os do fundo achando estarem na vantagem, correram, resultando em outros os acompanhando.

Sendo um homem de palavra, o oficial ordenou fogo liberado, e suas armas funcionaram normalmente. Derrubando os que tentaram dar um passo fugindo, Leo continuou parado; podia ter uma habilidade de resistência, mesmo assim nunca testou contra balas.

A cada corpo caindo no chão, Leonardo estremecia, sem fazer nada, via seus companheiros morrendo, um a um, sob a sua liderança.

Vendo o sorriso de Laurem, ira tomou conta da sua mente, já preparado em atacar, só querendo dar fim em uma pessoa. Porém, um cadáver caiu nos seus pés, uma mulher loira, morta.

Nesse momento, lembrou das suas irmãs, as imaginou chorando sobre um caixão, o amigo já tendo problemas de dinheiro sendo obrigado a cuidar delas.

Estendendo as mãos, deixou ser algemado e levado à viatura, seus olhos cansados e livre de esperança.

San no beco, encarava roendo as unhas, pensando de todas as formas de ajudar o amigo, só precisava de uma chance, arriscaria, independente do perigo.

Ao fundo do grupo, um policial jogou no chão um cara usando máscara de macaco e algemou, prestes a levá-lo à viatura, uma sombra o cobriu e gotas caíam na sua cabeça, tudo em um instante.

Virando a cabeça, deu de cara com um urso de dois metros de altura, a boca sendo de metal junto às garras. Sequer conseguindo gritar, teve o peito cortado.

Agarrado pelos pés, o puxaram, gritava assustado, e todos viram isso, óbvio, mas ninguém fez nada, o medo os cobrindo, petrificados.

Ao ver o sangue espalhar na rua, esqueceram o resto e sacaram suas armas. Ignorando o parceiro gritando e talvez sendo salvo, atiraram.

As balas tocavam no pelo da besta e simplesmente caíam no chão, um gritou:

— Monstro!!

Se desesperaram, correndo de um lado a outro, empurrando e batendo nos companheiros, só querendo fugir.

Leo na viatura, tentava de todo jeito tirar as algemas. Respirando fundo, ia usar a mão ruim pra forçar sair, ia doer e piorar o ferimento. Respirando fundo e criando coragem, a porta do carro foi arrombada à força, tendo a gola da camisa agarrada, o arrastaram.

Pondo de pé, correu até os becos por um tempo. Quando parou, viu o rosto do seu salvador.

San olhava os lados, procurando qualquer perigo. Tendo certeza de estarem sozinhos, disse:

— Estende as mãos.

Ainda surpreso demais, Leo só obedeceu. Sacando a cimitarra, levantou o máximo e abaixo. Precisou de seis tentativas até romper as grades.

— Certo, vamos pra longe, no momento, o melhor lugar é…

Abraçado fortemente, o interrompeu. Desacostumado nesse tipo de coisa, deu tapinhas nas costas do amigo e disse:

— Ah, qual é?

— Tava certo, ela me enganou.

— Cê me conhece há anos, então. Eu te avisei.

— Haha, sempre dizendo na cara os erros.

— Só assim pra não esquecer, pede desculpas depois, a cidade inteira tá sendo atacada.

— Pera, sério? Tem certeza?

— Sim, absoluta.

O corpo de Leo tremeu, os olhos arregalados, e pôs as mãos na boca.

— San, cadê minhas irmãs.

— As deixei em segurança. Por enquanto, vamos dar um jeito nessa mão.

De perto era bem pior, sangue pingava constantemente, e estava quase sem pele. O próprio Leo rasgou um pedaço da roupa e enrolou o ferimento, dava para ver a dificuldade na ação, independente disso, apertou forte e disse:

— Mostra o caminho.

Assentindo, começaram a andar. Nos segundos passados, só piorava; explosões aconteciam em bairros, e gritos ecoavam nos becos.

Encontrando uma passagem, saíram e chegaram nas ruas. A cena à sua frente era horrível, mortos em toda parte, monstros de diversos tipos comendo no chão e em direção a outros, e fogo espalhado.

San também surpreendeu, imaginava ao menos um pouco das coisas estarem no controle. Por sorte, seus sentidos eram afiados; em um instante, virou e cravou a lâmina da cimitarra no pescoço de um monstro voador vindo.

Devido à velocidade do monstro voador, igual a um tipo de humano e pombo gigante, teve os pés arrastados no asfalto, parando em uma parede.

Leo apareceu, tirando a besta de cima do amigo. Certeza de estarem despercebidos, esconderam entre as barracas devastadas no chão.

Virando uma esquina, deram de cara com um Bugbear devorando uma carcaça no chão. Levantando a cabeça, abriu um sorriso pontudo e pôs-se de pé.

Tinha dois metros, coberto de pelos e ao seu lado, um porrete repleto de espinhos, já preparado para o combate, deu um passo em frente.

Antes de San poder fazer algo, Leo ativou ambas as habilidades e avançou, perto para um desvio e de frente ao monstro, acertou sua barriga, o forçando a abaixar, dando um segundo ataque, quebrou alguns dentes.

O problema do ataque era ter usado a mão machucada, estremecendo de dor, não se moveu, o Bugbear aproveitou e balançou seu porrete tentando o esmagar.

No entanto, errou longe e caiu de costas no chão. San, a passos apressados, abaixava o dedo e dizia:

— Vamos logo, estamos perdendo muito tempo.

Em breves passos, os perigos vinham, nenhum fácil ou tranquilo, mais desvios e mortes. Podia resumir a situação a um pandemônio. Correndo freneticamente, pararam de repente. À sua frente, uma formiga em forma humana. Andava de duas patas, e ao seu redor, mutantes despedaçados, segurava uma lança afiada.

Leo ia à frente de novo, mas San o impediu. Apontando o dedo, soltou um tiro de energia. Sabia precisar economizar essência, principalmente em situações como essa, porém, a velocidade importava.

Quando o tiro tava perto da formiga, foi repelido pela lança. “Odeio esse tipo de monstro.” Indo em frente descartando o uso de habilidade, atacou mirando na barriga.

A centímetros da lâmina encostar, havia sido repelida, e a lança ia ao rosto de San. Desviando por pouco, um rastro de sangue caiu. “Uma cicatriz no rosto já é ruim, duas é exagero.”

A formiga era habilidosa, seus golpes rápidos e fortes, San acompanhava a maioria com os olhos, desviando. Avistando uma oportunidade, utilizou a parte curvada da cimitarra e fez o ataque errar. Repetindo o truque, puxou a perna da formiga, derrubando-a de joelho.

Em um golpe, cravou a espada no rosto do monstro. Soltando um suspiro longo, orgulhou-se de conseguir. Voltando ao percurso, esconderam-se atrás de uma parede, espiando e conferindo haver monstros perto.

Liberado, iam embora quando escutaram um grito, um bem maior que o normal, ao ponto de tampar os ouvidos.

— Mutante?

— Com certeza.

O grito só piorava, e San já sentia a posição do mutante. Parado no meio da rua, um garoto de quinze anos no máximo gritava pra um monstro grande, forte e peludo, um Bugbear. Caindo no chão, o garoto cravou uma faca na cabeça da besta.

— O levamos? — Leo perguntou.

Mesmo odiando a si por isso, San respondeu:

— Arriscado demais.

— Também achei, praticamente um sinalizador ambulante.

No momento estava livre, então passaram o garoto, e por último, San deu uma batida nele, tocando e absorvendo o poder. Vendo os olhos o encarando, apenas passou.

Em uma casa relativamente inteira, decidiram descansar. Analisando Leo, podia ver o sangramento piorar, era claro que ia acontecer, independentemente de estar machucado, atacava as bestas.

— Por que tá na cidade?

— Eu ia sair, só que sem dinheiro fica complicado.

— Há, é claro. Laurem disse que te enviou o dinheiro, outra mentira. Por que não veio falar comigo?

— Tentei te ligar e nada, fui à sua base e aquela vadia me barrou. Tudo planejado.

— Se eu a achar de novo, vai ver o que acontece.

— Concordo, por enquanto, vamos fugir.

Voltando a correr, passaram na frente de um grupo de mutantes enfrentando um monstro voador, de asas, chifres e segurando um chicote pegando fogo.

Nem falando, mudaram a direção. Nas ruas, becos e casas aparecia uma besta, preparada para os matar e comer. O descanso era pequeno, e o nervosismo só aumentava. Evitavam pensar no estado de uma loja qualquer, se aguentaria.

Passando uma rua, San viu uma horda de monstros de vários tipos. No meio, Sonea, a dona do livro da dança da serpente, com suas espadas levantadas. Obrigando o amigo a esperar, observou o desenrolar.

Entrando em posição, os atacou. Em cada passo, uma lâmina acertava, sempre no pior ponto, e na hora certa. Mesmo cercada, avançava corajosamente, nunca desacelerando, uma chuva de sangue escuro cobrindo. A dança da serpente em um nível completamente novo.

San queria continuar, ver o final, talvez aprender e ter uma inspiração, no entanto, Leo ansioso o apressava; cedendo, voltou ao seu objetivo.

Perto, faltando apenas andar umas ruas e deu, um grupo de dez esqueletos barraram a passagem, a maioria segurando uma espada e armaduras desgastadas.

Divertiam-se com corpos mortos no chão, arrancando a pele, sobrando apenas os ossos. Leo, sem saber o caminho, perguntou:

— E agora? Onde vamos?

Pensando um tempo, debatendo sobre ser o certo, disse:

— Tenho um plano.

— Ótimo, fala.

— Eu os distraio e você passa. As garotas tão em uma loja de penhores estranha, fácil de ver.

— Só deve tá louco, acha que vou te deixar aqui pra morrer?!

— É o jeito de um de nós passar, e pretendo viver bastante, consigo dar conta.

— Vamo inverter, eu distraio e cê passa.

— Leo! Segue meu plano, você tá ferido e é o irmão delas, merece isso.

Hesitante, considerava seriamente ir junto ao amigo, e os dois lutarem desesperadamente, mas o medo de morrer e deixar as garotas sozinhas o fazia abandonar a ideia.

Vendo San nos olhos, falou firme:

— Você também é um irmão pra mim, não morre.

Andando à frente, parado no meio, os monstros nem o viram. San deu uma tossida leve, apontou o dedo e soltou um tiro de energia, derrubando um.

Um caindo assim, viraram a cabeça simultaneamente, até assustaram um pouco San por encarar as órbitas vazias.

Partiram para cima, de direções diferentes e desorganizados. Concentrando ao máximo, aprontou, tinha que ser perfeito, essa era a experiência tão querida. Indo ao primeiro à direita, cortou facilmente o braço e deu um chute no seu peito, quebrando algumas costelas. Uma espada vinha, teve o ataque defendido e recebeu um soco no nariz.

Juntando rápido, precisava melhorar, igual a Sonea. Usando todo o conhecimento e força, cortou, tentando ao máximo incapacitar os movimentos e dar um fim logo.

Cravando a espada na cabeça de um, ia no próximo quando acertaram no ombro por uma flecha. Atordoado, quase perfuraram o peito.

Dando um passo atrás e afastando, prosseguiu os ataques, procurando o arqueiro. Ficando contra a parede, uma flecha errou levemente, por sorte foi na casa, a centímetros do seu rosto.

Os esqueletos o cercavam, formando um círculo ao redor. Assustado, liberou a telecinese e os jogou para trás. Ao fundo, viu o arqueiro, o arco já preparado, mirando, atirou.

Em uma trajetória perfeita e veloz. San apontou o dedo e atirou, acertando em cheio no projétil e o destruindo, só pra depois acertar no pescoço do inimigo, fazendo a cabeça cair.

O pequeno exército levantava, com o ombro machucado, lutar seria difícil, então, escolheu o arriscado. Confirmando a posição da cabeça dos inimigos, fechou os olhos e concentrou sua essência.

Usou bem mais que o normal. Abrindo os olhos, contou seis, disparando, acertou o primeiro, ultrapassando o crânio. Forçando sua mente, fez o tiro mudar de trajetória e acertar outro.

Deu certo, e fez de novo. Um a um, caíam, e a cada morte, a energia do disparo enfraquecia, no fim, restou dois.

San ficou de joelhos, colocou muita pressão mental, sua cabeça exausta e uma dor de horrível. À frente, os dois últimos, olhavam confusos, medo de serem acertados.

Vendo o seu inimigo fraco, atacaram. O estado de San era péssimo, cansado, sangrando e fraco. Mesmo assim, levantou e foi à luta. O primeiro fez um corte, que defendeu dificilmente. Seu parceiro veio em seguida, dando uma estocada. Empurrando o primeiro e o derrubando, desviou.

Usando o máximo de força, pisou no seu crânio, esmagando. Sabendo que ia ser acertado, pulou para o lado, contudo, ainda cortaram ao lado da barriga.

Superando a dor, deu um tiro de energia nele, piorando a dor de cabeça. O último disparo não acabou sua essência, só desgastou.

Respirando fortemente, começou a rir alto, deitou no chão e tentou se erguer utilizando o ombro ruim, só pra cair de novo. Acalmando, quebrou a flecha, pegou qualquer pano aleatório no chão e tampou as feridas.

“Deu certo, acabei com todos. Deveria usar somente a espada, pelo menos to vivo.” Pondo-se de pé, a dor de cabeça quase o fez deitar no chão. “Exagerei.” pensou enquanto ia à loja, torcendo para nada aparecer.

Já podendo ver a silhueta, animou, finalmente ia conseguir. Passando um beco escuro, ouviu o som de um rosnar, olhando o lado, torcia ser apenas um cachorro.

Saindo das sombras, tinha uma aparência semelhante à de um cachorro, o diferente era as pálpebras grudadas e orelhas grandes.

— Aí merda, Caninospino.



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