Ladrão de Poderes Brasileira

Autor(a): Crowley


Volume 1

Capítulo 48: Traidores Vivem Pouco

San avançou, sua espada mirando no pescoço, querendo dar um fim na luta rapidamente. Gus desviou por pouco, dando apenas uma ferida superficial.

Pegando distância, encarou o mascarado à sua frente, o modo de andar estranho arrastando os pés, o sorriso sinistro e a aura pesada o contornando. Sentia o medo crescer; no entanto, se controlava, já passou por situações ruins e tinha anos de experiência.

San esperou pra atacar novamente, observando o físico do inimigo. A armadura no peito sumiu, permanecendo apenas nas pernas, cortes no rosto e o pé machucado.

Levemente confiante, avançou novamente, balançando a espada e mirando sempre em lugares críticos, todos em uma velocidade alta e assustadora.

Gus só bloqueava ou tentava desviar; seu estado era ruim para uma luta. Por isso, só restava uma alternativa: ir com tudo.

Vendo uma abertura, San mirou a lâmina na barriga do inimigo. Prestes a acertar, um corte horizontal veio do machado, em uma força enorme e velocidade tremenda, podendo até cortá-lo ao meio.

Permitindo cair de costas, teve uma mecha de cabelo arrancada. Derrapando pelo chão descontroladamente, seus joelhos ardiam, e chegou longe do alvo. Pondo-se de pé imediatamente, correu indo na direção de suas costas.

Dessa vez, fez um corte. Gus virou-se na hora e abaixou o machado mirando na cabeça. San pulou no chão e rolou ao seu outro lado, deixando a lâmina cravar no piso, fazendo uma rachadura enorme.

Acertando as pernas, foi repelido devido a armadura. Amaldiçoando o metal resistente, distanciou-se. Antes de conseguir, Gus soltou sua arma e jogou um soco.

Sem tempo de nada, recebeu em cheio na barriga. Jogado a metros, San encolheu o corpo, tentando resistir à vontade de vomitar. “A armadura é resistente; achei que a lâmina perfuraria. O jeito agora é acertar somente as partes a mostra.”

Levantando novamente, precisou de um tempo pra voltar ao normal.

Preparando, correu de volta, avançando cortando. Mesmo Gus sendo um bom lutador e tendo suas habilidades desenvolvidas, carecia de velocidade.

Cortando, não dava descanso, após um ataque, e repetia. O machado repelia uma parte, sem desferir um golpe.

San encontrou uma chance, mirando a lâmina diretamente no rosto. Gus soltou o machado e avançou; a lateral do seu olho acertada, em um corte grande e feio.

Passando o pior, pôs o ombro em frente e avançou, acertando San e o empurrando por metros, até acertar uma parede frágil e a ultrapassando.

Com tábuas caindo, San tentava recuperar o mais rápido possível; porém, tinha o corpo soterrado. “Odeio brigar contra caras grandes.”

Lutando contra os escombros, saia; até via o telhado. Contudo, um soco veio, destruindo tudo e o alcançando.

Pego desprevenido, nem reagiu e recebeu outro. Com uma energia bestial, Gus socava, impiedosamente. San só podia colocar os braços na frente protegendo. A máscara amenizava os golpes do rosto e, de alguma forma, continuava inteira; uma surpresa considerando o impacto.

Usar a força contra um sujeito desses seria idiotice. Então, no meio da dor, sem pensar muito ou considerar o gasto de essência, utilizou a telecinese e arremessou o atacante, jogando-o contra outra parede e atravessando-a.

A respiração acelerada, o corpo doendo e uma vontade enorme de descansar; esse era apenas um resumo do estado de San. Agarrando as madeiras ao redor, voltou a ficar de pé.

Sem tempo de descansar, Gus explodiu do buraco e pegou seu machado. O sangue pingava do corte e ainda assim, iria prosseguir a luta.

Tendo dificuldade de mover direito, San andou calmamente, a cimitarra em mãos e os olhos brilhando vermelho.

A poucos passos, o machado bestial foi na sua direção. Concentrando sua essência, fez a arma desacelerar, dando tempo para atacar.

Forçando seu estado ruim, San mexeu agilmente e chegou a centímetros, realizando um corte horizontal na testa. Soltando um grito quase animal, Gus balançou seu machado aleatoriamente.

Distanciando-se, observou os inúmeros ataques acertando o vento. Por causa do corte, seus olhos foram tampados por sangue, o cegando temporariamente.

Seria o melhor momento de atacar, mas San sabia, se errasse, morreria imediatamente, optou por esperar.

Perdendo o ímpeto, Gus acalmou e limpou seu rosto, recuperando a visão. A primeira coisa a ver foi uma ponta de espada indo nos seus olhos.

Usar o machado seria lento, desviar impossível, por isso usou a palma da mão livre. Quando a espada acertou, cortou a pele e prendeu.

Por um instante, San esqueceu: os ossos de Gus eram resistentes, desde que aguentasse a dor, fugiria de ataques com risco de vida.

Puxando a lâmina, querendo recuar, notou resistência; olhando o homem à sua frente, o viu sorrir e agarrar a espada.

“Merda.” Largar sua arma seria morte na certa, escolheu segurar firme. Em um puxão forte, foi jogado para trás, rolou e tombou contra uma viga de suporte.

Sua visão começava a embaçar e a respiração fraca. Mesmo assim, levantou-se de novo, usando o pilar de apoio. Virando a cabeça, Gus tentava estancar o sangramento e arrumar a visão. Rasgando uma parte da roupa, prendia na nuca.

Preferindo ir em frente e continuar a luta, San sabia a incapacidade no seu estado atual. Apontando o dedo, formou uma bala de energia e disparou, acertando o rosto do alvo.

Cambaleando, um segundo tiro foi na sua direção. Dessa vez, Gus desviou; no entanto, San forçou sua mente cansada e moveu a bala de energia no ar, acertando o ouvido.

Independente de querer atirar, seu reservatório diminuiu bastante; mal poderia soltar dois tiros. Já sentia sua cabeça girar e os efeitos de baixa essência.

“Pensa, pensa! Derrotar esse cara é complicado; só tô durando tanto devido os machucados de antes.” Tentando pensar em uma solução, olhou de relance para cima.

Quase passando despercebido, viu o teto de madeiras soltas, seja devido a toda destruição ou dos tiros de San, não importava; faltava pouco para cair. Tendo uma ideia maluca, por algum motivo uma vontade irresistível de rir surgiu.

Sua boca abriu, mostrando os dentes pontudos, e gargalhou, uma risada estranha e sinistra; aquilo era desumano, semelhante a um vidro quebrado, causando arrepios.

Encarando Gus, deu pequenas risadas e disse:

— Essa luta tá fácil, velhote, é por causa das costas? A idade vem a todos.

— Venha em uma luta justa! Então veremos. — rugiu irritado.

— Desde quando em lutas há justiça? No fim, só importa quem vai tá de pé. E olha pra ti, caído, machucado por um jovem, hahaha!

Gus, sendo uma pessoa explosiva, avançou violentamente, machado em mãos e expressão de fúria. San permaneceu imóvel, nem preparou a própria arma, só esperou.

Os dois estavam se aproximando demais, até pensou que a ideia era ruim e morreria assim, mesmo assim continuou. O machado assustadoramente perto do seu peito, cortando igual faz em uma árvore.

Impulsionando seu corpo, caiu de costas fortemente contra o chão.

Sem perder tempo, saiu rapidamente de perto, tropeçou e correndo.

Afastando-se, ouviu Gus soltando insultos e querendo continuar a perseguição, só ficou porque sua arma prendeu-se na viga. Finalmente a tirando, uma rachadura espalhou.

Olhando incrédulo, percebeu o erro cometido, era um pilar de sustentação, se a casa estivesse em bom estado, talvez aguentasse livre de um, no entanto, naquele estado, o teto desabava.

San nem olhou pra trás, correu e se jogou dentro de um buraco na parede feito anteriormente por um monstro. Em segundos, um estrondo alto preencheu o lugar.

Madeira, restos de móveis, canos e outras coisas caíram, emitindo um som ensurdecedor para qualquer um. San continuou jogado no chão, protegendo principalmente sua cabeça.

Em vários momentos, objetos chocava contra si; toda hora, torcia não ser pego no próprio plano.

Finalmente o desmoronamento tendo cessado, San analisou o quanto tava inteiro e sua situação. Preso, mal podendo se mover.

Por um segundo, considerou usar sua essência restante e a telecinese, abrindo uma passagem. Porém, tinha medo de ao fazer isso, só piorasse.

Lentamente, tirou peça por peça da sua frente, empurrando o caminho e abrindo passagem.

Demorou um bom tempo, várias vezes achou ser seu fim, considerando a falta de oxigênio. Então viu luz solar, e empurrando a última parte, respirou profundamente o ar puro, infestado de poeira, sangue e fedor.

Suas roupas cobertas de poeira e sujeira, tirando a máscara, aproveitou o vento no rosto.

Vendo o estado, arregalou os olhos. Muitos cômodos da casa caíram, por outro lado, uma parte manteve de pé. O local da luta, estava devastado, nem monstros gostariam de chegar perto.

Engolindo em seco, perguntou a Sacro:

— Tem algum jeito de descobrir onde ele tá?

— Talvez, tem meus radares, identificam os sons.

— Tenta.

— Certo.

Enquanto o relógio procurava, San sentou no chão. Seu corpo em dor, até abaixar era sofrido. Em contrapartida, havia derrotado o culpado.

Pensando nisso, lembrou de Leo dizendo ser vingança. “Não é vingança, justiça. O cara ia passar impune, como eu ia deixar assim? Ter raiva e querer retaliar é normal também, somos assim.”

Vingança sempre era uma questão ruim para San, lembrava do dia que o pai mudou, tudo por causa de uma reportagem na TV. De um homem gentil e amoroso, pra alguém violento.

No início, foram só viagens curtas, voltando em dias, depois semanas, meses. Por conta disso, arrumou ou lembrou inimigos antigos, arriscando a vida ao seu redor. Ao ponto de precisar enviar a própria filha num local secreto por segurança.

San jurou há tempos: seria uma pessoa melhor, tinha de ser. Distraído em seus pensamentos, tomou um susto ao Sacro apitar.

— Acredito tê-lo encontrado.

— Está vivo?

— Seu coração bate, na verdade, bem rápido.

“Nem uma casa desabando o matou, impressionante.” Levantando, disse:

— Me diga o caminho.

A cada passo dado, o relógio apitava, sinalizando a proximidade. Finalmente tendo alcançado, soltou um suspiro longo. Cavaria novamente.

Tirando os lixos da frente, cavou, descansou, cavou, insultou, cavou e achou a cabeça desmaiada. “Completamente soterrado e provavelmente oxigênio baixo, e tá vivo.”

Só a cabeça livre, o analisou, podia acabar na hora, só um corte, porém, queria fazer algo antes. Hesitante, pôs a máscara de novo e deu tapas fortes em Gus.

Foi necessário quatro desses; ao abrir os olhos, demorou para recobrar seus sentidos, atordoado. Começando a focar, voltando ao normal; viu uma máscara sorrindo.

Assustado, tentou levantar, em vão. Nem um mutante com um poder de força conseguiria. Insistindo até desistir, encarou San.

— P-por que eu? Fiz coisas erradas, mas mereço morrer?

— Alguns diriam que sim. — falou com a voz modificada pela máscara.

— Quem é você pra decidir? Me leva aos caçadores mutantes e me põe na frente de um juiz.

— Gus, agora, sou o juiz, júri e carrasco. Você deixou seus companheiros para morrer, aceitando as recompensas de um monstro.

— É mentira! Aquele Zumbi de merda mentiu.

— Quem dera fosse verdade, contudo, vi com meus olhos, e como eu disse, sempre cumpro minhas promessas.

Lembrando dessas palavras, ficou atordoado, sua mente montando as ligações e entendendo.

— Merda. — Sua voz desanimada, havia perdido todas as esperanças.

O olhando nos olhos, San falou:

— Cometeu erros, cara. Quando morrer, usarei sua habilidade melhor, e você, vai pra um lugar escuro e de sofrimento, gritando.

— Não acredito em nenhuma religião. — respondeu fracamente.

— Tanto faz, infelizmente só acontece; um lembrete do meu poder para mim. Gus, eu te considero culpado, e merece a morte.

Confuso e prestes a perguntar, teve o pescoço cortado. Seus olhos arregalados, suplicando ar. Subitamente, da ferida, as veias tornaram escuras e saltando da pele.

Lentamente, espalhando-se pelo corpo. Gus tentava gritar, só para ficar de boca aberta, tentava se debater, mas continuava preso, esse era seu fim, nada mudaria.

A cada segundo, San sentia dentro da sua cabeça, uma energia crescendo, tomando forma. Acabando, pretendia fazer do poder seu, no entanto, ainda precisava aprender a usar a telecinese, na velocidade atual, com treinamento, estimava de semanas a um mês.

Saindo de perto do cadáver, o encarou uma última vez. Até considerou esconder, descartou a ideia, a cidade em um estado desses, ninguém perceberia, um monstro poderia até comê-lo.

Olhando ao redor, relutava ir embora, uma grande parte de San queria procurar o machado bestial, nem por ser um desejo de ganância, só pegar a arma.

Antes de decidir, uma dor na parte de trás da cabeça o incomodou. Tremendo ser grave, tocou e tava normal.

— Sacro, tem um machucado na minha cabeça?

— Um momento… ferimentos mínimos nessa parte… Um segundo, tem algo estranho. A máscara.

Pensando no motivo disso e indo perguntar a Sacro, uma dor horrível na sua cabeça o abalou, um aperto agonizante, pressionando seu crânio. Puxando desesperado, a forçava para desprender da cabeça.

Independente da força utilizada, a máscara continuava apertando, fazendo parte do rosto. Sem ideias e assustado, encontrou uma pedra e bateu a cara contra, tentando quebrar.

Nada adiantava, nem dor sentia da ação. Descontrolado, a boca se abriu em um sorriso enorme, um diferente de qualquer um que San já fez. Esse era sádico.

Quando achou já estar ruim, para piorar, começou a ouvir vozes na sua mente, sussurros.



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