Malkiur Brasileira

Autor(a): Kamonohashi


Volume 1

Capítulo 1: início da prova

Cof! Muito bem crianças, hoje irei contar par você a lenda do herói.

Há mais ou menos catorze anos ninguém esperava o surgimento de um grande cavaleiro mágico poderoso como aquele. Com apenas dezesseis anos ele entrou para o esquadrão mais forte: os Leões Dourados. Respeitado por todos e temidos por seus inimigos. Suas habilidades mágicas eram um tanto que desconhecidas. Apenas ele mesmo as conhecia e isso deu um motivo a mais para ser temido, pois tememos o que não conhecemos...

EI! SILÊNCIO, PIRALHO!

Voltando...

O herói desbravou muitas aventuras, em todas foi melhor em batalha e um de seus feitos tive a honra de ver com meus próprios olho. Aquilo sim foi foda... digo, especial.

Todos nós estávamos encurralados. Nossa mana tinha se esgotado e ele sozinho tomou à frente daquela luta, derrotando um exército inteiro de ogros, aliados a um ditador. Vendo a olho nu parecia que seu poder não tinha fim, acho que o limite era sua própria imaginação.

Mas foi com vinte e cinco anos que ele se consagrou um general de guerra. Em meio à guerra entre os reinos de Hiden, Finry e Trieden.

Trieden era o favorito para ganhar a guerra, pois era o reino que tinha mais quantidade de magia entre os demais e eram comandados pelo ditador August Pinochet, que naquela época era o homem mais forte do mundo. Seu objetivo era dominar tudo e todos.

Foi ali que esse cavaleiro se tornou o herói dessa lenda. Sozinho, invadiu o reino de August, enfrentando-o diretamente. Aquela luta abalou o mundo. Todos sentiram a pressão dos golpes. Você poderia estar no outro lado do planeta e ainda ouviria os sons e os tremores daquela batalha. Depois de tudo isso, o herói venceu aquele ditador, libertou o povo e acabou com a guerra, ganhando o título de general de guerra mais novo que existiu.

O mundo parecia em paz. Mas nem mesmo ele podia prever uma catástrofe de tamanha crueldade. Depois de cinco anos outra guerra eclodiu. Um ser, que se auto intitulou Lorde da Escuridão. Seu nome?

— Deimos! — as crianças responderam o contador.

— Exato! Um demônio chamado Deimos, com seu exército quase imbatível, dominaram quarenta por cento do continente. Eliminou raças que tinham um grande domínio de mana: As fadas e os demi-humanos. Aquele lorde parecia ter ódio das magias de todos.

Depois de muito sangue derramado, em um ato de sacrifício, a única saída que o herói achou foi usar todo seu poder e a mana do reino Trieden. O cavaleiro e o reino se sacrificaram para selar aquele demônio. Obtendo sucesso em sua missão.

Deimos foi selado para sempre, herói perdeu a vida para acabar com o mal e aquele reino hoje é chamado de Reino Esquecido...

— Mas porque a guerra ainda não acabou? — uma garota questionou, interrompendo o velho.

— Boa pergunta, pequena. Mesmo que tenha passado quatro anos desse acontecimento, os pilares de Deimos ainda estão vivos. São chamados de Grãos da Verdade. Ao derrotarem esses pilares, teremos a vitória. Por isso o nome dessa fase da guerra está sendo chamada de Reconquista. — disse apontando seu dedo para cima.

O contador de histórias era um velho. Ele olhou para todas as crianças que estavam sentadas ao redor da fogueira ouvindo a história do herói. Ouvindo aquilo, uma criança parecia que explodiria de animação. Seus olhos brilharam mais que os dos outros.

— Eu quero ser como ele. — Com tanta animação acabou soltando esse comentário.

 Depois que disse isso, ouviu cochichos e risadas vindo de trás dele

— Ei, Roy. O que você disse? Ser igual a quem? O herói? No máximo iria carregar as coisas dele, uma mula de carga.

Ao ouvir aquilo, o garoto escondeu sua animação.

— Droga. — O garoto abriu os olhos e enxergou nada por causa do breu. — CAPITÃ? AINDA ESTÁ AÍ?

Ela não respondeu. A mulher tinha ido embora, porém antes de ir ela teve o trabalho de quebrar alguns troncos e colocá-los no buraco do barranco. Tudo levava a crer que ela sabia que daria em uma caverna.

“Ela é maluca, eu não conseguiria subir de qualquer jeito.”

Roy se sentou para pensar algo. Franziu a sobrancelha e mordeu os lábios enquanto pensou.

— Ahhh! Eu não sei o que fazer...AI!

O menino suspirou voltando a deitar, mas o chão da caverna era feito de pedras. Bateu a cabeça e rolou de um lado e para o outro com dor, e por isso sentiu algo dar uma pontada aguda em suas costas.

— ...?

Apalpou o objeto. Era um tipo de ferramenta. Tinha um cabo e uma... lâmina?!

— É uma adaga?

Passou o dedo na ponta e teve certeza de que era. No entanto ela não estava sozinha. Tinha um pedaço atravessado na arma. Roy tirou o papel e antes que pudesse fazer algo...

— SISSSSSSS!

Alguma criatura chiou pela caverna. Não sabia que tipo de animal poderia ser por causa da escuridão do local. Não pensou duas vezes em correr para algum lugar longe do som.

Não demorou muito para ver a luz da lua, que sinalizou a saída da caverna.

“Ufa!”

Ficou aliviado em sentir o ar mofado da terra novamente. A entrada da caverna era em uma colina onde o garoto poderia ver uma parte da floresta mais abaixo sendo iluminada pela lua.

E a luz do luar nos mostrou assim sua aparência. Sua pele parda foi para a luz da noite. Seus cabelos negros se movimentaram com o vento, seus olhos afiados encararam a floresta. Ele limpou seu casaco branco que tinha manchado pela terra.

“Seria uma paisagem muito bonita, se não fosse a Floresta Negra.”

Roy olhou para adaga e tirou do bolso da calça o papel que tinha com ele. Analisou o papel que era, na verdade, um bilhete de sua professora:

Sobreviva até eu voltar, pirralho! Ou eu te mato!

Para não ser tão maldosa deixei minha adaga com você para ficar desarmado. E mais duas dicas: procure pedras vermelhas. Se esfregá-las umas na outra, fazem fogo. A outra é para que faça seu acampamento perto do rio, onde tem... não sei! Se vira! Perto do rio além de ter peixes para comer, outros animais ficam por lá. Boa sorte.

Ao terminar de ler, o garoto permaneceu com uma cara de desgosto. Ele até coçou a cabeça com a ponta da arma.

"Não serviu pra muita coisa. Por onde eu começo?"

Seu corpo estava com alguns cortes que ardiam. Tinha que achar o rio para lavar as feridas, mas não sabia por onde começar. Ele iria se localizar primeiro.

 —SISSSS!

O som voltou a atormentar os ouvidos do garoto e dessa vez bem mais alto. A criatura o alcançou e devagar, Roy se virou.

— Merda.

Ele visualizou uma enorme serpente a sua frente. Nos olhos do animal tinha fogo e sua boca cheia de dentes, além das enormes presas de onde escorria um líquido roxo. Suas escamas eram negras cintilantes, seu tamanho se aproximava dos vinte metros de largura e quando se ergueu passou dos quatro metros.

**

— ALONSO! Volte aqui, a capitã disse...Arf !

O homem com enorme barriga e bochechas seguia seu companheiro. Ele tentou parar seu amigo, porém seu físico não ajudou muito essa perseguição.

Um homem bem magro adentrou mais na floresta. A cada passo bufou furioso, ele demonstrou estar contrariado com algo. Ambos tinham as vestimentas de cor branca, para mostrar que eram cavaleiros pertencentes a um esquadrão.

— A capitã disse para não irmos atrás deles.

— Mas Sancho, ele é uma criança! Ele não vai sobreviver.

Os dois cavaleiros se entreolharam. Sabiam que o garoto não possuía mana e que as criaturas do lugar eram capazes de matar cavaleiros treinados. Uma criança ali seria um alvo fácil.

— Eu sei.

— Um cavaleiro lendário não pode deixar um companheiro ficar em perigo assim.

— ENTÃO, CAVALEIRO, QUER IR CONTRA MINHAS ORDENS?

Uma ventania forte passou pelos dois homens. Antes que Alonso pudesse fazer algo, sentiu um toque em seu ombro esquerdo. De canto de olho viu os fios brancos do cabelo de sua capitã. Como uma assombração ela surgiu diante dos dois.

A mulher tinha um brilho azul em seu olho direito e vermelho no olho esquerdo. E esse olhar sanguinário cercou o homem.

O corpo dos dois tremeram, sentindo o instinto assassino da mulher.

— O que disse para vocês dois?

— Ca-capitã Yuki, perdão apenas...

— O QUE EU DISSE, CAVALEIRO?

O homem gordo tentou explicar, mas Yuki já tinha se enfurecido ao ver que seus subordinados desobedeceram a suas ordens.

Alonso sentia suas pernas tremerem, mas com toda a coragem que tinha puxou o máximo de ar que conseguiu e se preparou para falar.

— ROY É APENAS UMA CRIANÇA! Ele vai morrer aqui. Não quero que ele morra!

A capitã encarou soldado sem responder.

Vendo a coragem de seu amigo, o bochechudo também puxou o máximo de ar.

— Concordo com o Dom! Ele é como um irmão mais novo para gente. Não podemos deixar ele se machucar, mesmo que tenhamos que passar por cima de suas ordens.

— Jeff...

A mulher olhou para ambos, logo suspirou.

— Ahhh! Vocês são idiotas.

Com muita velocidade partiu para o ataque contra os dois. Apenas usando a força física acertou vários golpes consecutivos na dupla.

Tentaram ativar as magias, porém não conseguiram lançar nada. Isso deu uma brecha para Yuki golpear ininterruptamente os corpos dos dois. Devido às pancadas caíram no chão muito machucados.

Yuki estalou seu pulso sentando-se no chão.

— Admiro a coragem de você dois. Mas não podia deixar que passassem em cima das minhas ordens e ficassem impunes.

Alonso e Jeff se sentaram à frente da mulher, olhando para os olhos heterocromáticos de Yuki, que já havia desfeito o semblante de raiva.

— Entendo a preocupação. Já imaginava que algo do tipo ocorreria, mas achei que eram inteligentes o suficiente para obedecer.

— Mas, capitã...

— Silêncio! Eu não terminei. — Ela cruzou as pernas e apoiou o queixo sobre a mão. — Não achem que eu sou louca e deixei uma criança aqui para apenas morrer. Por acaso sabem como essa floresta funciona?

Os dois balançaram a cabeça negando.

— Se bem, que minha magia não saiu na hora que nos atacou. — O homem gordo comentou olhando para suas mãos.

— Eu também percebi.

— Então perceberam. As árvores dessa floresta absorvem a mana de tudo. — Yuki apontou para a floresta. — Por isso as criaturas que se estabeleceram por aqui ficaram muito mais fortes. Herbívoros comem as folhas com mana, vem o carnívoro se alimenta desse outro assim se inicia o ciclo. Essas coisas, não vou perder meu tempo explicando.

A mulher bocejou, cansada depois dessa explicação. Limpando os olhos, voltou a falar.

— Como o pirralho, não tem mana ele não será afetado e vai poder lutar com cem por cento de seu corpo. Neste momento ele tem que se provar forte.

— Mas se isso não acontecer?

O olhar de Yuki voltou a ficar frio. Os dois estremeceram, não conseguiram mais olhar diretamente nos olhos dela.

— Está duvidando do meu treinamento e de Johan? — a voz da mulher ficou sombria.

— Não, não! — Alonso respondeu imediatamente.

Com um salto ela ficou em pé.

— Uma coisa eu peço para os dois...Tenham fé no Roy. Ele é mais duro na queda do que pensam.

Seus cavaleiros se levantaram e limparam a terra de seus uniformes que não eram mais tão brancos. Eles fecharam o semblante. Jeff limpou o sangue de seus lábios, lembrando de uma frase do garoto.

— Eu vou ser o mais forte do mundo. Mesmo que nem eu acredite nisso. — logo depoisnda frase, o menino soltou breves risadas forçadas

— Dom. Ele é seu fiel escudeiro, certo? Com certeza ele vai voltar pra nós.

Alonso olhou para a escuridão da floresta. E logo assentiu com a cabeça.

— Muito bem. Agora que nos acertamos, vamos voltar. Temos uma missão perto daqui.

**

— DROGA! — Berrou o garoto.

Roy corria em fuga pela floresta. A serpente em chamas quebrou tudo em seu caminho ao rastejar. Troncos e folhas voavam para todo lugar. A escuridão dificultou o garoto se localizar.

“Pra onde eu vou?”

Em um movimento brusco se virou para correr para a direita. Mas um pedaço de madeira golpeou suas costas. Ele foi lançado para metros à frente. Sentiu que algumas partes do tronco cravados nas suas costas.

— KIIIIIIIR! — o som estrondoso saiu da boca da serpente.

Ela parou de rastejar se levantando para ficar em posição de ataque. O tamanho do réptil era intimidador. Sendo quase do tamanho das grandes árvores ao redor.

— É matar ou morrer. — Se lembrou da voz de Yuki.

“Com certeza não vai largar do meu pé.”

Roy sacou a adaga para lutar. O medo dominou seu corpo, mas não poderia morrer ali, depois de tudo que passou, seria vergonhoso. A sua mão direita onde a adaga era segurada, tremia.

A serpente percebeu o medo vindo do pequeno ser. Ela ergueu a cauda e começou a balançá-la. Com esses movimentos, o chocalho da sua cauda ganhou um brilho alaranjado e em poucos segundos se incendiou.

— KIIIR!

Ele não esperava por aquilo. Travou de medo, teve a certeza de que não iria vencer.

O animal percebendo que o medo do humano tinha aumentado, não hesitou em atacar para finalmente terminar sua caça. Lançou sua cabeça para abocanhar o garoto.

O garoto puxou o ar e fechou os olhos em um ato involuntário.

“Eu vou morrer, mas... eu não quero!”

Ele não sentiu nada. Abriu os olhos devagar, olhou seu corpo inteiro e viu que não sido atacado.

— Mas, como?

Ele percebeu que tinha se afastado do animal. Se encontrou alguns metros de distância mais à frente. Roy viu fumaça, olhou para suas pernas e viu que saía vapor pelo corpo.

— Eu... eu consegui desviar!

A animação do garoto durou pouco, pois a serpente tirou a cabeça da terra. Mais furiosa que antes.

— Que droga!

 

 

 



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