Volume 6

Capítulo 284: Um olhar na forma como os Gatos-Negros são tratados em tempos modernos

Um único guarda cão-vermelho levou Fran e um grupo de cerca de trinta gatos-negros em direção à área em que os goblins foram vistos. Todo os gatos-negros carregavam armas, embora fossem grosseiras. Alguns estavam equipados apenas com paus ou ferramentas agrícolas. Todos tinham expressões tímidas em seus rostos e seus olhos disparavam por toda parte.

Que diabos? Por que eles estavam sendo tão paranoicos? Tudo o que eles precisavam fazer era sentar e assistir Fran matar vinte goblins. Era porque eles estavam tão acostumados a fugir que achavam impensável que eles abordassem conscientemente um grupo de monstros por conta própria?

— Qualquer um, experiência de combate? — perguntou Fran.

Todos os gatos-negros balançaram a cabeça de forma vigorosa.

— Nunca foram enviados para lutar em Bashar? — perguntou Fran

— Não, nunca fomos enviados. —, respondeu um deles. — O país dos homens-fera não recruta os gatos-negros. Nossa tribo é muito fraca para lutar.

— Outras tribos não reclamam?

— Não. Todas as outras tribos nos consideram um incômodo no campo de batalha. Todos dizem: "Não se incomodem em vir". Não poderíamos contribuir com nada, mesmo se insistíssemos em participar.

— No passado, éramos usados como escudos de carne. —, disse outro gato-negro. — Mas isso foi no passado, quando a escravidão ainda era tolerada. O Lorde das Feras logo baniu a prática depois que ele libertou todos nós. Somos gratos a ele por isso.

— Sim. Então, além de escudos de carne, somos inúteis em uma luta.

Eu esperava que houvesse pelo menos um ou dois guerreiros decentes entre os gatos-negros que viviam no país dos homens-fera. Afinal, havia uma porrada deles morando aqui. Mas parecia que eu estava errado. Pelo contrário, os gatos-negros excepcionais pareciam ser aqueles que viajavam para fora do país, como os pais de Fran ou Kiara. Os gatos-negros que viviam aqui eram tão covardes que era quase desolador.

— Tratados mal? — perguntou Fran.

— Na verdade não mais. Antes, quando éramos escravos, os tempos eram difíceis. Mas agora que somos livres, as outras tribos não nos machucam mais, não diretamente. Mas eles ainda nos menosprezam.

— Não é como se os desprezássemos. —, disse o cão-vermelho que liderava a expedição. — Vocês sabem como é. Os gatos-negros sendo fracos é apenas um fato. Como o céu é azul e a grama é verde. O senso comum diz que é natural que vocês sejam fracos.

A julgar por sua expressão, ele realmente não pensava nada malicioso sobre os gatos-negros. Ele apenas cresceu acreditando que toda a raça era fraca. A ideia devia ter sido reforçada pelo fato de que todas as tribos, exceto os gatos-negros, eram capazes de evoluir.

— Mas olhar para você me faz sentir como se eu devesse reconsiderar isso. —, disse o cão-vermelho. — Mal posso esperar para vê-la em ação.

O guarda pareceu reconhecer que os gatos-negros tinham potencial, mas, de forma infeliz, sua opinião não parecia generalizada. A força de Fran não parecia mudar a percepção da raça dos gatos-negros como um todo.

15 minutos depois de partirmos de Schwarzekatze, chegamos à área onde os goblins foram avistados. Nós nos encontramos em um deserto pouco povoado por árvores. O solo na área ao redor da aldeia dos gatos-negros era pobre. Ele não tinha nutrientes suficientes para sustentar uma floresta densa.

— Este lugar, hum. —, comentou um dos gatos-negros.

— Este lugar? Algo errado? — perguntou Fran.

— Sabe, houve um período em que tentamos cultivar plantações por aqui. —, ele explicou. — Como nossa raça é fraca, não temos mão de obra para desmatar toda a área ao redor da vila. Só poderíamos cortar algumas árvores de cada vez e tentar nos contentar com uma pequena área. Quando descobrimos essa clareira, pensamos que poderíamos construir algumas grandes fazendas aqui, mas descobrimos que o solo não era fértil o suficiente para cultivar qualquer coisa.

O gato-negro ao seu lado olhou com pesar para o chão. Ele continuou.

— Existem terras mais férteis um pouco mais ao norte, mas esses lugares são muito frios para suportarmos. Além disso, elas estão infestadas de monstros.

— Falando em monstros, estou vendo os goblins. —, disse o cão-vermelho.

Fran logo conduziu o grupo a se esconder atrás de uma grande pedra. Vimos o grupo de goblins marchando para o sul em uma área rochosa à frente. Eles sem dúvidas encontrariam a vila se mantivessem seu curso atual. Os goblins estavam equipados com armaduras de ferro e seguravam armas de metal como espadas e lanças.

Que estranho. Goblins geralmente não estão tão bem armados. Na maioria das vezes, os goblins usam tangas e carregam bastões. Na melhor das hipóteses, eles tendiam a ter a armadura de couro que saqueavam dos aventureiros. Mas a única vez que vi goblins usando armaduras de verdade foi em Aressa, durante a Debandada de Goblins[1]. E mesmo assim, os únicos que estavam equipados eram hobgoblins. Havia um calabouço por perto ou algo do tipo?

— Esses goblins estão muito armados. —, disse o cão-vermelho. — Eles devem ter roubado esses equipamentos de um grupo de bandidos ou mercenários.

— Goblins fracos demais para isso. —, disse Fran.

— Não, não se o grupo fosse maior. Se os mercenários ou bandidos estivessem em menor número, os goblins provavelmente poderiam ter conseguido. Faria sentido se esse grupo logo ali fosse tudo o que restou do que começou como uma horda maior.

"Ainda deve ser uma moleza.", eu disse a ela telepaticamente. "Estes ainda são goblins normais, e não estou detectando nenhum reforço nas proximidades. Destrua eles."

"Entendido."

Fran saiu de trás da pedra e virou-se para a multidão de gatos-negros atrás dela.

— Indo agora. Irei eliminar goblins. Me observem.

A multidão olhou para ela com nervosismo.

— Por favor, não vá!

— Não nos abandone!

— Não se preocupe. —, disse Fran. — Urushi, fique aqui.

Au!

Urushi saiu da sombra de Fran e correu até os aldeões amontoados. Seus rostos relaxaram quando viram que o grande lobo negro os protegeria.

Fiquei feliz que os aldeões não tivessem mais medo de Urushi. Eles se animaram depois de vê-lo sendo amigável e interagindo com Fran.

— Vai ser rápido. —, disse Fran.

— Tu-tudo bem.

— Por favor, fique segura!

— Nós-nós estaremos assistindo.

Fran deixou os aldeões e se aproximou furtivamente dos goblins sob a cobertura do terreno rochoso.

“Você deveria se segurar um pouco. Você quer demonstrar sua força a ponto de os aldeões poderem vê-la.”

— Nn. Despertar. Ímpeto do Relâmpago Brilhante!

Raios negros chiaram ao redor do corpo de Fran. Sua cauda mudou de preto sólido para preto com listras cinzas e ela se levantou como um raio. Uma nuvem de poeira se levantou ao seu redor.

"O que eu acabei de dizer sobre se segurar!?"

— Nn. Mais legal desta forma. Demonstrarei habilidades de espada de forma lenta.

"Muito bem."

Fran me desembainhou e lentamente caminhou até os goblins. Os monstros a notaram e começaram a olhá-la. Três deles se aproximaram dela com espadas desembainhadas e as línguas penduradas para fora de suas bocas. Com três movimentos suaves, Fran cortou os goblins. Os goblins restantes, agora a vendo como uma ameaça, a cercaram com as armas preparadas.

Mais três atacaram-na, mas ela esfaqueou o primeiro no peito depois de se abaixar sob o golpe dele, depois se virou e decapitou os outros dois enquanto tentavam atacá-la de volta. Para os espectadores, ela se moveu com tanta facilidade e graça que parecia que estava dançando.

"Bom. A formação dos goblins já está começando a entrar em colapso. Espere aí. Aquele ali no chão não parece mais bem equipado do que os outros? Você provavelmente derrotou o líder deles sem nem perceber."

— Nn. Vou usar magia chamativa agora.

Enquanto os goblins estavam indecisos entre brigar ou fugir, Fran disparou a Explosão Tripla em direção à borda da formação dos monstros. Houve um grande clarão de luz e um goblin foi vaporizado no mesmo instante. Os dois ao seu redor foram jogados para muito longe, seus corpos carbonizados caindo no chão rochoso.

Os onze goblins restantes se viraram e fugiram a toda velocidade. Mas Fran era rápida demais para eles.

— Raio Atordoador. Raio Atordoador. Raio Atordoador.

— Gyaaooooh!

— Gyoooaaoo!

Fran paralisou os monstros restantes, lançando uma fraca magia do relâmpago contra eles. Depois que o goblins final atingiu o chão, Fran inspecionou seus corpos em convulsão.

"Você não vai matá-los?"

— Nn. Farei os outros acabarem com eles.

"Ó, grande ideia! Essa é uma ótima maneira de dar a eles um pouco de confiança e experiência."

— Nn. —, disse ela de forma presunçosa.

"Acho que está seguro agora. Você deveria buscá-los."

Enquanto caminhávamos de volta para o grupo de gatos-negros amontoados, dei uma última olhada nos monstros trêmulos.

Torci para que os gatos-negros tivessem coragem de acabar com eles. Com sorte, o lado selvagem e feroz deles não foi completamente extinto.


Nota

¹ Eventos dos capítulos 34 a 38.



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