Volume 6

Capítulo 335: Seguindo para o calabouço

Depois de ouvir a história sobre o passado de Murellia, continuamos a interrogar Johan.

— Para onde Murellia foi?

— O Mestre do Calabouço a chamou de volta para a Dungeon.

— Entendo. Então...

Ao longo do interrogatório subsequente, uma das perguntas mais importantes que fizemos foi a localização do Calabouço e sua força. Originalmente, era uma dungeon com a entrada do lado do Reino de Bashar nas Montanhas da Fronteira, no entanto, também foi criada uma abertura no lado do país dos Homens-Fera. Como essa última saída foi destinada ao exército de Seres Malignos e feras demoníacas, parecia ser bastante grande.

A entrada era em forma de caverna, mas o interior era praticamente uma fortaleza. Por sorte, Johan disse que existiam poucas armadilhas. O Mestre do Calabouço era um homem, mas ele parecia ser um personagem vil do tipo fracote. Seu poder de luta pessoal não era nada demais. Quanto à força do próprio calabouço, Johan não sabia muito. No entanto, um número considerável de monstros ainda permanecia lá.

— A dungeon, ela está...? Mal posso esperar. — Kiara murmurou com uma expressão animada.

— Lady Kiara, seu corpo não está totalmente recuperado. Por favor, não exagere. — Mianoa repreendeu Kiara, que havia acabado de se recuperar o suficiente para andar.

— No entanto, Murellia pode não ter permissão para ir e vir em liberdade, não é? Também não sou capaz de pedir reforços. Não temos escolha além de seguir em frente.

— Isso podia ser verdade, no entanto... — Nem Kiara nem Mare pareciam confiantes. Com um olhar preocupado, não pude deixar de concordar.

— O que, ela é a submestra do Calabouço, não é? Se necessário, podemos nos dividir em grupos para destruir o labirinto. — Kiara disse.

— Não acho que seja tão simples.

— Mesmo assim, isso deve ser feito. Uma velha da minha posição ou o destino do Império dos Homens-Fera? Comparar as duas opções seria insolência.

— … eu aceitarei a determinação da Mestra.

— Eu só queria um motivo para lutar, não se preocupe.

Kiara riu de forma maliciosa, mas Mare permaneceu solene. Apesar da atitude de Kiara, Mare provavelmente sabia que as palavras da gata-negra mais velha eram sérias. O único com uma expressão sutil era Guendalfa.

— Qual o problema? Não faça uma cara tão patética. — Kiara fez uma careta, notando o rosto dele.

— Não, Mestra, se você ouviu essa história, então...

— Você está sentindo simpatia? Que estupidez. — Kiara cortou Guendalfa.

— Não se preocupe com a genuinidade de tais histórias. Além disso, se você se chama de guerreiro, seja mais agradecido.

— O que-que você quer dizer?

— Seu oponente é uma figura lendária, entendeu? Se você tem que lutar, então que seja em uma luta digna.

— A única que pensa assim é você, Mestra. — Guendalfa comentou, atordoado. Nesse caso, ele era minoria, já que quase todos aqui eram maníacos por batalhas.

— Mare e Fran pensam assim também, certo?

— É mais divertido desafiar adversários fortes do que intimidar os fracotes.

— Nn. — Fran concordou.

Maníacos por batalhas eram simples. Mas eu também concordava. De qualquer forma, Murellia era inimiga de Fran. Nesse caso, deveríamos apenas derrotá-la. Guendalfa, ingênuo e jovem, parecia achar difícil de aceitar essa decisão, embora Kuina e Mianoa também parecessem concordar com Kiara.

— Não seja ingênuo. Graças a eles, o Império dos Homens-Fera está em uma crise sem precedentes, não é?

— … sim. — Guendalfa ainda parecia desconfortável, mas isso era algo que ele precisava superar por conta própria. Embora pudesse ser bom deixar como estava.

— Muito bem, em seguida, quero que você me conte sobre o objetivo do Reino de Bashar. — Mare virou-se para Johan. Como se viu, Murellia e o Reino de Bashar tinham alguma conexão. Não sabíamos quanto disso era baseado na verdade ou não, mas havia algo. No entanto, isso tornava justo trabalhar com seres malignos? Até uma dívida de 500 anos não deveria ser nada comparada à política.

— O que o rei de Bashar está pensando, se aliando a esse mal? Embora o objetivo seja resolver o ressentimento doméstico em relação ao Império dos Homens-Fera, não acredito que um homem são faria isso. Talvez exista alguma outra razão para isso?

— Sua Majestade o Rei disse que estava agindo pensando na dívida de 500 anos atrás.

— Você acredita nisso?

— De modo natural.

— ... não há como um rei pôr em perigo seu país por causa de alguma obrigação. Ele deve estar planejando outra coisa!

— Vocês, homens-fera, podem ser assim, mas isso é algo de se esperar do meu povo em Bashar.

Eles não achavam que havia algo errado com esse rei que uniu forças com o mal? Isso me faz pensar que se essas pessoas estão dispostas a jogar suas vidas fora para proteger Murellia, então era uma situação muito assustadora. Tinha a sensação de que a lealdade a ela era muito extrema, ou talvez cega demais.

Nem todos os cavaleiros do Reino de Bashar eram assim, certo? Em primeiro lugar, os outros cavaleiros sabiam que estavam trabalhando com Seres Malignos? Quando perguntamos isso, descobrimos que apenas aqueles de mais alta autoridade tinham esse conhecimento permitido e muito menos recebeu a chance de conhecer Murellia. Assim como imaginei, eles não deixariam ninguém saber sobre esse assunto... de qualquer forma, não havia nenhuma evidência, portanto, mesmo que isso vazasse, ninguém acreditaria.

Mais tarde, a técnica de hipnose aplicada a Johan acabou por desaparecer e não foi possível obter mais informações. Mare e as outras pareciam querer mais um pouco de informação, mas isso não havia o que fazer.

— Vamos perseguir Murellia agora?

— Sim. Porém, apenas ouvimos a localização aproximada do Calabouço. Como chegaremos lá? Nem todo mundo pode andar em Llinde... — Mare colocou o dedo no queixo e murmurou em pensamento.

Sem dúvidas levaria muito tempo a pé para chegar às Montanhas da Fronteira. Kiara e Mare se recuperaram e deviam poder correr por conta própria, mas isso as deixaria exaustas mais uma vez. Em um cenário ideal, pegaríamos uma carruagem, mas, infelizmente, não contávamos com algo parecido no momento.

— Fufu. Eu pensei que algo assim poderia acontecer, então eu trouxe isso por precaução. — Vendo Kiara e Mare parecendo perturbadas, Kuina enfiou a mão na saia.

— Não aja de forma tão composta em uma situação como essa.

Ignorando a resposta de Mare, Kuina apareceu com uma carruagem de dossel com um giro de sua saia. Tinha até um cavalo de pedra preso a ela….

— É uma carruagem de seis lugares com um golem.

— Senpai é incrível. Para dizer essa frase em uma situação como esta!

— É porque eu sou uma camareira.

Eu entendi a expressão de Kuina agora. Era uma cara de total presunção, não era? Guendalfa e os outros aventureiros olharam para Kuina com rostos chocados.

Embora, ao que tudo indicava, não fosse nada de especial para Mare e Kiara. Elas já estavam entrando na carruagem...

"Você também não está surpresa, Fran?" Eu perguntei.

"É igual ao Armazenamento Dimensional, por isso não." Fran respondeu telepaticamente.

"Bem, sim, mas..." Eu parei. Ao que parecia, o colapso do senso comum era inevitável…

— Dito isto, nem todos podem andar nela. Mestra Kiara deveria...

— Eu com certeza irei.

— Eu já sabia. Kuina, Mianoa e Fran também irão, ou pediremos que outros escoltem os cavaleiros?

Os cavaleiros capturados não poderiam ser deixados sozinhos e com certeza há mais informações que podemos obter deles. Parecia que Mare pretendia deixar a escolta dos cavaleiros nas mãos dos aventureiros. Eu também concordei com essa ideia. Mesmo que houvesse mais pessoas que Murellia, se não pudessem resistir a ela, elas acabariam sendo manipuladas. Uma força pequena, mas de elite, seria melhor. Quanto a Guendalfa, trazê-lo ou não era uma escolha difícil de fazer, mas uma pessoa que luta com hesitação seria apenas um fardo.

— Por favor, esperem! Eu vou também. — Depois que dissemos a ele, Guendalfa respondeu às pressas.

— … você quer ir?

— É claro!

— Se parecer que você se tornará um fardo, nós o deixaremos para trás, de acordo? — Kiara perguntou a ele em tom de aviso.

— Com certeza. — Guendalfa concordou de forma solene.

— Entendido. Muito bem então.

— Mestra, está mesmo tudo bem? — Mare perguntou a Kiara. De qualquer forma, mesmo que ele quisesse ir, a capacidade de luta de Guendalfa não era nada de especial.

Kiara encolheu os ombros e suspirou.

— Persuadi-lo do contrário levaria muito tempo. Nesse caso, você seria mais útil para nós no lugar de um escudo.

— Então, por favor, use-me como escudo, ou da maneira que quiser.

— Seu maldito idiota! Quem usaria um broto de feijão como você como escudo!?

— Mas, não foi a Mestra quem acabou de dizer isso...?

— Isso foi uma figura de linguagem! Você pode limpar sua própria bunda, ou não? Entendeu?

— Sim!

Enfim... os que seguiriam ao Calabouço são Fran, Mare, Kuina, Kiara, Mianoa e Guendalfa. Além disso, Urushi, Llinde e eu seríamos membros ocultos. Essa equipe seria tranquilizadora em situações normais, mas os adversários desta vez eram Murellia e sua dungeon. Não poderíamos baixar nossas guardas.



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