Volume 8

Capítulo 393: Os rumores da família do marquês

No orfanato, Fran e Urushi se fartaram com as obras-primas culinárias de Io. Depois de doar ingredientes, seguimos em frente. Nosso próximo alvo era a Mesa do Dragão.

Oh, Fran. Há quanto tempo.

Nn. Olá, Fermus.

Um senhor idoso veio ao nosso encontro, com a boa aparência de sempre. Vendo Fermus saindo da cozinha, um dos convidados soltou um grito entusiástico.

— Hoje você decidiu vir comer conosco?

Nn!

Hahaha. Como você não conseguiu me encontrar da última vez que veio, vou mostrar tudo o que a minha culinária é capaz. No entanto, o lobo não está com você?

— Está nas sombras.

— Se você não se importa, então me deixe cozinhar para todos. Afinal, vocês lutaram contra seres malignos juntos.

Au, au!

Ele já tinha ido para a cozinha antes que Fran tivesse tempo de dizer qualquer coisa. Bem, já que perdemos a chance de comer aqui da última vez, eles provavelmente queriam comer antes de partirmos de novo.

— Bem, o que você quer comer?

— Tudo.

Haha. Entendido.

Fermus não ficou surpreso, como se já soubesse que Fran era uma comilona. Em vez disso, ele imediatamente se virou e foi para a cozinha. Da última vez, só pudemos provar a comida de seu aprendiz, mas agora, Fermus iria cozinhar para nós.

A primeira coisa que a funcionária que vimos antes trouxe foi a sopa de osso de dragão, um dos pratos mais famosos. No entanto, ele estava amarelado.

— Nova receita, Sopa de Curry de Osso de Dragão.

Pelo visto, ele também decidiu seguir a moda do curry.

“O que você acha?”, perguntei

Fran não disse nada, apenas continuou a engolir o caldo.

Parecia muito saboroso.

— Então, o que você acha?

— Deslumbrante. Um pouco azedo, mas bom.

Au, au!!

— Sério? Estou muito feliz em ouvir isso de você!

Esse curry era mais parecido com o curry tailandês do que o indiano. Como esperado de Fermus, ele só precisava de uma dica para fazer tal prato.

A cada novo prato que era trazido, Fran e Urushi ficavam cada vez mais ansiosos. Dez dos pratos eram carne, os mesmos que eles tinham comido antes. Depois de dar uma mordida, Fran assentiu com a cabeça, mas de repente parou.

“O que foi?”, perguntei.

— Delicioso, claro, mas Fermus cozinha melhor. — Fran disse em voz alta.

Eh? Está saboroso?

A voz pertencia a um estudante de Fermus. Parece que ele estava cozinhando. Era incrível como ela entendeu a diferença com apenas uma mordida. Fran elogiou a habilidade do aprendiz, dizendo que ele estava melhor do que a última vez, não ousando dizer que o gosto era inferior ao de Fermus. Vamos deixar ele continuar o trabalho com o mesmo espírito.

Depois disso, Fran e Urushi provaram uma variedade de pratos, até que enfim ficaram satisfeitos.

O nosso destino final nos aguardava em Barbola, para ser mais específico, a sede do Conglomerado Luciel.

Como esperado, era uma grande empresa, e Fran percebeu isso assim que entrou no prédio. Ou foi porque ela se lembrou de ter vindo aqui antes?

A senhorita na mesa da frente levantou-se para se curvar educadamente aos convidados. Além disso, havia também um menino que se parecia com um aprendiz, que se apressou a imitá-la.

— Há quanto tempo, senhorita Fran. O que a traz aqui hoje?

— Rengil está?

— Vou verificar se ele está aqui, por favor, aguarde um pouco.

Assim que a recepcionista saiu, o menino aprendiz correu atrás dela. Deve ter ido contar a Rengil sobre a visita de Fran.

— Por favor, venha por aqui.

A moça da recepção nos convidou a sentar. Então, quase imediatamente, outra funcionária entrou com um uniforme de empregada doméstica, com chá e bolos. As xícaras e recipientes dos molhos eram decorados com belas pinturas, e os bolos eram excepcionalmente decorados.

Considerando que os demais comerciantes tinham xícaras simples, deveria ser um gesto de cortesia. Fran parecia um pouco infeliz porque apenas doces eram trazidos com o chá, relembrando o passado com saudade. Quer dizer que ter bifes para acompanhar o chá na Nação dos Homens-fera era estranho, ou foi só impressão minha?

“Fran, você já comeu bastante, tem certeza de que vai comer tudo?”, questionei.

No início ela comeu em barracas ao ar livre, depois em um orfanato e, por fim, na Mesa do Dragão... ela deveria ter ficado cheia há muito tempo.

Nn? É claro.

Ela alegremente colocou o bolo na boca, como se não tivesse comido nada mais cedo, mas colocou todo o resto da comida no Armazenamento Espacial.

“Talvez você não deva exagerar assim.”

— Sempre há espaço para doces.

Eu, é claro, não me importava que Fran comesse muito, mesmo assim... nos últimos tempos, percebi que ela estava se tornando cada vez mais insaciável. Embora, considerando o quanto ela se movia, não precisava se preocupar com o excesso de peso. Mas teria que pensar em alguma coisa se notasse sinais de sobrepeso.

Enquanto Fran devorava os bolos, a moça já havia retornado e nos escoltado até a sala do Capitão Rengil.

— Você decidiu voltar para Barbola?

Nn. Partindo logo, parei para dizer olá.

Oh! Estou lisonjeado.

— Também, quero comprar especiarias.

Apesar de os preços terem ficado um tanto superfaturados, ainda podíamos bancá-los. Sem mais delongas, compramos a quantia que precisávamos.

— Bem, se você aparecer na cidade, venha visitar de novo!

Nn.

Como o capitão Rengil sabia que Fran era dona do Armazenamento Espacial, ele não nos fez nenhuma pergunta sobre transporte.

Depois disso, perguntamos a Rengil sobre Gallus e Zerrosreed, mas parecia que ele não conseguiu encontrar nada.

No entanto, descobrimos algo mais interessante sobre a família do marquês Ashtonah.

— Essa família agora está em uma situação difícil...

— Situação difícil?

— O Marquês Ashtonah recebeu uma acusação da Guilda sobre seu filho, Celldio, que era um aventureiro. Como um aventureiro rank A, rumores começaram a circular sobre ele, e poucas pessoas confiavam no rapaz. Agora que ele está morto, suas inúmeras atrocidades ressurgiram.

Aventureiro rank A Celldio, nós o matamos em Ulmut! Por ofender Fran, tentando me roubar dela, e por ofertas imundas para fazer dela sua concubina, ele teve o que merecia! O enganamos para me equipar, acionando a Maldição Divina que caía sobre qualquer um que não fosse Fran, assim ele morreu por causa da maldição da espada e sua estupidez1.

No entanto, Dias, líder da Guilda de Ulmut, já tinha dito algo sobre o fato de querer resolver os crimes cometidos por Celldio para os demais líderes das Guildas. Parece que ele fez mesmo isso. Então os acusados são a família do Marquês? Será que eles não têm medo de nada?

— Como a Guilda pode enfrentar o Marquês?

— Eles podem, graças aos rumores, e graças ao fato de o Estado ter ajudado a guilda, a família nobre parece ter pago a indenização integralmente.

A guilda teve o testemunho oral de um aventureiro respeitado de rank A, e evidências na forma de ervas mágicas. Além disso, uma vez que o país não queria estragar as relações com a Guilda dos Aventureiros, eles decidiram jogar toda a culpa em Celldio.

Considerando que também tinham depoimentos dos capangas de Celldio que diziam que a família Ashtonah ordenou que ele buscasse as Espadas Divinas, não foi um escândalo habitual que minou a confiança na família. O próprio Estado passou a observá-los com atenção.

— Recentemente, seus assuntos financeiros sombrios foram revelados. Como nossa empresa também tinha que negociar com a família do Marquês, posso dizer que muitas vezes eles não pagavam suas contas.

Nn.

Rengil não sabia que Fran estava envolvida com a morte de Celldio. Parecia que Dias não deixou escapar nenhum detalhe desnecessário. Mas era difícil acreditar que, com tantas testemunhas, o envolvimento de Fran foi tão bem escondido. Não sabia se a família Ashtonah sabia disso.

Se sim, eles não apenas podiam estar escondendo Gallus de nós de propósito, como também podiam guardar rancor contra Fran. Seria melhor estar mais atento ao nos encontrarmos com essa família.

O próximo destino era Ulmut, então precisaria falar com Dias sobre isso.


Nota

1 – Eventos do capítulo 221.



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