Volume 8
Capítulo 421: As circunstâncias de Velmeria
— Parece que Mestre Gallus estava de fato confinado na residência do Conde Holmes. Tenho certeza disso, já que alguém do nosso lado testemunhou. Contudo...
— Contudo?
— O relato veio de uma pessoa que se infiltrou como jardineiro, por isso não sabemos em que local da mansão ele está. Além disso, nem sabemos se ele ainda está na mansão do Conde.
Bem, era provável que ele estivesse confinado em um quarto escondido, um porão ou algo parecido. No entanto, parecia que ele acabou sendo visto quando foi levado para o salão no primeiro andar por alguma razão.
— Ele disse foi há apenas um dia.
— Entendido.
Fran acenou com as palavras de Velmeria. Mas, como se estivesse em pânico, ela continuou a falar:
— Estamos agora nos preparando para realizar uma busca na residência do Conde Holmes sob a autoridade do Conde Bailleys! Por favor, não faça nada precipitado!
Sem saber, ela sentiu o espírito de luta de Fran aumentando e pensou que talvez a garota quisesse ir sozinha.
Na verdade, acho que era essa mesma a intenção de Fran. No entanto, eu era contra a ideia de Fran correr sozinha para a mansão do Conde. Mesmo que ele estivesse fazendo coisas ruins, ainda era um nobre.
Isso com certeza nos faria parecer bandidos. A não ser que estivéssemos preparados para resgatar Gallus e fugir do país, mas não tinha intenção de fazer isso. Também não sabia se podia resgatar Gallus.
— É difícil obter acesso à residência do Marquês Ashtonah, mas se for em nome de uma investigação contra o Conde Holmes, tenho certeza que podemos conseguir a permissão. Com total certeza. Dentro dos próximos dias, vamos fazer nosso movimento. Vou perguntar se Fran pode se juntar a nós, então, até lá, por favor, não faça nada precipitado.
Velmeria encarou Fran como se estivesse implorando.
“Fran, você deve apenas acenar com a cabeça. Quanto mais detalhes eles puderem nos dar sobre o paradeiro de Gallus, maiores as chances de resgatá-lo.”
— Nn. Tá.
— Oh, muitíssimo obrigada.
Velmeria se sentiu aliviada e acariciou seu peito.
Quanto a Fran, ela parecia um pouco insatisfeita, mas a deixaria aguentar um pouco mais. Entretanto, uma vez que ela ficava motivada, seu interruptor de batalha seria ligado. Seu corpo ainda estava exalando espírito de luta.
Frederick deve ter sentido isso, porque ele estava prestes a abrir a boca, que estava fechada até agora.
— Velmeria, por que você não pede para Princesa do Raio Negro te treinar?
— Eh? Frederick? Do que você está falando?!
— Há muito a ganhar praticando com adversários mais fortes. Além disso, a Princesa do Raio Negro também não quer exercitar seu corpo?
— Nn!
Fran, de todas as pessoas, era a mais entusiasmada com a proposta de Frederick. Ela já estava se levantando do banco e me puxando.
— Velmeria, estou pronta.
— ... entendido.
Velmeria também devia ter ouvido as palavras de Frederick e percebeu que a empolgação de Fran deveria ser dissipada aqui. Ela acenou com a cabeça ao convite de Fran.
Não, não só isso, mas Velmeria também parecia estar de acordo. Imagino que isso significava que ela também era uma viciada em batalhas.
— Você não vai pegar arma?
— Não, esta é a minha postura.
— Entendido.
Velmeria encarou Fran sem nenhuma arma, aparentemente de mãos vazias. Mas isso não significa que ela fosse boa em lutar com os punhos.
Com base em sua Avaliação, ela podia usar Artes Marciais, mas ela era mais habilidosa em usar adagas, Artes das Trevas e arremessos. Ela devia ser boa em assassinato com sua capacidade de ocultar a presença.
Bem, não iria contar a Fran. Seria mais divertido para a garota, e seria um bom treinamento para a moça. Agora, me perguntava quão bem Fran lidaria com o primeiro golpe?
Frederick usou uma técnica para envolver os arredores na escuridão para evitar que as duas fossem vistas, o que também foi o sinal para o início da batalha simulada.
Foi Velmeria quem atacou primeiro. No entanto, achei que era a decisão correta. Porque não adiantava esperar Fran, que estava armada e tinha uma estratégia surpreendentemente eficaz para atacá-la.
Mesmo que seu oponente fosse mais forte do que ela, a moça podia ser capaz de derrotá-lo com um golpe em um ponto vital usando as Artes das Trevas.
Embora não tivesse habilidades com as Artes das Trevas, podia dizer que Velmeria estava atirando algo familiar. Aparentemente, ela jogou algo parecido com uma ponta de flecha que havia escondido sob a manga.
Ela suprimiu a sua intenção assassina e presença sem qualquer movimento preliminar. Mas eu estava um pouco impaciente. Estava pensando muito sobre lançar um ataque antes que ela se aproximasse de Fran.
Se ela fosse uma aventureira rank C comum, poderia ter sido capaz de criar alguma dificuldade. Com sorte, isso poderia causar algum dano. Porém, a estratégia não funcionou contra Fran. A esta distância, Fran ainda podia ver e reagir.
Fran se esquivou da ponta da flecha lançada por Velmeria ao inclinar um pouco a cabeça. Ela então avançou e mirou o plexo solar de Velmeria com um chute frontal.
— Shhi!
— Gafuuh...!
— Hyee!
“Hou.”
Fran estava pegando leve, mas ainda mandou a adversária voando para trás com o chute. Ela sofreu alguns danos, mas não foi o suficiente para impedi-la de se mover. Não podíamos subestimar a força dela. Com mais experiência de batalha, ela se tornaria mais forte.
— Até parece que eu deixaria isso acabar assim! Haaa!
— Mmh!
— Shhh!
— Como esperado...!
Velmeria segurou uma adaga em cada uma das mãos e seguiu contra Fran. Ela lançou uma cortina de fumaça pouco antes e jogou um objeto parecido com uma rede. Ela devia ter ficado séria.
Fran usou Magia do Vento para soprar a fumaça e a rede, mas então, Velmeria já estava bem ao lado da garota. A vendo, mudei minha visão sobre ela. Achei que a meia-mulher-dragão fosse um tipo de assassina esperando por um ataque surpresa, mas sua habilidade com a adaga era bastante elevada.
Além disso, ela era um tanto traiçoeira. A moça compensou a leveza de seu corpo e a baixa potência de ataque das adagas com força centrífuga. Enquanto girava como um pião, ela desferiu as duas adagas contra Fran. Além disso, quase todos os golpes estavam mirando pontos vitais.
“Entendo, se ela conseguir acertar, pode virar o jogo com um só golpe.”
Seu professor devia ter a preparado para lutar de forma que pudesse vencer contra adversários mais fortes. Eu mesmo achava que a melhor coisa a fazer era fugir de um oponente que você não podia vencer, mas havia certas situações em que você não poderia fazer isso e certas situações em que você não devia fugir.
No entanto, ela ainda era inexperiente. Seus ataques foram repelidos por mim, e a moça foi muitas vezes lançada para longe por chutes e socos. Contudo, a vontade de lutar não desapareceu do rosto de Velmeria. Com seu rabo de cavalo azul-claro balançando de forma selvagem, ela seguiu em direção à Fran. Era a prova de que a mente dela estava bem treinada.
Gostaria de saber se foi Frederick quem estava ensinando Velmeria a lutar. Falando sobre ele, o homem estava observando Velmeria com uma expressão muito gentil. Ele parecia um pai ou um irmão.
Eu realmente não entendia a relação entre esses dois. Velmeria, que tinha o sobrenome Bailleys, e Frederick, que conversava com ela de uma forma que parecia ser um subordinado...
Ambos eram meios-homens-dragão, e tinha certeza que havia alguma razão para isso. Mas não sabia se era algo a se perguntar. Não queria me intrometer no lado obscuro de um nobre.
Mas algumas pessoas simplesmente não podiam ler a situação.
— Ei, que relação Velmeria e Frederick têm? É porque vocês são meios-homens-dragão?
Eu me referia a Senhorita Fran. Ela casualmente perguntou durante o intervalo. Assim, Velmeria respondeu com surpreendente facilidade. Ao que tudo indicava, não era como se isso fosse um segredo como imaginei.
— É difícil dizer que tipo de relacionamento temos, acho que seria mais como uma tutela? Ouvi dizer que ele era originalmente um guarda a serviço de minha mãe, mas quando meu pai me acolheu, ele veio para este país comigo.
— Então, sua mãe não está nesta nação?
— Sim. O pai é... Meu estimado pai é o Conde Bailleys, a quem Fran conheceu no outro dia. O que sei é que ele conheceu minha mãe quando foi enviado para o continente Goldishia.
O continente Goldishia era um lugar onde a maior parte de seu território estava coberta por uma fera demoníaca tão enorme que engolia o continente. Se não estou enganado, também já ouvi dizer que havia um império de homens-dragão.
— Foi-me dito que minha mãe era a cuidadora de meu pai.
Assim, o Conde e a mãe de Velmeria tornaram-se família, e a moça nasceu. No entanto, o Conde teve que retornar ao seu país depois que o prazo de sua expedição terminou, e foi aí que ele a acolheu.
Sem dúvidas, o Conde já tinha uma esposa e filhos, mas como um nobre, isso não era um problema.
— Sua mãe ainda está em Goldishia?
— Sim. Minha mãe tem algo para fazer lá, então ela não pode deixar o continente de Goldishia.
— Solitária?
— Bem, o que você acha? Tenho poucas memórias dela, e acho que não estou desesperada para encontrá-la... Bem, mesmo que pudesse conhecê-la, você acha que eu gostaria disso?
Ela parecia ser bem despreocupada. Talvez fosse assim se você se separasse desde cedo e crescesse sem ver um de seus pais.
Era Frederick que tinha um rosto bastante penoso. Ele olhou para Velmeria, que encolheu os ombros, e baixou os olhos com pesar.
Talvez ele estivesse sentindo pena de Velmeria, que não tinha memórias de sua mãe.