Volume 1

Capítulo 49: Promessas…

Imediatamente, a turba de soldados, guiados por Lonios, seguido de Nimbus e Valeros, correu em direção à porta. Adon, olhando para o corredor que havia criado entre ele e seus soldados, sorriu. Contudo, sua felicidade foi efêmera. 

Ele caiu ao lado de Boagrius, que, com o corpo perfurado por inúmeras flechas, dava seus últimos suspiros. Adon, segurando a mão do pupilo nos últimos momentos, tentou oferecer o melhor sorriso que pôde. 

Ele sabia que, apesar do pelotão de arqueiros caído à sua frente, não estava gravemente ferido, mas sentia o sangue brotar de sua boca. Seu corpo parecia começar a se congelar.

Foi nesse momento que Valeros se aproximou.  

— Mestre, por que fez isso? Não era para o senhor fazer isso, eu deveria ter feito.  

— Cale... se Valeros — disse o velho cavaleiro com dificuldade, fazendo o jovem acatar a ordem imediatamente. — Era... meu papel. Você ainda tem muitas batalhas pela frente.

Adon tossiu sangue, uma quantidade significativa que fez com que ele parasse de falar por alguns instantes. Porém, sua voz parecia se fortalecer, como se fosse o princípio de uma recuperação.  

— Agora o Égipe é seu, Deus sabe que meus filhos não vão seguir o ofício de cavaleiro, eles já estão avisados... quando um dos meus netos ou bisnetos decidir se tornar cavaleiro como o avô, é de sua responsabilidade treinar e passar a ele o escudo.

Mais sangue escorreu pela boca do cavaleiro, agora de forma abundante, seguido por uma nova onda que desceu pelos seus olhos, nariz e orelhas.  

— Prome...ta-me... prometa — ele falou antes de desfalecer. 

Valeros, com os olhos cheios de lágrimas, segurou a cabeça do mestre que, por tantos anos, fora seu pai, mentor e amigo. Levantando-se do corpo inerte de Adon, ele ignorou a luta feroz ao seu redor e jurou em voz alta.  

— Sãr Adon Ethel, sobre o seu corpo de cavaleiro eu juro que vou honrar seus ensinamentos, este escudo e a sua linhagem ao treinar seus descendentes.  

Não havia mais o que fazer. O grande cavaleiro Sãr Adon Ethel estava deitado sobre uma poça de sangue, seu corpo começava a murchar. O imenso tamanho que tivera foi reduzido, até que não restou mais nada além de sua armadura, agora dissolvendo na poça de sangue em ebulição. 

Não havia sequer um esqueleto para ser enterrado. Quando Valeros tentou pegar a armadura de couro, ela foi levada pelo vento para as profundezas do éter. Restaram apenas as lembranças de um homem glorioso. 

Alguém poderia dizer, no futuro, que ele morreu feliz, tendo vivido uma vida plena, pois parecia haver um sorriso gravado onde antes estava seu corpo, agora apenas uma mancha queimada no convés da nave inimiga.

Mas não houve tempo para luto. Valeros sabia que deveria honrar o legado de seu mestre, o qual agora se resumia a tomar a nave inimiga e matar o maior número possível de inimigos.

O jovem aprendiz, já calejado pelo treinamento, observou Sãr Lonios e Nimbus lutando próximos à porta. Ainda levariam alguns minutos para derrotar os inimigos que saíam da nave inimiga. Mas Valeros sabia o que fazer.

Segurando o Égipe com sua mão dominante, a esquerda, ele saltou com toda a sua força em direção à entrada. Com um movimento preciso, ele encostou o escudo no ombro direito e, com isso, derrubou todos os inimigos que bloqueavam a porta. 

No momento seguinte, se viu no meio de vários piratas, dentro da ponte inimiga. O espaço apertado e a confusão favoreciam sua ação. Ele começou a eliminar qualquer inimigo que cruzasse seu caminho. Um golpe, uma morte. 

O local estava cheio de lutadores, com pouca mobilidade, o que permitia a Valeros investir com seu escudo, desequilibrando os inimigos e cortando gargantas, abdômens e membros

Quando haviam não menos do que uma dezena de piratas mortos no chão, Lonios, Nimbus e os soldados conseguiram entrar no local. A ponte estava tomada. Os pilotos agora estavam de mãos em riste e o homem mais velho ali, aparentando ser o capitão, havia largado suas armas ao chão.

— Quem é o capitão? — Valeros resolveu tirar a dúvida.

Um dos pilotos quebrou o silêncio e apontou para o velho de barba grisalha à sua frente. Não há honra entre ladrões.

— Não Valeros, precisamos o interrogar, eles se entregaram.

— Muitos bons homens morreram aqui hoje. — Com um único golpe, Valeros cortou a garganta do capitão e o viu asfixiar com o próprio sangue até a morte.

Lonios não o repreendeu, ele sabia que não havia nada que pudesse ajudar o garoto a se sentir melhor, ele havia perdido o seu pai hoje.

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