Nisōiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume V – Arco 14

Capítulo 137: Líder Pretoriano

Um grupo de Senshis cavalgava para Doa, quando encontrou a estrada para o bosque completamente alagada. Impossível avançar após alguns metros sem afogar os cavalos. Apesar disso, a cidade estava à vista para a surpresa da tropa, erguida em um pedestal de terra cercada pela corrente de todos os lados.

Além da cidade, os reforços viram descendo pelo cilindro de terra no centro do lago artificial uma dezena de homens, se apoiando em saliências que brotavam da superfície da estrutura. Eles logo saltaram para o lago, navegando por cima das águas por meio da terra que lhes proporcionaram plataformas para saltar.

Eles sacaram suas espadas nas margens do lago, porém uma larga onda de água se projetou dos dois lados, varrendo os inimigos engolidos pela água. Com os cavalos e espadas, boiando na superfície, os pretorianos subiram de volta ao seu general que aguardava no bosque de entrada de Doa.

— General — um deles tomou a frente, batendo continência — Os reforços foram neutralizados. Permissão para avançar para a cidade.

— Designei você e seu time para proteger o perímetro — ajoelhou no chão, procurando algo na superfície da terra com as mãos — seu trabalho não acabou até a batalha estar encerrada.

— Senhor, você viu aquele homem ontem. Como ele ousa… você é o General Hidetaka, Líder Pretoriano. Não pode deixar um rato pensar que ele é maior do que é.

— Qual o seu nome? — sua mão entrou dentro da terra. 

— Tenshi, senhor.

— Bem, Tenshi. Eu reconheço um guerreiro quando vejo um. Mesmo sendo um impuro, aquele homem demanda seriedade — puxou da terra uma larga e longa espada cor de grafite com uma empunhadura que servia de alça — Você ainda não possui isso.

— Pretende continuar esperando para exterminar esses…

— Silêncio. Eu não disse que você vai ficar no perímetro. Venha comigo, precisa aprender como se trata os impuros.

As tropas na muralha de Doa acordaram com o ranger das correntes do portão de entrada, anunciando mais reforços. Os mirins olharam do alto junto ao seu professor.

— São os reforços que Masaki falou que viria? — perguntou Yukirama.

— Não — respondeu Tomio — Reconheço esses da Câmara de ontem. Pelo visto a paciência com Masaki acabou.

Todos desceram para recebê-los e se preparar para o segundo dia. Entre recém-chegados, um deles chamou pelo grupo de mirins:

— Desculpa pelo atraso — disse Usagi — Mas até que vocês deram conta de tudo sem mim. 

— Usagi, ainda bem — comentou Umi — Tem alguém que você precisa…

— Dar conta? É até que sim, mas vai ser mais fácil agora com você aqui — uma voz disse atrás dele.

— Yukirama — Usagi abriu os braços para recebê-lo — Então… Cadê a Aiko?

— Ela se machucou — disse Masori, reparando a preocupação no olhar do mirim — É, a coisa tá bem séria por aqui. 

Usagi foi levado para onde Aiko tinha seus pés enfaixados por um médico, sob a sombra de uma árvore cercada por outros feridos em tratamento. 

— Está machucada? 

— Só uma torção — sorria timidamente — Obrigada por se preocupar comigo… E por ter vindo.

— Tem lugares melhores para gente se ver — pegou na mão da garota — quando tudo isso acabar, você…

— Desculpa — colocou sua mão sobre a dele — eu não sei.

— Essa gente toda veio da Câmara? — Yanaho se juntou a eles apontando para a discussão que ocorria atrás de si — Ninguém avisou a eles dos Heishis

— O que fazem aqui? Essa cidade é nossa.

— Se é assim, então porque chamaram a gente para ajudar?

— Vocês não ajudariam nem se quisessem. Saiam já da…

— Atenção, capitão — Tomio entrou no meio dos Senshis, puxando o mais falante para o lado — Sem ações precipitadas sem os comandantes.

— Você também, Tomio? — apontou para o Heishi na sua frente — É isso que os anciãos falavam. Como podem trazer essas gralhas para nossa casa?

— Esperem a chegada dos comandantes e fique do seu lado do acampamento — Tomio reparou que os Senshis não se moveram — Andem logo — gritou.

Com a dispersão deles, Tomio ficou parado ali por um instante acalmando a si mesmo coçando a nuca. Por sua vez, o principal representante da família Chisei deixou a discussão correr entre seus homens, levando Kyoko para junto dos mirins.

— Eu não sei se essa é a melhor hora — disse Yukirama, vendo os dois se aproximando.

— Seu comandante está demorando. Já amanheceu e nenhum sinal deles.

— Você viu Masaki ontem. Ele vai dar conta. E além do mais, eu sou um mirim, não dá para ordenar os Senshis a fazerem o que eu digo — respondeu Yukirama — sugiro que acalme seus homens porque tá todo mundo correndo o mesmo risco. 

— Sugere? Que engraçado — ameaçou uma risada — Você respeita a hierarquia militar a ponto de não contrariar os Senshis, porém se sente confortável em ordenar a mim, um nobre. 

— Engraçado é você se achar especial só pelo sangue que tem.

— Posso saber o que meu amigo aqui fez para chamar atenção de vocês? — Masori se colocou entre Yukirama e os dois Ao

— Somos enviados do Imperador — Doku se apresentou, Kyoko permaneceu calada — Seu amigo nos ajudou bastante nas montanhas. Não contou a eles, Yukirama? 

— Doku é de uma família importante — Yukirama acalmava Masori — E essa aí do lado dele, eu não sei de onde vem, mas esteve com a gente numas coisas pesadas. Eles são o mais próximo de amigos que você vai encontrar nos azuis.

— Isso foi um elogio? — Doku sorriu de canto.

— Enviados do Imperador? — se intrometeu Yanaho — Alguém já assumiu o trono? 

— Que pergunta mais… — Doku estranhou, mas conteve a fala — Como você se chama?

Os mirins prenderam a respiração. Pela primeira vez na conversa Kyoko cresceu os olhos ao ouvir da boca do mirim: 

— Yanaho. Vocês conheceram o Suzaki?

— Chega — tomou a dianteira Kyoko, sendo segurada por Doku — nenhuma palavra mais vai sair da sua boca.

— Calma, Yanaho só… lutou comigo contra Suzaki nas montanhas — se colocou entre eles — não precisa de mais…

— Não precisa esconder de mim — interrompeu Doku — Suzaki entregou relatórios extensivos contando sobre seu Rito de Passagem e você está neles.  

— Então é você… — Kyoko não tirava os olhos de Yanaho. 

— Eu o quê? O que foi que ele escreveu sobre… — perguntou Yanaho — Quer saber, eu não quero saber. Eu e ele… estamos mais separados agora do que nunca.

— Isso significa que estamos do mesmo lado. É a coisa mais importante no momento — apertou a mão no braço da sua parceira — Não é, Kyoko?

Kyoko continuava se debatendo, quando um grito captou atenção de todos ali:

— O Principal Masaki e os comandantes retornaram! 

Imediatamente Masaki foi cercado pelos Senshis. Kenichi, Takuma e Tomio mediam a pequena multidão. Os Heishis eram jogados para os lados, acompanhando a confusão de longe. 

— Basta — Masaki subiu a voz — Ainda temos um acordo com os Heishis, são ordens expressas do Supremo e eu estou aqui para apoiá-las. Se alguém tem algo a protestar, está livre para sair do campo de batalha e retornar à fortaleza. Agora, boa sorte deserdando.

— O que quer dizer com isso? — os Senshis perguntaram.

— É por isso que não dá mais para deixar Ryoma no controle…

— O bosque está bloqueado por um muro de terra erguido pelos inimigos. — continuou Masaki — Cobrimos todo o perímetro que podíamos até encontrar a razão do tremor. Nós estamos elevados do solo e cercados de água. 

Dessa vez os Heishis se aquietaram com a notícia. Houve truculência entre os dois grupos até Masaki gritar por ordem mais uma vez, batendo suavemente seu martelo no chão.

— Estamos sem escapatória? — questionou Doku — qual o tamanho do terreno que elevaram?

— Estimamos uns cem acres de terra para todos os lados, Doa é o centro — explicou Takuma.

— Para qualquer lugar que olhe tem uma beirada para um penhasco, só água abaixo — terminou Masaki.

— Espera, você também manipula a terra, certo? — sugeria Doku — não consegue desfazer? Deve ter mais alguém aqui que possa ajudar.

— Mesmo que todos aqui fossem tão capazes quanto eu, precisaria ainda de uma equipe para proteger o terreno de ataques e erosão. O que significa que estamos enfrentando mais do que os inimigos presos com a gente. Há inimigos abaixo de nós também. 

— Eles preparam isso por semanas — disse Kenichi — A ocupação das vilas vizinhas sem uma invasão generalizada, foi tudo para nos atrair.

— Se nosso único caminho é lutar — dizia Tomio — qual o plano?

— O muro de terra inimigo vai de ponta a ponta do terreno. Vamos nos separar em três grandes grupos, Takuma e Kenichi terão suas equipes pelos flancos esquerdo e direito — acenou para seus homens — Eu e minha no meio.

— E quanto a nós? — Doku perguntou. 

— Os Heishis farão parte da minha equipe — ergueu seu martelo — Lutem agora e podem viver. Mais alguma dúvida? 

Ninguém mais protestou. Os comandantes juntaram suas equipes à dedo e partiram. Pelo lado direito, Yanaho passava pelos mirins ao seu lado parachegar 

Yanaho seguiu pelo lado direito. Ele tomava a dianteira de seus pares de vez, ficando perto dos Senshis e olhando mais a frente, quando ouviu do líder da formação:

— Eu soube o que fez em Nokyokai. Eu te trouxe para cá que não repita esse erro. Volte para formação, esta luta não é brincadeira..

— Você conhece ele? — Kazuya logo ficou ao seu lado, quando Yanaho desacelerou o passo.

— Meu tio — balançou a cabeça negativamente — Ele não entende. Os inimigos de agora…

— Ele é um comandante, Yanaho — Masori chegava por trás junto com Umi — O que você pode fazer que ele não pode?

— Deixa ele quieto, Masori. Ele tá certo em se preocupar.  Se não fosse por aquele monstro, eu também… — cerrou os punhos — Esquece.

Mesmo entre os mirins e alguns Senshis, Yanaho permaneceu caminhando levemente à frente do resto. Foi então que sentiu um puxão na sua manga:

— Nervoso? Eu nem sei o que esperar disso aqui.

— Ren? Onde você tava no… — percebeu Yanaho. 

— Escondido a maior parte do tempo quando chegamos ontem — riu de si mesmo — Sabe você entendeu alguma coisa do que o comandante falou? A gente tá mesmo lá no alto e isolado? — olhou para cima — as nuvens realmente parecem estar maiores…

— Isso é sério, Ren. Eu sei de onde você veio… 

— Oh, você soube. M-Mas não é o que parece!

— Fique perto dos Senshis ou de mim e vai poder voltar para casa com segurança. 

— Sabe, ninguém se preocupou assim comigo antes. Valeu — ajustou no cinto de couro que segurava a espada — Será que depois disso você me ensina mais com a espada? Eu sei que aqui é perigoso, mas ficar no meio disso, bateu até vontade de lutar. 

Uma pausa repentina de repente. Yanaho foi atropelado por alguns Senshis, procurando apoio numa árvore. Ren voltou para ajudá-lo. A antiga voz de Katsuo ecoava na cabeça do mirim:

Isso me dá até… vontade de lutar!

— Falei algo errado? — percebeu Ren — Foi mal.

— Deixa… — Yanaho voltou a correr — Eu tô bem.

Os mirins também deram a volta para ver o que estava errado com Yanaho, quando um vendaval desceu sobre eles, varrendo os pés de todos. A pressão era tão forte que alguns mal conseguiam se empurrar acima do chão.

— São eles! — berrava Kenichi — Preparem-se.

Mesmo com os berros, a voz do comandante soou como um sussurro naquela tempestade. As árvores tombaram com a ventania, quando uma segunda rajada soprou na direção oposta cancelando o ataque. Todos recuaram para ver Yanaho caído de joelhos, mãos unidas aura vermelha esbranquiçada e seu nariz sangrando.

— Eu tô bem — era erguido por Kazuya — eu já fiz kazedamus fortes antes, só que esse precisei colocar um pouco mais de força. 

Água brotou da terra, que se tornara enlamaçada. Os Senshis começaram afundar na terra.

— Núcleos, rápido, dêem tudo que têm para Yanaho.

— O quê? Como eu… — Yanaho se segurava para não afundar, quando sentiu a energia Shiro da tropa enchê-lo de energia.

De uma só vez, Yanaho soprou a tropa de baixo para cima, os lançando para a copa das árvores. Kenichi ordenou que fizessem o mesmo para outros núcleos, que também se lançaram para fora da armadilha. Quando o terreno secou de novo, eles voltaram a plantar os pés no chão. 

— Muito bom — Ren bateu nas suas costas.

— Pretendiam nos afogar usando a pressão do vento e a água — explicou Masori — Pelo visto você tinha algo que nem todo mundo podia fazer.

— Mesmo assim foi por pouco, sem os núcleos eu não conseguiria — suspirava fundo. 

O tio do garoto ordenou uma retirada de imediato, restando apenas os Kuro uniformizados de olho nas pegadas do grupo. 

O kazedamu de Yanaho, seguido pelos núcleos, sacudiu o bosque ao ponto de uma onda de choque perturbar o grupo central.

— Vocês dois fiquem atrás de mim — Yukirama tomou a frente dos mirins.

— Somos mirins, não aleijados — Jin afastou o braço do companheiro.

— Eu acho que veio do leste. Nossos inimigos não deveriam estar na frente? — questionou Tsuneo.

— Fiquem atentos! — Masaki ergueu o punho fechado.

Todos pararam, sacando suas espadas. O muro estava próximo, porém somente Masaki se aproximou da superfície.

— O que estamos esperando? — perguntou um Heishi — Vamos avançar.

— A equipe do leste foi emboscada — passava a mão na superfície — Por que nada aconteceu aqui, agora?

— É só usar esse seu marte… — antes que o Heishi completasse, uma mão atravessou a barreira indo direto no pescoço de Masaki.

Masaki agarrou o braço, puxando o corpo do inimigo para fora. Enquanto era arrastado o homem balançou sua larga espada contra o Principal, que se defendeu com seu martelo. Os dois se afastaram.

O agressor era um homem grande, braços bem definidos com uma cicatriz na testa. Os Heishis o cercaram, mas ele só tinha olhos para o Senshi do martelo:

— Gostei do Martelo, guerreiro impuro. Onde conseguiu? 

— Você é o súdito. Tava demorando para aparecer.

— Negativo. Meu nome é Hidetaka Kurosaki — olhou para o rombo aberto no muro, por onde saíram seus homens uniformizados — General e Líder Pretoriano.

— Afastem-se! — berrou Doku. 

Apenas com o triscar de sua espada em uma rocha, Hidetaka expandiu as chamas que se projetaram para frente como garras. Os Senshis riscaram suas lâminas combatendo fogo com fogo. A miríade de fogo foi dividida com o ataque Aka, permitindo que  Doku puxasse a água no solo  em gotículas ao redor dos braços de fogo, formando bolhas concentradas que apagavam as chamas à centímetros do rosto dos Heishis.

Com o excedente daquela água, o Chisei mirou um jato concentrado na cabeça de Hidetaka, que só moveu o pescoço para o lado. Um buraco se abriu no muro com ataque. Depois quatro paredões de terra o encaixotaram. 

Os pretorianos cercaram seu líder para protegê-los, quando uma rajada de vento explodiu as paredes para os lados. A equipe de fogo acendeu as paredes que caíram sobre os Heishis que procuraram cobertura.

— Até agora era um por vez. Esse aí tem todos — disse Doku escondido atrás das árvores — Onde está o Masaki?

Colocando a cabeça por cima, Doku viu só Masaki permaneceu. Olhando brevemente para trás, o aceno do Senshi do martelo deu a ele o aval que precisava.

— Tirem todos daqui — ordenou Doku — Agora!

Os Heishis puxaram a corrida, porém mais paredes de terra se ergueram para impedir a fuga. Os Senshis partiram para atacar a barreira, mas os pretorianos caíram sobre eles. Quando romperam a passagem para escaparem, Yukirama estava entre eles, mas Jin e Tsuneo haviam sumido na confusão.

Antes que pudesse voltar, um Senshi o puxou junto dele:

— Continue a andar. É uma ordem! 

A tentativa de passar pela falha aberta só transformou as tropas em presas em um funil. Masaki se colocou o máximo que pôde entre os inimigos e seus aliados, porém a presença de Hidetaka era constante. A todo instante seu martelo batia com a espada do general pretoriano.

Em meio à luta deles, Tsuneo arrastava Jin para fora da confusão:

— Você tá bem? O que houve?

— Aquele pedaço do casulo — respondeu Tsuneo, segurando a perna queimada — Só me dá um tempo e a gente sai daqui. 

— Não vai dar tempo — Jin colocou o amigo no ombro — A gente vai morrer antes de….

— Espera… — apontou o garoto. 

Os Senshis ainda dentro do cercamento dos pretorianos voltaram para perto de Masaki, afastando Hidetaka temporariamente. Com o espaço adquirido, Masaki acertou as árvores ao redor com tanta força que elas foram lançadas na direção do bloqueio de terra. Os Senshis então lançaram seu ataque queimando tudo abastecidos pela lenha fornecida pelo Principal. Em poucos instantes a barreira de terra dissolveu-se com o fogo.

Os pretorianos rapidamente desistiram da sua caça aos Senshis. Masaki então fez uma bola de terra, impondo as mãos ao chão e a atirou com o martelo na direção  de Hidetaka, que partiu ela em dois com sua espada. 

Aproveitando das chamas usadas pelos Aka, os subordinados de Hidetaka moveram o fogo para o chão, inchando a terra com o vapor. Masaki fincou seu martelo e subiu nele para escapar do calor escaldante.

“Manipulação de terra e fogo. Você ia gostar disso, Oda.” 

Usando a arma como impulso, Masaki saltou e desceu de volta ao chão, martelando a terra. No entanto, em vez de levantar a terra para seus companheiros, o que brotou foi magma. 

— Pulem daí! Agora! — ordenou Masaki desarmado. 

Apenas um ou dois Senshis obedeceram a tempo. Do restante só restou berros de desespero, ao serem engolidos pela pasta incandescente. Estarrecido, Masaki ameaçou ir em direção a um Senshi em queda quando foi empurrado por um sopro de vento, ele bateu de costas na crosta de magma que ergueu acidentalmente.

Apesar da fuga de mais uma armadilha, seu martelo ficou pelo caminho, preso na terra ardente. Hidetaka caminhou tranquilamente até Masaki. O chão esfriava na presença dele, graças aos pretorianos que acompanhavam cada passo:

— Grandes guerreiros forjam grandes armas, por isso percebi que você não era como os outros. Logo teria que te matar primeiro. 

— Tenta de novo — se erguia, suspirou fundo — eu ainda me sinto muito vivo. E enquanto eu estiver, sua operação será um fracasso. 

— Vivo — três de seus subordinados lhe trouxeram a arma do Senshi — mas desarmado. 

Com uma arma em cada mão, o líder Pretoriano deu uma grande martelada na crosta. O solo frágil pelo magma fez tudo que ali estava desabasse, engolindo o Principal.

Ainda atrás dos arbustos, os mirins esperavam que Masaki brotasse da terra novamente, mas nada aconteceu. Com sua marreta nas mãos do inimigo, Hidetaka ergueu o braço no ar celebrando a vitória, na medida em que os poucos Senshis que sobraram fizeram sua fuga. Tsuneo já conseguia pôr os pés nos chão, de modo que ele e Jin agora poderiam correr junto com o restante da tropa.

Outros pontos da defesa da aliança também se viram obrigadas a ceder terreno contra a Guarda Pacificadora, liderada pelo time de pretorianos. Um redemoinho de fogo e terra cortava os Heishis. Do seu lado da defesa, Usagi e Aiko buscaram refúgio atrás de uma linha de Senshis que lançou um jato de fogo para conter a tempestade elemental.

— Temos que ajudar eles — Aiko olhou para o lado, vendo alguns Heishis se posicionarem próximo à margem do rio — Tenho que ir lá.

— Espera, é perigoso — Usagi a seguiu.

Pelo caminho, Aiko também reuniu um pouco da água e se juntou à defesa do exército azul. A combinação do fogo dos Aka com as habilidades aquáticas dos Heishis, enfraqueceu o tornado pretoriano, que logo se dispersou em uma ventania violenta. 

De repente, uma bola de terra flamejante sobrevoou as tropas, recebendo um disparo de vento que transformou aquela massa uniforme em uma chuva flamejante. 

— Cuidado — Usagi puxou Aiko para longe dos Heishis, acertados pelos projéteis — Desde quando sabe fazer isso?

— Com as chuvas das montanhas fica fácil — Aiko respondeu envergonhada — Mas obrigada.

Uma onda de terra encobriu o rio ao lado, seguida de ventos que derrubaram as árvores pelo bosque. Uma delas estava prestes a cair nos dois mirins, quando Tomio apareceu por cima deles com alguns Senshis para ajudar.

— Recuar… — ele disse, mal contendo o peso em suas costas.

Durante sua fuga, Aiko encontrou Jin e Tsuneo cobertos de fuligem. 

— O que fizeram com vocês? — ela acelerava para ficar ao lado deles. 

— Cadê o Masaki? — Usagi também perguntava.

— Ele… — Tsuneo olhava para trás — Ele ficou para trás…

— A coisa piorou demais — Jin continuava olhando para frente — É tudo que vocês tem que saber agora.

Outro projétil incandescente apareceu no céu, dessa vez mirando a muralha de pedra. Além de um novo rombo, o lugar foi envolvido pelas chamas. Os grupos de Senshis e Heishis divididos ao longo da barreira de terra convergiram de volta para a muralha quebrada de Doa, embora não tenham sido seguidos pelo inimigo.

No lugar de perseguição, uma nova barreira de terra foi erguida agora mais perto da muralha de pedra do que antes. Pouco tempo depois, Tomio e Takuma regressaram ensanguentados e com fumaça emanando dos seus corpos.

— Onde está o Principal Masaki? — Takuma empurrava os Senshis para o lado.

— Professor Tomio — Tsuneo correu até os dois comandantes — Alguns Senshis ficaram para trás da barreira… A gente tentou ajudar, eram muitos. Tinha alguém diferente no meio de todo mundo e…

— Masaki não está aqui? — Takuma procurou os Heishis no meio da tropa — Desembuchem!

— Significa que nossa melhor chance de segurar a Guarda Pacificadora morreu — respondeu Doku, trazendo os Heishis para perto de si — Temos que sair daqui, esta luta já está perdida.

— Masaki não cairia assim — Tomio olhou para trás — Precisamos homens a postos para quando essa barreira se abrir.

— Vocês escolhem: recuar ou lutar sendo que — protestou Doku — estamos em menor número, o rio secou, nem podemos apagar o incêndio na muralha e ninguém vai vir para salvar a gente porque estamos a milhas acima do chão!

A discussão foi interrompida com a chegada do terceiro grupo, liderado por Kenichi. O comandante voltou com poucos arranhões e a maior parte da sua equipe ainda em condições de batalha.

— Recuar é a nossa única saída — disse como se tivesse ouvido a conversa anterior desde o começo — Temos a noite toda para preparar isso.

— São dezenas de milhares de pessoas atrás dessas muralhas — disse Tomio — Sem chance de tirá-las daqui. O que faremos?

— Há postos avançados espalhados pela cidade. Não precisamos entregar a cidade toda para eles, podemos recuar aos poucos, cedendo na medida em que evacuamos a população.

— Continuaremos trabalhando com pouco espaço para a batalha — insistiu Doku — É tudo que eles querem.

— Ainda é mais do que nesse bosque, sem lugar para fugir ou se esconder. Uma equipe para avisar os moradores é essencial.

— Meus Heshis podem…

— Não — Takuma interrompeu — Eu faço isso.

Após Takuma se despedir, levando alguns Senshis consigo para dentro da cidade, Tomio fez o mesmo só que bosque adentro. 

— Vai nos trazer para dentro da cidade — perguntou Doku — só que antes vai se certificar de que não seremos vistos pelos cidadãos. Estão nos escondendo?

— Um Heishi não é o que uma pessoa normal pensa que vai bater na porta dela avisando do perigo. Deixe que nós cuidemos do nosso próprio povo — se afastou — Vamos improvisar o que restou da água para amenizar o incêndio.


Ilustradora: Joy (Instagram).

Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.

 

 

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