O Mestre da Masmorra Brasileira

Autor(a): Eduardo Goétia


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 17: O Orc Nobre

Olhei para o Nobre com cara de porco. Ele continuava a perseguir Cristal. Ela era como um inseto irritante e ele não conseguia tocá-la.

Os dois nem pareciam estar lutando. Parecia mais uma caça; um gato caçando um rato.

1 minuto.

Este era o tempo que eu tinha até que Força Monstruosa acabasse. Precisava terminar com aquilo antes disso acontecer.

Agora que meu poder era tão destruidor, tinha certeza de que seria fácil. Peguei minha última lança restante e dei uma rápida olhada nas minhas estatísticas.

❂❂❂

]Estatísticas]

Força: 78 | Velocidade: 26 | Vigor: 26

Destreza: 26 | Inteligência: 36 | Mana: 56

❂❂❂

Anormais. Aquele aumento era enlouquecedor. Ver essas mudanças em outro momento me causaria espanto, mas, agora, eu sorria livremente.

Com o Vampirismo, recebi 5 pontos em cada estatísticas. Minha força aumentou em 15 pontos graças a Força Monstruosa.

Precisava terminar logo com tudo.

— Ei! — Minha voz ressoou por todo o vilarejo. — Seu cara de porco nojento! Eu que vou te derrotar!

O orc nobre parou de perseguir a Cristal. Virou-se para mim e viu o que fiz com seus subordinados. Os corpos ainda quentes no chão e o sangue pingando pelo meu corpo.

— Gostou da visão, porco? Você vai ser o próximo.

50 segundos.

— AAARGH! — rugiu furioso.

Pegou com força o grande tronco de árvore que usava como taco e correu em minha direção. Eu o enfrentei de frente, sem medo. Naquele momento, eu me sentia invencível.

Este foi meu primeiro erro.

Assim, como antes havia feito com um orc, tentei segurar o ataque do nobre com as mãos nuas. Meu rosto estava recheado de confiança e estava preparado para erguer o seu corpo e bater contra o chão dúzias de vezes.

A única coisa que vi depois de ser acertado, foi o céu indo na direção contrária em uma velocidade alucinante.

O... que caralhos...?

Era como se um caminhão, daqueles enormes, tivesse se chocado contra o meu corpo e o arremessado para o outro lado.

40 segundos.

Me levantei dos destroços cheio de raiva. Como poderia um porco ser mais forte que um Deus?

Agressivo, corri para cima dele. Dessa vez, não queria lhe dar chance. Corri ao seu redor e comecei a acertar dúzias de ataques.

Mas ele era estranhamente veloz, desviando e contra atacando sempre que conseguia. Sua força não era muito diferente da minha.

Na verdade, talvez fosse até maior. Cada golpe era dúzias de tijolos sendo arremessados contra meu corpo que parecia o de um moleque franzino em comparação.

Testemunhei meu orgulho, aquele do qual estava embriagado anteriormente, murchar como se fosse uma flor delicada. O verdadeiro monstro estava na minha frente.

30 segundos.

Desesperado, ataquei o máximo que podia. Acertei-lhe dúzias e dúzias de vezes. Centenas e centenas. Cada ataque mais poderoso, mas o corpo dele apenas absorvia tudo.

Enfrentá-lo sozinho era impossível, mas eu não estava sozinho.

— Cristal!

Com meu grito, ela pulou para o ataque. Mordeu o pescoço grosso e rasgou as costas do porco imundo. Ele sentiu a dor e tentou capturá-la, mas ela apenas escapou por entre os seus dedos.

Isto me deu tempo para um contra ataque. A distração era a chave. Concluí três poderosas perfurações e o sangue vazou das feridas.

Conseguia sentir a lança na minha mão se aperfeiçoar, se tornar mais rápida e começar a fazer parte do meu corpo.

[Habilidade Maestria com Lança subiu de Nível]

20 segundos.

O orc nobre cansou-se de aguentar tantos ataques. Ele soltou outro poderoso grito aos céus, os músculos cresceram até eu pensar que explodiriam e ele proclamou:

— Orkai! — Traduzindo: “A Mão da Guerra”.

Não entendi aquilo e apenas continuei atacando sem pensar. Ele de repente bateu com seu taco contra o chão e, para minha surpresa, ele se abriu.

Uma enorme rachadura surgiu na frente dos meus olhos e atrapalhou meu ímpeto. Logo em seguida, um soco poderoso foi desferido.

Coloquei ambos os braços para defender e fui arremessado para trás por metros e metros até bater e destruir a cerca de madeira que protegia o vilarejo.

O impacto foi tanto que toda a cerca começou a desabar e a fumaça subiu por toda a vila.

10 segundos.

Eu era um tolo. O inimigo também poderia possuir habilidades e eu ignorei isso. Restava pouco tempo, precisava acabar com aquilo.

5 segundos.

Levantei do chão, segurei minha lança e busquei por um cadáver bebendo do seu sangue sujo. Recuperado, preparei minha última investida.

— Agora você me irritou, porco. Cristal, o distraía!

3 segundos.

Abaixei meu corpo e corri. Corri como nunca fizera antes, implacavelmente acelerei e acelerei.

2 segundos.

Cheguei ao máximo da minha velocidade em menos de 1 segundo. Passei há muito dos 100km/h e a lança estava para frente, mirada na cabeça do porco.

Com tanto poder carregado, pulei quebrando o solo ao redor.

1 segundo.

[Habilidade: Ímpeto Veloz] Adquirido

[Habilidade: Ímpeto Veloz] Ativado

A luta acabaria agora!

Um som suave de algo batendo ressoou. Um barulho abafado e duro. Choquei-me contra uma parede de tijolos; ele conseguiu defender-se em troca de ter a mão completamente destruída.

No instante seguinte, fui arremessado por outro trem bala na direção oposta. Rolei pelo chão de terra enquanto meu corpo sofria mais e mais feridas.

No processo de viagem, minha aparência retornava ao normal e minhas estatísticas diminuíam, criando um cansaço imensurável no corpo.

Tentei me por de pé, mas não consegui. A minha força se foi, minha cabeça doía e a sede de sangue, que parecia não ter fim, se esgotou.

O orc nobre, porém, ainda estava de pé. Ele quebrou minha última lança como se fosse um graveto e retirou da mão destroçada dele.

Me arrastei pelo chão na direção contrária. Cuspia sangue e tinha um olhar de peixe morto. Ele caminhou vagarosamente em minha direção.

O seu olhar de raiva desapareceu e sobrou apenas satisfação. Continuei me arrastando na direção contrária, tentando escapar do fim trágico que me aguardava.

Eu era incapaz de achar uma forma de fugir ou vencer; meu corpo estava tão cansado que eu sentia meus músculos gritarem.

Será meu fim outra vez?

Eu não queria isso. Não! Não e não! De jeito nenhum este poderia ser meu fim. Subestimei o adversário; me achei forte demais.

E eu realmente estava... eu estava...!

Ele chegou. O sorriso satisfeito no seu rosto me enlouquecia. Puxou a grande tora de madeira e levantou para me dar o golpe de misericórdia.

Não desviei o olhar. Encarei seus olhos com a mais pura raiva e ódio do meu ser.

— Eu vou te matar. Eu juro que vou...

O golpe chegou. Senti meu corpo ser arremessado, outra vez, ao ar, mas algo quente, macio e confortável bloqueou grande parte do impacto.

Minha mente vagou para a noite anterior. Uma cena surgiu onde um jovem e um lobo branco dormiam lado a lado.

— Cristal! — Fomos jogados contra a última casa de madeira.

Caímos lado a lado. Ela me olhou nos olhos e eu vi uma única lágrima descendo. Ela não temia pela própria vida; aquela lágrima era por mim.

— Por que vez isso, sua idiota?! Você... V-você... — as palavras escaparam de mim — podia ter fugido sozinha.

Olhando-me, ela soltou um pequeno grunhido de dor e tentou se aproximar.

Finalmente percebi. A minha vida não era a única coisa que eu precisava proteger.

Com a dor de mil facadas, coloquei-me de pé outra vez e me arrastei para fora da cabana. Antes, vi o que havia dentro.

Cerca de 4 meninas. Elas tinham a pele rosada, os cabelos dourados e uma beleza considerável.

Que merda está acontecendo neste lugar?

Fui para fora e encarei o gigantesco porco. Estava vindo outra vez. Parecia irritado com minha persistência. Eu era como um inseto que ele não conseguia esmagar, uma barata resistente.

— Porco imundo...

Levantei os punhos dolorosamente e me preparei para lutar. Ele correu com raiva e antes que chegasse em mim, uma brisa leve bateu e meu equilíbrio cessou.

Cai no chão e meu corpo desistiu de tentar. Cheguei ao limite.

Porém a sorte me sorriu. Os orcs restantes bloquearam o caminho do nobre. Eles eram aqueles que sobreviveram a primeira investida.

O que estão fazendo?

Subitamente, o rosto daquela beldade jovem apareceu. O seu cabelo era rosa, diferente das moças que estavam dentro da casa.

Ela era muito mais alta do que eu. Nossa, ela era enorme! Agarrou o meu corpo ferido e colocou nas costas. Depois, gritou algo para as moças dentro da casa.

Então começou a correr desesperada. Ela partiu para a floresta. Com meus últimos resquícios de consciência, consegui ver que também levavam Cristal conosco.

— Ainda bem...

❂❂❂

[33 Orcs Mortos]

[Conquista]

Nome: O Lutador Implacável

Raridade: Raro

Prêmio: 5000 Pontos | Arma Rara | Poção de Cura Rara | Emblema Nobre Raro

Descrição:

Você demonstrou confiança ao enfrentar dúzias de inimigos mais poderosos que você e sair vivo. Por cumprir essa conquista, habilidades de combate ativas evoluirão um pouco mais rápido. Entretanto lembre-se: coragem é diferente de imprudência..

[Emblema dos Vampiros Especial] Adquirido

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Logo depois disso, apaguei.


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