O Mestre da Masmorra Brasileira

Autor(a): Eduardo Goétia


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 35: O Rei Lich

Com um grande impacto que tremeu a plataforma flutuante, Celine apareceu logo na frente de Azaias.

Os dois trocaram olhares afiados e uma aura pesada surgiu, pairando no ambiente. Contudo, dois sorrisos de ambos os lados cessaram o conflito.

— Não vai me dar um abraço? — perguntou Celine.

— É, claro! 

Azaias abriu seus enormes seis braços e Celine retribuiu com um abraço firme, como dois amigos de longa data.

— Naquele dia que apareceu no meu castelo, ainda desconfiei do seu êxito, mas preciso dizer: Azaias, você se superou hoje.

— Você sabe como é. Adoro ser o centro das atenções — sorriu confiante. — Vejo que trouxe dois moleques contigo.

— A garota é minha sobrinha e o garoto... Ele é especial.

— Especial, você diz? — Um dos olhos do Ashura brilhou com uma cor azul por um instante e o rosto confiante dele se desfez.

— Mantenha isso em segredo. Não quero que ninguém ponha a mão nele.

— Você é sempre assim, Cecília. Tenha cuidado com esse ai. Sabe qual a raça dele?

— Não. Ele mentiu para mim dizendo que era uma quimera. Você acredita nisso? Uma quimera com coração de um dragão do caos. Nem os maiores magos do mundo ousariam brincar com uma calamidade do nível de um dragão desse poder.

— Então ele é um enigma, não é?

— Sim. Você viu mais alguma coisa com seus olhos mágicos? A sua habilidade é muito mais forte que a minha.

— Ele tem núcleos de mana elementais primordiais de altíssimo nível e também possui poder sagrado e angelical, tudo num mesmo corpo. Se não fosse a aparência, o tamanho e o coração de dragão, eu diria que é um Nephelim Elemental.

— Um Nephelim Elemental? — Celine rapidamente olhou para mais atrás, onde estavam Baal e Azazel. 

— Não se preocupe. — O Ashura notou o olhar dela. — Eles não podem te ouvir e os dois estão tão afundados em merda que nem se importariam com a quebra desse tabo.

— Foi assim que convenceu eles a te apoiar?

— Obviamente. Diga, eu sou esperto ou não sou?

Os dois riram alto, como se fossem amigos colegiais.

— Voltando ao garoto, duvido que seja um Nephelim. As Ordens Angelicais podem estar um caos com a queda de Azazel e as Legiões Demoníacas ainda estão em guerra civil, mas eles não deixariam um Nephelim tão talentoso solto pelo mundo assim. Para dar a luz a ele, teria que ter sido ao menos um Querubim e um Conde Demônio.

— Você está certa. Deixarei que lide com isso sozinha.

Antes de partir, Cecília ainda olhou mais uma vez para trás. Encarou o rosto vazio entre os dois seres de energias opostas. Amadeus também a olhava desinteressado.

— Mais alguma coisa, Celine?

— Não é nada. Agradeço, mestre Asuras Azaias.

— Pode ir agora, mestra Cecília Mael.

❂❂❂

O dia estava sendo cansativo. Extremamente cansativo. O sangue ainda pingava um pouco da minha mão.

Cristal se aproximou e limpou o sangue com algumas lambidas, tentando me reconfortar. Dei um sorriso e acariciei seu pelo.

— O dia já está acabando e eu estou cansado, Alina. Poderia me mostrar o lugar que ficaremos?

— Não é Alina. É MESTRA Alina.

— Claro, claro — Eu nem me importava mais. — Mestra Alina, poderia me mostrar o lugar que ficaremos?

— Humf! Está bem. Siga...

Ela travou. Na verdade, todos os mestres ao redor travaram, incluindo-me. Além de mim, somente a elite estava reunida naquele lugar e, mesmo assim, travaram com o surgimento dele.

O corpo era gigantesco, chegando próximo de ser tão grande quanto Azazel. Uma aura e um miasma negro circulava todo o corpo de ossos dele.

As órbitas dos olhos, eles que lá já não estavam mais, queimavam com fogo negro e ele estava coberto com um enorme manto escuro com detalhes em vermelho.

Na mão esquelética, havia dúzias de anéis e um cajado negro com uma grande bola de cristal cor de vinho na ponta.

Enquanto andava, o crânio se retorcia, tremendo de um lado a outro, encarando os rostos também trêmulos.

Ele passou do meu lado e senti como se minha vida estivesse sendo retirada do corpo. 

Aquele homem com chifres de carneiro e uma máscara possuía um forte aspecto da morte emanando dele. Apesar disso, a criatura na minha frente era a própria encarnação da morte.

O Louco Rei Lich, o Duque da Morte de Amadeus Black.

O Rei Lich continuou andando sem olhar para trás e eu não ousei mexer um dedo enquanto ele passava. Logo, estava distante o bastante para que eu pudesse suspirar.

— Você está bem, Alina? — perguntei porque ela ainda estava paralisada.

— Senti como se uma lâmina estivesse cortando meu pescoço — respondeu diretamente. — A mestra Celine havia me dito o quão perigoso ele é, mas não achei que fosse tanto.

Aquilo era incomum. Celine não tinha medo de nada. Deu para ver isso no curto tempo que estivemos juntos e, com a revelação dela ser um dos Reis Celestiais, entendia o motivo da confiança.

Para ela dizer que alguém era perigoso, então havia algo.

— Por que ele é tão perigoso. Ela disse alguma coisa?

— Você não sabe? É um ignorante por acaso? Todos sabem!

— Eu sou novo aqui, você sabe... — Me irritei um pouco, mas ainda queria saber.

— Magia da Morte consome a mente. O Rei Lich é realmente louco. Uma bomba relógio que explode recorrentemente. Ele foi banido por 5 anos da última vez, porque assassinou o último guia do emblema da morte com suas próprias mãos.

— Apenas 5 anos por um assassinato?

— Ele ainda é um Duque de um Rei Celestial. Coisas assim são inevitáveis. Ele é o único duque que participa do leilão todos os anos. Capricho, chuto eu.

Influência era algo realmente incrível. Ele assassinou uma pessoa e poderia andar livremente pelo salão. Simplesmente assustador.

Eu realmente estava cansado de tudo isso. Neste ritmo, a habilidade mente serena acabaria subindo de nível outra vez.

Alina então passou a me guiar para fora daquele lugar. Passamos por uma dúzia de salas e chegamos a uma porta de madeira.

Ela me explicou que a porta também possuía magia dimensional. Todos usavam o mesmo lugar para chegar aos seus quartos.

Caso ela abrisse a porta, apareceríamos no quarto dela. Se fosse eu abrindo, apareceríamos no meu. Bem simples, mas a lógica por trás era bem mais complicada.

— Amanhã venho buscar você cedo e vou mostrar as atrações do segundo dia.

— Obrigado pela gentileza — agradeci, mas logo vi a cara feia dela.

— Quero deixar bem claro que eu não gostei de você e não sei porque a mestra me pediu para te ajudar, então, para deixar bem claro. Eu não gosto de você.

Eu sorri.

— Você também não é a pessoa mais agradável do mundo.

— Humf! — Ela bateu o pé, fechou a porta e saiu andando.

Imediatamente investiguei o meu alojamento temporário. Era um quarto relativamente grande. Provavelmente se adequava ao meu perfil e tamanho.

Não tinha nada demais. Uma mesa de madeira, uma cadeira, água, um banheiro e uma cama; uma aparentemente boa cama.

Era normal, mas provavelmente para um goblin aquele era o mais luxuoso dos lugares do mundo.

— Cristal, parece que poderemos ter uma boa noite de sono hoje.

— Woof! — latiu, subindo na cama e deitando em seguida.

— Ei, chegue um pouco para o lado sua malcriada.

Assim, o primeiro dia terminou. A cama era realmente confortável... Rapidamente caí no sono. Não tive pesadelos.

Levantei bocejando horas depois. Minha boca estava um pouco seca e tomei um pouco de água, saindo do quarto para pegar um ar.

Logo que estive do lado de fora, escutei uma conversa. Estava tudo muito escuro, mas reconheci uma das vozes. Era o elfo arrogante.

— Tínhamos um acordo! — gritava ele.

— O mestre não faz acordos com seres miseráveis como você. Você ainda tem sorte pela misericórdia do mestre, do contrário estaria morto agora mesmo por mentir. E ele ainda te presenteou com uma Noiva de Sangue. — Era uma voz suave, provavelmente de uma mulher.

— Eu... eu não menti! Posso cura-lo, mas não agora. Alguns anos... É isso! Me dê alguns anos e eu!

— Essa conversa termina agora, ou traga a cura, ou nunca mais ouse ficar na nossa frente. — De repente seu olhar se virou para mim. — Há alguém nos observando. 

Quando escutei isso, senti uma forte aura assassina e imediatamente fechei a porta e caí no chão do quarto.

O que foi que aconteceu? Acho que escutei algo que não deveria.

Eu não ousei mais abrir a porta.

 

❂❂❂

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