O Mestre da Masmorra Brasileira

Autor(a): Eduardo Goétia


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 40: Olhos da Ambição

[Informações]

Nome: Kayn 

Raça: Nephelim Superior | Nível 9

Raridade: Único | Grau: 2

Classe: Mestre da Masmorra | Emblema: Vampiro | Desconhecido

[Estatísticas]

Força: 27 | Velocidade: 27 | Vigor: 27

Destreza: 27 | Inteligência: 36 | Mana: 60

Aumentaram um pouco.

Depois que subi de grau, o ganho de estatística por nível cresceu. Subi dois níveis e recebi  5 pontos ao invés de ganhar apenas 2. O que era ótimo.

Conforme fosse melhorando o grau, esse aumento seria ainda melhor. Como vi antes, o meu grau está intimamente ligado ao da masmorra. 

— Preciso melhorar a masmorra para me melhorar.

Ainda me lembrava do rosto gordo do orc nobre. Mesmo tendo quase o dobro de estatísticas, ainda não me sentia capaz de derrotá-lo. Olhei então para as habilidades novas e aquelas que subiram de nível. 

[Habilidades]

[Ativas]

A Ambição do Caos | Olhos da Ambição

Ímpeto Velo

[Passivas]

Mente Serena

 Maestria com Lança

[Especiais]

 Criação de Masmorra 

❂❂❂❂❂❂

[Linhagem]

Força Monstruosa |  Vampirismo 

[Magia]

Magia das Sombras

❂❂❂

 

[Habilidade]

Nome: Ímpeto Veloz

Tipo: Ativa

Raridade: Incomum | Nível 3

❂❂❂

Sendo minha principal habilidade ativa de combate, precisava aprimorar o máximo que pudesse o Ímpeto Veloz. Apesar de tê-la, ainda estava muito limitado. Precisaria em breve aprender uma nova.

O poder ofensivo dela era até que muito bom, mas havia sérias falhas. Além de não ser nada de muito especial, era um ataque de velocidade de um único movimento. Movimento este que ainda por cima era uma linha reta. Contra o inimigo errado, eu apenas aceleraria minha própria morte.

Morrer de novo não era uma opção e era disso que eu precisava.

Opções melhores.

O aumento na força monstruosa resultou em um maior tempo de uso. Ela ainda era muito forte, até mais do que meu corpo poderia suportar, porém, com um tempo, também se tornaria mais fraca.

Chutava que quando alcançasse cerca de 100 pontos em força, o seu aumento de poder cairia para apenas 50% disso. Diferente dos quase 500% atuais.

O verdadeiro problema era a Mente Serena. Nunca imaginei que lutar contra a minha própria habilidade passiva a faria subir tanto de nível e tão rápido. Sem que eu notasse, ela já havia alcançado o nível 4.

E, conforme subia de nível, mais forte ela se tornava. Se continuasse nessa velocidade, em breve ela superaria minha própria força. Neste momento, eu perderia o controle para ela, ou melhor: para o meu outro eu.

Desviei os olhos da Mente Serena e prestei atenção em outras três habilidades. Essas que realmente me interessavam.

A Ambição do Caos, Os Olhos da Ambição e aquela última que me era uma grande incógnita, uma gigantesca interrogação: “❂❂❂❂❂❂”.

Aquela coisa era um verdadeiro mistério, porém eu já estipulava algumas teorias de sua verdadeira capacidade. Havia se ativado quando me tornei um vampiro; provavelmente sendo a razão para isso, e estava fora do meu controle.

Talvez tivessem sido minhas múltiplas características que deram origem a ela, ou talvez ela que fosse a razão para eu poder sobreviver com as características múltiplas. Não tinha como saber.

A habilidade, quando se ativava, ao menos alertava de alguma forma meu corpo. Antes foi a sede sangue e agora a calmaria. Em breve ela ativaria de novo, porém...

Qual é o gatilho? 

Ainda precisava descobrir. Decidi olhar as outras duas.

❂❂❂

[Habilidade]

Nome: Olhos da Ambição

Tipo: Ativa

Raridade: Ancestral | Nível 1

❂❂❂

Ativando a tela de informações, um mar de dados foram arremessados contra a minha mente. Acabei boquiaberto quando descobri do que se tratava.

Dentro de Vanglória, essa era uma capacidade dada a todos os jogadores: poder ver as estatísticas de terceiros. Neste mundo, eu só havia sido capaz de ver as informações dos meus próprios servos.

A habilidade funcionava baseado na minha ambição e no nível dela. Era completamente baseado nisso. Eu só não conseguia entender direito o que era essa ambição. A raridade, entretanto, já me dizia que aquela não era uma simples habilidade

Habilidade]

Nome: A Ambição do Caos

Tipo: Ativa

Raridade: Ancestral | Nível 2

❂❂❂

Outro mar de dados voou para minha cabeça quando olhei as informações da outra habilidade. E, desta vez, era absurdo demais.

Assim como os olhos da ambição, essa habilidade se baseava apenas nisso: ambição. Era uma habilidade de escravidão, mesmo que bem diferente de dominação ou domar.

Nelas era necessário força, sorte, nível da habilidade, força do alvo e outras dúzias de condições para submeter o seu alvo e mantê-lo sob controle, porém com a Ambição do Caos, eu precisava apenas de ambição pura.  

O desejo de ter.

Queria testar logo minhas novas habilidades, mas não era momento. Além disso, A Ambição do Caos havia absorvido a habilidade domar, então também serviria para monstros de fora da masmorra.

Terminado a análise, joguei meu contra o colchão, esquecendo de um detalhe.

— Hm — A voz macia tocou minhas orelhas afiadas — Querido, não queria incomodá-lo, mas iremos dormir juntos essa noite? Não sei se estou pronta ainda.

Ah. É. Esse é o detalhe que esqueci.

Como Cristal já havia interrompido meu desejos antes, eu nem tentaria de novo. E assim ficou. Cristal e Natália dividiriam o colchão e eu dormiria no chão. A vampira tentou argumentar, porém eu sabia que a loba não olharia na minha cara se eu a deixasse dormir no chão.

A noite prosseguiu tranquila.

Na manhã do dia seguinte, levantei cedinho. O chão duro era desagradável de encarar. A única coisa que tirava o pesar do meu coração era ver as duas dormindo confortavelmente e a noite não foi de todo o mal.

Ao menos eu não tive pesadelos. Levantei e estiquei um pouco o corpo, estalando as costas ainda doloridas. Passei mais um dia sem pesadelos, mas também não tive nenhum sonho. 

Noites vazias. Os pesadelos escondidos e os sonhos perdidos. Era filosófico? Sei lá. Não era como se isso me importasse muito. Eu já não sonhava mais.

Retirando minha atenção disso, me virei para as duas dorminhocas. Era hora de acordar.

— Bom dia, querido. Aonde iremos hoje? — Natália levantou levemente. Ainda coçava os olhos e arrumava o cabelo. Eu não sabia que vampiros dormiam.

Pensei por um momento enquanto a olhava. Eu ainda usava as roupas que me foram dadas pela masmorra. Elas me serviram bem, mas estavam gastas e cheias de remendos. Além disso, a vampira usava um vestido de noiva longo, pesado e todo negro e ainda aquele véu denso, então deveria ser bem desconfortável.

— Vamos comprar roupas — respondi, puxando o lençol de uma vez.

Cristal aproveitou para saltar por cima dela e bocejou ao meu lado ainda sonolenta. Às vezes, essa personalidade desimpedida dela me era engraçada.

— Roupas novas...? — A vampira parecia ter uma enorme interrogação na cabeça.

Não tardei muito. Saímos do quarto e já estávamos no corredor vermelho. Me adiantei para sair dali, pois era um ambiente comum de passagem. Dirigi o grupo diretamente para o salão principal enquanto buscava algum rosto familiar.

Do meu lado direito, caminhava a belíssima noiva de sangue e, do lado direito, a grande loba branca. Andávamos devagarinho, nenhuma pressa.

Diferente dos dias anteriores, eu era agora o centro das atenções. Um macaco no zoológico aparentemente. Conseguia escutar algumas conversas dos mais diversos mestres que havia nos arredores.

— Soube que ontem ele derrotou o protegido do Amadeus em um combate um contra um. E o protegido dele tem a capacidade de controlar as sombras, apesar de sua baixa experiência.

— Dizem que ele é uma quimera, mas quem será que o criou. E ainda mais, uma quimera mestre da masmorra? Uma raridade, não?  E ainda baixinho daquele jeito.

— Eu juro que o vi andar com Cecília e os rumores dizem que ele estava tomando café com a sobrinha dela.

— Impossível!

O grito de um deles me obrigou a olhar naquela direção para que não chamassem mais atenção. Como previ, eles desviaram a conversa para outra coisa. Aparentemente, eu era a mais nova notícia do pedaço. Esperava profundamente que fosse uma passageira.

Muito obrigado, Gregórios. Desgraçado.

Segui caminho. Sem tardar, reconheci um rosto na multidão. Na verdade, um enorme corpo. Era o gigantesco Troll da Montanha, Rio.

— Olá, mestre Kayn — cumprimentou ele com um aceno de mão.

Ele era acompanhado de um águia, diferente do dia anterior que estava sozinho. Era um pássaro grande pousado no seu ombro. Nas asas, ele tinha alguns padrões de relâmpagos azuis e, nos olhos, raios amarelos crepitavam.  

— Olá, mestre Rio. Este é seu companheiro?

— Sim. Oz é um grande guerreiro, não é? Veja como suas asas são imponentes.

Com o bater das asas do animal, pequenas partículas de raios elétricos voaram no ar. Rio então acariciou sua bochecha contra a cabeça do pássaro.

Aproveitando da distração do carinho, decidi observar suas estatísticas.

— Olhos da Ambição — murmurei baixinho.



Comentários