Volume 2
Capítulo 4: O "Monstro" na floresta
Depois de comermos, começamos a conversar um pouco sobre algumas coisas. Por mais que confiasse neles, entendia que saber um pouco da minha situação atual seria muito importante. Não podia deixar de aproveitar aquela oportunidade para conseguir obter algumas informações e principalmente entender para onde estavámos indo. Afinal, eu teria que viver por mim mesmo.
— Vocês me encontraram desmaiado na neve, correto?
— Sim, ocê teve muita sorte, Iori. — Disse, Gerald. — Foi quando estávamos passando pela froresta vazia. Aquele lugar não é muito frequentado, muito pelo contrário. Se ocê ficasse mais algumas horas lá provavelmente cê taria mortin, mortin. — Escutar aquelas palavras me traziam certo arrepio. Bem, pelo menos eu estava bem agora.
— Aquele local não é muito frequentado?! Por quê? — Aquelas palavras me deixaram desconfortável. Seria bom entender melhor, por isso, perguntei para Gerald.
Não entendia o motivo disso. Afinal, aquela floresta ficava perto de Yve, e pelo que eu sabia de Noana, a vila estava crescendo muito bem. Inclusive, mandando alguns garotos e garotas para a capital onde podiam se tornar futuros heróis. Não fazia muito sentido, um lugar como esse ser tão pouco visitado. Apesar que, realmente, desde que eu comecei a viver com Erich, eu nunca vi ninguém na floresta. Por muito tempo, nem sequer via alguma sombra de algum animal, quanto mais seres humanos.
— Isso mei óbvio, garoto! Porque é a froresta vazia, Uai!
— Hahahahahahaha! — Gargalhou os outros caçadores.
— [...]
Não via muita graça em suas piadas sendo bem sincero. E acho que eles notaram a minha seriedade visto que suas expressões mudaram rapidamente. Gerald que estava guiando o rumo da conversa decidiu explicar para mim a verdade.
— Ocê né muito de piada né garoto? Mas, tudo bem! É a adolescência, já vivi isso...
— É que eu realmente gostaria de saber.
— Ah, descurpe! Mas, é que eu pensava que todo mundo já sabia.
Percebi que eu havia me colocado em uma enrascada. Realmente, aquilo podia ser uma informação básica daquele mundo. Demonstrar tamanha falta de conhecimento sobre aquilo mesmo estando naquela região poderia ser considerado um comportamento estranho e até mesmo suspeito.
Por isso, tinha que ter cuidado com o que falava. E apartir dali, decidi que agiria na defensiva.
— Ah... é que... eu bati a cabeça e minhas memórias ainda estão meio embaralhadas...
— Por que ocê não disse logo, Iori? Isso pode ser sério! — Disse, Shannah. Ela parecia extremamente preocupada comigo.
— Ah, é que eu não queria preoucupar vocês. Mas, não é nada sério! Eu não estou sentindo nenhuma dor.
— Bem, sentir nenhuma dor é um bom sinal. Ainda sim, você tem que ir em algum médico procurar ver sobre sua cabeça. Talvez, você tenha a batido em algum lugar e nem se lembra. — Disse, Kichi. Entrando no meio da conversa. — Olhando por esse lado, pode até ser algo mais sério. Então, é uma boa ideia te levar logo para alguma cidade.
— Eu queria levar o garoto com a gente até a capital. Mas, pelo jeito, terei que deixá-lo na cidade mais próxima. Pelo lado positivo é justamente no caminho que tamo indo.
— Se me lembro bem, a cidade é... — Kichi parecia procurar em suas memórias o nome dessa cidade. Porém, o nome parecia fugir de sua cabeça. Então, ele ficou algum tempo com a mão esquerda no queixo e com a boca semi-aberta como se estivesse com o nome na ponta da língua.
— Cidade...de...Ur. — Uma voz fria e misteriosa surgiu no meio daquela conversa. Um arrepio subiu do meu calcanhar até o último fio do meu cabelo. A princípio pensei que fosse uma assombração, mas, institivamente virei-me em direção a pessoa que tinha maior possibilidade de ser o dono daquela voz assustadora.
— Hahaha! É isso mesmo, Fran! Eu havia me esquercido! — Exclamou, Kichi.
"Ur..."
A conversa estava agitada como as ondas do mar. E eu estava no meio de todo esse mar. Ser uma pessoa tímida e antissocial me deixava como sendo levado pelas ondas selvagens. Todos aquelas pessoas estavam levando a conversa para a direção que queriam, por isso, eu precisava mais uma vez, crescer e não ser deixado levar pela correnteza.
Primeiro, eu precisaria garantir que eu entendesse todo aquele amontoado de informações. Os assuntos abordados eram importantes, no entanto, estavam sendo jogados sem que fosse devidamente abordados e isso poderia causar problemas mais tarde. Entretanto, eu tinha entendido o recado envolvendo o meu — novo destino — apesar que, na minha opinião, ir a capital seria bem melhor já que imaginava que lá haveria maiores e melhores informações envolvendo esse mundo e todo seu sistema.
Mas, se eu fosse para atrás agora isso poderia ocasionar as dúvidas sobre mim. O que seria bem ruim e que não poderia ocorrer de forma alguma. Visando que a minha ideia inicial era realmente viajar sozinho e que mesmo que não fosse a capital, ainda sim, seria a primeira cidade que conheceria naquele mundo, tomei a decisão de — dançar conforme a música — e acatar aquela decisão.
— Eu acho que isso é uma boa ideia. Também seria bom se vocês pudessem me ajudar a tentar recuperar minhas memórias. Então, se vocês puderem responder minhas perguntas...
— Oh! Faz sentido! — Exclamou, Kichi. — Eu já ouvi falar sobre isso!
— Sim, sim! O que a gente puder fazer para ajudar! Vamos fazer! — Afirmou, Shannah.
— O que ocê havia perguntado mesmo, garoto? — Perguntou, Gerald.
Pelo jeito, a minha pequena vitimização havia funcionado bem. Eu não sabia que eu atuava tão bem assim, ou se eles só eram tão idiotas mesmo. Bem, eu precisava aproveitar aquela oportunidade antes que os bocós começassem a falar sem parar.
— Por que aquele lugar se chama floresta vazia? Tem alguma razão, mais... veridíca?
— Ah, sim... era isso. — Ele pareceu ter se lembrado da minha pergunta. — Bem, se chama assim porque nem bicho nem gente chega perto daquele lugar, garoto. — Afirmou, Gerald.
— E porquê isso acontece? Não faz muito sentido para mim.
— Ninguém sabe ao certo, Iori. Nós nem moramos perto daqui, nós somos do interior.
Agora, o sotaque deles fazia certo sentido. Isso explicava o porquê não entendia alguma das coisas que eles falavam. No entanto, isso só me fazia ter que ter ainda mais cuidado com o que falava e perguntava além de que isso podia atrapalhar de eu conseguir algumas boas informações. Era realmente um golpe de azar.
— Bem, sabemos apenas a lenda. O que todo mundo diz... — Murmurou, Gerald. Ele de repente falava de maneira sombria e até com um ar gélido. Como se fosse contar uma história de terror.
— Lenda? Como assim?
— Dizem que a floresta nem sempre foi inabitada — De repente, Kichi se intrometeu na conversa. Ele tomou as rédeas do assunto falando de maneira séria e até mesmo com certo incômodo em sua voz. — era um lugar popular visitado por pessoas e animais de todo tipo. Inclusive, dizem que tem até mesmo uma grande cachoeira e até um lago cheio de peixes naquele lugar...
— [...]
—...Só que em algum momento, isso mudou.
— Por que mudou? O que causou isso? — Indaguei.
— [...]
Kichi parou de repente. Como se falar daquilo fosse um tabu naquele lugar. Mas, eu já havia chegado muito longe para deixar aquilo passar. Eu precisava escutar mesmo que me arrependesse depois, mesml que aquilo me matasse...
— Diga o porquê! — Exclamei com certo grau de irritação.
—...Depois...
—...da chegada de um MONSTRO.
— Um... mo-monstro...?
Aquelas palavras penetraram a minha cabeça. Ultrapassando o meu crânio e cortando o meu cérebro. Como se por um momento eu tivesse me perdido em mim mesmo. Como se nada existisse. Tudo pareceu paralisado; como se o mundo tivesse parado de girar. Por um momento, até mesmo esqueci de respirar. Só notei quando meus pulmões flexionaram e eu tossi em resposta. Quase acabei engasgando com minha própria saliva.
— Ocê está bem, Iori? — Perguntou, Shannah.
—...Cof...cof... s-sim, eu estou... pode continuar...
— [...]
Eu não queria escutar mais que aquilo. Mas, eu precisava saber mais do que aquilo. Precisava entender o que ele queria dizer com aquelas palavras.
— Dizem que esse monstro chegou em algum momento na floresta. Seu poder e sua presença eram tão grandes e poderosos que afastou todos os animais e humanos que viviam ali. Segundo, eles era impossível sequer ficar perto da floresta, já que o instinto assassino daquele monstro deixava qualquer ser vivo sem nem conseguir respirar direito.
— Por-...
— Hã?!
— Por que ninguém foi derrotar esse monstro? E os heróis?
— Como eu já disse, o monstro tem uma aura extremamente poderosa. Nem mesmo a maioria dos heróis tem a audácia de entrar naquele lugar.
— Então, é isso? Eles deixam aquela floresta para aquela criatura? E por que ela não sai de lá?
— Bem, eu não sei porquê esse tal monstro não sai daquela floresta. Na verdade, nem sabemos se essa criatura realmente existe, como já falamos, somos de uma vilazinha no interior. — Disse, Kichi. — O que sei, é que segundo as pessoas, há um monstro ali e os herói não tem a coragem suficiente para enfrentar a criatura. E isso dura até os dias de hoje...
— A vila de Yve faz fronteira com a floresta não é? — Perguntou, Gerald. — Me pergunto se ninguém de lá entrou naquele local...
— Eu duvido, sendo bem sincero. A lenda é bem forte aqui. — Respondeu, Kichi. — Não acho que esses fazendeiros teriam tal coragem, principalmente, morando do lado da toca da onça.
Era difícil me manter calmo. Eu tinha que adquirir informações, mas ao mesmo tempo não trazer suspeitas para mim ao mesmo tempo. Além disso, pela forma como eles estavam falando provavelmente já iremos para a estrada mais uma vez. Conseguir outra oportunidade como essa poderia ser muito desafiador para mim.
Tinha que dar uma última cartada.
— Ma-mas tem uma forma de descobrir não é? Se é uma lenda ou não.
— Hã?! Como assim?
— Vocês são caçadores não? Quando vocês me encontraram vocês não viram algum animal? Nem que seja um pássaro voando perto dali
— [...]
Um silêncio tomou conta de repente. Não achava que minha teoria estaria errada. Se eles notassem algum animal perto daquela floresta, praticamente, responderia que aquela lenda ou sejá lá o que for, era na verdade, uma farsa.
— É verdade. Eu tinha me esquecido disso... — Murmurou, Kichi.
— Hahahahahaha! Então, era uma lenda mesmo! — Exclamou, Gerald.
— Hihi, sim... — Riu, Shannah.
— Hã?! Por quê?
— Bem, Shannah te encontrou porque viu um Alce das neves cheirando você. Nós iriamos passar direto, mas ela viu o animal cutucando algo estranho. — Explicou, Kichi. — Quando chegamos perto o animal fugiu para dentro da floresta, mas, notamos o que ele estava mordendo... era você.
— Hahahaha! Então, era realmente uma lenda não é?! Se não o animal não iria para dentro da floresta! Hahahaha! Nós caímos direitinho. — Gargalhou, Gerald. — Ainda sim, fico triste por não termos conseguido caçar aquele alce...
Pelo jeito, aquilo era balela pura. Ou pelo menos, parecia que era. No entanto, assim como as ondas do mar que são imprevisíveis; tão rápido mudou o caminho daquela conversa.
— Mas, é estranho...
— O que foi, Kichi? — Perguntou, Gerald.
—...Vocês realmente viram aquele alce? Porque eu não vi nada.
— Bem, estava nevando bastante. Pelo tamanho, eu acho que era um alce, não é Shannah?
— Bem, pelo menos, era o que parecia pra mim. Mas, eu também não vi direito.
— Onde você quer chegar, Kichi? — Indagou, Gerald.
— É... que...
—...Eu não vi as pegadas.
— Hã?! C-como assim?
— Não havia pegadas. As de Iori, é justificável já que... bem, ele estava desmaiado ali há algum tempo, mas eu não vi as pegadas do animal...
— [...]
— Hahaha... eu nem sei nem mais no que acreditar... há ou não um monstro? — perguntou, Gerald.
—...Um... mistério... — Murmurou, Frangell. Com sua voz assustadora.
— De qualquer forma, garoto... aquele — alce — existindo ou não, foi devido a ele que conseguimos te salvar. Então, acho que você deveria agradecer a ele.
— E como eu faço isso? — Perguntei confuso.
— Vivendo.
— [...]
— Vamos... já está na hora de partir.
Logo, começamos a recolher nossas coisas. Shannah pareceu ter recolhido cada prato de comida e foi lavá-los junto a carroça. Já os outros foram começar os preparativos para segur viagem. A cada segundo estava perto do meu novo destino o qual eu sabia apenas o nome.
"Ur... o que eu encontrarei lá...?"
Notas do Autor: Todas as Ilustrações dessa novel são feitas por IA. Comentem e façam teorias, leio e respondo todos os comentários
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