O Último Eldoriano Brasileira

Autor(a): Gustavo M. P.

Revisão: OUltimoEldorianoOficial


Volume 1

Capítulo 15: A Batalha do Castelo Corrompido

[Castelo Corrompido, 17 de Junho de 812 da Era Mágica]

 

Estávamos olhando em volta, e ainda desconfiados sobre o paradeiro de nossa adversária, Ignis Scarlet. Que se apresentou como alguém que representa uma ameaça inigualável a qualquer outro demônio ou criatura que já havia enfrentado até então. Por mais que ela tivesse admitido a derrota para nós naquele saguão, ainda havia uma presença poderosa e monstruosa naquele lugar, e obviamente que ela não nos deixaria escapar com facilidade após arruinarmos seu covil. 

— Bhalasar! Sadreen! Temos que chegar ao topo da torre de Menagem o quanto antes! — Gritei a eles iniciando minha corrida contra o tempo. — Precisamos chegar na fonte de todo aquele miasma antes que nossos inimigos cheguem até nós!

Subindo as escadarias e corredores o mais rápido que conseguíamos, não tínhamos nem tempo para olhar para trás. Estava começando a sentir as consequências de se manter a benção naqueles dois ativa por tanto tempo, e para piorar a situação aquela presença assustadora continuava a ficar mais forte em meio às paredes daquele castelo, até que finalmente ela resolveu aparecer. Toda a estrutura do castelo tremeu, a ponto de nos apoiarmos nas paredes para não cairmos ao chão.

— Mas o que diabos está acontecendo aqui!? — Gritou Bhalasar surpreso e irritado com aquilo.

— Eu já estava pressentindo uma presença extremamente monstruosa aqui após a saída daquela Demônia. — Olhei para eles com confiança. — Nós precisamos ser mais rápidos! Iremos ter uma grande companhia para enfrentar no meio do nosso caminho!

Um estrondo explosivo foi possível ser ouvido de dentro do saguão principal aonde estávamos. Bhalasar e Sadreen se entre olharam surpresos, então assentiram com suas cabeças a mim em seguida. Começamos a correr com mais afinco sem o menor tempo para olhar pra trás.

Cada vez que chegávamos mais próximos do topo, mais a criatura se aproximava de nós. Paredes eram destruídas e um forte grito monstruoso estridente era possível ser ouvido pelos quatro cantos do castelo, até que finalmente aquele ser colossal deu seu ar da graça. Enquanto corríamos, resolvi olhar para uma janela de arqueiro, onde me deparei com o corpo de uma enorme serpente de escamas azuis e pretas envolvendo praticamente todo o castelo.

Ainda mantendo o passo rápido pelo corredor fui surpreendido por seu gigantesco olho de íris vermelha e pupila rasgada. Sua pupila então se fixou em mim, enquanto um enorme grito estridente mais uma vez foi anunciado ao ar pela mesma. O castelo tremeu mais uma vez, e então toda a estrutura atrás de nós começou a ser destruída pela enorme serpente que tentava nos matar.

— Isso só pode ser alguma piada de mau gosto! Por que os vilãos têm sempre os melhores brinquedinhos?! — Gritou Sadreen inconformado com a Serpente atrás de nós.

Continuamos correndo diante daquele assassino colossal, até que o corredor a nossa frente chegou ao seu fim. Havia uma porta de madeira fechada que muito provavelmente iria nos levar ao lado de fora da muralha, e observando a porta, Bhalasar tomou a frente gritando com raiva, enquanto colocava seu ombro pronto para o impacto. Como consequência a porta foi completamente destruída, e logo nos vimos do lado de fora, onde tivemos a clara visão de toda a extensão do corpo da criatura que envolvia a estrutura do castelo.

Ela gritou atrás de nós enquanto abraçava a Torre de Menagem em seu topo e aquela com certeza era uma das imagens mais assustadoras e marcantes que iria presenciar em minha vida. Sua cabeça era enorme, composta por uma mandíbula forte e cheia de dentes, em volta dela parecia crescer uma coroa de espinhos e membranas, que com certeza a ajudavam nadar no mar. Seus olhos vermelhos se tornaram rapidamente azuis, mas novamente voltaram a uma tonalidade carmesim.

— Aquela Serpente Marinha está sendo controlada! — Gritei aos dois, pois já havia visto aquele padrão de cores nos olhos dos monstros antes.

— Controlada ou não é um belo desafio. — Bhalasar estava a encarando enquanto ela fazia o mesmo. — Acha que podemos dar conta de um monstro desses?

— Não será fácil, mas pode ser possível. — Analisando minuciosamente o nosso oponente, percebi que suas escamas seriam como uma armadura impenetrável. — Sadreen... Bhalasar... Preciso que a mantenham ocupada enquanto eu irei destruir o que tiver que esteja na torre de Menagem. Deve ser de lá que está vindo todo esse Miasma.

— Entendido! Mas não seria mais fácil derrubar a serpente primeiro? — Sadreen comentou tentando entender o plano.

— Olhem. — Apontei para suas escamas. — Nenhuma de nossas armas vai conseguir penetrar sua defesa. E pra piorar eu não sei mais por quanto tempo vou conseguir segurar minha benção em vocês. Então se conseguirmos nos livrar pelo menos do problema do Miasma conseguiremos lidar com ela com mais força e menos medo.

— Não errei em meu julgamento! E nem mesmo por ter lhe entregado minha lealdade! — Bhalasar gargalhou enquanto gesticulava de forma exagerada ao se afastar aos poucos. — Você ouviu o Lorde Magnus! Vamos fazer como foi planejado Sadreen!

— Muito bem, vou confiar no plano! — Sadreen pegou sua lança olhando para mim.

Assenti com a cabeça para eles, e então Bhalasar disparou por primeiro, correndo em direção ao precipício da muralha, pulando corajosamente para fora do castelo. Porém, segundos depois ele apareceu novamente escalando o corpo da serpente da forma mais maluca que já vi algum guerreiro atacar.

— Contamos com você Lorde Magnus! — Sadreen deu dois tapas em meu ombro e logo começou a correr na outra direção da muralha.

Na minha frente estava meu objetivo, seguido de uma furiosa e colossal serpente marinha, e naquela situação só existiam dois finais prováveis.

“Então é assim que vai ser né. Eu imaginei que não seria fácil. Seremos nós, ou será você...”

Respirei fundo tentando canalizar o máximo de concentração e mana que poderia naquele momento. Fechei meus olhos deixando com que as incertezas fossem embora da minha mente. Assim dei o primeiro passo seguido de outro, até que quando finalmente abri os olhos, já estava correndo na direção aquela serpente.

A estrutura de todo o castelo já estava instável, e parecia que logo iria desmoronar, mas mesmo que desmoronasse, nada de bom viria, pois o Miasma se espalharia pela água e logo se tornaria algo ainda mais problemático sob a água. Continuei correndo, enquanto que do meu lado direito Bhalasar continuava agarrado a serpente enquanto a escalava, segurando com todas as forças para que não fosse arremessado para longe.

Sadreen por outro lado focou em tentar irritá-la, cutucando entre suas escamas, gritando e fazendo gestos exagerados para que ela mantivesse sua atenção fixa nele. Ao ver meus companheiros se esforçando, apertei ainda mais meus passos, até que meu primeiro problema no caminho apareceu.

Quando estava quase chegando à porta que levaria até a escadaria da Torre de Menagem, a passarela da muralha na minha frente desabou por completo, seguido de várias outras partes do castelo que agora mais parecia uma pilha de ruínas. Parei de imediato antes que acabasse despencando junto com tudo aquilo. A distância que agora havia entre mim e a torre era totalmente inviável para algum salto, e dessa forma, eu precisaria achar outro caminho. Olhei desesperadamente ao meu redor enquanto que a serpente começou a se movimentar soltando-se da torre e indo agressivamente em direção ao Sadreen que por sua vez se jogou para outra plataforma de pedras do castelo para que não acabasse na boca da serpente.

Bhalasar havia sumido com o movimentar do monstro e não o via em lugar algum. Observei atentamente o ambiente, e percebi que havia outro caminho pelo qual eu poderia percorrer.

— Sadreen! — Gritei a ele preocupado com sua situação, mas o mesmo logo se levantou empunhando sua lança.

— Continue! Eu me viro! Confie em mim! — Gritou ele frente a frente com a serpente mais uma vez.

Assenti com a cabeça e logo comecei minha corrida contra o tempo. Pulei entre as ruínas escalando manualmente algumas partes do que antes haviam sido paredões de proteção, assim segui pulando de plataforma em plataforma.

Correndo pelo corredor da antiga muralha pude observar a torre por toda sua extremidade lateral, e agora com a serpente longe dali consegui ver uma abertura causada pela serpente que estava apertando a torre. Sacando minha espada, rapidamente a envolvi com a benção de Halwking enquanto corria.

Assim que consegui a velocidade que achei necessária me joguei entre as Ameias e Merlões da muralha cravando minha espada na parede próxima da torre alvo que dessa forma freou minha descida até a próxima plataforma de pedra. Em seguida arranquei-a da parede no momento correto.

Assim que pousei tive que me apoiar na parede mais uma vez já que a estrutura inteira estremeceu com o movimentar violento da serpente. De longe pude observar Sadreen esquivando-se veementemente enquanto usava sua lança para afastar o monstro. Não sei por quanto tempo mais ele aguentaria, mas eu já sabia que esses eram meus últimos estoques de mana para manter a benção neles, e eu precisava cumprir a minha parte do plano, caso contrário iríamos todos morrer de qualquer forma.

Tomei posição e logo disparei a correr mais uma vez, pulando em seguida para a próxima plataforma de pedra, que me deu acesso a uma viga exposta que usei para agarrar, e assim, me jogar até a próxima parte do castelo que voltou a estremecer. Rolando durante meu pouso, consegui diminuir a força de impacto que me machucaria muito devido a altura. A parede atrás de mim cedeu, então desmoronou por completo fazendo com que a plataforma de onde eu estava fosse se desmantelando em um efeito dominó até mim. Não tive outra opção a não ser dar um salto de fé em direção ao paredão de pedra a minha frente, usando a minha espada mais uma vez para me cravar de forma fixa na parede.

Arranquei minha espada da parede assim que achei um lugar bom onde consegui apoiar minhas mãos e pés. Eu já estava na Torre de Menagem, mas eu precisaria escalar até a abertura feita pela serpente.

“Vamos lá Magnus! Só mais um pouco!”

Comecei pular e escalar toda a volta da torre, utilizando a minha espada e os tijolos de pedra grande, onde poderia colocar minhas mãos de forma segura, até que finalmente consegui adentrar a torre. Ofegante, porém determinado, não deixei meu corpo descansar, e logo me pus-me a correr pela escadaria caracol que me levou até o topo, onde finalmente fiquei diante da fonte de todo aquele minas, um maldito altar sombrio demoníaco.

Coloquei-me diante daquele altar que não parava de exalar e jorrar magia demoníaca de seu Orb carmesim sombrio. Concentrei a pequena sobra de mana que me restou na benção de minha espada, enquanto a segurava com a lâmina para baixo e as duas mãos sobre a sua empunhadura.

— Isso... Acaba AGORA!!! — Com um único e poderoso grito, cravei minha espada com todas as forças que tinha naquele altar, onde minha espada atravessou o Orb Demoníaco e acabou enterrada dentro da pedra talhada e ornamentada com escrituras antigas.

O miasma cessou instantaneamente fazendo com que toda aquela nuvem tóxica se dissipasse em um efeito gradativo. Assim que o Orb caiu em dois pedaços no chão consegui ter clara visão de Sadreen, que ainda estava em apuros com aquela serpente. Com dificuldade puxei minha espada de onde estava cravada, e logo me pus a procurar o jeito mais rápido de chegar até ele, mas para minha infelicidade, a torre tornou a ceder e então logo começou a cair para frente como um tronco de árvore recém cortado.

Correndo até o parapeito da torre, vi minha forma de escapar da morte certa, e sem pensar duas vezes pulei cravando minha espada entre a couraça de escamas do corpo da serpente, que ainda envolvia todas as ruínas daquele castelo.

Atrás de mim um grande estrondo se fez com o impacto da torre que acabou mais uma vez destruída. A serpente começou a se mover, e logo me vi na situação mais improvável que poderia estar, pois se soltasse minha espada e a mão que me prendia a ela a queda que sofreria seria brutal. Firmemente comecei a escalar o monstro por suas escamas tentando ao máximo não perder o equilíbrio com seu movimentar brusco, mas mesmo com todo esforço, em alguns momentos fiquei pendurado em minha espada ou só por uma de minhas mãos.

 Algum tempo depois vi um local próximo ao de Sadreen que dava para pular de onde eu estava em segurança. E ali já sabia que estávamos entrando em nossa batalha final.

— Sadreen!!! — Gritei pousando no destino traçado, e me coloquei a correr com a espada em mãos. Minha mana ainda não estava carregada, eu precisaria de mais um tempo para poder fazer de fato alguma coisa.

Sadreen olhou para mim rapidamente me lançando um sorriso confiante, quase como se estivesse me agradecendo. O que veio a seguir foi algo que até então nunca esperaria, e aquilo de fato me surpreendeu, pois uma aura gélida de cor branca azulada envolveu o corpo de Sadreen com violência. Essa onda de poder repentina assustou aquela serpente, que logo repensou seu ataque hesitando por um instante. Sadreen então olhou firmemente para seu oponente enquanto seus olhos tomavam tons de cores glaciais e por fim girou sua lança de forma que sua lâmina ficasse apontada para o chão.

— Não preciso mais me segurar... — Sadreen fechou os olhos canalizando toda sua mana na ponta de sua lança que logo começou brilhar intensamente. — Eu não irei deixar que mais irmãos sofram diante das atrocidades de Algardia!

Cravando sua lança no chão, uma onda gélida se espalhou a sua volta, congelando parcialmente tudo ao seu redor. O gelo começou a se espalhar pelo corpo da serpente que tentou se debater para quebrá-lo e escapar da prisão formada pelo gelo. Mas a magia de Sadreen foi tão intensa e imprevisível que nem mesmo a serpente foi capaz de fazer algo a respeito.

Senti minha mana retornar parcialmente ao meu corpo, e assim, pude canalizar a benção de Halwking em minha espada mais uma vez, que brilhou em um dourado intenso diante do nosso oponente colossal. Com um poderoso grito corajoso, pulei do que havia sobrado das ruínas da muralha em direção da cabeça da serpente congelada. Segurando minha espada com as duas mãos, acertei um corte perfeito que desceu por toda a extremidade de seu olho esquerdo. O gelo foi quebrado e a serpente gritou de dor em resposta ao poderoso ataque desferido por mim, que a deixou cega de um olho.

Pousei rolando pelo chão ao lado de Sadreen que logo estendeu sua mão em minha direção para me ajudar a levantar. Olhei para seu rosto, e então ele assentiu usando a cabeça e com um sorriso gentil e confiante. Vendo aquilo, sem hesitar peguei em sua mão que logo me puxou para cima. A serpente finalmente havia conseguido quebrar o gelo que a cobria, e logo mostrou sua boca cheia de dentes para nós enquanto emitia um poderoso e agudo grito de fúria.

— Aquela é uma Naga Lorde Magnus! Também é conhecida como o Terror dos Mares! — Gritou Sadreen para mim enquanto colocava seu braço sobre seu rosto a fim de se proteger. — Só há dois jeitos de vencê-la! Ou você a destrói de dentro pra fora, ou quebra o cristal que está no centro de cabeça!

— Vamos precisar de força bruta se quisermos ter alguma chance!! Onde está Bhalasar!? — Respondi Sadreen á altura, enquanto me expressava exageradamente com o meu braço.

A Naga finalmente nos atacou com violência, obrigando a mim e a Sadreen rolar para lados opostos. Por mais uma vez ela se levantou nos observando de cima para baixo enquanto nós nos preparávamos para sua próxima investida. Observando aquela situação por completo comecei a pensar no que Sadreen havia me dito sobre conseguir matá-la de dentro para fora. Foi então que uma ideia brutal percorreu minha cabeça, mas para que isso fosse possível iríamos precisar de algo forte o suficiente para poder manipulá-la fisicamente.

A Naga atacou novamente Sadreen, que já havia se posicionado de modo com que ela acabasse batendo sua cabeça com força na parede que estava atrás dele. Assim que a Naga levantou recuperando seus sentidos após o impacto, ela logo resolveu mudar seu oponente, olhando para mim fixamente.

Rapidamente imbuí minha espada em volta da benção de Halwking acertando seu focinho com força bruta durante sua investida, fazendo-a ser jogada para uma das últimas partes que ainda sobravam das muralhas. Ela balançou a cabeça surpresa com o que havia acabado de acontecer, mas então mais uma vez abriu sua enorme boca cheia de dentes gritando por mais uma vez, enquanto suas membranas se abriam a sua volta.

— Sadreen! Eu tenho um plano! Mas que pode ser o nosso fim definitivo se nada der certo! — Gritei a ele me posicionando para o próximo ataque.

— Não temos muitas escolhas não é mesmo? A coisa tá ficando feia pra gente aqui! Se demorarmos mais tempo, vamos acabar todos soterrados de pelos escombros! — Sadreen tinha razão, não poderíamos mais hesitar. Era abraçar esse plano e fazer acontecer, ou aceitar a morte nesse plano terreno.

— Certo! Me escute! — Gritei para ele me esquivando de mais um ataque da Naga. — Você lembra do mastro que ficava em cima da Torre de Menagem?! Aquela com a bandeira toda destruída?!

— Lembro! — Gritou ele arremessando sua lança imbuída de magia gélida, que atingiu a serpente com força, jogando-a contra a parede e congelando-a parcialmente na região atingida. — O que pretende fazer?!

— Se conseguirmos uma coisa tão pontiaguda e grossa quanto aquele mastro, podemos utilizar ele para dar fim nesse monstro! — Observei Sadreen correr até a Naga, retirando sua lança cravada de seu corpo e se afastando rapidamente.

— Acho que entendi! Mas como faremos isso?! — Sadreen se indagou enquanto rapidamente se juntava ao meu lado.

A serpente quebrou o gelo após se debater, e então se levantou mais uma vez diante de nós dois, demonstrando um completo e macabro ar assassino que agora percorria pelo seu olhar. Mas para nossa surpresa, um ser ruivo e carmesim apareceu escalando sua cabeça.

— Nós temos o Bhalasar. — Respondi a pergunta de Sadreen que olhou para o mesmo que havia acabado de desengatar sua espada das costas.

— É... Faz sentido... — Ele olhou de forma surpresa para Bhalasar que muito possivelmente esteve escalando aquela Naga durante todo esse tempo.

Bhalasar sem pensar duas vezes ergueu sua espada, cravando-a diretamente no cristal que ficava no centro da cabeça do monstro, fazendo com que ficasse desnorteado e desesperado, enquanto se contorcia de dor. O draconiano por sua vez, segurava na serpente com toda sua força para não ser lançado para longe com tamanha violência e velocidade com que começou a se debater. Olhei para Sadreen que estava ainda sem acreditar no que estava presenciando, então resolvi acordá-lo de seu transe, pois iria precisar de toda a ajuda possível.

— Sadreen! É nossa chance! Temos que procurar uma estaca para dar fim a essa criatura! Agora!!! — O segurei firmemente pelos ombros enquanto o virava para que me olhasse. — Vamos focar no nosso trabalho!

Sadreen finalmente entendeu o meu aviso e focou no que eu estava dizendo, pois olhou diretamente em meus olhos e então assentiu com a cabeça. Enquanto Bhalasar continuava a sua luta contra a Naga para poder mantê-la controlada.

Eu e Sadreen tornamos a correr em lados opostos a fim de encontrar o que estávamos precisando. Após alguns minutos de procura, Sadreen finalmente encontrou em meio aos escombros uma viga grande e grossa de madeira quebrada, boa o suficiente para que pudéssemos usar. Ele gritou para mim acenando, e em seguida apontou para a viga que estava um pouco soterrada, porém com sua ponta afiada, que era a parte que realmente precisávamos.

Em minhas buscas acabei encontrando uma boa quantidade de correntes que muito provavelmente eram usadas nos calabouços, mas que naquele momento em específico seriam o jeito que teríamos para conseguir levar a Naga até o novo plano final. Comecei a correr com as correntes em volta do meu corpo em direção a Naga, enquanto Bhalasar ainda tentava se segurar na besta fera.

As estruturas finais do castelo se mexeram violentamente mais uma vez, fazendo tudo tremer em nossa volta, obrigando a mim e a Sadreen nos seguramos mais umas vez. Foi possível ouvir pedaços de estrutura e pedras enormes caindo dentro da água abaixo de nós, e assim que conseguimos retomar o equilíbrio observamos Bhalasar sendo jogado para cima se pendurando em um ato de desespero em um dos chifres da Serpente.

— Sadreen rápido, enrole essas correntes na sua lança! — Ordenei a ele enquanto me afastava correndo em direção a Naga.

— Espere! Magnus! O que vai fazer?! — Ele tentou entender minha atitude, mas estávamos sem tempo para explicar a ele, então apenas continuei correndo em direção a Serpente. — Magnus!!!

Rapidamente saquei minha espada da bainha, então acenei para Bhalasar enquanto corria em direção a eles desesperadamente. Finalmente aquele Draconiano havia fixado seus olhos em mim, e então começou a ler meus gestos, pedindo para que tentasse fazer a Naga chegar o mais próximo do chão com sua cabeça.

— Bhalasar!!! Use os Chifres!!! Pendure-se neles!!! — Fiz meu corpo inteiro ficar envolto da benção de Halwking.

Bhalasar entendeu assentindo para mim, e assim que a serpente tentou lançá-lo para cima em mais uma tentativa de se livrar do ruivo, o mesmo soltou do chifre da nossa oponente, deixando-se ser jogado as alturas enquanto caía em alta velocidade para agarrar novamente o chifre da Naga. Como resultado dessa arriscada manobra, a Naga perdeu seu equilíbrio sendo jogada para sua lateral direita onde aproveitei o momento exato para acertá-la com um poderoso golpe explosivo de espada que a levantou novamente para cima com violência, fazendo-a ficar desnorteada mais uma vez. Rapidamente Bhalasar aproveitou para subir em cima de sua cabeça novamente.

— Bhalasar!!! — Sadreen arremessou com força sua lança na direção de Bhalasar, que estava amarrada as correntes que havia achado.

 Comecei a correr em direção ao mastro de madeira, aproveitando aquela brecha perfeita que havia se aberto para nós, enquanto a Naga estava recobrando seus sentidos. Bhalasar agarrou a lança de Sadreen, que lhe havia sido enviada, usando-a de forma brutal no olho restante da serpente, que gritou em dor profunda por seu segundo olho perfurado.

Logo em seguida, ele se jogou agarrando a corrente de forma rápida. Ao ficar pendurado e se balançando usou as movimentações da Naga para conseguir dar uma volta completa por toda extensão de seu pescoço pousando novamente na parte superior de sua cabeça. Acenei para Bhalasar, que ainda segurava as correntes, que começasse a guiar a besta até o local onde estava.

— Precisamos fazer com que ela se perfure de dentro pra fora com aquilo!!! — Gritou Sadreen correndo enquanto acompanhava Bhalasar e a Naga.

— Bhalasar! Pule e a puxe para a ponta do mastro!!! — Gritei a ele ordenando-o que finalmente entendeu o que precisava ser feito.

O draconiano então agarrou fortemente as correntes que estavam sobrando e se jogou na frente da serpente, pousando na plataforma onde estava fazendo o máximo de força que conseguia para puxar aquele monstro colossal.

— Ela... É muito... Forte!!! — Gritou ele ao mostrar seus dentes pelo esforço feito.

— Eu ajudo! — Sadreen pegou outra parte da corrente, tentando ajudar Bhalasar a puxá-la, mas a Naga abriu sua boca gritando com força, tentando ao máximo escapar daquela situação.

Vendo que eles não iriam conseguir puxar, comecei a escalar um pequeno lugar alto das ruínas das muralhas. Olhei para aquela situação de cima e então deixei que meus olhos ficassem dourados, uma aura dourada, porém sombria, novamente tomou conta de meu corpo, assim como da vez que derrotei Elize pela primeira vez. Asas douradas cresceram das minhas costas, e então saltei para cima o mais alto que pude, deixando com que elas se dissipassem e fossem canalizadas como energia pura em volta da minha espada. Como um último golpe de misericórdia, fiz com que o impacto da minha queda somado ao poderoso golpe da minha espada, acertasse em cheio a cabeça da Naga que perdeu seu equilíbrio uma última vez sendo facilmente puxada por Bhalasar e Sadreen, e encontrando como destino final o mastro de madeira pontudo e quebrado, que entrou rapidamente por sua boca aberta e a perfurou de dentro pra fora, fazendo com que atravessasse por sua garganta.

Como resultado, ela destruiu tudo por onde caiu, e continuou a se contorcer mesmo após a sua morte. Pousei rolando com dificuldade na plataforma que novamente voltou a estremecer por não ter mais qualquer sustentação. Então Bhalasar e Sadreen apareceram. O draconiano estava com seu braço machucado, apoiando-se sobre os ombros do lanceiro que o ajudava a andar o mais rápido que podiam. Eles também já tinham recuperado a lança de Sadreen, que estava sendo segurada por Bhalasar em sua outra mão que estava boa. Confesso que estava bem machucado também por conta dessa batalha, da minha testa escorria sangue, o braço e a boca de Sadreen estavam também machucados igualmente.

— Vamos. Precisamos sair o mais rápido possível daqui! Isso aqui está prestes a desmoronar. — Eles concordaram assentindo com a cabeça, então logo como podíamos, começamos a correr o mais rápido mesmo com aquelas limitações físicas.

Corremos e escalamos lutando contra os tremores do castelo até a ponte que nos levaria novamente até o outro lado do precipício, enquanto toda a arruinada construção começava a perder suas estruturas ao mar. Assim que chegamos no meio da ponte, todo o castelo desmoronou, fazendo com que a ponte as nossas costas começasse a partir também. No momento do desespero mútuo, começamos a gritar enquanto apertávamos ainda mais o passo com dificuldade, e felizmente conseguimos chegar até o outro lado em segurança no momento em que a ponte inteira se quebrou. Sadreen se jogou no gramado exausto com tudo o que havia acontecido, Bhalasar sentou ao lado de uma pedra grande, enquanto eu ainda estava em estado de choque tentando entender, assimilar e digerir tudo o que havia acontecido.

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora