O Último Eldoriano Brasileira

Autor(a): Gustavo M. P.

Revisão: OUltimoEldorianoOficial


Volume 1

Capítulo 16: O Nascer da Aliança Contra Algardia

[Vilarejo Corrompido, 17 Junho de 812 da Era Mágica] 

 

Depois de alguns segundos de descanso, Sadreen, Bhalasar e eu nos entre olhamos e provavelmente pensamos exatamente a mesma coisa. Isso acabou causando um ataque de risos e gargalhadas, pois a situação de quase morte, cheia de adrenalina e emoção que havíamos acabado de presenciar, agora havia se tornado alívio e felicidade mútua por nossa missão bem efetuada. Era como se todo nosso esforço e dedicação tivesse sido reconhecido por nós mesmos, e não havia sensação melhor do que vencer uma batalha contra o inimigo em meio a uma guerra de tamanho continental. Estávamos ao nosso modo, agradecendo por não termos perdido a vida naquele castelo, e muito além disso, agradecendo também por podermos continuar com nossos objetivos pessoais no enfrentamento a Algardia.

— Quem diria!? Ganhamos de uma Naga dos Mares! — Bhalasar continuou a gargalhar. — Tamanho colossal?! Pfff... Tamanho não é documento!

— E aquela hora que o Sadreen congelou ela por completo?! Aquilo foi incrível! — Me mantive rindo junto a eles. — Não sabia que podia fazer isso, você por algum acaso está escondendo mais alguma coisa de nós?

— Quem sabe, quem sabe... — Sadreen então parou de rir e começou a cantarolar. — "Essa Naga não sabia o quão poderosos nós somos..."

— Ah... Agora ele canta também... — Comentei, continuando a gargalhar em uníssono junto a eles.

Mesmo compartilhando daquele momento com eles, nossa missão ainda não havia chegado ao fim. Rapidamente me levantei e os ajudei a levantar também, pois precisávamos passar as boas novas para Dominic e seu exército de Rebeldes.

— Temos que nos apressar para ajudá-los. Sei que estão cansados e exaustos assim como eu pela última batalha que tivemos. — Sacando minha espada olhei para eles com uma expressão confiante. — Mas vou pedir para que me emprestem suas forças finais mais uma vez. Para que assim possamos todos voltar para casa em segurança!

— Pode contar comigo! — Bhalasar bateu em seu próprio peito com o punho fechado. — Ainda tenho bastante energia aqui comigo!

— As suas ordens Lorde Magnus! — Sadreen gentilmente se curvou apoiando-se em sua lança. — Minha lança estará sempre a sua disposição.

— Obrigado rapazes. — Agradeci a eles assentindo com a cabeça. Então olhei ao horizonte que agora já havia se tornado perfeitamente visível sem todo aquele miasma denso. — Teremos algumas companhias indesejadas em meio ao caminho! Se preparem!

— Certo! — Gritaram eles em uníssono firmemente em resposta.

— Vamos!!! — Comecei a correr enquanto que os mesmos me seguiram logo em seguida.

[...]

 

[Campos Verdejantes, 17 de Junho de 812 da Era Mágica]

 

Agora com a visão mais aberta e clara aos nossos olhos, rapidamente conseguimos avistar e neutralizar os inimigos que ainda haviam restado no nosso caminho com facilidade. Após atravessarmos a antiga vila do feudo abandonado, finalmente voltamos a ter visão do campo de batalha onde Dominic e seus soldados lutavam contra as últimas hordas de criações demoníacas. Eles haviam descoberto que decapitando os inimigos, eles não teriam como se regenerar, porém, os custos pela descoberta tardia acabou sendo caro de mais ao exército de Dominic. Haviam muitos corpos sem vida de soldados aliados pelo campo de batalha, transformando aquele lugar em completo palco de uma carnificina sem limites. Pude ver Dominic de cima de seu cavalo, que lutava e traçava golpes poderosos com sua espada, enquanto seu escudo o defendia perfeitamente. Sua capa as suas costas, balançava e voava com as investidas de Maximus que relichava bravamente em união quase perfeita de Cavalo e Cavaleiro.

— Os custos foram altos... Muitos não voltaram a ver seus familiares... — Sadreen comentou observando toda aquela situação de longe. — Temos que cumprir nossa missão e evitar que essas mortes tenham sido em vão!

— Sadreen tem razão! O que devemos fazer Lorde Magnus? — Bhalasar apoiou sua espada em seu ombro para poder descansar o braço.

— Poderíamos simplesmente chegar e atacar o inimigo pelas costas em um ataque surpresa... O problema é que são muitos ainda para apenas nós três darmos conta até nos juntarmos a Dominic. — Pensativo enquanto analisava o terreno, comecei a perceber as brechas que poderíamos usar para chegarmos a uma resposta. E assim que olhei para adiante de Dominic, uma luz em minha cabeça se ascendeu — Espera... Os mangonéis!

— Lorde? — Bhalasar não havia entendido

— Bhalasar! Os Mangonéis que deixamos engatilhados! Precisamos ativa-los agora! — Segurei os ombros dele com força, então apontei ao campo de batalha. — É o único jeito de darmos a eles uma chance de vitória garantida! Mas...

— Mas...? — Ele questionou arqueando a sombrancelha.

— Eu precisaria deixa-lo aqui sozinho para poder conseguir chegar lá sem que nossos inimigos me percebam... — Olhei para ele com certa incerteza. — Precisaria que você invadisse o campo de batalha e derrubasse aquelas criaturas uma a uma...

— Isso é loucura! Sozinho nenhum de nós conseguiria dar conta de tantos monstros de uma só v... — Sadreen foi interrompido por Bhalasar que olhou ao campo de batalha.

— Eu vou! — Bhalasar corajosamente colocou um passo a frente se preparando para correr ao local.

— Você só pode estar brincado... Bhalas... — Sadreen novamente foi interrompido pelo mesmo.

— Jurei minha lealdade e vida ao Lorde Magnus, vou acreditar que ele conseguirá completar sua parte nesse objetivo. Dragões são criaturas muito ligadas as suas honrarias pessoais... — Ele então se virou em direção ao campo de batalha, começando a adentra-lo. — Então eu acreditarei em suas palavras...

— Independentemente do que acontecer, quero que priorize ficar vivo, certo Bhalasar? — Falei a ele que parou de imediato, olhando para mim por cima de seu ombro, e então assentiu com a a cabeça.

Logo após isso, Bhalasar começou a correr ao campo a dentro, sem nem mesmo olhar para trás. Sua coragem e determinação eram realmente inspiradoras, e agora mais do que nunca, eu tinha certeza de que aquele era uma das pessoas que mais poderia confiar nas terras daquele continente.

— Sadreen! Vou precisar de sua ajuda, então não podemos mais perder tempo! Venha comigo! — Disparei pele curso lateral de todo o campo para não chamar a atenção de inimigos.

— Certo! Estou logo atrás de você! — Sadreen fez o mesmo ao me seguir rapidamente.

No meio do caminho pude observar de longe toda a extensão do conflito que estava acontecendo. Bhalasar finalmente havia chegado em seus oponentes, atacando-os ferozmente com um salto devastador aonde cravou sua lâmina ao chão, causando uma poderosa onda de choque a sua volta. As criaturas foram lançadas para os ares de forma aleatória, e aonde sua espada estava cravada, agora havia uma cratera e rachaduras no solo. O draconiano tomou em suas mãos novamente a Zweihänder ao ficar em posição de combate, esperando os próximos inimigos que o cercariam. Logo começaram a ataca-lo de todos os lados, mas sua incrível força bruta era incontestável. Seus ataques com sua espada eram extremamente brutais, fazendo com que corpos e cabeças fossem decepados em poucos movimentos mortais. Girando sua espada com maestria, Bhalasar trocava suas mãos entre as duas empunhaduras de sua enorme espada, fazendo cortes horizontais e verticais como se sua espada fosse feita de madeira e não de metal.

"Ótimo, se ele se manter assim... Conseguiremos chegar ao nosso destino. Não caia agora meu amigo"

Sadreen e eu estávamos na metade do caminho, e já havíamos conseguido avistar Dominic percebendo Bhalasar no campo de batalha. Seu cavalo relinchou fortemente enquanto ficava sobre dois cascos, chamando a atenção de todos os soldados que estavam ali a sua volta. Sua espada desceu apontando para Bhalasar, e então ele soou um enorme grito em apoio ao mesmo, fazendo com que seu exército se enchesse de coragem e corresse em direção ao draconiano afim de ajuda-lo.

— Maravilha! Bhalasar já não está mais sozinho! — Sadreen gritou em felicidade.

— Vamos apertar o passo! Precisamos nos juntar a eles o quanto antes! — Continuei a correr em direção aos mangonéis. — Veja! Estão ali!

Finalmente havíamos chegado nos mangonéis que estavam engatilhados junto aos soldados que faziam sua guarda naquele lugar. Os guerreiros se espantaram com a nossa situação deplorável em comparação a alguns momentos atrás, mas rapidamente se prontificaram para as ordens.

— Pelas jubas do leão sagrado! Lorde Magnus está tudo bem?! — O responsável por aquele pelotão se aproximou preocupado.

— Mais tarde podemos falar sobre minha saúde ou a de Sadreen... Rápido! Precisamos colocar esses mangonéis no campo de batalha! Agora! — Ordenei a eles que logo se prontificaram a empurrar as catapultas.

— Sim senhor!!! — O responsável se pôs a ajudar seus subordinados.

Com os Mangonéis devidamente colocados dentro do campo de batalha, os soldados alinharam seus ângulos e pressão diacordo com a distância que o projétil de pedra iria ser lançado no devido local.

— Senhor! As catapultas estão prontas para serem utilizadas! — As suas ordens!

Rapidamente saquei minha espada da bainha, e quando todos estavam esperando alguma ordem, eu mesmo cortei as cordas de ativação das catapultas, fazendo com que os mecanismos girassem e lança-se as enormes pedras para dentro do campo de batalha. Os projéteis voaram por cima de nossos aliados, acertando e esmagando vários de nossos inimigos que estavam prontos para atacar. Após ver aquela cena de esperança, Dominic olhou para trás erguendo sua espada em agradecimento aos nossos reforços.

— Recarreguem e atirem novamente! — Ordenei a eles para que tomassem a frente das armas.

— Sim senhor! Vocês ouviram o Lorde Magnus! — O responsável por aquele pelotão se encheu de emoção quando percebeu que agora estávamos caminhando rumo a vitória. — Vamos todos rumo a vitória!!!

Os soldados gritaram em uníssono erguendo suas espadas e lanças enchendo seus corações de coragem e determinação. E eu sabia o quanto aquilo seria importante para o resultado da guerra, pois mais vale dez soldados inspirados, do que cem soldados perdidos e desmotivados. Agora que as armas de cerco estavam bem orientadas e funcionais, comecei a correr para dentro do acampamento, enquanto que Sadreen logo veio atrás de mim.

— Lorde Magnus! O que estamos fazendo?! Não deveríamos estar indo ao encontro de Bhalasar no campo de batalha?! — Sadreen estava preocupado com seus amigos que estavam dando suas vidas pelo objetivo, e eu conseguia entender sua pressa e aflição.

— As vezes, precisamos dar dois passos pra trás... — Chegamos ao local onde os cavalos estavam sendo guardados naquele acampamento. —Para darmos cem passos adiante...

— É... Faz sentido. — Ele suspirou em alívio.

Rapidamente montamos nos cavalos e começamos a galopar rumo ao encontro com Bhalasar. Eu estava montado em um cavalo de cor castanho escuro, sua crina era negra e havia uma mancha branca na parte superior de sua cabeça. Seu nome era Marshall bem como estava escrito na placa de seu cercado, e com certeza aquele era um dos cavalos mais dóceis que já havia montado. Sadreen por outro lado estava montado em sua própria Égua de pelagem acinzentada e crina negra. Seu nome era Ágata, e estava completamente vestida e armadurada como o cavalo de Dominic, porém, mantendo as cores azul e branca.

— Sadreen! Se prepare! Não podemos ser parados agora! — Por mais uma vez, saquei minha espada enquanto a encantava com benção de Halwking.

Sadreen acentiu com a cabeça, colocando sua lança junto a seu corpo apontando-a para frente, sua lâmina logo começou a brilhar em um azul energizado e parecia que estava pronto para congelar qualquer coisa que a encosta-se. Continuamos a galopar e assim que chegamos ao campo de batalha, cabeças começaram a rolar ao toque de nossas armas. Utilizando-se da velocidade em que estávamos em cima de nossas montarias, as lâminas rapidamente faziam efeito ao toque de nossos inimigos.

Fomos fazendo uma certa limpa no terreno, salvando e ajudando até aqueles que estavam com dificuldades a nossa frente. Aquele momento ficaria marcado na história como a primeira conquista rebelde contra o Império Algardiano, e que agora se concretizararia como um fato nos corações de todos aqueles bravos guerreiros cheios de ideais. O miasma já não estava mais presente, e com todos os aspectos militares daquele momento, já havíamos tomado por completo a vantagem da batalha. Tudo o que precisávamos fazer agora era subjulgar e eliminar todas aquelas criaturas vis criadas por Algardia.

— Lorde Magnus! Ali! — Apontou Sadreen com sua lança em direção a Bhalasar que pegava uma criatura de suas costas e a jogava contra outra que se aproximava.

Outro projétil de pedra voou sobre nossas cabeças, acertando vários inimigos de uma vez. Aquela era nossa chance de se aproximar, não podíamos mais perder tempo, pois dava pra ver no rosto de Bhalasar que estava chegando em seu limite. Fiz com que Marshall acelerasse seu galope em direção a Bhalasar, atrás de mim Sadreen vinha energizando ainda mais sua lança quanto mais nos aproximavamos. Quando finalmente chegamos ao lado de Bhalasar, Sadreen ergueu sua arma, a jogando no meio todos aqueles monstros que automaticamente foram completamente congelados por sua lança sagrada. Fiquei a frente de Bhalasar, aonde meu cavalo se levantou ficando em seus dois cascos traseiros enquanto relichava. Coloquei minha espada apontada ao céus enquanto o brilho de sua lâmina começou a crescer gradativamente.

— "Ó grandiosa e majestosa Águia, que voa livremente sobre os céus!" — Comecei a recitar a oração a Deusa Águia Halwking. — "Nos traga a força e a coragem necessária para que não deixamos de trazer a realidade aquilo que almejamos!"

— Magnus... — Bhalasar estava apoiado em seu joelho, cansado de tanto batalhar contra ordas de monstros. Um sorriso de canto cresceu em seu rosto vendo o poder que estava crescendo a minha volta. — É mesmo incrível....

— "Dessa forma, bem como ao teu lado, voaremos junto a ti!" — A espada brilhou cada vez mais intensamente, quase como se estivesse um segundo sol presente naquele lugar. Porém gentil e caloroso a todos aqueles que haviam sido abençoados por Halwking antes de vir a guerra. — "Para que a Glória de nosso amado Reino se torne tão majestoso quanto tuas penas que há de cair sobre nós!"

Dominic ergueu sua espada ao me ver proclamando tais palavras, seus soldados começaram a fazer o mesmo que seu líder aumentando ainda mais a moral de todos.

— "Com confiança, não iremos desanimar, pois tua eterna proteção trará a nós, a luz que há de guiar nossos passos!" — A luz em volta de minha espada se abriu em duas asas, seguido de todo o corpo da águia que agora estava aparente. — "Assim! Erguendo o estandarte dourado e glorioso que sempre estará bordado com sua silhueta! Eu irei de gritar!!!"

Os inimigos a volta mim e meus companheiros começaram a queimar, sendo completamente incinerados pelo calor celestial que emanava de minha espada.

— "Como seu escudo poderoso, eterno e dourado! Estou preparado para qualquer guerra e conflito que se emergir!" — A águia acima de minha cabeça grunhiu ao soltar seu poderoso grito agudo. Minha espada estava completamente encantada com a mana dourada de Halwking, e estava finalmente pronta para seu ataque decisivo. — "Porém, sempre pronto para a paz que irá reinar! Que a glória sobrevoe junto todos nós e a Halwking, que nos abençoará todos os dias daqui em diante.... Pelo Reino de Eldoria!!!"

Ao brandir minha espada, fiz um poderoso corte ao ar que libertou a conjuração de Halwking da espada. Com a forma de uma poderosa águia dourada gigante, o poderoso ser invocado de magia divina passou voando por todo o campo de batalha enquanto aniquilava todos aquelas criaturas que não haviam sido abençoadas por mim. Senti meu corpo estremesser pela quantidade de mana usada naquele golpe decisivo, que praticamente nos deu a vitória. Assim que senti que iria cair do cavalo desacordado, Bhalasar rapidamente me pegou em seus braços, e desde então não consegui ver mais nada com minha visão falha.

"Magnus... Mostre-me seu valor"

Foi a única que coisa que consegui ouvir após perder a consciência, e eu sabia exatamente que era Halwking falando comigo.

[...]

 

[A Toca dos Leões, 18 de Junho de 812 da Era Mágica]

 

"Acorde Magnus... Você deve acordar"

Levantei rapidamente gritando assustado em meu local de descanso, minha respiração havia ficado ofegante, e meu corpo inteiro estava suado. Olhei para mim mesmo e estava vestindo apenas a minha calça, meu corpo inteiro estava marcado pelas mais vastas cicatrizes de treino e combate. Olhando mais um pouco em volta, pude logo perceber aonde estava, pois se tratava do meu quarto e de Miyuki na Toca dos Leões Rebeldes. Meu corpo claramente estava fadigado e cansado, havia usado mais mana, força e estamina do que meu corpo poderia aguentar. Comecei a tentar me recordar sobre tudo o que havia acontecido, mas minha última memória era de Bhalasar e Sadreen.

— Ah... Minha cabeça dói... — Coloquei minha mão sobre minha testa. — O que aconteceu aqui...?

Me levantei da cama devagar, coloquei minhas vestes e calcei meu par de botas, indo em direção a porta assim que uma vez já estava pronto. Porém, assim que iria abri-la, alguém do lado de fora a abriu, e ali na minha frente estava Miyuki segurando um pequeno jarro e um pano úmido. Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto o jarro se quebrou ao chão, e num impulso de vontade, ela me abraçou sem dizer qualquer palavra. Do outro lado ouvi um grande uivo seguido de um latino, era de Fenrir que logo começou a correr com a língua de fora em nossa direção. Ele então se enfiou entre mim e Miyuki que fomos obrigados a nos afastar para dar atenção aquele enorme lobo sentimental.

— E aí amigão... Sentiu minha falta? — Ele latiu com força e então me lambeu a bochecha. — É... Acho que sim...

— Ainda bem que você acordou! Eu estaria em uma situação muito complicada com senhorita Miyuki se você partisse dessa pra melhor agora... — Dominic se aproximou de nós utilizando suas vestes do dia a dia. — É bom ver que o Herói de Thâmitris está de pé mais uma vez...

— Herói de Thâmitris? — Perguntei a ele sem entender o que estava acontecendo.

— Após seu grande feito no campo de batalha... E consequentemente ter salvado boa parte dos meus homens que restavam... — Dominic ficou frente a frente comigo enquanto colocava seus braços atrás de suas costas. — Todos eles começaram a te chamar de o Herói de Thâmitris! E estão ansiosos esperando o seu retorno...

— Eu ouvi o que fez no campo de batalha. — Olhei para Miyuki que sorria entre lágrimas em seus olhos — Estou orgulhosa... Seu pai também ficaria...

— Obrigado Miyuk... — Fui interrompido por ela.

— MAS ME APAREÇA MORTO AQUI! E EU JURO QUE TE MATO PELA SEGUNDA VEZ!!! QUER ME MATAR DO CORAÇÃO!?! VOCÊ ENFRENTOU UM NAGA DOS MARES!!! IDIOTA!!! — Ela agarrou com força a gola de minha camisa, e tudo o que pude fazer foi levantar as mãos pra cima.

— Certo! Certo! Eu já entendi... — Forcei um sorriso pra esconder meu nervosismo diante a ela. — O que aconteceu no campo de batalha Dominic?

— Bem... Você usou mana de mais e acabou desacordado, porém seu feito foi decisivo para nós. Após você ter ficado desacordado, Bhalasar e Sadreen o protegeram dos inimigos restantes. — Continuou ele a explicação mantendo-se na mesma exata posição

 — Enquanto isso, liderei os exercícios para o extermínio total das criaturas demoníacas restantes. Após isso, usamos os Mangonéis para destruir por completo aquele feudo abandonado e por fim o tomamos.

— Nesse caso... Então agora temos uma nova base com o Estandarte Leonino fixo no terreno... — Segui minha linha de raciocínio, mas fui surpreendido em seguida.

— Não... Nesse caso estamos com uma nova base com o Estandarte de Eldoria e sua Águia sagrada fixo no terreno. — Dominic sorriu gentilmente enquanto dizia tais palavras. — Achei apropriado, já que se não fosse por você, não teríamos conseguido vencer essa batalha. Por tanto, esse foi meu jeito de lhe agradecer Lorde Magnus.

— Eu agradeço Dominic... — Assentindo com a cabeça, reconheço seu feito e a sua gentileza.

— Bom! Nesse caso, sugiro que descanse mais um pouco, pois o povo lá fora está bem agitado a sua espera! — Ele me fez uma ótima recomendação, eu realmente ainda não estava em condições.

— Bhalasar e Sadreen estão bem? —Minha última pergunta foi lançada.

— Confie em mim... Estão bem melhores que você pelo menos. — Uma risada simples de Dominic já dizia o quão sincero ele estava sendo. E logo após essa confirmação, ele começou a andar de volta de onde veio. — Bom descanso Lorde Magnus! E até uma outra hora!

— Magnus, acho melhor você ir se deitar mesmo... Já fico aliviada de saber que está bem. — Miyuki me deu um beijo na bochecha e então se afastou de mim. — Vou avisar seus amigos que agora não precisam mais ficar preocupados...

Assenti com a cabeça, e então nos despedimos comigo acariciando a cabeça de Fenrir. Após fechar a porta, comecei a pensar que essa havia sido a primeira vitória, e provavelmente a mais significativa até então contra Algardia, pois agora mais do que nunca, era hora de irmos atrás de alianças e reforços. E os primeiros lugares que me vieram a minha mente, foi o Reino Litorâneo de Melmardy, e logicamente, o Reino Élfico. Haveria vantagem naval em comparação a Algardia, seria uma tremenda de uma pedra no calçado de Joaquim D'Algardia, sem falar no poder mágico de combate dos Elfos.

— Eu vou te caçar até o fim... Seu maldito infeliz. — Peguei minha espada e a puxei de sua bainha vendo meu reflexo em sua lâmina. — Eu vou acabar com você...

[...]

 

[A Toca dos Leões, 19 de Junho do ano de 812 da Era Mágica]

 

No dia seguinte já havia conseguido levantar um pouco mais disposto apesar dos ferimentos que aos poucos já estavam se curando. Miyuki me ajudou a enfaixar cada uma das minhas marcas de batalha, bem como também resolveu que passaria o dia todo ao meu lado para me manter sob sua observação constante. Meu quadro médico ainda era um tanto complicado, mas com certeza nem se comparava a alguns vários feridos que haviam sobrevivido aquela batalha, e as vezes pensamentos culposos acabavam invadindo minha mente ao lembrar dos gritos e dos perdidos em campo de batalha.

"Será que se eu tivesse sido mais rápido... Ou até mais forte, teria conseguido salva-los?"

Alguns perderam seus braços, pernas, dedos e outros membros de seu corpo, mas alguns haviam perdido um ente querido para sua família. Crianças haviam perdidos seus pais, mulheres haviam perdido seus maridos, pais haviam perdido seus filhos, e ainda sim, o que mais me deixava aflito, era saber que tudo isso poderia ser evitado. Enquanto estava pensando sobre essas coisas, Miyuki e eu andávamos indo em direção a porta que nos levaria ao pátio principal da Toca dos Leões, minha feição havia se tornado séria e sólida, sendo percebida rapidamente por Miyuki que quebrou o silêncio com suas palavras.

— Magnus... Tá tudo bem? — Estava claramente preocupada, e seu olhar não a deixava negar isso. — Você parece um pouco sério de mais...

— Miyuki... O que você faria, se você tivesse uma única chance de voltar ao passado? — Paramos de imediato ao trocar olhares mútuos um com o outro.

Ela havia ficado pensativa, seus olhos brilhantes e negros ficaram fixos aos meus por alguns segundos, até que finalmente sua resposta veio lentamente pelos seus lábios.

— Eu não mudaria nada... Nem por um mínimo de segundo. — Seu sorriso então cresceu gentilmente ao finalizar.

— Por quê...? Quais os motivos? Não há nenhum arrependimento? — Fiquei confuso com aquele pergunta, e sentia que precisava de uma resposta mais concreta. — Eu tenho tantos...

— Porque... A vida não foi feita para ficarmos vivendo em nossos passados. Eu acredito que mesmo que você tenha arrependimentos, tudo aconteceu por algum motivo, causa ou propósito. — Ela pousou de forma calma suas mãos sobre minhas bochechas. — Eu aprendi muitas coisas com meus erros e arrependimentos. Não só eu, você também a todos os momentos.

— As vezes sinto que não faço o suficiente... Sinto que deveria conseguir fazer mais por todos! As vezes penso que tudo isso que está acontecendo... Poderia ser evitado a muito tempo a trás se eu não tivesse sido tão ingênuo ou cego. — O peso da culpa estava muito grande sobre minhas costas.

Em um movimento rápido e genuíno, Miyuki me abraçou calorosamente enquanto me envolvia em seus braços, deixando com que todas aquelas emoções ficassem completamente embaraçadas em meu peito. Lágrimas começaram a escorrer de meus olhos, e um misto de sentimentos estavam pairando sob a minha presença.

— Sabe Magnus... A realidade bateu muito em você, muito mesmo. Eu nem consigo imaginar o tamanho da culpa que carrega dentro de você. Nem sempre vamos conseguir atingir nossos objetivos, nem sempre vamos conseguir atender e salvar a todos... Ainda há de haver aqueles que irão sofrer pelas escolhas dos outros. — Seus olhos logo começaram a ficar marejados também, deixando claras lágrimas escorrer por suas bochechas ao chegarem no tecido de minha camisa. — Eu também me sinto culpada por muitas coisas, mas eu não me arrependo de nada porque tudo me levou até aqui! Me fez ser quem eu sou agora! Me levou a você... Você inspira pessoas com sua força e foco todos os dias, principalmente a mim! Ninguém segue você atoa Magnus... Todos acreditam de fato em você.

— Eu ainda consigo ouvir tudo na minha cabeça... Os gritos, o desespero, o som das lâminas... — Suas palavras estavam envolvendo todo o meu ser, até que me senti seguro o suficiente para poder soltar aquele peso. — Eu me sinto culpado desde aquele maldito dia em que tudo aconteceu em Eldoria. Todos os dias eu tento ser forte, esquecer e seguir em frente para o bem todos, para não deixa-las na mão... Mas eu não sei quando foi que eu deixei de segurar... Aonde foi que perdi a força Miyuki?

Ela então segurou em meus ombros novamente cruzando olhares comigo, limpou minhas lágrimas seguido de um sorriso embargado.

— Você nunca perdeu a força Magnus... Você só é humano, assim como todos nós. — Eu não tinha mais palavras, era como se todo aquele peso tivesse se desprendido de minhas costas. Tudo o que fiz durante alguns minutos sem parar, foi chorar ao seu lado, enquanto a mesma me confortava e chorava junto a mim.

Após aquele momento, nós nos recuperamos e continuamos a caminhar para aonde estávamos indo. Eu estava precisando daquele momento, nunca havia chorado tanto em minha vida e com toda a certeza do mundo, eu nunca esqueceria da gentileza de Miyuki comigo. Fenrir finalmente latiu logo vindo nos cumprimentar, eu acariciei sua cabeça. Diante a nós estava uma porta onde Bhalasar, Sadreen e Dominic me aguardavam, todos trajando suas armaduras, e portando suas armas em mãos.

— Lorde Magnus... Estávamos a sua espera. — Dominic me fez uma reverência.

— O que... Está acontecendo? — Fiquei um pouco confuso ao ver que todos ali me aguardavam.

Eles se entre olharam, e então sem responder verbalmente minha pergunta, a resposta veio por meio de atitudes. Bhalasar finalmente abriu a porta, deixando que a luz entra-se de forma tão ofuscante que tive de colocar minhas mãos sobre meus olhos que não estavam acostumados. Em meus ouvidos uma grande agitação de festança e alegria foi possível ser ouvida do outro lado daquela porta, e assim que finalmente meus olhos se acostumaram com a claridade, pude ver de forma nítida o povo rebelde agitando estandartes improvisados da Resistência e de Eldoria enquanto gritavam suas palavras de apoio e coragem. Alguns me saldavam e seguiam seus punhos fechados corajosamente, enquanto outros sorriam para mim batendo palmas.

— O que está havendo aqui...? — Olhava para aquele mar de pessoas que pareciam motivadas e determinadas por aquilo que realmente acreditavam.

— Você me disse que sentia culpa Magnus. Mas veja, olhe ao seu redor! Todos eles... Todas essas pessoas agora são parte de você. — Miyuki se aproximou de mim com as mãos unidas a frente de suas pernas. — São as pessoas que você salvou e ajudou, pois suas corajosas atitudes atingiram os corações de todos eles! Você é o Herói desse povo, os sacrifícios não foram em vão!

— GLÓRIA AO HERÓI DE THÂMITRIS!!! — Gritou um dos moradores

— POR ELDORIA!!! — Outro após outro, continuavam a urrar palavras de apoio.

— PELA DEUSA ÁGUIA!!! — Eu estava vendo naquele povo de esperança restaurada, eu podia entender. Eu finalmente estava compreendendo meus atos e propósito.

As lágrimas novamente começaram a brotar de meu rosto, mas eu estava com um grande sorriso no rosto, eram lágrimas de emoção, felicidade e compaixão. Bhalasar, Sadreen e Dominic se aproximaram de nós, aos quais também foram glorificados. Finalmente os guerreiros sobreviventes que não estavam feridos ergueram suas armas apontando para nós, então seguindo o exemplo, os três ao meu lado fizeram o mesmo em direção a eles. A comoção foi cessada, e então o silêncio pairou naquele local.

— No dia de hoje! Iremos comemorar a vitória que nos foi entregue por vontade dos deuses, e pelo nosso próprio esforço! — Dominic começou a proferir o seu discurso. — Tivemos muitas perdas, muito amigos próximos se foram cedo de mais... Mas hoje honraremos a vitória que nos foi dada graças aos seus corajosos sacrifícios! Teremos um luto de 3 dias após o dia de hoje, e aqui, nesse momento irei de jurar minha lealdade e amizade ao "Herói de Thâmitris", assim como o próprio povo o nomeou ao seu próprio desejo.

Dominic então se ajoelhou diante de mim, oferecendo-me sua espada como sinal de humildade. Eu entendi aquele gesto, sabia que não poderia simplesmente nega-lo, isso seria rude de mais. Fechei meus olhos e então peguei sua espada com firmeza e afinco. Finalmente, abri meus olhos que agora brilhavam em seu dourado abençoado intenso, colocando sua espada a minha frente e então por fim consagrando-o um Cavaleiro Honrado de Eldoria ao pousar a ponta de sua lâmina em seus ombros e em sua cabeça.

— Dominic Leonheart! Jure lealdade a mim e aos interesses de Eldoria, e eu lhe entregarei o título que há de te pertencer juntamente a essa espada, que simbolizará nosso juramento e aliança — Assim como meu pai no passado, eu proferi aquelas palavras pela primeira vez.

— Eu juro! Pelo meu ser, pela minha alma e pela honra que é estar de baixo das asas de Hawlking! Serei o Leão que Eldoria precisar que eu seja! — Dominic fez seu juramento olhando em meus olhos, com determinação e certeza de que aquele era o melhor a se fazer.

Fiz um gesto para que se levanta-se, e então lhe entreguei em suas mãos a espada novamente. Todos presentes se ajoelharam diante de mim, e olhando todos que estavam naquele pátio central, eu pude ver o reino de Eldoria se levantar aos poucos para resistir por mais uma vez.

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