O Último Eldoriano Brasileira

Autor(a): Gustavo M. P.

Revisão: OUltimoEldorianoOficial


Volume 1

Capítulo 21: O Reino Élfico


[Reino Élfico, 30 de julho de 812 da Era Mágica]


Após uma longa viagem, finalmente havíamos recebido um verdadeiro descanso recompensador por nossos esforços. Após a chegada da Princesa Aralyn Midgard durante o interrogatório no dia de ontem, fomos liberados de nossas amarras diante do seu pai. Dessa forma, podemos conversar tranquilamente sem que eles desconfiassem de minhas intenções quanto a minha vinda ao Reino Élfico, e é claro que expus tudo o que vinha acontecendo em Thâmitris envolvendo o Império Algardiano. Após a longa conversa que tivemos, o Rei nos disponibilizou dois quartos dentro de seu próprio castelo para que pudéssemos ficar, além disso, pediu para que eu comparecesse na reunião do conselho Élfico no dia de hoje. Durante esse evento eu também deveria expor as informações que antes lhe havia dito. Nesse exato momento, estou observando todo o Reino Élfico por uma grande varanda próxima ao meu quarto, os raios de sol estavam tímidos, mas logo começaram a aparecer mais radiantes no horizonte, o ar era puro e fácil de ser inalado, a Floresta Sagrada circulava em volta das muralhas enquanto pássaros voavam por cima das casas e construções.

Aquele com certeza era um Reino pelo menos cinco vezes maior do que Eldoria jamais havia sido. Olhando para as ruas e vielas da cidadela, era possível observar o movimentar dos elfos e demi-humanos que ali viviam. Tudo era sempre muito organizado, culto e movimentado. Havia anfiteatros, distrito mercantil, casas de banho termal, templos enormes, sempre mantendo uma arquitetura única, com várias cúpulas curvas em seus topos. Acima de mim era possível ver a grandeza e imensidão que a Árvore Sagrada da Vida trazia consigo, pois seus galhos e folhas pareciam cobrir toda a extensão do Reino. Devo admitir que eu estava encantado com tamanha dedicação, inteligência, arquitetura e planejamento que eram possíveis de se observar.

— É lindo não é? — Uma doce e calma voz feminina se aproximou de mim pelas minhas costas. — Eu sou completamente apaixonada por essa vista..

— Realmente é... Vossa alteza Aralyn Midgard. — Respondi me virando para ela.

— Ah, por favor, Magnus... Nós dois somos de linhagem real, em teoria você é até mesmo um Rei. Me chame apenas por Aralyn. — Ela então se apoiou sobre a proteção da varanda observando o horizonte a sua frente. — Não imaginei que nós iríamos nos encontrar novamente. Hora de assumir sua responsabilidade, você me viu nua não é mesmo?

— Eu peço desculpas, não sabia que estava por ali naquele dia. — Lembrando-me do incidente, corei brevemente tentando não levar em consideração suas provocações. — Além do mais, eu já tenho alguém que me espera...

— E desde quando isso é um problema para um Rei? Pode ter quantas esposas e concubinas quiser, até onde sei. — Ela olhou para mim de canto com um sorriso lateral. Minha única reação foi olhar para ela de imediato, um tanto espantado por sua afirmação, o que provocou nela uma gargalhada honesta da sua parte. — Calma! Calma! Eu estou brincando!

Fiquei a olhando seriamente por alguns segundos, observando-a após aquele comentário pertinente. De fato era bem como me lembrava, realmente encantadora. E dessa vez com vestes mais casuais, mas com muita elegância. Tratava-se de um vestido decotado longo e branco, havia também uma faixa verde que passava por suas costas e recaia sobre seus braços, como também detalhes em dourado em sua cintura.

— Francamente... — Suspirei em alívio.

— Mas o Reino Élfico realmente não se importa com esse tipo de conduta, afinal sempre temos uma visão mais voltada pra lógica biológica. Então é natural que para haver mais natalidade, casamentos de um homem com duas ou três mulheres aconteçam aqui no Reino Élfico. — Aralyn me explicou algo que realmente era um tanto incomum nas demais terras humanas do Reino.

— O povo de vocês não levam em consideração os sentimentos envolvidos nisso? — Perguntei curiosamente em saber a sua resposta.

— Todos temos sentimentos, mas não poderíamos nos considerar seres superiores se não soubéssemos lidar com a natureza das coisas. Para nós, cada bebê nascido é uma benção da natureza e consequentemente mais um membro do Reino Élfico, que crescerá e um dia se tornará de grande valor com seus serviços ao Reino. — Aralyn olhou para mim sorrindo gentilmente enquanto se afastava da proteção da varanda. — Não esqueça que tem compromisso com o conselho hoje à tarde, estarei lá junto ao meu pai e a corte Élfica. É melhor que não se atrase.

— Vou estar lá adequadamente, eu prometo. — Ela então fez uma referência a mim indo em direção à porta atrás de nós, mas então me lembrei de um pedido que gostaria de fazer. — Ah! Princesa Aralyn!

— Sim? — Ela voltou sua atenção virando-se para mim novamente.

— Você conseguiria me fazer um favor? Eu gostaria de usar o salão de treinos do Castelo se possível. — Fiz aquele pedido com um pouco de receio já que havia acabado chegar naquele lugar.

— Tudo bem, você pode usá-lo a vontade, eu realmente não me importo. Vou avisar meu pai sobre isso. — Ela sorriu gentilmente e então saiu pela porta dupla. Suspirei em resposta a tudo aquilo, e então voltei minha atenção ao Reino.

Eu não poderia cometer falhas, se os Algardianos tomassem para si tudo aquilo que estava diante dos meus olhos, Thâmitris então sofreria as consequências da tirania de um homem ganancioso. Pensando nisso decidi que era hora de sair e explorar um pouco a cidade. Voltei ao meu quarto, coloquei minhas vestes casuais e acoplei a minha cintura as espadas, uma de cada lado. Durante meu caminhar pelos corredores em direção à porta principal do castelo, acabei me deparando com vários serviçais que ali trabalhavam de alguma forma, todos se cumprimentavam e se mantinham ativos em seus serviços. Quando finalmente cheguei ao salão principal, encontrei-me com Yusuf que estava conversando com um elfo do castelo, e pelas vestimentas parecia estar se preparando para sair também.

— Pelo jeito, não fui o único que decidiu explorar a cidade por hoje. — Me aproximei de ambos, e então ao me perceber, o elfo fez reverência a Yusuf voltando para seus afazeres em seguida.

— Bem, não posso simplesmente sair andar por uma cidade que desconheço qualquer coisa que seja. — Ele ergueu os braços em uma expressão calma. — Estava pegando um pouco mais de informações.

— De fato você está certo. — Coloquei a mão sobre seu ombro. — E então? Pra onde vamos?

— Sendo bem sincero com você Lorde Magnus... Eu estava pensando em ir conhecer pessoas Demi-Humanas que residem aqui nesse reino. — Ele colocou a mão sobre sua nuca, demonstrando estar sem graça. — Eu realmente estava um tanto ansioso para conhecer alguém da minha espécie. Pela primeira vez na vida posso sentir que não sou o único, e que encontrei meu povo.

— Muito bem... Quem sou eu para contrariar você nesse ponto? Acredito que faria a mesma coisa no seu lugar rapaz... — Cruzei os braços ao olhá-lo com tamanho entusiasmo. — Vá em frente garoto, mas quero que esteja aqui ao entardecer... Me encontre no salão de treino deste Castelo.

— Sim senhor! Farei como combinado! Até mais ver Lorde Magnus! — Ele então disparou para fora do castelo animadamente.

— Até Garoto... — Deixei um sorriso de canto tomar conta do rosto ao cruzar os braços.

Fiquei ali a observar os guardar fecharem as enormes portas duplas, e então comecei a pensar na rota que traçaria em meio as ruas do Reino. Como não conhecia nada, muito provavelmente teria que perguntar as pessoas, mas é como o velho ditado diz: "Quem tem boca vai ao Reino Élfico".

— Senhor Magnus! — Aquela voz agora me era familiar, pois o Rei Eldrion estava logo atrás de mim.

— Bom dia Vossa Alteza, como posso te ajudar? — Ele então ficou frente a frente comigo, utilizando suas vestes reais.

— Minha filha comentou comigo quanto ao seu pedido, fique a vontade. Acredito que seja uma forma de agradecer as informações que nos dará hoje ao esquentar do sol. Será de grande ajuda. — Ele assentiu com a cabeça e então decidiu abrir o jogo comigo. — Contudo e entretanto, nós elfos não gostamos de nos misturar com aqueles que estão do lado de fora da Floresta Sagrada. Planejamos lidar com essa ameaça sozinhos.

— Alteza Eldrion, eu entendo que vocês possam ser um povo mais fechado e que prezam pela pureza da cultura de sua gente... Mas infelizmente, esse não é um problema que poderão enfrentar sozinhos. — Não arredei meu pé diante daquela situação, pois só eu sei o quão brutal Algardia poderia ser com o povo Élfico. — Eu darei mais informações a vocês durante a nossa reunião, mas eu prezo para que não subestime seu inimigo... Não nesse momento crítico que Thâmitris está passando.

Nós ficamos nos encarando por alguns segundos, até que sua expressão relaxou juntamente as suas orelhas, que tornaram a ficar com as pontas para baixo. Ele suspirou profundamente, e então colocou seus dedos entre os olhos, decepcionados.

— Isso era tudo o que precisávamos agora... — Disse ele de forma irônica. — Vou lhe recomendar um local para ir aqui em meu Reino, é uma taverna chamada "O Javali Voador", lá eles servem uma bebida única que só é possível ser encontrada aqui.

— Eu agradeço a recomendação Vossa Alteza, irei diretamente para lá durante meu almoço. — Me reverenciando adequadamente me despedi de Eldrion, e então continuei em direção a enorme porta dupla do castelo, ao qual foi aberta pelos guardas que ali estavam.

[...]


Andar pelas ruas do Reino Élfico, é um misto de experiência e encanto ao qual realmente nunca vou encontrar nada igual. Passarelas decoradas passando por cima dos rios, que estão presentes em todos os momentos, há árvores e plantas enfeitando e cobrindo a paisagem em todos os lugares. Estatuetas, pilastras e escadarias são pontos marcantes de sua arquitetura moderna, única e natural. Posso falar que são realmente apaixonados e ligados aos seus símbolos e cultura, já que em todos os momentos eu me deparava com o Brasão Élfico estampado no chão, em vitrais e até mesmo nas portas de grandes templos. Esse que era justamente o símbolo de maior importância para eles, nada mais, nada menos do que o desenho da Árvore Sagrada da Vida com uma borda de prata e cristais verdes incrustados ao seu redor. Recordo-me até mesmo de ver esse brasão nas roupas de Eldrion e de sua filha Aralyn.
 
Aqui o povo por mais que pareçam mais frios e assertivos, ainda sim são educados e extremamente gentis uns com os outros. São intelectuais e extremamente habilidosos e inteligentes nas profissões que escolheram para si, seja o mais simples pescador ao mais complexo mago real. Roupas, sempre muito ornamentadas, coloridas e limpas, sempre trazendo tons neutros ou até mesmo marcantes tons de verde. A mescla entre a flora e o urbano era presente até mesmo em arcos e portais espalhados pela cidade, e acima de nós era possível ver pássaros de todas as cores e tipos voando pelo local, além de espécies de macacos pequenos que viviam nas copas das árvores. Os Elfos não eram os únicos residentes, pude presenciar uma alta quantidade de Demi-Humanos que estavam vivendo aqui, bem como Yusuf havia me dito. As observações principais que tive de um espécime do tipo elfo, era a natureza extrema de suas características físicas, se tinha pele clara, era extremamente clara, se tinha a pele escura, é extremamente escura, assim como os olhos e cabelos. Havia variedades e tipos de etnia élfica por todo Reino, mas nenhum deles se descriminava por qualquer coisa seja, no final para eles, todos eram Elfos. E assim, consegui entender o que Aralyn havia me dito sobre o olhar deles para aspectos biológicos. Era uma igualdade perfeita em termos de convivência. Mesmo os Demi-Humanos sendo tão diferentes e com suas características animalescas, nada parecia importar para eles, tudo era extremamente normal nas ruas.

Andei por horas pelo Reino, mapeando mentalmente cada local e nova rua que era descoberta por mim. Passei por cúpulas, praças, uma ponte que passava por baixo da queda de uma cachoeira, e até mesmo um santuário onde um enorme globo se fazia em seu centro, mostrando os estudos e conhecimentos astrológicos que esse povo tinha sob suas mãos. Na praça principal havia vários estabelecimentos espalhados ao redor e no centro um pequeno parque com a estátua daquela que parecia ser a deusa Águia Halwking. Aquilo realmente me chamou a atenção, então decidi me aproximar para vê-la melhor. Todos os detalhes estavam perfeitamente esculpidos e desenhados, mostrando toda sua imponência ao estar de asas abertas. Em seu pedestal estava escrito:

"Aquela que traz consigo a luz que nos aquece, e as trevas que nos escondem e protege. Ave Glória, Ave Halwking"

— É bem bonito né? — Um jovem encapuzado por um manto negro, estava do outro lado da estátua. Ele segura um livro em suas mãos e infelizmente, não era possível ver muitos detalhes de seu rosto por conta do capuz. — Eu sempre venho aqui estudar... Ela sempre me encoraja a continuar em frente.

— De fato... É a deusa mais bela em minha opinião... — Calmamente um sorriso de canto se fez na minha boca. Ao ouvir a voz daquele rapaz, senti estranhamente uma familiaridade, mas estava muito diferente ao mesmo tempo.

— Sabe... Minha mãe sempre me dizia que era uma ótima guardiã, e que eu deveria rezar para ela sempre que eu precisasse ou pudesse. De acordo com ela... Ela viria para me ajudar. — Ele então soltou uma breve risada. Tomei para mim que aquele garoto não deveria ter nem 20 anos, e provavelmente estava na mesma faixa etária de Yusuf.

— Sua mãe é uma mulher sábia. Você mora aqui no Reino Élfico? — Perguntei continuando nossa conversa.

— Moro sim, eu e a minha amiga somos estudantes daquela universidade ali... — Então ele apontou para um gigantesco prédio com enormes pilastras brancas que seguravam toda a parte superior triangular de sua fachada. Havia escadarias que subiam até lá, além de inúmeras janelas por todo o edifício, que tinha a cor branca e ornamentos em dourado. Este ficava exatamente de frente para o pequeno parque central daquele lugar.

— Nossa... Fiquei tão admirado com a estátua de Halwking, que nem percebi esse colosso bem de baixo do meu nariz... — Meus olhos brilharam diante a tanta beleza, e confesso que até fiquei um pouco hipnotizado com tudo aquilo.

— Bem! Eu tenho que voltar para as aulas... — Quando olhei para ele novamente, baixou seu braço o guardando para dentro do seu manto novamente, mas por um breve momento pude ver que em sua cintura havia uma Rapiera bem presa com sua bainha em seu cinto. — Lhe desejo um ótimo dia... Aproveite o Reino Élfico, é um local único em toda a Thâmitris.

— Eu agradeço... — Assenti a ele, me reverenciando em seguida. Ele então pegou seu livro e começou a caminhar em direção ao enorme edifício.

[...]


No final da minha exploração pelo Reino, não podia deixar de procurar a tão falada Taverna "O Javali Voador", então logo comecei a perguntar as pessoas que encontrava pelas ruas, até que finalmente me deparei com um grande casarão com dois andares, feito com troncos grandes de madeira, base de pedra, tijolos e um grande telhado triangular. Acima da sua porta tem uma plaquinha pendurada onde um javali com asas segurava uma caneca de cerveja, no símbolo destacado.

Lá dentro parecia estar bem agitado, o que me deixou ainda mais curioso sobre o local. Abrindo a porta do estabelecimento devagar, me deparei com um local espaçoso de iluminação simples. A minha esquerda, havia uma grande quantidade de mesas que estavam cheias de clientes conversando e contando histórias. Já na minha esquerda, havia uma escadaria que levava ao segundo andar, e mais a frente estava o balcão onde poderia ser retirado os pedidos. Olhando um pouco mais a frente, um palco estava bem posicionado onde um grupo de bardos estava tocando algumas músicas típicas da região.

— Olá senhor, desculpe a demora! Seria uma mesa somente para você? — Uma voz feminina me abordou, e ao olhar um pouco para baixo pude ver sua respectiva dona. Era uma garota de olhos azuis, pele clara enquanto ostentava algumas sardas em seu rosto e longas orelhas pontudas. Seus cabelos bem presos a um rabo de cavalo eram loiros e ondulados nas pontas. A julgar pela sua estatura, deveria ter 1,65m no máximo. — Senhor?

— Ah! Perdão! Eu ainda estou conhecendo o local... Sim, uma mesa só para mim, mas acho que vou me sentar no balcão mesmo. Eu agradeço... — Um pouco sem graça pelo vacilo de ter ficado avoado pelo local, expliquei a ela minha intenção. Prestando atenção em suas roupas, pude perceber que eram um pouco mais simples por provavelmente ser o uniforme do local. Ela vestia blusa branca decotada com mangas curtas abaixo dos seus ombros. Um espartilho de couro estava bem preso a sua cintura, que subia até atrás de seu pescoço em uma alça, deixando apenas o seu busto apoiado no mesmo. Uma faixa vermelha estava bem amarrada acima de sua longa saia rodada finalizando em suas pernas um par de meia-calça pretas, e um par de sapatos couro simples.

— Sem problemas, meu nome é Victoria Underwood, se precisar pode me chamar por Vic! Seja muito bem vindo! — Ela então se reverenciou e voltou a atender as pessoas pelo salão.

Lentamente enquanto ainda estudava aquele local eu fui me aproximando do balcão, onde me sentei em uma das cadeiras, apoiando meus braços sobre a peça de madeira reforçada a minha frente.

— E aí meu rapaz? O que te trás aqui? — Uma voz grave, porém gentil, me chamou a atenção. Ali estava o bar tender, limpando os copos com seu clássico pano apoiado em seu ombro. — Devo acreditar que não tenha vindo a minha taverna simplesmente pra ficar aí sentado, certo?

— É, você acertou, estou aqui por indicação de sua Alteza Real. — Brinquei com a situação enquanto analisava aquele Elfo de grande estatura. Deveria ter pelo menos 1,80m de altura.

Seus cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo eram extremamente ondulados, sua pele era clara, mas um pouco mais bronzeada, a barba era incrivelmente cheia, decorada com três tranças, sendo a do meio ligada ao seu queixo, a maior de todas. Era robusto apesar de um pouco gordinho, e claramente havia força em seus braços, vestia uma camisa branca seguida de um colete de couro bem ajeitado. Em seus pulsos havia grandes munhequeiras, e toda sua presença esbanjava simpatia.

— Sendo assim, acredito que ele lhe enviou para experimentar a nossa especialidade da casa não é mesmo? — Após guardar o copo, ele se apoiou sobre o balcão me olhando com mais afinco. — Olha só você... Com toda a certeza não é um Elfo!

— Meu nome é Magnus Wingsfield, é um prazer. — Trocamos sorrisos sinceros em meio a risadas enquanto nos cumprimentávamos.

— Prazer rapaz, meu nome é Murihad Arduin, mas pode me chamar de Muri! — Aquela energia toda que Muri deixava em seu sorriso era realmente contagiante. — Vamos lá, Vamos lá! Deixe-me pegar um gole pra você!

Murihad se afastou do balcão pegando logo uma caneca de madeira com alça, se aproximando do enorme barril de carvalho que ali estava. Ele então aproximou a caneca da torneira do barril e logo começou a retirar um líquido dourado claro e translúcido que ao finalizar criou uma espuma cremosa e densa sobre a boca da caneca. Colocou então a minha frente e cruzou os braços esperando que eu provasse aquela bebida tão bem falada. Sem estragar as expectativas de Murihad, decidi fazer minha parte como cliente, e então bebi o conteúdo da caneca, aproveitando para saborear cada mínimo detalhe que não passava despercebido pelo meu paladar.

— E então? — Ele sorriu esperando minha resposta.

  — Definitivamente... Agora eu entendo o porquê de falarem tão bem dessa bebida! Isso é delicioso! Por favor, me fale um pouco sobre ela! — Não resisti e logo me pus a beber mais uma vez.

—Essa é uma cerveja feita com maçãs verdes! A chamamos de Elf Ale, uma cerveja que somente nós do Reino Élfico temos o conhecimento de sua receita. — Ele Gargalhou ao ver que estava bebendo com extremo afinco. — É uma receita que me foi passado pelo meu pai, ele aprendeu com meu avô, e assim por diante. Toda sua composição é feita para que seja adocicada, frutada, azeda e de baixo teor alcoólico. Para que assim, bebam mais, a gente lucre mais e não haja fronteiras quanto a sua degustação... Mesmo que haja um pouco de amargor presente.

— Isso é genial! — Termino de beber minha caneca. — Por favor! Me trás mais um!

— É pra já! — Sorriu logo indo encher mais uma caneca de Elf Ale para mim.

Algum tempo depois conversando com Muri acabei desenvolvendo uma boa amizade com o mesmo, contei a ele sobre minhas aventuras até aqui, falei sobre minha verdadeira origem e identidade, bebendo algumas canecas nesse processo.

— Pelo jeito você fez um novo amigo aí não é? — Uma voz feminina um pouco mais experiente saiu da porta que dava para cozinha. — É bom que faça ele vira cliente fixo!

Com um sorriso confiante no rosto, mãos sobre a cintura e obviamente um marcante semblante, com certeza aquela era uma grande mulher, tanto em altura, quanto em presença. Olhos azuis intensos e claros, orelhas longas e pontudas, cabelos loiros trançados e presos a um pano sobre a cabeça. Deveria ter 1,80m de altura, pele extremamente clara, e vestia um vestido verde cheio de estampas escuras, juntamente a um espartilho e atrelado a ele um babado branco.

— Ah! Mari! Venha conhecer nosso indicado pelo rei, esse é Magnus Wingsfield de Eldoria! — Muri chamou sua companheira enquanto estava apoiado no balcão.

— Olá! Muito prazer, eu me chamo Marin Blattgold! Sou a cozinheira e co-dona da taverna junto ao Muri. — Ela gentilmente se reverenciou a mim segurando o tecido de seu vestido.

— O prazer é todo meu, devo dizer que estou adorando esse local, a bebida de vocês é ótima! — Elogiei ao levantar a caneca que estava bebendo.

— Nesse caso! Que tal acompanhar com uns torresmos de barriga de porco? Hein?! — A animação dela era tão genuína que não tive como recusar.

— Me impressione! — Respondi em animação.

— Deixa comigo! — Rapidamente ela voltou para a cozinha toda animada com minha resposta.

Eu e Muri começamos a gargalhar diante daquela situação, pois toda aquela marra da mulher que antes tinha aparecido na porta, se desfez apenas com meu aceitar de sua sugestão.

— Marin é uma grande amiga de muito tempo, por mais que seja mais velha que eu, nossas famílias cresceram juntas, e desde então, eu assumi os negócios de meu falecido pai, oferecendo a ela que me ajudasse como co-dona do estabelecimento. Estamos trabalhando a um bom tempo juntos, é uma relação quase que fraternal e familiar. — Murihad parecia realmente orgulhoso de tudo ali e aquilo me fazia me sentir em casa naquele lugar.

[...]


Após beber e comer naquela animada taverna, já havia dado minha hora e precisava voltar ao castelo para a reunião que logo se iniciaria. Paguei minha conta e me despedi dos meus novos amigos começando a correr em direção ao castelo que era quase que impossível não ser visto ao horizonte do Reino. Assim que cheguei lá, as enormes portas foram abertas para mim no exato momento em que uma mulher portando um uniforme e armadura da guarda real me esperava.

— Olha só... Que surpresa, mais um pouco e eu já estaria indo atrás do senhor. — Ela colocou as mãos na cintura apoiando-se sobre sua perna direita.

— Desculpe... Mas quem é você? — Perguntei a observando melhor.

— Meu nome é Miriel Eothiel, sou a Oficial Real escolhida para ser sua guarda pessoal enquanto estiver aqui... Príncipe Magnus Wingsfield. — Apesar de ser calma, sua voz era um pouco mais imperativa, sincera e séria. — Venha, vou lhe guiar até o local da reunião.

Assenti com a cabeça e logo comecei a segui-la sem protestar, algo me dizia que era uma boa ideia confiar nela e em sua honra como cavaleira. Miriel deveria ter por volta de 1,68m de altura, cabelos loiros bem presos a um coque em espiral, deixando apenas mechas a frente de suas orelhas pontudas, olhos verdes, pele clara e uma presença forte e implacável. Seu traje de combate estava composto por um peitoral prateado ornamentado, onde ao redor de seu pescoço, havia uma proteção de pelagem animal transbordando por suas costas, ombreiras pequenas e manoplas em suas mãos completavam toda sua parte superior. Da sua cintura para baixo, era possível ver seu cinto que prendia suas calças justas de couro negro, já na lateral de sua cintura uma Cimitarra se curvava dentro de sua bainha, enquanto suas botas e grevas subiam até um pouco acima de suas coxas. Ela estava realmente pronta e preparada para enfrentar qualquer adversidade que fosse.

Andamos por mais um tempo pelos locais do castelo, até que havíamos chegado no grande jardim real, logo de cara pude ver uma grande estrutura circular sustentadas por pilares. Ao me aproximar, pude perceber que Aralyn, Eldrion e algumas novas pessoas estavam presentes. Havia chegado a hora de fazer o que fosse preciso para que mantivesse o Reino Élfico e sua Corte ao meu lado nessa história.

 

 

 

 

 

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