Volume II – Arco IV
Capítulo 49: O Pássaro
No decorrer dos 333 anos após o início do Declínio, incontáveis espécies de animais e plantas que predominavam em Arcadia foram extintas.
Nem mesmo as seleções artificiais e as espécies compostas — as chamadas “fusões” —, modificadas artificialmente para fins de preservação, resistiram. O impacto ecossistêmico foi extremo, e o espaço dentro das muralhas, pequeno demais.
Como tanto se perdeu, as referências à fauna e à flora se reduziram a ilustrações e estudos documentados. Talvez nunca tenhamos uma ideia das reais proporções que isso tomou, pois a sobrevivência da espécie humana era a prioridade.
No entanto, uma certa classe conseguiu se adaptar melhor do que as outras, mesmo sem viveiros artificiais: os pássaros.
Não era um milagre, ou algo tão difícil de entender. É claro, se eles fossem para além das muralhas contentoras, pereceriam como qualquer um. O ponto é que ninguém acreditava que eles se desenvolveriam tão bem na vegetação interna.
Quem diria. Escutávamos seus cantos todas as manhãs. Era uma das poucas coisas descritas nos livros sobre o velho mundo que se mantinham até os dias de hoje. Eu era muito curiosa, então traçava minhas próprias comparações.
Já que eles sempre estiveram ali, a maioria das pessoas não via a importância disso. Mas, para mim, o gorjeio deles simbolizava a esperança de um futuro pacífico.
E o meu maior medo era que, um dia, o canto deles desaparecesse.
— Ahh!! Aaahhhh!!!
Era uma manhã fria e cinzenta. Bruscamente, Terumichi quebrou o torpor e estapeou a mão que tentava alcançá-lo — a mão de seu comprometido.
Aos prantos, escondendo o rosto com os braços, ele se encolheu no outro lado da cama. Era como se aquele à sua frente fosse um monstro ameaçador.
Eu precisava separá-los, ou isso pioraria seu estado.
— Terumichi, eu estou aqui! Sou eu, a Circe! — exclamei, me aproximando e tentando acalmá-lo. — E-ei, isso vai passar. Eu não vou sair daqui... Terumichi? Consegue me ouvir?
Seu corpo não parava de tremer e se debater. Ombros firmemente rígidos, sudorese extrema. Olhos arregalados que quase não piscavam. Sintomas clássicos de uma perturbação por trauma, comum em heróis.
Se eu não administrasse um tranquilizante com urgência, ele passaria horas em sofrimento.
Firme, me virei para Hector e ordenei:
— Vá embora.
Ele sobressaltou, boquiaberto.
— Como você ainda tem coragem de aparecer na frente dele? — perguntei.
Seu rosto era abatido, cheio de remorso. Era a expressão de alguém impotente, tentando reparar algo quebrado. E eu tinha certeza, absoluta certeza, de que a minha era exatamente igual à dele.
No que Hector se retirou pela porta, corri até minha bolsa e peguei as medicações que administrava em Terumichi. Mas, devido ao nervosismo, errei sua veia duas vezes antes de finalmente conseguir aplicar o acesso.
Desde o sexto combate, ele não conseguia sair do quarto, nem para suas necessidades básicas, como comer ou tomar banho. Também deixou de olhar nos olhos e de verbalizar. Era doloroso, doloroso demais vê-lo assim.
Me sentei na cadeira ao seu lado, respirando fundo e secando o suor da testa.
Está tudo bem, mentalizei. Logo ele vai melhorar.
Se Theseus estivesse aqui, sei que ele diria algo parecido para mim. Então, tentei fazer o que acreditava que ele faria. Segurei as mãos de Terumichi, aquecendo seus dedos até sua respiração normalizar.
Levou cerca de uma hora. Era difícil dizer se ele estava dormindo ou acordado. Seus membros não se mexiam mais. No entanto, seus olhos escurecidos permaneciam semiabertos, direcionados ao nada.
Esperando que, em algum lugar de sua mente, ele ouvisse o que eu tinha a dizer, o chamei:
— Terumichi. Eu nunca compartilhei nada com você. Na verdade, há coisas que nunca contei a ninguém.
— ...
Mordi os lábios. Após uma curta pausa, continuei:
— Eu tinha medo de estragar tudo, então sempre fiquei em silêncio e lidei com tudo sozinha. Kosmo também deve ter se sentido assim. Mas... tem algo em que preciso da sua ajuda.
— ...
— Por favor. Sem você, eu não vou conseguir.
— ...
Não. Ainda não, Circe. O que você estava prestes a pedir só o sobrecarregaria ainda mais.
Esse menino se esforçou ao máximo para apaziguar os conflitos e nos apoiar nas várias dificuldades que enfrentamos. Desta vez, era ele quem precisava de apoio. Você precisa ser paciente e cuidar dele até lá.
— ... Descanse. Mas não se esqueça: Theseus te amava. E ele também gostaria de ver seu sorriso outra vez.
— ...
— Mais tarde, eu volto com sua comida.
Por anos, eu esperei. Esperei que o canto dos pássaros que ouvi no passado — a incorporação da minha esperança — voltasse. Um dia, parei de esperar e fui persegui-lo. Desde então, estive agonizando, procurando por ele em todos os lugares.
Talvez eu estivesse tentando salvar a mim mesma mais do que à humanidade, ou à natureza verdejante que eu e meu avô sonhávamos ver. Ou encontrar uma forma de me perdoar pelo que eu acreditava ser imperdoável.
✤ Fugiens VIII, “MATERIAE CIRCE” ✤
Ilustração de “The Hermetic Journal,
The Birds in Alchemy” por Adam McLean.
— Vovô, o que são esses pássaros?
— Circe, você estava aí! — Um senhor idoso, vestindo um robe vermelho, se levantou abruptamente de sua mesa de estudos e veio até mim.
Lembro-me vividamente desse dia. Eu tinha sete sóis. Era uma criança que adorava folhear livros, dos mais simples aos mais confusos, mesmo que não entendesse o que estava escrito. As imagens eram bonitas. Só isso.
— Mostre-me. De quais pássaros está falando, querida?
— Esses aqui.
Apontei com o dedo.
— Tem um preto, um branco, um amarelo e um vermelho!
— Oh. São o corvo, o cisne, o pavão de ouro e o pelicano.
— O corvo, o cisne, o pavão de ouro e o pelicano... — repeti. — Eles ainda existem?
— Infelizmente, não. Hoje, eles não passam de símbolos referentes aos estágios de uma arte antiga.
— Uma arte antiga?
— Sim. A alquimia. A arte de mudarmos a nós mesmos e ao mundo. O meio pelo qual criamos nossas tecnologias e ferramentas para alterar a fauna e a flora, e que permitiu a diversidade em abundância. Infinita variedade. Houve um tempo em que isso era possível, antes de a maldição do ouro acometer o mundo.
— Ohhh...
— Quem dera todos pudéssemos viver livremente, sem o medo da doença.
Eu não fazia ideia do que o vovô estava falando, mas continuei olhando atentamente para as figuras.
Até que parei em uma mais linda do que as outras. Era uma rosa dourada, com pétalas que se dispersavam com o fluir dos ventos. Logo, meu avô fechou o livro, o tomou de mim e o realocou num canto alto da estante.
— A-Ah! Mas eu quero continuar vendo!
— Você ainda é muito jovem para esse tipo de livro. Venha, vou listar alguns para você ler e darei um prazo até o final do mês. Se não cumprir a meta, não terá seu prêmio.
— Nããão! Isso não é justo! O vovô é cruel! Cruel!!
Meu avô era um cientista renomado de Apollodorus. Pai da minha mãe, a esposa do rei.
Seu trabalho ajudou o governo a construir câmaras purificadoras para poços e modelos inteligentes de viveiros que sustentavam maiores quantidades de gado. Graças a isso, havia muita água potável e alimento de qualidade.
O arcabouço tecnológico do nosso Ministério das Ciências nos tornava autossuficientes em relação à capital. Mas isso nasceu de uma necessidade emergencial. Nossa cidade era distante das outras, e, se dependêssemos demais de recursos, a situação econômica pioraria para além do suportável.
Tínhamos sorte de ter um homem como ele entre nós. Ele ensinava as crianças das casas de acolhimento a ler e escrever muito cedo, e ficou logo entusiasmado com minha facilidade de aprendizagem.
Era um potencial a ser lapidado, dizia.
Um dia, eu me tornaria uma governanta sábia, justa e capaz de ajudar mais pessoas a terem uma vida melhor.
Como herdeira do trono, fui privilegiada com algo que outras garotas da minha idade não tinham. Em vez de costurar e lavar — tarefas reservadas às mulheres —, tive acesso a um centro educacional.
Sendo a única garota lá, era esperado que eu me sentisse deslocada. Não sei por que fiquei tão chocada. Na época, eu ainda era egocêntrica demais para sair do meu mundo fechado e ver os problemas da nossa realidade.
Fui muito tola. Eu devia ter crescido mais rápido. Discernido o que era o “certo” e o “errado” aos olhos daqueles que nos rodeavam, ainda que eu não concordasse, para não cometer os erros que cometi.
— Agora o Fainah pergunta pra Circe! — exclamou um dos meus colegas, enquanto brincávamos de fazer perguntas e desafios uns para os outros.
— Vai, vai, Fainah!
— Ahh, eu? Mas o que eu vou perguntar?
— Pode ser qualquer coisa, só pergunta!
— Tá, tá bom. Hã... A minha pergunta vai pra Circe. Do que você gosta mais?
Do que eu gostava mais...?
Se eu dissesse estudar e ler, seria muito normal. Nós éramos estudantes, afinal. Pensei que, se eu dissesse algo diferente, algo do qual mais ninguém falava, isso pudesse parecer mais interessante. Foi aí que me lembrei daquela rosa dourada.
Se eu pudesse explicar para eles sobre os livros que vinha pegando escondido do meu avô, e sobre aquelas imagens tão lindas, ficariam surpresos.
— Alquimia! Vocês sabem o que é?
De repente, eles me lançaram olhares assustados, como se eu tivesse dito algo errado.
Na época, tudo o que eu entendia sobre alquimia era o pouco que meu avô me ensinara, e o que eu lia por conta própria. Estruturas, fórmulas, classificações. Ações e reações capazes de mudar o nosso mundo como ele era.
Para mim, a alquimia não era boa nem ruim por si só. Tudo dependia do uso que fizéssemos dela, não é? Se a usássemos para o bem, seria algo maravilhoso, como um milagre. Nós poderíamos até salvar a todos.
Ora, se a maldição veio do ouro, ela só desapareceria com o ouro. Do ouro ao ouro, da carne à carne. Era o primeiro princípio da transformação vital.
Foi nessa ignorância que cometi um crime pelo qual eu não podia pagar. Por minha causa, meu avô foi investigado e perseguido por heresias contra as leis do Estado. O Ministério das Profecias condenou seus atos.
Ele foi julgado publicamente. Seus livros e documentos, queimados. Em sua fuga, foi surrado e apedrejado. Os agressores só pararam quando acharam que ele já estivesse morto, como um inseto pisoteado na sarjeta.
Enquanto o via por detrás da multidão, meus pés não se mexiam. Eu tremia, com os olhos arregalados. Se eu fosse até ele, sofreria o mesmo que ele sofreu. ... Mas, se eu não fosse, quem mais iria?
Até meu pai, o governante, temendo a pressão da população e dos ministérios, se manteve omisso.
Assim que o povo se dispersou, me aproximei, percebendo que o vovô ainda vivia. Porque eu chorava tanto, a única palavra que saía da minha boca era “me desculpa”, repetidas vezes. Ele me dizia algo, mas eu não compreendia.
Foi quando dois garotos da minha idade, os mesmos com quem brinquei, levantaram pedras e atiraram em mim. Doeu. Foi uma pedra pequena, mas doeu muito.
— Bruxa!
— Eu sabia. Circe é uma bruxa disfarçada!
— Aberração! Pecadora!
Meu sangue ferveu como em um caldeirão.
Um caiu contra o asfalto, na saída do centro educacional, e o outro foi parar nos arbustos. Não se tratavam dos mesmos rapazes. Três anos se passaram desde o incidente, mas a sensação de esmurrá-los foi exatamente a mesma.
Eu havia me colocado entre aqueles insetos e um outro garoto importunado pela nossa turma. Eu não achava justo o que faziam com ele, então perdi a paciência e lhes dei uma lição. Sendo honesta, eles mereciam coisa pior.
Disseram que eu mudei. Que falava o que vinha à cabeça — e por isso me consideravam marrenta. Dotada de uma inteligência excepcional, mas de pavio curto. Segundo meus tutores, eu era excessiva e passava dos limites.
Fui repreendida até o limite de advertências, e minha educação como herdeira ao trono foi questionada. Uma hora, aquelas pestes deixaram de ser vistas como os agressores, e eu reivindiquei o título. Eu me tornei a má da história.
Não que eu me importasse. Eu detestava aquela corja de mentirosos e covardes. O pior é que não duravam um minuto de briga contra uma princesa. Eu me arrependia? Também não. Daria outra surra neles, se houvesse necessidade.
Como consequência, fui expulsa e voltei a ser educada na corte. Eu detestava esse lugar. Lá, não tinha mais a mamãe, nem o vovô.
O estigma de um herege se estendia a toda a prole. Embora sua filha tenha sido “perdoada” legalmente, ainda era difícil sair à rua. Quase todos, em uma cidade tão pequena quanto a nossa, se reconheciam.
Por isso, ela vivia em um forte isolado, onde cuidava do estado delicado do vovô com a ajuda de alguns servos. Desde o julgamento, ele sofria com traumas físicos irreversíveis. Isso afetou sua capacidade de cognição.
De acordo com os médicos, ele nunca mais voltaria a ser como antes.
Apesar da gravidade da situação, ninguém me dizia que era culpa minha. Fui isenta de qualquer responsabilidade. Eu era uma criança, afinal. Ainda assim, as tentativas deles de me proteger sempre me perturbaram.
Talvez, lá no fundo, eu quisesse que alguém me acusasse, que dissesse que eu estava errada. Ao levantar da cama, eu remoía as mesmas lembranças, pensando que nada disso teria acontecido se eu tivesse ficado calada.
Parando para refletir, os erros que eu cometia — contra meus colegas, meus mestres, meus pais — eram propositais.
Além das janelas semifechadas do quarto, os pássaros cantavam. Eu me aprontava para ir ao centro educacional, mais uma vez. Sobre a minha escrivaninha, havia um certificado selado com um brasão e uma pena.
Era o aceite da minha inscrição no Ministério das Ciências.
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Aos quinze sóis, me especializei na área da química e da biologia. Na ausência do meu avô, quase todos os setores de pesquisa e experimentação foram paralisados e, na visão deles, eu era um prodígio capaz de suprir essa falta.
Contudo, o ensino básico teórico — e coisas como nomes científicos de animais — não eram o bastante para mim. Enquanto esses conhecimentos não servissem à utilidade pública, eu não me daria por satisfeita. Eu precisava de mais. Mais.
Genética. Imunologia. Bioquímica. Biotecnologia. Microbiologia. Química ambiental, medicinal, orgânica, inorgânica e de materiais. Bioética. Biomonitoramento. Biorremediação. Engenharia química e bioengenharia.
Estudei tudo o que estava ao meu alcance.
Alguém tinha que dar continuidade ao trabalho do vovô. Isso não podia ser jogado fora. Eu não me importava que o povo ingrato não o valorizasse pelo que ele fez. Sem uma mente para dar moção aos avanços científicos, a estabilidade que ele construiu cairia por terra. E só eu era boa o suficiente para substituí-lo.
Arcádia estava doente. O Declínio, que surgiu como consequência do uso indevido da alquimia, nos impedia de ir além das muralhas. Mas, se não fossem as injustiças do nosso próprio sistema, até a forma como lidávamos com isso poderia ser diferente.
Nós tínhamos poder, mas não o usávamos para nada.
Com o tempo, percebi a realidade traiçoeira dos adultos: corrupção, difamações, fraudes. Pessoas tentavam sobrepujar umas às outras, usurpando seus bancos oficiais para obter benefícios financeiros ou status.
Mesmo diante de uma situação crítica, suas prioridades estavam longe de ser o bem da humanidade. Era como se tivessem desistido do futuro em que o vovô acreditava. ...Isto é, se quando ele os presidia, algo sequer diferia do agora.
Os cidadãos abaixo de nós eram reduzidos a experimentações. Eram coisas que observávamos do alto, com nossos olhos todo-poderosos, como se suas vidas não passassem de elementos dentro de um tubo de ensaio.
Eu estava frustrada. Era só uma adolescente, e não tinha voz para falar contra as tantas atrocidades que aconteciam ao meu redor. Além do mais, eu era uma mulher. A única entre trinta e três integrantes do ministério.
Eu queria sair dessa situação degradante, fechar os olhos para tudo, mas eu não podia desistir. Não ainda.
Descobrir a verdade. Este era um dos meus objetivos. E eu só o cumpriria passando por cima das atrocidades praticadas pelos outros membros, dos quais eu falsamente me orgulhava. A cada aperto de mão, meu nojo por eles crescia.
Aos dezessete sóis, um ano após atingir a maioridade, subi de ranque como pesquisadora profissional. Tornei-me vice-presidente, cadeira de ouro na banca do Ministério das Ciências. A bruxa herdeira do trono de Apollodorus.
Eu mesma adotei o título de "bruxa".
Mulheres que não se enquadravam em seus papéis predeterminados — as transgressoras — eram chamadas de bruxas. Porém, quando o Três Vezes Grande vivia entre os humanos, as bruxas eram mulheres que trabalhavam com a ciência.
Elas foram a mão esquerda para a mão direita dos alquimistas, e seus feitos orgulhavam a deus. Usei essas palavras bonitas para ganhar a confiança dos conselheiros e me fazer bem-vista pela população. Tudo correu conforme o planejado.
Reivindiquei meus votos na realeza e entrei para o cenário político. Meu primeiro trabalho foi criar leis para inserir crianças e jovens do gênero feminino nos centros educacionais e dar a elas as mesmas oportunidades concedidas aos homens.
A transição não seria nada fácil. As coisas que eu passei na escola se repetiriam com outras meninas — muitas bem diferentes de mim, sem os mesmos privilégios. Mas as maiores mudanças começam pelas raízes. Era o que o vovô dizia.
Eu tinha que lutar. Ser a voz que elas precisavam.
As massas e as camadas mais tradicionais dos ministérios não gostaram da ideia, mas não me deixei acuar. Em alguns anos, muitos outros com o mesmo ímpeto seguiriam com a batalha, me mostrando que eu não era a exceção.
Meus discursos atemorizavam. Minha voz já não era mais de pesquisadora, nem a de uma criança ingênua. Se me mandassem calar a boca, eu continuaria a falar — a expor o que precisava ser exposto. Eu era uma dirigente. Uma muralha.
Nenhum desses idiotas estava acima de mim. Eu me comprometi a mudar essa cidade e esse mundo por dentro. Eu realizaria os sonhos do meu avô, e mostraria a ele os frutos disso, não importava o que eu precisasse sacrificar.
Foi carregando este estandarte de justiça que obtive respeito, autoridade e, por fim, controle.
Ainda que minhas motivações não fossem puramente altruístas, e não pudessem apagar a culpa que apodrecia dentro do meu coração, eu tinha que agir. Com urgência. Me afogar em autopiedade não traria resultado algum.
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