Our Satellites Brasileira

Autor(a): Augusto Nunes


Volume 4,5

Capítulo 3: O Resumo das Férias de Teru Yamada

Sempre gostei de jogos. Meus pais vivem trabalhando arduamente, então me interessei em querer jogar tudo o que me interessava. Nunca fui alguém ávido por leitura, mas comecei a achar interessante após saber que muitas sagas de jogos eram adaptadas em contos. Isso me fez ter um ótimo rendimento na escola durante o fundamental e aliviou um pouco a carga que meus pais descarregavam em mim.

Depois disso percebi que, se eu tirasse notas boas e não tivesse reclamações sobre quaisquer outras coisas, poderia jogar em paz e sem interferências. Por isso, me dediquei com tudo para que pudesse manter a minha rotina intacta.

Durante o ensino fundamental, tive o desprazer de não produzir nada de concreto no clube de jogos. Me faltava conhecimento, e não tinha escolha senão querer correr atrás disso!

Quando entrei na escola Daiichi, a ideia era me dedicar em uma escola de elite e garantir uma faculdade boa em criação de jogos e ingressar em uma empresa grande. Poderia seguir meu hobby em um outro nível!

E por isso, nunca me passou pela cabeça em me interessar por outra coisa senão em jogos. Nunca ganhei nada em minha vida, tendo de superar cada boss no modo hardcore apenas pela força de vontade. E de repente, me vi no clube de jornalismo, em que conheci Kuroi.

Naquele primeiro período na Daiichi sob a rotina do clube, fiquei cada vez me interessando por ela. Achei que se me aproximasse aos poucos dela conforme o tempo fosse passando, poderia garantir que as coisas acontecessem naturalmente. Isso, assim era a melhor opção. Havia passado na prova de admissão apenas me inteirando dos assuntos principais. Não é assim que as coisas funcionam? Esse mundo da qual conhecemos não passa de um monte de códigos e senhas em que temos que decorar tudo!

Mas essa minha perspectiva foi devastada completamente por causa daquela viagem à Yokohama.

Não esperava que a presidente Yonagi tivesse convidado seus amigos de infância de fora para a estadia, e menos ainda que um desses fosse conhecido de Kuroi! Foi um choque e tanto para mim, que não via outra solução senão agir de imediato.

Shiroyama era o único com quem poderia me abrir sobre os meus sentimentos. Sim, foi uma conversa entre dois homens! Ele não parecia estar tão seguro, mas decidi que deveria me confessar para ela durante aquela viagem, e que a oportunidade viria em algum momento.

Quando um homem se vê ameaçado, precisa agir o quanto antes!

Porém, minha ansiedade me fez evitar de dormir e acabei perdendo algumas atividades interativas entre todo mundo. E após isso ocorrer algumas vezes, Kuroi começou a agir fria comigo o tempo todo! O que estava acontecendo?!

Ah...

Ainda posso sentir a chuva gelada daquela noite.

Muitas coisas aconteceram nessa viagem, mas nenhuma delas foi tão impactante quanto aquela noite de festa.

Após a partida final do interescolar, com o time de Rentaro contra nossa escola, fomos participar de uma comemoração localizada no parque de Yokohama. Seria uma festa ao ar livre, e o ambiente natural do parque ainda permitiu que realizassem um teste de coragem.

Quando chegamos na festa após irmos ao shopping com os outros, todos nos separamos. Shiroyama parece que teria que ajudar os organizadores com o equipamento de som, então não pude pedir sua ajuda. Havia dito para ele sobre o meu grande plano que botaria em prática ali, o que o fez parecer acuado por algum motivo.

— Você não pode ser tão precipitado, assim... bem, boa sorte.

Não pode ser assim, Shiroyama! Homens têm que ter a iniciativa e pôr em prática ideias mirabolantes! Seja homem e vá até o fim com seus objetivos!

Sim, eu traria isto até o fim. É o que deveria fazer! O que preciso fazer! Por isso, fui atrás de Kuroi com toda minha determinação.

Para minha sorte, ela estava próxima ao ponto onde seria feito o teste de coragem. A brincadeira era assim: um par adentraria as árvores do parque e teria que completar o percurso em menos tempo, fugindo das pessoas fantasiadas. Quem completasse o tal teste em menos tempo, receberia uma recompensa.

Pouco me importa sobre o que darão como prêmio... se tudo ocorrer bem, ele estará ali ao meu lado desde o início!

— Kuroi! Você vai participar do teste?!

— Oh, não... — Ela pareceu evasiva. — Só estou observando os pares que estão saindo assustados. É muito engraçado!

Logo, um casal saiu acuado por entre o matagal denso à nossa frente. A garota parecia tão descabelada que foi como tivesse visto o pior das assombrações... o garoto que a acompanhou saiu tão pálido dali que duvidava que pudesse correr mais do que alguns metros.

Há poucos metros de distância, vários outros participantes ofegavam. Alguns comentavam rindo do ocorrido, mas a partilha das experiências parece terem sido todas falhas!

— Ah... mesmo assim, acho que você deva participar! Você gosta de coisas de terror, certo?!

— Hum, sim, mas...

— Eu vou com você! Vamos aproveitar essa festa e nos divertir juntos!

— Tem certeza? Você viu o último casal que acabou de sair da trilha? — indagou ela. — Não quero ficar sozinha num percurso que é pra se fazer em dupla...

— Você não vai! Garanto isso, pode deixar!

— Oh, ok...

Apesar do meu desespero, consegui manter o plano ativo... com isso, nos juntamos na fila de pares. Um rapaz alto apareceu atrás de nós e com uma faixa anunciou que seríamos os últimos que farão o teste.

Ei, isso é perfeito! Foi justamente a oportunidade que estive esperando por todo esse tempo! Provavelmente não seremos pressionados por mais participantes e o percurso poderá ser feito com mais calma... ao menos, não terei pressa de encontrar o momento certo de me aproximar dela. Sim, é tudo ou nada!

Era inevitável o quão empolgado fiquei. Kuroi soltou uma risada.

— Achei que não gostasse desse tipo de coisa... sabe, você é bem medroso com todas as vezes que tento te assustar.

— Ah... acontece, né..., mas acho que pode ser legal, no fim...

O destino está brilhando para mim. Só pode ser algum sinal!

— Você nunca foi fã de suspense ou é por causa de algo específico? — perguntou ela. — Não quero que faça algo forçado e que seja difícil pra você...

— É, bem... não é exatamente um trauma, mas... — titubeei, suando frio. — ...tive um gato preto chamado Yoruge antigamente onde morava. E ele era bem arteiro, sabe? Gostava de passear por todas as casas velhas no fim da rua.

— Yoruge? Que nome engraçado! — Kuroi se deleitou.

— Teve um dia em questão que ele foi se aventurar em um casarão de uma senhora que tinha falecido havia anos e a casa ainda parecia estar sendo decidida se iria a leilão ou algo assim. Só que, a casa velha era toda cercada por grades enferrujadas e muito estreitas para um humano passar, mas não aos gatos...

...a história se desenrolou assim: Yoruge era um gato esperto, mas simplesmente resolveu abusar da sorte. A falecida moradora deixou tudo em seu recinto, em que seus filhos levaram tudo dela, deixando apenas seu animal de estimação: um doberman ranzinza. Não lembro qual minha idade na época, mas ao tentar salvar meu gato, fui abordado por esse doberman furioso e seu rosto ainda me atormenta profundamente.

— Por isso que... quando se depara com locais escuros, acha que esse doberman pode aparecer do nada?

— Exatamente. Era pequeno e tinha muito medo do escuro..., mas, não significa nada atualmente! — soltei uma risada forçada para encerrar o assunto.

Ela ainda me fitou durante alguns segundos. Oh, será que a deixei preocupada comigo?

— Oh, vocês vão participar do teste de coragem também? — soou uma voz conhecida para nós.

— Hum?! Porque você também está aqui?!

Rentaro e uma das primas de Yonagi estão ali, juntamente com seus outros amigos, um pouco à nossa frente.

— Oh, porque deve ser divertido! Há! Há! — Rentaro me respondeu, animado. — E pelo visto resolveu se juntar conosco, hein, Kuroi?

— É... parece que vou participar no fim das contas... — comentou Kuroi, sem jeito.

Hein? Ela respondeu com um jeito envergonhado agora, não?! Oh... só precisou de algumas palavras dele para deixá-la assim?! Porque?! E todo aquele clima que se criou ainda esse instante?! Odeio! Odeio esse cara com todas as minhas forças!

O intrometido do Rentaro me deixou tremendo de frustração. Como posso superar esse páreo? Ele não está nem se esforçando!

Em vez disso, ela nem mesmo olha para mim! Parece que está desviando sua visão toda vez quando tento fazer contato visual! Medo! Estou com medo!

E agora? E agora?! O que devo fazer?!

— Hum, é a Tomoyo que está com você? — perguntou Kuroi a Rentaro. — Onde está Yonagi e Sakuya?

— Parece que Sakuya comeu algo que a fez passar mal... — explicou Rentaro. — Yonagi ia fazer dupla com ela, então resolveram saírem juntas.

Droga, e nem para Shiroyama estar aqui para me ajudar?! Onde você se meteu?! O equipamento de som é tão importante assim?!

Logo, o par Rentaro & Tomoyo entrou no percurso e pouco tempo depois foi a vez de Makoto & Ayase. Nós seríamos os próximos.

Ei, parando para pensar... está realmente escuro, não é? Essas árvores a noite são realmente assustadoras! Será que vou conseguir ver onde é o percurso direito sem tropeçar em nada?!

— Você está tremendo? — indagou Kuroi. — Dada a história que contou, pode realmente ser muito pra você lidar...

— O quê? Não! Estou empolgado, sabe?! Empolgado!

E então, nossa vez chegou.

***

As árvores eram tão densas que não conseguia ver muito à minha frente. O percurso consistia em pegar todas as bandeiras presas nas árvores, mas os alunos fantasiados de monstros não vão deixar isso acontecer.

A primeira bandeira foi até fácil, mas ao nos aproximarmos das próximas, apareceram monstros horríveis. Fantasmas, lobisomens, vampiros e... aquilo era uma mula sem cabeça?! Fomos perseguidos por todos esses seres amaldiçoados, ecos e gritos ressoavam em meus ouvidos a ponto de esquecer completamente da música alta vinda da festa.

De repente aquele clima comemorativo se tornou um ambiente sufocante do Resident Evil, por acaso? O primeiro monstro após alguns metros ‘veio ao nosso encontro destemido, foi tão de repente que travei de medo. A pessoa fantasiada era uma mistura de ghoul e zumbi, rosnando com o corpo todo ensanguentado. Os diversos olhos espalhados em seu rosto estranhamente me fizeram lembrar daquele doberman que me atormenta toda vez que baixo a guarda. Minhas pernas tremeram tanto que não conseguia decidir se deveria correr ou fugir...

Mas Kuroi não hesitou e correu até a árvore mais próxima, contendo uma das bandeiras. Triunfante, ela acenou para mim:

— Valeu por agir como distração, hein!

— Ah..., mas eu...

Antes que pudesse explicar, ela seguiu em frente. O cara fantasiado balançou a cabeça, a ponto de me deixar de lado. Quem ele era para estar decepcionado comigo?! Alcancei Kuroi pouco tempo depois a passos pesados, que frustrante!

O próximo monstro foi um Jiangshi, com um talismã no meio do rosto e traje chinês. Sua maquiagem foi tão perfeita que sua pele parecia pútrida de verdade de tão roxeada, com seus olhos parecendo saltar para fora do rosto! O susto que me deu foi tão grande que até me esqueci da irritação que passei de agora a pouco, mas na tentativa de ficar ao lado de Kuroi acabei tropeçando em alguma raiz e fui de encontro ao zumbi. Ela novamente pegou a bandeira com extrema facilidade.

— Achei que não gostasse de coisas de terror... você está indo muito bem, viu.

— Ora, imagina... — balbuciei, levantando-me sem jeito. O cara fantasiado me encarou irritado, me mostrando o dedo do meio.

Os uivos que ouvia constantemente me deixaram desconcertado e me arrepiaram do cabelo ao pé. Será possível que chamaram cachorros para jogarem em nós?!

A nossa frente, havia uma trilha. Parece que os organizadores a enfeitaram com galhos retorcidos para que ficasse similar a um túnel em uma floresta densa. Não há iluminação, como se fosse um portal para outro mundo. Tínhamos que passar por aquilo para terminar aquele teste?

Em seu entorno, não existe outras passagens visíveis. A vegetação é tão densa que cercas foram construídas para que as pessoas não as cruzem, podendo tropeçar em alguma raiz densa pela noite caso seja um desavisado.

Como que para responder minhas perguntas, um urro ecoou por trás de nós. Agora tenho certeza de que lançaram um canino atrás de nós! Três monstros que pareciam ter surgido de um pântano apareceram correndo em nossa direção. Um quarto surgiu sob quatro patas, parecendo mais um fantasma viajante.

Eles vão nos matar!

— Venha, Kuroi! — peguei em sua mão e avancei por aquele corredor sinistro.

— Ei...

O arrependimento veio em meia fração de tempo depois.

— AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!! — O que é aquilo que me pinicou? Espinhos?! Facas?! Havia cordas também, ou são teias de aranha? O chão era muito irregular, e perdi a conta de quantas vezes tropecei em... pareciam mãos... aquilo eram mãos?!

Foi como se estivesse completamente sozinho ali. Até mesmo a mão de Kuroi acabei soltando no meio do caminho. Ralei os meus joelhos de tanto tropeçar e saí engatilhando daquele túnel horripilante. À minha frente, estava uma Kuroi tentando se conter de tanto rir.

Mas o pior, é que não foi só ela.

Desse lado do matagal que se abriu para uma clareira, é possível notar onde a staff se encontrava. Eles estavam pelos flancos, usando fendas das aberturas dos galhos para colocar coisas como cordas, cones e palitos para provocar quem quer que estivesse passando por ali. E todos riam tanto a plenos pulmões que saíram de suas posições.

— Fala sério, cara. Se você tem mesmo medo destas coisas, por que veio participar?! — comentou um membro do staff, arrancando mais risadas dos outros.

— Que moleque desastrado! Tropeçou em dois de nós no começo de tão atrapalhado! — disse outro, gargalhando. — Há! Há! Foi a única vez que vi alguém correndo olhando pra trás com os olhos esbugalhados!

— ... — Minha voz sumiu, e tinha certeza de que não foi de tanto gritar. Kuroi deu tapinhas em meu ombro e indicou que devíamos sair dali. Meu rosto estava quente e meu corpo tremia.

Não... não era para ter sido desse jeito...

Olhei de soslaio e Kuroi ainda tentava conter suas risadas e, enquanto isso, meus joelhos ardiam e o corpo doía.

Isso tudo não foi... injusto?

Ao menos, o teste parece que tinha terminado. Que alívio!

O final daquela trilha nos levou a uma área mais aberta da clareira no parque, a copa das árvores dava espaço ao céu. Não tinha estrelas por causa das nuvens, mas era uma visão muito bonita.

Nós dois havíamos andado em silêncio durante muito tempo.

— Ei, Teru... — Kuroi elevou sua voz.

Ela andava um pouco mais adiante, e tive um vislumbre. Ei! Só pode ser aqui! Acho que este é o melhor lugar! Nem tudo está perdido!

É o que o destino está me dizendo! Esse lugar, o clima... eu tenho que dizer aqui, certo?!

— O que você achou da viagem?

Sem mais ninguém ali, a voz dela ecoou por todo o lugar. Parecia até algo mágico.

— Ah... Hein? O... o que eu achei? Bom...

Se acalme! Você precisa se concentrar na situação à sua frente! Foco! Pense nas palavras que deve dizer!

— Foi algo diferente de tudo o que fiz até hoje... foi uma experiência incrível, eu acho.

— Acho o mesmo... — respondeu Kuroi, prontamente.

O que é isso? É o que chamam de sintonia entre duas pessoas?

Apesar de não ter aproveitado a viagem como os outros, foi realmente algo fora da minha rotina. Nunca fiquei tão longe de casa e dos meus pais, e nem de jogar com meus amigos. Poderia ter acontecido algumas partidas de RPG tradicional... quanto mais gente tivesse, seria bastante divertido, mas não teve como.

E aquela noite será o auge da viagem, e por isso que deveria valer por todas as horas que estive planejando em como iria abordá-la.

— Percebi que há muitas experiências que não podemos sequer imaginarmos em fazer sozinhos. Uma viagem dessas estaria fora de cogitação para mim.

— É?

— E hoje, percebi a intensidade disso. Mais do que nunca, e sinto que quero poder fazer isso mais vezes. Viver de um jeito que não vivi até esse momento, e poder estar feliz de outras formas que não poderia encontrar estar apenas por mim mesmo, Kuroi.

Ela se virou para mim. O luar refletia em seu rosto, silencioso. Ela estava esperando que eu continuasse a falar?

— Acho que percebi a mesma coisa que você... — expressou Kuroi.

— Hein, sério?

— Nunca imaginei que estar em um clube de literatura me daria tantas experiências diferentes... — brincou Kuroi, coçando a nuca. — Tive o desejo de querer alcançar coisas que antes estavam distantes...

— Oh... então... você sabe o que quero te dizer, não é?!

— Hum... o que você quer dizer? — Ela me encarou confusa. — Como assim?

Estávamos tão próximos, nossas conversas estão em sintonia... minha mente parecia cada vez mais em branco, já não conseguia nem mais pensar direito.

— O que quero dizer é que... desde que te conheci... já faz algum tempo, não é?

— Se fosse pra pensar nisso... — Ela olhou ao nosso redor. — Sim. Acho que já faz algum tempo que estamos no clube... apesar de ter sido há uns quatro meses, já mal me lembro do clube de jornalismo...

Ela continuou fitando os arredores, já não olhava mais para mim. Por quanto tempo esse silêncio poderá durar? Não tenho certeza..., mas tenho que colocar para fora tudo o que meu peito não suporta mais conter!

— Mesmo que... tenha ouvido sobre minha história... eu encarei o teste de coragem! Os resultados nem sempre definem tudo, certo?

— Talvez? Não sei se sou a pessoa certa pra dizer algo, mas o fato é que foi divertido... se fosse pra descrever claramente.

— ...

— Não ligue pro que aquelas pessoas disseram. Sei que deu o seu melhor, apesar de estar assustado. Apenas queria que soubesse que o fato de estar rindo é porque estava tudo bem.

Refleti sobre suas palavras durante um breve momento.

— Tem razão, parando pra pensar... o fato de ter sido atrapalhado deixou as coisas mais divertidas, mesmo... e sei que não teria sido igual se fosse com outra pessoa.

— Sério?

— Bem, sim... e desde todo esse tempo... há mais do que isso para te dizer, Kuroi... eu gosto de você!

— Hein?! — Ela voltou a me encarar, espantada. — O que foi que você disse?!

— ...que gosto de você! — fechei os olhos e me curvei, em seguida estendi meu braço a ela. — Desde o começo, sempre te achei bonita!

— Ei...

— ...achei que só o que estava à minha espera ao ingressar na Daiichi seria uma rotina puxada e entediante! Mas ao te conhecer, pude ter mais experiências e quero poder continuar passando mais tempo ao seu lado! Eu encontrei a felicidade e quero estar com você! Por favor, me dê uma resposta...!

Me mantive curvado e com os olhos fechados, então não pude ver seu rosto. Também fiquei tonto, era como se não tivesse respirado até aquele momento. Meu peito doía... não. Meu corpo inteiro tremia por causa de todos os arranhões que levei. Senti frio, minhas mãos congelavam e meu rosto ardia.

— Ah... Levante a sua cabeça, por favor...

Abri meus olhos, confuso. Minha mão estendida ainda tateava o vazio, então me ergui. Olhei para Kuroi. Ela não está sorrindo, e não há rubor em seu rosto. Nem mesmo suas mãos estão próximas a mim.

— Kuroi...?

— Teru... estou surpresa que tenha tido tanta coragem de me dizer essas palavras. Sinceramente, não sei o que dizer a respeito disso.

Seus olhos não estão em mim, parece que olhava o chão.

— Na verdade... não tenho o que dizer. — Se corrigiu. — Mas agradeço profundamente por suas intenções. Também achei que estar nesta escola seria apenas mergulhar em uma rotina estressante e parada, mas...

Não emiti som algum.

— ...isso tudo mudou depois das circunstâncias que aconteceram desde que viemos pra cá. E sinto que isso me fez querer notar coisas que tinha virado as costas há muito tempo.

De repente, senti que fiquei com ainda mais frio. Meu corpo tremeu pelo arrepio na espinha... o que ela quer dizer com isso é...!

Oh, parece que começou a chover de repente. Pingos gelados caíam sobre minha roupa, deixando-a pesada. Kuroi virava ainda mais o rosto da minha direção.

— Só... só sei que preciso dizer que não correspondo aos seus sentimentos. — Ela se curvou, polidamente. — E peço desculpas por isso. Pude notar que realmente se esforçou para participar deste teste de coragem comigo, apesar de não gostar de terror e suspense. Você teve muita coragem de falar essas palavras... e foi incrível.

— Mas..., não, eu...

— Vamos continuar como apenas membros do mesmo clube, certo?

A chuva começou a engrossar, e nenhum de nós estava com casaco ou um guarda-chuva. Se continuasse assim, ficaríamos resfriados e ensopados em questão de segundos.

Então, ecoaram vozes conhecidas perto dali.

— Ei, vocês ainda estão aqui?! Venham! — Era Rentaro, que trouxe um guarda-chuva consigo.

— Rentaro?! — Kuroi o fitou, surpresa. — O... o que você...

— Rápido, senão vai ficar gripada! — Ele a puxou para perto de si, e se virou para mim. — Ei! Venha logo!

Fitei para o meu próprio estado: ensopado pela chuva, coberto de lama e sujeira, além de estar com lesões do teste de coragem. Por que estou tão deplorável desse jeito?

Comecei a me mover ao mesmo tempo em que eles voltavam para a festa, mas reduzi a velocidade instantaneamente e olhei para cima. A chuva borrava meus óculos com tanta intensidade e as gotas não paravam de cair, subitamente escorriam através de meus olhos.

Porque deu tudo errado? Será que falei alguma coisa errada ou fiz alguma besteira?

— Ei...

Será que tinha uma resposta para aquilo? Alguém tem como me responder? Por favor!

— Alguém me diga... o que falta em mim...

Não, não consigo entender. O que foi que aconteceu para ter dado esse resultado? Porque teve de ser desse jeito?! Não tem sentido algum! O mundo não é movido por trejeitos e códigos específicos de atuar com todos?!

Passei a mão sobre os olhos para tirar a água da chuva, mas os pingos não cessavam, ou eram minhas lágrimas?

— O que foi que não enxerguei?

***

Depois de tudo, não quis olhar para ninguém.

Então decidi pegar outro atalho para não seguir o mesmo caminho que os dois. Em questão de minutos, cheguei na área principal da festa, mas havia alguma coisa errada.

Por que há tanta correria desgovernada para todos os lados?

As pessoas arfavam assustadas, e parece que há sirenes ecoando de todas as direções. Viaturas? Por que haviam viaturas ali? Até que consegui reconhecer os punks que atacaram os torcedores no estádio. O que eles estão fazendo aqui?!

Minhas pernas tremiam, pois não encontrava ninguém reconhecido por entre a multidão que se dispersava fugindo daquele arrastão em massa. Aqueles punks portavam bastões de aço e atacavam qualquer um, sem distinção. Onde estavam as meninas? E os veteranos?

Droga... Kuroi está com Rentaro, então está tudo bem com eles, certo?

Minha cabeça coçava. O que é toda essa situação caótica? Por que tudo aquilo resolveu acontecer de uma só vez e justo comigo?! Meu corpo não tremia mais de medo, e sim de raiva. Estou furioso! Eu não quero mais estar ali, não quero mais ver ninguém! Não vou permanecer parado ali!

Quando dei conta, estava correndo. Me aproximei de um dos punks atacando e tomei seu bastão, lhe nocauteando com um golpe certeiro na cabeça. Me aproximei do próximo, e do próximo.

— Vocês que pediram isso! Aguentem a minha raiva! Não quero nem saber! — desferi mais ataques ao grupo punk, que começaram a me atacar também. A intensidade da chuva e seu chiado tornaram tudo mais assustador, pois com os olhos embaçados não conseguia prever todos os golpes vindo até mim, fui atingido no rosto, abdômen e nas pernas. Ao me acertarem nas costas, revidei no mais próximo a mim.

Logo, alguns policiais interviram e larguei o bastão, atacando com socos. Tentaram me impedir, então me afastei e migrei para outro grupo de punks, ignorando qualquer tipo de aviso que estivessem dando. Bombas de gás lacrimogênio foram lançadas por todos os lados que, somado a chuva, tornou a visibilidade quase zero há uma palma de distância do rosto. Não sei por quanto tempo isso durou, mas fui derrubado entre uma rixa de um punk e policial e o pânico finalmente me fez recuar. Não demorou para mais viaturas chegarem e o número de policiais tornar a intimidar de vez os vândalos, que se dispersavam com rapidez. Os policiais bloqueavam as vias adjacentes, fazendo desse uso para capturar qualquer um que se aproximasse.

Evitei chamar atenção para não ser confundido e mesmo assim não consegui encontrar ninguém conhecido.

E agora? Deveria esperar até encontrá-los ou deveria ir até o ryokan? Por sorte, a pousada não era muito longe dali, e poderia chegar até lá de algum jeito.

Enquanto me debatia sob meus pensamentos, uma buzina soou perto de mim. Ao me virar, era uma van que havia estacionado próximo dali.

— Ei, moleque! — berrou o motorista. Era o tio de Yonagi. — Esqueci o seu nome! Você está bem?! Seu rosto está horrível! Sabe onde estão os outros?

— Não, eu...

— Senhor Ikishi! Você chegou na hora certa! — berrou a voz de Rentaro pela outra direção. Ele e Kuroi corriam desesperados.

— Rentaro! Que bom te ver! Onde estão Sakuya e Tomoyo?!

— Tomoyo está com Makoto e Ayase, seguros! Eles foram procurar por Sakuya!

— Tio, onde está Himegi?! — exclamou Kuroi.

— Ela não está aqui, menina... — respondeu o senhor Ikishi, amargurado. — Mas está segura. Preciso que você fique comigo, e o moleque de óculos ali também! Só estou esperando o tal do Shiroyama chegar e vamos embora daqui!

— Mas e os outros?!

— Rentaro, assim que se encontrar com minhas filhas e minha esposa, leve-as ao hospital! Espere a nossa ligação, agora vá atrás de Mikoto e a leve até minhas filhas!

— Sim!

Kuroi ficou desesperada, e antes de entrar na van, olhou em minha direção com uma expressão desconcertada. Teria que ver esse rosto durante todo o percurso de volta sem ter como reagir?

Não, eu não vou conseguir suportar...

— Anda logo, moleque! Entra! — exclamou o senhor. — Do jeito que você está, pode ser confundido com um dos vândalos!

— Vou... vou ajudar a procurar os outros! — Me virei e comecei a correr. — Não vou com vocês!

Em meio à cacofonia de pessoas correndo, punks atacando com seus bastões e policiais intervindo, encontrei a presidente Yonagi vindo apressada da direção contrária. Ela parecia estar desesperada, então apenas indiquei a localização da van com poucas palavras e continuei correndo. Se Himegi não estava ali, só havia de encontrar mais uma pessoa em meio dessa confusão.

Após mais alguns minutos, me deparei com Shiroyama, que parecia estar tão perturbado quanto Yonagi:

— Você está bem?! O que aconteceu?!

 

Após o levar até a van, Shiroyama adormeceu. O tio de Yonagi me agarrou pelo colarinho e grunhiu:

— Seu moleque atrevido...! Se não fosse pela responsabilidade de ter que te levar em segurança de volta aos seus pais, eu te esmurraria nesse instante!

Ele me soltou, amargurado. Kuroi pôs a cabeça pra fora da van, e parece que disse algo..., porém, o barulho da chuva não me permitiu escutar o que disse.

Na verdade, pode apenas ser que não quisesse ouvir.

A senhora Mikoto surgiu com Rentaro e os outros, alarmados. Ela tentou me convencer de entrar, mas prontamente recusei. Pelo canto do olho, não pude mais ver Kuroi por estar dentro da van.

— Estou indo até o ryokan pegar as minhas coisas. Vou embora.

— O quê?! O que está dizendo?! — exclamou a senhora Mikoto. — É justamente nesse momento que precisamos estar juntos!

— Nós somos os responsáveis aqui, moleque imbecil! — exclamou o senhor Ikishi. — Dissemos aos seus pais que iríamos te levar em segurança de volta! O que foi que te deu pra querer agir como um rebelde em um momento como esse?!

— É só pegar o metrô e esperar meus pais chegarem quando estiver em Chiba. Não quero a carona de vocês... — proferi, indiferente. — Posso me virar sozinho.

— Fala sério... você foi o que mais agiu como uma criancinha pelos cantos e agora quer agir como se fosse alguém independente? — indagou ele. — O que você acha que tem na cabeça?!

— Ei, Teru! — A voz de Rentaro ecoou pela rua. Todos se viraram para ele, absortos. — Porque está agindo desse jeito?! Nós conseguimos nos reunir, não foi por isso que você atravessou toda essa confusão? Se tivesse ido conosco...

— Não — entoei. — Apenas achei todos que restavam por sorte. O que aconteceu comigo pouco importa.

— Mas...

— Se tentar me impedir, o mesmo vai acontecer com todos aqueles que apareceram na minha frente... não me importa se estiver com bastões ou for com os próprios punhos, tirarei qualquer um do meu caminho!

O metido conhecido como Rentaro me encarou, chocado. Aqueles próximos dele o envolveram, dizendo coisas como: — Deixe-o em paz, ele não quer te ouvir... — e: — Esse moleque atrevido está completamente alterado!

Meus ouvidos zumbiam, então não quis ouvir mais suas respostas. Tornei a correr o mais rápido que podia, me afastando cada vez mais. Não queria estar perto de Kuroi naquele momento, de ninguém. Aquela chuva não parecia que iria cessar facilmente, e meus pulmões ardiam pelo esforço de correr tanto, mas apesar disso, não parei durante momento algum.

Parece que fui o primeiro a chegar no ryokan. A atendente me encarou, assustada... provavelmente por causa do meu rosto surrado. A ignorei e fitei o noticiário da TV acoplada na parede à frente da recepção. A chuva torrencial não daria sinais de cessar até o final da noite. Os engarrafamentos estão tão sérios que ir de um local ao outro levará horas.

Conhecendo-os, devem estar a caminho dali ou de algum hospital, talvez. Que seja, não era da minha conta. Subi rapidamente a escadaria usual e arrumei minhas coisas. Liguei para os meus pais e expliquei por cima a situação...

— ...podem me encontrar na primeira estação de Chiba? Ah, certo. Estou indo para o metrô nesse instante, quando chegar lá os avisarei. Obrigado.

Sem mais delongas, atravessei o ambiente chuvoso e escuro até a estação mais próxima dali com a minha cabeça tão pesada quanto a intensidade dos pingos de chuva incessantes.

***

Depois daquele episódio, evitei de sair de casa.

Após aquele dia, o senhor Ikishi e a senhora Mikoto apareceram em casa para pedirem desculpas, mas não cheguei a me encontrar com os dois. Ficaram algumas horas conversando com meus pais e foram embora.

Levei uma bronca por não os ter cumprimentado, o que me deixou furioso com meus pais:

— Não tinha nada a dizer a eles! Me deixem em paz!

Me tranquei no quarto e minha cabeça não parava de reviver aquele momento. Tentava jogar com meus amigos, mas nem mesmo isso me fez conseguir esquecer de tudo o que presenciei e senti. Era como se tornado uma mancha em meu coração. Uma mancha permanente.

O tempo parecia passar devagar, e ao mesmo tempo não vi os dias correrem. Passei a dormir na casa dos outros para evitar de discutir com meus pais. Desde o começo das férias havia comprado um novo console por ter evitado de pegar recuperação na escola, porém, os jogos eram muito caros e nenhum dos meus amigos poderia manter uma compra constante.

Infelizmente, a maioria deles não foram para a Daiichi, o que era realmente um alívio poder vê-los com frequência durante essas férias. Mas até mesmo eles tinham suas próprias vidas e, apesar de não ter nem passado um ano desde o término do ensino fundamental, parece que haviam ocorrido muitas mudanças.

Estava conversando com meus dois melhores amigos durante a saída de um fliperama, quando:

— Vamos logo decidir quando será a próxima sessão de D&D! — anunciei. — Temos que aproveitar que a campanha está em sua fase mais intensa!

— Oh, Teru. Comecei a trabalhar recentemente, não vou poder participar... — comentou Yusaku. — É dureza querer acompanhar os consoles novos e não ter dinheiro para os jogos.

— Nossa, incrível... — expressei. — Na Daiichi não podemos trabalhar, mesmo que seja por meio-período. Então, só vou conseguir arranjar algo depois que me formar.

— Que pena, Teru! — disse Mukashi. — E tem outra: consegui uma namorada!

— O quê?! — Eu e Yusaku berramos ao mesmo tempo.

— Eu não sou incrível?! Comecei a namorar essa semana! Estou nos céus!

— Incrível nada, seu traidor! Por acaso você se esqueceu da gente?! — Quase pulei para enforcá-lo, não fosse Yusaku me segurando. — Não está vendo que ainda não consegui superar o que passei?!

— Hum, mas já não se passaram duas semanas? — murmurou Yusaku. — Você ainda está remoendo isso?

— Como assim, Yusaku?! Você por acaso acha que dá pra superar isso com facilidade?!

— Bem, Yusaku está certo... — indagou Mukashi, cruzando os braços. — Não é como se você conhecesse essa garota há muito tempo. Só fazem uns quatro meses, certo?

— Ou isso foi o bastante para te deixar com outro trauma? — brincou Yusaku. — Já sabemos que o doberman ainda o perturba!

— Chega! Não quero ficar ouvindo isso de vocês! — empurrei Yusaku e os confrontei: — Esqueceram que nós frequentamos o mesmo clube?! Como é que vou poder encará-la depois que ela me rejeitou por completo?!

— É, você está em apuros mesmo... — expressou Mukashi. — Iria te dizer para escolher mudar de clube, mas isso seria uma decisão muito cruel.

— Tentem entender o meu lado! — supliquei. — Não há nenhum clube de RPG lá e todo os grupos de jogos são compostos por alunos arrogantes! Não tenho outro lugar pra ficar!

Além disso, já fiz uma transferência de um clube para o outro... duvidava que poderia conseguir me transferir novamente sem um motivo realmente convincente.

Era isso... game over.

— Nossa, Teru. Que situação complicada... — comentou Yusaku. — Porque você quis entrar nessa escola, hein?

— O quê? Eu...

— Você não parece se encaixar em lugar algum... e isso ainda é o menor dos problemas. Você precisa começar a pensar sobre o seu futuro, sabe?

— Meu... futuro?

— Isso! — interveio Mukashi. — Apesar de todos nós estarmos ainda no primeiro ano do ensino médio, todos sabemos que é uma questão de tempo para nos formarmos e virarmos adultos. Por enquanto, você ainda pode circundar várias ideias até se encontrar!

— Exato. Ouvi dizer que a partir do segundo ano os professores cobram os objetivos profissionais dos alunos! — complementou Yusaku. — Vamos dizer que você só tem um semestre para pensar nas coisas com calma.

— Hein? O que há com essa cobrança inesperada e predefinida?!

— Mas é verdade... — apontou Mukashi. — Se não quiser ficar pra trás, vai ter que pensar sabiamente da maneira mais prática de conseguir o que deseja.

— Só... só que ainda não sei o que devo fazer... vocês têm alguma ideia?

— Idiota. Como se pudéssemos te ajudar com isso... — indagou Yusaku. — Temos apenas quinze anos, não é como se tivéssemos as respostas para suas dúvidas. E é exatamente por isso que temos que aproveitar.

— Hum?

— Arranjar um trabalho de meio-período sem ter pressão dos pais, passar um tempo com os amigos, ter uma namorada... isso são coisas que você pode buscar sem ser reprimido e cobrado!

— Isso! Este é o nosso momento de viver as coisas com intensidade!

— Porque... somos adolescentes no primeiro ano?

— Isso! Somos apenas um bando de idiotas no começo do ensino médio! Vá atrás dos seus desejos, Teru!

Aquela conversa parecia que não iria ter um rumo certo, e ao mesmo tempo pude ver uma trilha para percorrer. De repente, não me senti mais angustiado e nervoso. Agarrei os ombros dos meus amigos e saí correndo na frente:

— Vamos! O último que chegar em casa vai pagar o lanche!

Sob as injúrias que ouvia dos meus amigos e à adrenalina de correr a todos pulmões, resolvi querer aproveitar aquele momento. Isso mesmo, resolvi procurar esquecer daquele sentimento e daquela cena no parque de Yokohama. E, apesar disso, não sabia como deveria encarar Kuroi e nem os outros membros do clube.

Não, não devo pensar nisso. Era como os meus amigos tinham dito, se deveria fazer algo, tinha de ser naquele momento. Se as coisas terão mudanças a partir daqui, então tudo vai ocorrer como se deve e não há o que possa ser feito para evitar isso. Era como a vida funciona e, apenas tenho que buscar minha própria felicidade.

É isto o que um homem deve decidir de fazer, certo?

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