Pôr do Sol Brasileira

Autor(a): Galimeu


Cidade Flutuante – O Segundo Setor

Capítulo 19: Chamas da Calmaria

Com a barriga para baixo, viu os dedos vermelhos que tremiam. Soluçou após notar que eram dele. As lágrimas pingavam sem parar, um vulcão de choro aflorou e deixou a respiração ofegante, que era suprimida por soluços. Tentava recuperar sua mente abalada pelo choque. 

No fundo distante, a moça de chuquinhas parecia um tanto entediada. Os braços cruzados e os pés inquietos deixaram claro a falta de paciência, esperava por uma reação do jovem de cabelo hipérbole…

Insanos. Trouxeram alguém inexperiente para uma luta repentina que o fez parecer um brinquedo de um cachorro nervoso. Tolice, apenas. Mesmo que tomasse alguma atitude, as possibilidades o guiaram para o fim de desvalorização. A blusa suja e as calças amassadas destacava a fraqueza e desesperança, resultados fundados em fatos de um corpo lutar para manter a própria vida.

Ensinamento por base do desespero. O instinto de necessidade devia prevalecer e criar a adrenalina capaz de fazer o que devia. Deveria ao menos… Apenas deviria.

Luri olhou para Réviz com as sobrancelhas levantadas, foi respondida por um movimento de queixo que concordou com o que pensaram juntos. Soltou uma das chuquinhas e começou a arrumar o cabelo ali, tentou evitar contato direto com Mark, feito uma oportunidade que dava de bandeja para o corpo ao longe.

Mark sofria com a dor. O que pensavam? Condenaram o “adversário” a morte e imaginavam algum tipo de movimento posterior? Não pode nem erguer dentes em raiva, a visão ofuscava ao tentar só levantar o tronco para cima.

Gemia, incapacitado de ser manter de pé, se engasgava com o fluxo de sangue que passava por sua garganta, cuspia desesperadamente, manchou a blusa com o vermelho da vida, que preencheu as listras brancas pelo pesar que foi condenado. 

A força nos braços falhou, despendeu a cabeça no chão, mergulhou na poça de sangue que o fez querer vomitar. O salão aberto trouxe o ar arejado e a doce melodia que guiava a morte. A pupila dilatava com lerdeza, e os dedos relaxavam sobre o chão.

Enquanto o suspiro final e pesado percorria o meio ao redor, as pálpebras realizaram o último desejo de piscar mais uma vez.

Tentar

Preto invalidou a noção do real. Um escuro penetrante percorreu pelas beiras até o centro. O fundo que via e o "nada" se tornavam idênticos. A grande mancha vermelha ainda brilhava, emananou o refletir da luz que ousava em permanecer constante ao cérebro que estava prestes a se despedir. 

Poça de sangue. E um branco. Ao implorar pelo corpo, sobre a inércia do fim da vida, o cérebro ousou em retratar a informação final. Um floco de cristalino planou ao redor e pousou no mar vermelho. Apesar de não enxergar nem mais os dedos, pode sentir a reação muscular que o fez contrair levemente a mão.

Feito uma ilusão do pós-vida, o floco derreteu e pintou a poça com branco. O nariz fungou sozinho, e a pálpebra protestou. A poça expandiu e tornou toda a noção do real num chão macio de… neve.

Os ouvidos anunciaram a chegada de alguém, e os olhos confirmaram os pés e o manto azul que parou na frente do corpo.

— Não terá tempo de pensar em respostas, meu puro. Meu tempo está acabando e, em breve, tua vez, enfim, será exigida.

— Adnis te deu esta oportunidade. Deixe de ser tolo e aceite.

Só parte das pernas que os olhos confirmaram, a cabeça perdeu a vontade, os ouvidos comentaram sobre ser uma moça e um homem. Novamente, os dedos tentaram dar uma opinião ao contrair mais a mão.

— Tente não esquecer.

Os passos foram para longe, e os dedos gritaram de uma vez, terminaram de uma vez por todas concluir o movimento de fechar os punhos. O último suspiro parou, foi interrompido pelo inspirar desajeitado que fez as pálpebras revolucionarem com uma piscada forte.

A poça de sangue voltou, o salão aberto voltou, a terra voltou. Mark sentiu um apego carinhoso, a turbidez se desenvolvia até o zero e a iluminação estranha apareceu. Levantou o queixo e admirou os dedos… O ciano também voltou.

Levantou o tronco assustado, abanou a mão, mas o fogo não apagou. Antes que pudesse perceber, o sangue grudado nos dedos evaporou e sumiu da existência. A dormência do corpo esvaia. 

— Uhg!?

A dor reviveu quando os joelhos se firmaram. As lagrimas ainda estavam lá e o desespero fincava a presença. Tocou o corpo inteiro com o fogo.

— Aaah! 

A dor não morreu, foi forçado a manter os punhos no chão para não deixar o corpo despencar de novo. Os três apoios do corpo ruíam, e o último ardia o tempo todo pela função contrária do sofrimento. 

— O que eu devia fazer?

Rapidamente, a frase que ouviu há segundos fez o susto varrer a espinha. Na mão, um tormento. Mais a frente, a mulher de terno branco era um tomento maior ainda. Só aguentou para si e transformou isto num “momento”. 

Faíscas conduziram das pupilas e dançou pelo corpo. O momento que o fez forçar os joelhos, o momento que o fez girar o tronco e deixar os pés soarem convictos. Em pé, de frente para a moça enquanto cerrava os dentes, deixou as respostas para depois. Finalmente, Mark permitiu o coração falar:

— Ferva!

A pequena brasa na mão incendiou, espalhou pelo corpo e permaneceu acesa nos ferimentos. Baniu o sangue da existência, retirou cortes e hematomas. A pele deformada se retorceu. 

Em menos de um minuto, a sujeira era a única informação que o diferia do estado perfeito de saúde.

— Até que enfim. Foi mais rápido do que pensei — comentou Réviz.

Pode fazer de novo a determinação ferver. O corpo inteiro ardeu com as chamas, que iluminaram o local. Resoluto do que fez, também deixou as perguntas de lado. Respirou fundo e firmou uma guarda totalmente desengonçada e aberta.

A tentativa de repetir o que fez anteriormente foi uma surpresa para Luri, que via o braço direito estendido e o punho fechado ao lado da cintura. Réviz tensiona os ombros, reconheceu aquilo e estalou a língua.

Ainda tinha medo, ainda estava inseguro. Mas retomava a determinação com um pressentimento familiar, era como se já tivesse sentido suas entranhas se reestruturarem. Suas mãos ainda tremiam, então apertou os punhos, tentava manter o foco. Tentou não esquecer.

Luri endireitou os cabelos e montou novamente a chuquinha, numa espiada do fundo da visão, percebeu aquele convite para continuar a luta. Réviz assentiu novamente, e Luri deu de ombros, antes de começar a correr na direção do jovem.

Um calafrio. Agora, sabia o que fazer.

Desviou no último segundo, tomou a liberdade para contra-atacar com um soco no rostoa mulher, que estava no meio do ar devido ao chute, porém foi detido sem quaisquer problemas. Não era algo comum ver a briga de duas pessoas com a energia, Réviz aproximou-se mais do duelo, interessado pelo desenrolar. 

Não havia um grão de piedade, uma barragem de ataques veio. Se jogou para o lado, levou dois em sua barriga após ter se assustado com a expressão de Luri, que sorriu de forma amedrontadora.

Se afastou com um grande passo enquanto colocava as mãos sobre a barriga. Suas feridas do grande impacto anterior estavam curadas. Ficou aliviado e permitiu que os dedos agissem junto as coisas todas feito um.

Apertou os dentes, a ignição apareceu.

— Fe-ferva! — gritou.

Quando a chama surgiu, incinerou o sangue que subiu pela garganta, formou uma ligeira fumaça vermelha que trazia grande alivio em seguida. Perdeu qualquer tempo para sossego, Luri estava cara a cara, preparava outro ataque com o punho erguido e um sorriso meigo de violência. 

A ignição em Mark não desaparecia. Fez um grande salto na direção do centro do campo. Por pouco, saiu ileso, correu feito um boneco de pano, sem olhar para trás. Logo, foi perseguido, a única opção seria correr enquanto esperava as chamas de sua barriga cessarem — Luri o alcançava com extrema facilidade.

Apesar do show de demonstração antes do embate, Réviz ficou incomodado. Aquela pose ainda estava gravada na memória, embora a velocidade do vento causado por Luri arrastar a atenção para a perseguição. Os passos de Luri emitiam uma singela faísca sobre o chão — como se iniciasse algo e imediatamente parasse ao aproveitar o ligeiro início de um impulso da ignição.

Ao passar por obstáculos parecidos com os das olimpíadas, os dois saltaram em todos até pararem na frente de uma torre que desafiava as grandezas normais. Novamente, o pai adotivo fechou os olhos para evitar a poeira. Mark tentou escalar, mas foi surpreendido quando foi puxado pelo capuz e projetado ao chão. 

Sua barriga estava curada agora. Preso após ser lançado, o concreto foi destruído no momento em que Luri disparou dois socos. Mark abriu o zíper e saiu da blusa, a inércia da adrenalina o fez pensar rápido em abandonar a vestimenta favorita, fez ainda mais poeira cinza levantar e causou uma neblina momentânea. 

Não saiu exatamente ileso, tinha sua franja deformada pela velocidade dos golpes, partes do cabelo voavam em meio a neblina. Não tinha chance se ficasse na defensiva e menos ainda caso ousasse tentar a ofensiva, para ele, só havia um jeito de tornar isso possível. 

Tinha dificuldade em olhar em volta, atentou-se ao chão e viu mais do cabelo cortado devido às rajadas, e… Calafrio.  “‘Orgânico’ né?”

— Ferva! 

Depois que Luri ouviu a ignição rugir, virou-se instantaneamente para o clarão ciano que surgiu agitado. Numa investida certeira, encaminhou um soco na fonte da luz, que gerou um fluxo de ar que limpou a nuvem de poeira. 

Não havia nada ali, somente chamas pelo chão. Após olhar para o lado, arregalou ligeiramente os olhos ao notar o golpe iminente que era capaz de produzir som ao atravessar o ar. 

Estava tão perto que não podia desviar, mas apenas levar o ataque direto no rosto. Não sentiu nada, ela olhou para o rosto do jovem e sorriu, satisfeita.

Os dedos pararam, o braço foi interrompido, Mark acertou algo e… mais nada. Luri estava intacta, e a aura nem sequer apareceu. Silêncio em meio ao eco ausente do golpe. Se encaravam. Mark respirava ofegante enquanto Luri se ajeitava casualmente. 

A aura azul que se mostrou antes do embate havia retornado quando energia prosseguiu pelo corpo da mulher, que mostrou novamente o rachado anterior.

Economizava forças até para manter-se em pé, colocou as mãos sobre os joelhos. Foi incapaz de evitar o colapso mental: 

— Já era! — disse Mark ao abaixar a cabeça ao encolher o corpo no chão.

Lentamente, se estendeu ao crescer até atingir o ombro da moça, soava como pedras rangendo. Mark tremeu, ainda tinha sua mão presa à aura. "Mais resistente do que pensei". Se afastou em passo assustado.

Toda a poeira nebulosa foi dispersada em um estrondo que gritou por todo o campo. Mark, com uma expressão raivosa, havia mirado o soco no mesmo local onde Réviz havia acertado, no nariz de Luri.

— Aaah, para com isso. 

Levantou o corpo pelo reflexo da fala inesperada. Viu um sorriso meigo da mulher que literalmente quase o matou.

— Você quebrou ele! — continuou Luri, animada.

Confuso com a sequência dos fatos, deu dois passos à frente com a testa franzida e apontou para o rachado que Réviz tinha realizado antes.

— Ah? Isso? Precisa se preocupar não, cara... — Apontou para seu nariz. — Se eu der um passo ele quebra mesmo... Fica vendo aqui.

Luri, com um sorriso confiante, ergueu sua mão direita em direção ao seu outro ombro, um peteleco foi dado. O escudo começou a colapsar, rachou por todas as direções em seu corpo até sumir completamente.

Um estrondo enorme ecoou, os cabelos balançaram e o terno quase virou uma capa de super-herói. Mark sentiu o chão tremer e ficou horrorizado com o barulho de vidro que estourava intensamente.

Ao ver o jovem que tinha olhos arregalados e a regada quase rasgada, ela pegou a blusa dele e estendeu a mão para ajudá-lo a levantar.

— Parabéns, Mark.

Desconcertado com o que acabou de ver, Mark caiu de joelho e levantou um pouco de poeira. Respirou fundo tão fundo que fez a moça se sentir mal — não acreditava que havia conseguido.

De repente, a presença do homem que causou todo o alvoroço se manifestou ao seu lado, bastou ver a mão em seu ombro para reconhecer quem era.

— Por favor, não quero mo…

— Parabéns, Mark, conseguiu realizar seu primeiro objetivo nesse treinamento. O levarei novamente para o prédio do terceiro nível — disse Réviz, friamente.

Luri se aproximou do garoto e agachou para verificar novamente o rosto dele.

— Olha... Você precisa ser forte, e não podemos pegar leve com você. Tem que entender isso, porque, se você quer proteger seus irmãos, precisará aprender a se proteger. — A moça pegou as mãos dele e as estendeu. — Você conseguiu controlar suas chamas. "Ferva" tem um potencial gigante, como você mesmo entendeu bem, pode salvar muitas vidas — Apontar para o arranhado no rosto do garoto, que foi causado devido a rajada de socos.

Ele não havia entendido o destaque que ela queria mostrar, por reflexo, colocou seus dedos sobre o corte, mas os retirou quando no mesmo instante sentiu dor aguda em meio de uma careta.

— Ai!

O pai adotivo fitou a ferida aberta, deixou a energia fluir por todo o corpo, Luri agiu da mesma forma. Produziam, no fundo do campo de treinamento, duas luzes em marrom e azul-escuro que se agitavam como eletricidade.

Mark, no momento que observou os dois, absorveu a mensagem que queriam transmitir. Respirou fundo e sua energia se repetiu da mesma maneira dos dois ali presentes.

— Ferva.

Quando a ignição concentrou-se em seu ferimento, chamas profundas coexistiram, deixava ela invisível devido ao grande brilho ciano em seu rosto. Pode pela primeira vez admirar com calma sua energia — a mesma que causou essas coisas todas.

— Eu ainda não me acostumei com isso... 

A moça arregalou os olhos com o brilho cintilante e colocou os dedos sobre as chamas como uma criança encantada, retirou o toque antes mesmo de toca de fato ao achar que iriam a machucar, mas se surpreendeu quando nada viera sentir.

— Nossa! Parece que é de mentira... Pera.

Fitou as chamas com seu alarme falso feito um inseto hipnotizado. Suspendeu as mãos diretamente nelas por alguns segundos. Mark ficou espantado pela mudança no comportamento de Luri, remetia a uma criança de fato.

— Eita! Parece que tá ficando cada vez mais gelado... Esquisito — continuou, sacudindo as mãos sobre as chamas.

Enquanto analisava o comportamento da energia de Mark, sem qualquer aviso, elas cessaram, deixou a moça decepcionada com um cara emburrada

— Poxa. — Entrelaçou o dedo na chuquinha.

Mark tocou a ferina novamente, porém, dessa vez, a dor não se fez presente, agora estava totalmente curado do conflito que podia o matar. Observou comportamento inconsistente da moça agachada em sua frente, engoliu seco e disse lentamente:

— Luri, por que você estava daquele... j-jeito? 

— Que jeito? — Inclinou a cabeça.

— Parecia que você iria mesmo me deixar a ponto de morrer.

Luri, confusa com os questionamentos, abriu outro sorriso antes de dar tapinhas nas costas do jovem.

— Oxe! Hahahah, estava te treinando, cara! 

Mark tinha entendido muitas coisas desde o acidente no ônibus, que não enlouquecia e que tudo isso era real. Agora, até a definição de “treinamento” precisaria ser atualizada. Inclusive o agir, de certa forma, amarga de Réviz podia se justificar com esse treinamento, mas o comportamento dessa mulher era tão inconsistente que começava achar que quem era louco, na verdade, era ela.

— Tá, eu finjo que acredito e você finge que é verdade.

— Ué… — Soltou Luri, ainda mais confusa, enquanto coçava a cabeça.

Réviz se levantou e ajudou seu filho adotivo a se erguer. Marl deu alguns pulinhos enquanto se sacudia para a poeira sair de sua blusa. A sujeira na blusa o deixou aflito. “Cara, elas iam odiar isto”.

Começaram a caminhar ao lado para a saída do campo até chegar na porta que separava o local do corredor dos laboratórios. Luri viu eles distanciarem e gritou para os dois: 

— Boa noite! 

— Tá de brincadeira, né?

— Ela não está — respondeu Réviz.

— E você precisa deixar bem claro na próxima vez, só ficou um tiquinho mais difícil de eu morrer — Indicou o espaço quase nulo entre o indicador e polegar.

A moça observou os dois se afastarem até a porta, que começava a fechar, bloquear a visão, deu ligeiros passos e notou os cabelos de Mark voarem.

— Perspicaz da parte dele… — Abaixou o corpo. — Mas como ele aprende assim tão rápido? — Pegou um pouco do cabelo branco no chão.

Lembrou da cena em que ele tinha se distraído com chamas do “corpo” dele. Nessa hora, percebeu algo muito, muito sério.

— Se essa energia é parecida com minha, então só pode ativá-la em tecido orgânico... 

Depois de um olhar penetrante ao cabelo branco da franja em seus dedos, só havia outra coisa que surgia em sua mente 

— AH! Uma ideia! — Deu um pulo, super animada. — Hihihihihi — Esfregou as mãos para um plano maléfico —, que dizer que posso fazer roupas que se "curam"! AHHHH, isso vai ser bom pra cacete, mal posso esperar pra sugerir para os cientistas. 

Começou a caminhar também ao mesmo portão, mas parou quando outro questionamento veio:

— Pera… — Pôs a mão sobre o queixo. —  Onde vamos achar tanto cabelo? AH! Só raspar a cabeça dele e usar o tal do "Ferva" de novo e de novo! HEHEHEHE — disparou uma risada maligna. 

Quando o pai e filho se aproximaram do prédio em que Nirda e Will dormiam, Réviz parou em frente após segurar a porta que quasse fechou na sua cara:

— Vá se limpar e descansar... Amanhã, temos assuntos para resolver.

— E o senhor? Fará o quê? 

— Resolver assuntos.

Mark ficou ligeiramente ofendido pela completa falta de emoção e clareza nas respostas secas do seu pai. Engoliu a irritação e foi logo para cama.

— Tão tá.

— Lembre-se, Mark, não tem lugar mais seguro que aqui nesta instalação.

“Ele tá escondendo alguma coisa”. Quando a porta fechou, percebeu que seus irmãos dormiam feito pedra da mesma maneira que saiu há cerca de meia hora — olhou no relógio de Will, mas não acreditou que já havia passado todo esse tempo.

Se aprontou com as roupas, entrou no banheiro e tomou um banho calmo, tentava esquecer tudo isto, mesmo que por segundos. Respirou muito fundo enquanto esfregava os olhos.

— Um pouco de… 

"PAZ". A voz gutural ainda não foi notada por ele.



Comentários