Pôr do Sol Brasileira

Autor(a): Galimeu


Cidade Flutuante – O Segundo Setor

Capítulo 20: Rope Dart

O ruído de estalos percorria o comodo escuro. Perante as viradas inquietas de Will na cama e a respiração fina de Nirda, Mark amassava dedos e mãos a ponto dos barulhos soarem uma melodia. Quando o último dedo teve seu som extraído, repousou as mãos sobre a testa.

Virou o rosto para observar os seus irmãos, piscava devagar e tentava assimilar o que tinha ocorrido. As cenas de Luri que o perseguiu, a neve que invadiu, o fantasma que pode notar; detalhes importantes que mereciam atenção.

— Eu… não posso contar? — sussurrou.

Quando encontrou Réviz anteriormente, pensou que teria mais explicações, mas foi surpreendido em um "treino" que quase o matou se não fosse pela energia. A forma de agir direta e rígida deixou pontas soltas que o fez suspirar, insatisfeito. “Existe mais nisso, preciso descobrir quanto antes”.

Se virou para o teto e, mais uma vez, ergueu suas mãos a ele. Seus dedos tremeram por um instante, e uma singela corrente ciano passou de seus olhos para a ponta de seus dedos. A naturalidade em ver a energia mostrar a forma física era clara. Contemplou as correntes percorrerem por cima da pele, que apagaram como uma lampada.

Ligeiros clarões, similares a de uma câmera ativa, iluminaram o quarto e fez Will virar ao lado oposto, guiado pelo sono sem jeito.

— Consigo controlar isso agora, será que é algo bom? — Girava as mãos, notava a eletricidade envolvê-las por completo. — Ou… algo ruim? — O brilho abruptamente cessou.

Preso num paradigma sempre ao deitar a cabeça sobre um travesseiro, sentia a necessidade de questionar tudo e a todos — apesar da ansiedade, era algo muito importante para ele, porque provaria que não está louco. 

Provar que a fantasia existe, é basear-se na ciência. Provar que a ciência existe, é basear-se na fantasia. Fundamentos curiosos que inauguraram fatos importantes no universo. Na mão estendida, provou que a fantasia e ciência são um.

“Não me esquecer…” Ao deixar a gravidade puxar os braços, os pés desconhecidos do ontem pairaram na mente. A voz que o pediu para lembrar trouxe estranheza nas sobrancelhas. Foi capaz de reimaginar a cena com detalhes. As coisas todas eram aquilo, eis a soma infinita de fatos com nenhum fundamento e muito repentinos.

Invés de levar-se ao medo e aflição, Mark engoliu seco. Aceitou com o peito cheio de ar e apertou os punhos.

— Não irei esquecer de que essas coisas todas são reais.

Um bocejo o encurralou no escuro. Surpreendido pelo peso sobre as pálpebras, a visão perdia fidelidade enquanto os dedos relaxavam. Acabou por adormecer de barriga para cima com uma expressão confusa gravada.

Ao despertar no dia seguinte, foi bombardeado por sequência de toques imparáveis e poderosamente delicados sobre sua bochecha. Ao virar o rosto na direção, incomodado, percebeu Nirda, que sorria por tentar acordá-lo.

— Vamos! Acorda, bela adormecida! — Cutucou mais rápido.

— Tá, tá… — Um dos dedinhos foi direto no olho. — Ai! Já-já acordei! — Ergueu o corpo.

Não tinha um bom humor naquela manhã. Seu irmão estava também desperto, arrumava o cabelo em frente a um espelho, mas, logo ao seu lado, Luri o ajudava:

— Hmm, acho que fica melhor assim. — Luri amontoou os cabelos brancos num moicano alto. 

— O que tá havendo? Parece que sou eu o atrasado aqui! — comentou Mark, em voz alta.

A moça se virou para ele e fez um olhar confiante, como se esperasse algo dele, somente pode ver os ombros tensos que imaginavam o pior das possibilidades. Avançou num passo e levantou o dedo após girar o quadril.

— A gente teve a permissão de concluir o tour de ontem! — Colocou seu imenso joinha no rosto do jovem.

Will sorria com a animação das duas, Nirda deu um pulinho com outro sorriso de orelha a orelha. Isso tudo não solucionava a dúvida que surgiu. O rosto pertubador de Luri ainda ousava transcrever o que via, feito alucinações de um trauma. 

— Mas nós… 

— Vamos dar uma olhada nos laboratórios! Agradeçam o Réviz depois, viu? — continuou Luri enquanto olhava a todos e balançava as chuquinhas.

O questionamento que surgiu em sua mente havia, indiretamente, sido respondido daquela maneira. Mark sentiu o desvio certeiro na postura da moça. Apesar de ser apenas um tour inocente para os outros irmãos, era um incentivo para o resto do treinamento. Que tipo de atividade planejavam?

O sentimento de ter se tornado apenas numa vítima do destino era constante. Agora, conseguia controlar a energia. Isso… lhe deu um pouco de medo. A falta de coragem não estava na obra fantasiosa, estava no mistério de que, simplesmente, não havia o que ser esperado. Qualquer evento podia ser real, qualquer um.

Não era o ideal falar nada sobre tudo que aconteceu nas últimas semanas, Luri não era apenas uma guia, mas uma espécie de guarda-costas enquanto Réviz estava ocupado para manter ao máximo as aparências. O rosto serio e seco da despedida na noite passada era marcado pela ausência forçada. Réviz estava ocupado e protegia as informações para si. Desta forma, o plano foi estabelecido: “ela tem que contar tudo”. 

Após todos terem se arrumado, foram novamente em direção ao corredor, que dava calafrios pelo movimento normal dos funcionários. Espantos e temores estavam longe agora, independente do motivo que os trouxeram antes. Ver Luri com uma expressão tão alegre e estranhamente diferente da madrugada fez Mark varrer o lugar com os olhos.

Devia ter algo que não percebeu. Se não querem contar, possa ser pelo motivo de ter sido obvio. Algo dizia para se alertar, pelo menos, era como algo que gritasse na mente feito um alarme sem final. O movimento concentrado dilatou e liberou a visão mais livre do caminho. 

Um momento. Mark ficou pálido ao ver o portão reforçado, lá foi o treinamento e era destino do agora. Enfim, não conteve a inquietude. 

Quanto mais chegavam perto, mais nervoso ficava. A emoção da perseguição foi algo que o mesmo não queria de novo. Lembrava da escala que a mulher à sua frente elevou o conflito. Danos nas estruturas, agilidade e força que nenhum humano comum precisava alcançar. E, também, era destino do agora. Um agora que conduzia os irmãos também.

— Por favor, me diga que vai transformá-los em alvos. — sussurrou, incrédulo.

A moça não virou o rosto e nem disse uma palavra, mas levantou ligeiramente os ombros, mostrava a pose esbelta e apenas cumprimentou um cientista. Naquele tour suspeito, Mark, de fato, se tornou a vítima do mistério que tinha medo.

Luri abriu o portão, invés de gestos estranhos, os dedos dançaram no ar até atingirem um painel de reconhecimento biométrico, que leu a mão direita, trouxe olhadelas dos soldados e cientistas para o que tinha do outro lado. Uma drástica luz preencheu os olhos de todos por perto, fizeram-nos bloquearem o clarão com os braços — a mulher apenas estendeu seu sorriso enquanto finalmente retomou a Mark e respondeu:

— Vejam! Aqui ficam nossas belezinhas.

A luz terminou e deixou a visão de todos ajustarem ao interior do grande salão, que era completamente diferente de quando Mark lutou. Não tinha obstáculos e muito menos buracos que marcavam todos os impactos. Atingido pela surpresa, deixou o queixo cair ao admirar um lugar totalmente diferente do que presumiu ser o outro lado, “o que diabos é…”

— Não toquem em nada por enquanto, tá bom? — continuou Luri ao virar-se para trás.

— Eita preula! — exclamou Will num pulo de admiração.

Os ex-órfãos notaram imagens que nem sequer imaginavam: armas de todos os portes, aeronaves e um enorme símbolo ao centro que também estava estampado em todos os lugares do lado de fora. Estavam perplexos com todo o salão, caminhavam lentamente ao lado de Luri durante giros imparáveis de pescoços que tentavam captar cada informação.. 

Ao lado da porta, cientistas e outros funcionários tinham a atenção roubada pela visita desajeitada. Uma moça iniciou o comentário com o grupo quando ajeitou os óculos:

— O que eles estão fazendo aqui? 

— Talvez Réviz descobriu o paradeiro da esposa dele.

— Fala baixo, nega.

Luri parou ao lado da grande escultura ao centro de todo o salão, havia o símbolo que transmitia segurança, o mesmo simbolo usado pelo segundo setor. Escorada de forma indelicada, aguardou os convidados terminarem de contemplar tudo.

— Vou ser sincera com vocês, não deviam estar aqui de jeito nenhum — cruzou os braços. — Se não fosse pelo pai de vocês, a gente tava jogando videogame agora — completou ao apontar para logo atrás dos três.

— Obrigado, papai! — agradeceu Nirda no momento que atacou com um abraço.

Luri deixou claro a preocupação dos arredores, e Nirda foi mais rápida para perceber quem se aproximava. Réviz se espantou por um leve instante com a reação dela, respondeu com um cafuné ligeiro antes de, rapidamente, colocá-la para longe ao agarrar pela testa.

— Quero mostrar a vocês algumas coisas… Sigam-me.

Apesar de ter como objetivo, Réviz faltava no arsenal a confiança total de Mark, quem agora fazia parte do seu esquadrão do terceiro nível, embora Nirda depositasse um afeto abismal desde o primeiro encontro. Ver o carinho da pequena fez Mark cerrar os dentes, a estranheza no comportamento da irmã multiplicava ao fato do mistério ser constante. Dependendo do que Luri e Réviz pretendem fazer, tornaria os sentimentos de Nirda como um custo que não valeria arcar. 

Antes de dar um pesado passo para segui-lo, perceberam que o lugar onde estavam era literalmente um arsenal de tecnologias experimentais, não existia somente armas, também existiram instrumentos que estavam sendo testados ainda; escudos, lanças, manoplas, espadas e até óculos comuns ao olhar leigo.

Uma enorme parede se deslocou, levitou no ar e desprendeu dos apoios que o guardavam em pé, parou na frente de Réviz enquanto alongava os braços, feito um movimento encenado. 

— É aqui que deixamos nossas armas… — Apontou.

Os dois irmãos tinham suas animações estampadas em cada centímetro dos corpos, uma ligeira parte do armazém foi deslocado movido do outro lado e parou atrás de Réviz, que mostrou a variedade dos tipos. O outro permanecia sério, mostrou força contrária a inércia da exposição de última hora apenas por encarar o pai. Réviz esboçou um pequeno sorriso enquanto prosseguiu:

— Foi difícil ter permissão dos meus amigos do alto escalão, mas deixaram usar um pouco deste espaço para mostrá-los o básico para se defenderem. Me disseram que você já atirou antes, não é? — Dobrou os joelhos ao chamar atenção de Nirda.

A menininha inclinou a cabela e logo raciocinou o ponto da chamada, levantou os bracinhos e limpou os ombros numa pose confiante.

— S-SIM! Eu tenho uma espingarda, hihihi.

— Pera! Sério?! 

Luri escorregou após desencostar, retomou o equilíbrio roubado pela afirmação quando Will interrompeu a queda sem querer.

— Ai que tá! É de mentira! Ela ainda acha que realmente pode atirar balas mesmo — sussurrou.

— Ah! Bom, é legal saber que pode aprender rápido, correto?. 

Podia ficar mais espantada se soubesse que a espingarda veio como recompensa da escola. Rapidamente, Luri avançou na direção de Nirda para disparar:

— Nossa! Me conta mais sobre isso. — Apoiou a mão na cabeça de Nirda para um cafuné que guiava ao novo rumo.

A levou para próximo do stand de tiro, e Will, por reflexo, a acompanhou. Luri o puxou a menina para acompanhá-la, deixou os outros dois separados em um clima que Mark nunca gostou. Para o garoto de cabelo hipérbole, já estava claro.

— Esse foi o sinal para ela distrair eles? Me diga de uma vez o que planeja hoje — disse, aflito. 

— Não se difere do que Luri está fazendo...

— Então vai realmente ensinar eles a atirar? Seguindo a lógica doidona de vocês, fazendo absurdos do nada, eu não deveria tam…

Um painel surgiu na frente de Réviz, acabou por chamar toda a atenção de Mark. Existia um botão de "sim" e "não" sob uma pergunta: “iniciar teste?". O pai rapidamente clicou em "sim"; de maneira esperada, Mark não era entendido de forma completa, Réviz apenas seguia o rumo planejado que não tinha o fator de explicação planejado.

A parede ao lado dos dois começou a mexer como se embaralhasse as armas de cima para baixo até algumas pararem e se acumulasse logo ao lado do jovem.

— Antes de mais nada, direi que provavelmente esta será uma das maiores decisões de sua vida — comentou, friamente.

Armas completamente distintivas se reuniram na grande parede próximo a ele.

— V-você quer que escolha uma? Uma arma?! — indagou, surpreso, após dar um passo pequeno para trás.

— Presumo que dirá algo como: "não sei usar" ou "por que usar?". Porém, a pergunta que quero que faça é: “Qual?” — comentou, impaciente.

Com uma expressão estranha, encarou as armas que via ao seu lado: manoplas, espada longa, arco, adagas e uma espécie de arpéu, um cajado, metralhadoras, um escudo, um machado, uma adaga e até um estilingue estranho. Armas muito esquisitas para o lugar como aquele, mas sabia que, se quisesse prosseguir com tudo…

“Preciso entrar no jogo dele”. Olhava cada detalhe dos instrumentos, cores, tamanho, imaginou até o propósito delas; ficava curioso enquanto as fitava. No momento que certificou novamente a lista observável, o cenho franziu, os olhos dilataram e arregalaram. Um calafrio. Separado mais ao fundo, distante da seleção, Mark apontou para o vidro com dentes tremendo.

— E-esse... aqui — disse Mark, com a voz trêmula.

Com a expressão de espanto repentino em seu rosto, mostrou algo ainda fora do normal, era como se ele estivesse com medo, mas, ao mesmo tempo, interessado naquilo. Foi como se tivesse… usado antes.

Notou as mãos suarem, os dedos balançavam por vontade própria. “Estou sentindo aquilo de novo”. Desesperado pelo anseio que enraizou o cérebro sem aviso, deu voltas ao redor em ambos os sentidos. “O fantasma não tá aqui”.

Sinos tocaram em seus ouvidos, seduziu seu olhar para o arpéu enquanto os dentes batiam entre si.

INIMIGO.                AMIGO.

Duas vozes atuaram em conjunto. Mas não as ouvia.

Réviz apertou o olhar, se atentando ao ato, e deu um passo à frente com toda força. Segurou o ombro do filho, que se assustou pelo contato físico, na visão dele, Mark estava longe de ser descrito como alguém “sano”.

— Pegarei…

Mark havia enfiado a mão pelo vidro, majestosamente, sem quebrar, retirando o arpéu que olhava, fissurado — atravessou como se fosse uma simples bolha. O homem ficou surpreso. Não foi diferente para os funcionários observadores de mais cedo, que tinham bocas despencadas no chão.

Observa-o examinar cada centímetro daquele instrumento com olhos arregalados, em tom de desespero. Interesse, medo, alegria, cuidado, receio, aflição, conflito, dor, depressão, objetivos, ordens e… morte. Mark sentiu uma coisa diferente para cada informação que seu tato, olfato e visão entregavam. Resfolegou, suspirou, saltitou, tremeu ou alegrou.

O que o jovem sentiu foi, simplesmente, uma nostalgia sem qualquer explicação. A voz gutural gritava, por atenção desde então.

— Mark? 

O refrão de puro metal cessou.

— Acho que já vi isso em algum lugar. É diferente daquela vez. Está mais... encorpado. E-eu n-não sei, essa coisa é familiar pra mim. — Passou a mão por cada milímetro.

Sem entender o que de fato ele queria dizer, o levou rapidamente para um dos laboratórios que havia por lá, mas, antes que entrassem, Mark resistiu com o braço firme para trás enquanto olhava com receio para seu pai.

— Acho que já vi este rope dart. 

 

 

Surpreso pelas palavras, o soltou. Réviz sorriu ligeiramente pelo escalar de informações que recebia. Havia algo em Mark que capturava a curiosidade e o guiava a rumos incríveis de satisfação.

— Preciso que dê uma olhada em minhas memórias. Só que, sabe, né… Primeiro… e-eu acho que vou precisar de mais espaço. Quero testar algo, sinto que devia aprender a usar isto. Como a gente volta para o campo de treino? 

Sua insegurança se traduziu em uma curiosidade sem jeito. Réviz havia perdido a postura por alguns segundos. Ao ouvir o pedido de seu filho adotivo, o guiou novamente para o portão e entraram novamente no longo corredor.

Voltou-se para Mark com o portão nas suas costas e disse:

— Provavelmente percebeu que é diferente de mais cedo. Existe um motivo para esse portão ser tão revestido desta maneira. — Deu um soco no portão, ainda de costas. — Isto é a entrada de dois lugares presentes no mesmo espaço.

Virou para o objeto e digitou uma senha no painel, numa velocidade incrível.

— Acredito que, nesse ponto, você acredite em quaisquer coisas, não é mesmo?

As pessoas ao redor ouviam e viam tudo, mas ignoravam casualmente como se fosse apenas suas rotinas.

— Depende — respondeu Mark.

O pai adotivo terminou o código e fez um gesto com a mão curvada ao portão, mas o clarão não veio. Existia o campo de treinamento na frente dos dois. Entravam devagar nele. Ainda estava de noite e frio. Estendeu ligeiramente as duas mãos para Mark e ergueu o queixo para palestrar:

— O arsenal não existe aqui, porque não está aqui. — Mark se atentou para todo o dano que Luri causou. — Digamos que o meu corpo seja o portão e cada mão que liga ao mesmo corpo for um lugar diferente.

Reparou a distração do jovem. Num piscar de olhos, apareceu em sua frente, colodiou um passo a direita e tampo a visão dos danos.

— Este é o verdadeiro mundo físico na qual este campo exerce sua existência, estando ligado ao meu corpo — explicou enquanto balançava levemente sua mão esquerda. — Ao mesmo tempo que o arsenal existe em outra dimensão, o portão também o conecta a este lugar — continuou balançando a sua mão direita. — Controlamos a qual mão o portão nos levará, estendendo nosso mundo físico ao que chamamos de dimensão… 

Mark, entretido somente no objetivo que citou recentemente, inclinou a coluna para a direita para retomar a vista da torre que não pode escalar.

— Cristalina — completou Mark, com o rosto abaixado.

— Aprendeu — Apertou o olhar — muito rápido — comentou, incomodado.

O agir resoluto trouxe a atenção de Réviz com eficiência. Mark não prestou atenção nas palavras, examinava o caminho que correu de Luri e apenas deixou escapar uma palavra.

O jovem percebeu que todo cenário da batalha continuava o mesmo, porém, agora, a luz da lua invadia o centro, que acabou por iluminar todo o local com uma intensidade muito maior do que na luta.

— Bem, parece que já tem tudo em ordem.

Um cientista de cabelos longos e óculos retangulares estava sentado, aguardava, logo atrás do portão. Aproximou com as mãos unidas e entrelaçadas, antes de organizar os óculos a partir do meio.

— Senhor Réviz! E o senhor… hmm — Olhou de cima para baixo. —   Mark, certo? 

O jovem de cabelo hipérbole teve o encanto quebrado. O cientista apareceu e saltou praticamente até bem próximo do rosto.

— Acalme-se. Não estou aqui para machucar ninguém, hahaha, mesmo se eu pudesse — O cientista mostrou as duas palmas livres.

— Já nos esperava.

O cientista parou onde estava e encarou o agente do terceiro nível nos olhos enquanto continuou:

— O chefe pediu para examinar o campo, apenas imaginei que os dois fossem parar aqui uma hora ou outra, sabe? Afinal, percebi que ele escolheu o projeto do rope dart — pontuou após ver o item nas mãos de Mark. Devo também imaginar que seja o novo terceiro nível? — O cientista se aproximou dele e tomou o instrumento com toques brutos e agressivos.

O jovem o olhou para seu pai adotivo, esperava alguma confirmação antes de responder —  tinha medo de dizer o que não devia. Também não confiaria no que se disse, somente traria para encerrar logo o encontro sucinto.

— S-sim. Acho que… 

— Ótimo! Mas ele não é um simples rope dart então, é um projeto de arma de "movimento constante" que desenvolvemos. Então tentamos abordar de forma mais arriscada, então precisamos operar secretamente dos outros, então temos somente Réviz, o chefe desta instalação, e alguns cientistas como eu que trabalharam nisso — explicava como num discurso enquanto cultuava o equipamento — Então, o propósito é trazer uma das primeiras armas que pudessem ser usadas pela energia da criação, de forma que servisse tanto como transporte, assim como... ataque — completou antes de jogar o equipamento na direção de Mark.

Ele agarrou o equipamento e viu que, agora, estava armado como se fosse um bracelete.

— Vamos! Coloque! — gritou o cientista, animado.

 



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