Prodigy Brasileira

Autor(a): Matheus Marroni


Volume 2

Capítulo 4 - Apenas destroços!

Lana, Robin e Jay-Jay estavam distantes de Inorram, já quase no local informado da missão. O sol brilhava intensamente sobre o vilarejo de Guarapon, onde decidiram almoçar em um dos restaurantes locais. O aroma de pratos caseiros e especiarias flutuava no ar, misturando-se com o som alegre das conversas e risadas dos moradores. Robin, com a expressão concentrada, tentava conseguir mais informações sobre o que havia mais ao sul, na vila de Fuzaito. No entanto, os habitantes pareciam relutantes em falar sobre o lugar, sussurrando sobre uma terra sem vida, onde mortos-vivos vagavam à noite, uma terra amaldiçoada, repleta de espíritos malignos, magia negra e bruxaria.

— Vocês acreditam nisso? — Perguntou Jay-Jay, não conseguindo esconder a curiosidade e um toque de medo.

— Claro que não, mortos-vivos? — Respondeu Lana, balançando a cabeça com desdém, mas uma sombra de dúvida cruzou seu rosto.

— Se bem que, com o que estamos descobrindo, eu não duvido de nada — respondeu Robin, olhando para o horizonte, onde nuvens escuras começavam a se formar.

— Será que existe fantasma? E será que eles podem ser bons? — Perguntou Jay-Jay, entusiasmado, sua imaginação estava correndo solta.

— Não sei, mas se existir, por que eles teriam que ser maus!? — Respondeu Robin, tentando manter a lógica em meio ao crescente mistério.

— Bem, garotos, só há um jeito de saber o que é ou não, vamos! — disse Lana, levantando-se.

Após pagarem a conta, os três se dirigiram à saída sul do vilarejo. Placas de sinalização indicavam as rotas e lugares, mas a que apontava para o sul tinha apenas uma caveira desenhada, um aviso sombrio que fez o coração de Jay-Jay acelerar. Assim que saíram do vilarejo, a ambientação mudou drasticamente. As árvores, antes verdes e vibrantes, agora estavam mortas e sem cor, como se a vida tivesse sido drenada delas. O céu estava nublado, uma manta cinza que parecia pesar sobre eles, e a estrada irregular e estreita se tornava cada vez mais inóspita.

Enquanto avançavam, passaram por uma mulher e sua filha. A menininha, com olhos grandes e assustados, olhou para eles e disse:

— Não vão para lá, lá tem monstros.

— Não se preocupe, estamos indo lá deter esses monstros — respondeu Lana, tentando transmitir confiança.

— Não sei quem são, mas eu não recomendaria avançarem. Daqui para frente, ninguém retorna — disse a mãe, virando-se rapidamente e indo embora, seu olhar cheio de temor.

Lana ficou um pouco espantada com o que disseram, enquanto Jay-Jay tentava se conter, suas pernas tremendo e batendo nervosamente em seu cavalo.

— Se for algo muito ruim, voltamos com reforços, não se preocupem, vamos só dar uma olhada — disse Lana, tentando acalmar o grupo.

— Vamos! — Concordou Lana, virando-se para Jay-Jay — você está bem, Jay?

— Sim, podem ir na frente — respondeu ele, forçando um sorriso.

— Que cavalheirismo, hehe — brincou Lana, tentando aliviar a tensão.

Avançaram pela estrada por mais algumas horas, até encontrarem uma mulher com uma capa cobrindo seu corpo, que parecia pesar sobre seus ombros.

— Vocês são de Inorram? — perguntou ela, sua voz trêmula.

— Sim, como sabe? — respondeu Lana.

— Graças, meu nome é Alexandra. Fui eu quem enviei o pedido de ajuda. Não sabia se realmente vinham. Eu me mudei recentemente para Guarapon, com meus dois filhos. Um dia, um deles disse que ia brincar e saiu, e eu nunca mais vi ele. Procurei todo esse tempo, e a única pista que tive foi um sapato dele que estava jogado bem aqui. Eu não consigo imaginar como andaria tanto sozinho. Então ouvi boatos de que haviam monstros de Fuzaito que sequestravam pessoas nas redondezas. Já estou parada aqui por horas, tentando criar coragem para avançar, mas eu não sei nada, nem me defender. Como conseguiria recuperar meu filho e abandonar o outro sozinho se acontecesse algo?

— Calma, respira. Nós viemos ajudar. Deixa que averiguamos daqui para frente. Poderia nos dar mais informações de como seu filho é? — disse Robin, tentando acalmá-la.

— Ele sempre está com uma roupa vermelha e azul, seu cabelo está raspado, tem apenas 8 anos, seu nome é Joqua.

— Não se preocupe, vamos achá-lo, esteja aqui ou em outro lugar. Pode voltar a Guarapon e fique em segurança com seu outro filho — disse Lana, com firmeza.

— Muito obrigado mesmo, eu já não sabia o que fazer, mas por favor, tenham cuidado, essa terra é amaldiçoada.

— Não agradeça ainda — respondeu Robin, enquanto a mulher pegava o caminho de volta.

Assim que avançaram mais, Lana lembrou que não perguntaram qual era a casa dela e se virou, mas a mulher já não estava mais ali, nem no horizonte.

Chegando em Fuzaito, o cenário era desolador, era uma vila que parecia ter sido esquecida pelo tempo e pela esperança. Ao se aproximar, os viajantes eram recebidos por um silêncio opressivo, quebrado apenas pelo sussurro do vento que passava entre as casas em ruínas. As estruturas, estavam em estado de decomposição, com paredes desmoronadas e telhados desfeitos, como se a própria terra estivesse lamentando a perda de sua vitalidade.

As ruas, estavam cobertas de detritos e ervas daninhas que cresciam descontroladamente, como se quisessem reivindicar o espaço que um dia pertenceu aos habitantes. O chão, irregular e cheio de buracos, parecia um labirinto de desolação, onde cada passo ecoava como um lamento. O céu, permanentemente nublado, lançava uma sombra sombria sobre a vila, e a luz do sol raramente conseguia penetrar as nuvens espessas, criando uma atmosfera de melancolia.

Um balanço quebrado balançava suavemente com a brisa. O ar estava impregnado com o cheiro de mofo e decomposição, misturado com um leve toque de fumaça, como se as chamas de um incêndio recente ainda estivessem queimando.

À medida que os visitantes exploravam a vila, podiam sentir uma presença estranha, como se os espíritos dos que haviam sofrido ali ainda vagassem pelas ruas, observando com olhos tristes e vazios. O silêncio era quase palpável, e a sensação de serem observados tornava-se cada vez mais intensa, como se a própria vila estivesse viva, guardando segredos sombrios e histórias de dor.

Jay-Jay sentia leves mudanças no ar, como se estivessem sendo cercados, mas olhava em volta e não via nada.

— Cara, não tem nada aqui... muito estranho... — disse Lana.

— Pois é, nem mesmo monstros. Já olhamos tudo e nada. Talvez devêssemos voltar e trazer pessoas conosco. Poderiam reerguer essa vila — respondeu Robin, olhando ao redor.

— E não acharam estranho? A mulher sumiu em segundos — disse Lana, com um olhar preocupado.

— Bom, falta olharmos mais essa e vamos voltar por hoje. Amanhã voltamos mais cedo e procuramos mais adiante. Ir agora acabaria que voltaríamos muito tarde...

— Gente, estou sentindo que não estamos sozinhos — disse Jay-Jay, a voz tremia.

— Como assim, Jay? — perguntou Lana, franzindo a testa.

— Eu sinto que tem algo se mexendo em volta de nós, a uma certa distância, mas estão nos rodeando, e são numerosos...

— Hmm, tem certeza disso? — Robin questionou, olhando ao redor.

— Olha, eu sinto algumas mudanças no ar, como movimentos.

— Já chega disso então — disse Lana, abrindo os braços e soltando rajadas de fogo em todas as direções. Porém, não viu nada e nenhuma movimentação — no meu alcance não tem nada.

— Olhe para trás, Lana — disse Jay-Jay, apontando.

Havia uma espécie de esqueleto, com algumas roupas que estavam pegando fogo, e de repente, mais começaram a aparecer. Pareciam cadáveres em decomposição, com pele pálida e descolorida, olhos vazios, uma aparência assustadora e macabra. Alguns tinham partes do corpo faltando, como membros ou ossos expostos. Além disso, eles possuíam uma postura desajeitada e movimentos lentos e trôpegos.

— Mas que p*r#@... — disse Lana, o horror estampado em seu rosto.

— Não é que mortos-vivos existem, Jay — disse Robin, a adrenalina começou a correr em suas veias.

Os três entraram em formação, um ficou de costas para o outro, cercados por dezenas de mortos-vivos.

— Só resta uma coisa a se fazer: quebrar geral — disse Lana.

Então, os três começaram a lançar rajadas nos mortos-vivos que avançavam até eles. Lana e Robin lançavam chamas, enquanto Jay-Jay usava rajadas de vento. Incineravam os inimigos, derrubando-os e jogando-os longe, mas eram muitos. No começo, estavam tranquilos, mas foram se cansando com o uso dos poderes.

— Nosso vigor está indo rápido, não conseguiremos ficar lançando tanto poder assim. Vamos adotar uma medida mais física — disse Lana, com a respiração pesada.

Então, ela e Robin começaram a golpear os mortos-vivos, destruindo-os. Após algum tempo de combate, perceberam que não eram centenas de cadáveres, mas as dezenas que destruíam se reerguiam novamente. Já estavam muito exaustos, e os cadáveres não paravam de levantar.

— Eles não morrem nunca! Se reerguem o tempo todo, estou no limite — disse Lana, frustrada.

— Não vai adiantar ficarmos aqui, não venceremos. Sempre que destruímos, eles voltam — completou Robin.

— Já cansei! Essa vai ser minha cartada final. Se abaixem e se protejam!

“Vamos lá, Kieja, mais um pouco!” disse Lana para o Summon.

— EXPLOSÃO SOLAR! — Gritou ela, concentrando uma quantidade absurda de fogo em volta de si e liberando-a de uma vez, pulverizando todos os mortos-vivos, transformando-os em pó. O calor era imenso, e logo começou a chover, enquanto Robin protegia Jay-Jay com seus poderes, evitando as chamas. Jay-Jay também liberou rajadas de ar, para não serem queimados, visto que Robin estava tendo dificuldades de segurar tantas chamas.

— Quero ver se levantarem como pó agora — disse Lana, caindo ao chão, exausta após usar todo seu vigor de uma vez.

— É, você não cansa de me surpreender — disse Robin, ajudando-a a ficar em pé.

— Tá, mas o que justifica isso? É uma maldição? — Questionou Jay-Jay.

— Não garoto, isso é poder! — disse um homem saindo da única casa que não haviam olhado. Ele usava roupas pretas, um casaco enorme com detalhes vermelhos, e um chapéu todo preto. Seus cabelos brancos chegavam até os ombros.

— Quem é você? — perguntou Robin.

— Meu nome é Arkanus, Arkanus Mortimus.

— Você que anda raptando as pessoas das vilas próximas?

— E se for? — respondeu Arkanus, com um sorriso desdenhoso.

— Se for, você vai pagar! Principalmente se pegou um garoto de azul e vermelho — disse Lana.

— Isso foi só algo bobo inventado para atrair vocês até aqui.

— O que? Então aquela mulher... estava muito estranho o sumiço dela — pensou alto Lana.

— Agora vamos brincar. Preciso distrair vocês por um tempo, e se me aborrecerem, irei eliminá-los.

— Que azar o seu, justo contra minha irmã e Robin? — disse Jay-Jay.

— Pelo visto sua irmã não consegue nem se manter em pé. Você não parece uma ameaça. O único que pode exigir um mínimo esforço é você aí — disse ele, apontando para Robin.

Robin colocou Lana calmamente sentada  no chão e se virou para Jay-Jay, pedindo que cuidasse dela.

— Se precisava apenas nos atrair, é porque algo deve estar acontecendo no reino. Vamos, isso vai acabar logo — disse Robin.

Arkanus invocou uma foice afiada e comprida. Os punhos de Robin se incendiaram, e ambos começaram a se golpear. Arkanus tentou fazer um corte horizontal, mas Robin se ajoelhou para desviar e acertou um soco flamejante em seu abdômen. O ceifeiro então girou a foice e puxou, tentando um corte nas costas de Robin, que imediatamente se jogou para o lado e pulou, tentando um chute. Arkanus se defendeu com a foice, mas Robin girou o pé que estava na foice e acertou com o outro a mão de Arkanus, fazendo-o soltar a foice. Começaram a trocar socos, Robin acertou uma combinação de três socos flamejantes em Arkanus, que no último, o segurou pelo braço.

— Belos movimentos. Acho que vou ter que levar a sério — disse Arkanus, devolvendo mais cinco golpes: dois nos joelhos, dois nos bíceps e o último na cara de Robin, arremessando-o longe.

Jay-Jay reparou que onde foi acertado, eram pontos de pressão, e Robin provavelmente estava sentindo muita dor. Mesmo assim, ele se levantou e continuou golpeando Arkanus, recebendo golpes em troca. Arkanus era visivelmente mais forte que Robin; os acertos dele provocavam bastante lesões, mas Robin compensava com seus golpes flamejantes. Até que Arkanus foi acertado por um gancho de Robin e jogado longe. Ele fez movimentos com as mãos e invocou mais três cadáveres que estavam dentro de onde saiu, pegou sua foice no chão e partiu para cima de Robin, atacando junto com os cadáveres. Robin ia conseguindo se defender e acertar os quatro, apesar de já estar visivelmente cansado e dolorido, não recuou nem por um minuto. Deitou os quatro com um chute giratório de alta velocidade.

— Quem é você, guerreiro? — perguntou Arkanus, admirado.

— Meu nome é Robin.

— Você luta muito bem. Jamais pensaria que teria que me dedicar a um combate com alguém limitado. Eu reconheço sua habilidade, mas agora eu vou te mostrar o verdadeiro poder!

Arkanus lançou sua foice girando em direção a Robin, que se desviou e foi atacar os cadáveres e Arkanus. Mas ao tentar um combo de socos, foi segurado pelo pescoço, e a foice estava voltando em direção a ele. Um jato de fogo atingiu Arkanus bem na cara, queimando-o e fazendo-o soltar Robin, que conseguiu se desviar novamente da foice, que acertou e desmontou os cadáveres, e que também iria acertar em cheio Arkanus. Mas ele estendeu a mão e segurou a foice com maestria, mesmo sem olhar para ela.

— Você ainda tinha algo — disse Robin, olhando para Lana.

— Isso doeu, já chega!

Robin saltou para acertar um chute em Arkanus, mas este segurou ele e o jogou no chão.

— Já chega de você, guerreiro — disse Arkanus, dando um pisão na perna de Robin, quebrando-a.

Robin gritou de dor, mas tentou se levantar. Ao fazer isso, o ceifeiro o pegou e jogou em direção a Lana. Então lançou sua foice para atingir os dois. Lana tentou soltar uma bola de fogo, mas ao entrar em contato com a foice, o fogo se extinguiu.

Antes de acertá-los, com uma rajada muito forte de vento, Jay-Jay arremessou a foice para longe, foi um puro instinto. Arkanus olhou para ele, e Jay-Jay estava tremendo, nervoso. O ceifeiro começou a caminhar em direção a ele.

— Jay-Jay, corre daqui! Traga Guildor! — Gritou Lana, a voz cheia de urgência.

— Isso, garoto! Vou deixar você fugir para trazer esse tal Guildor e acabar com ele na frente de vocês — respondeu Arkanus, se virando para Lana e Robin — Agora, se vocês conseguirão ver essa cena no corpo vivo de vocês, é outra história.

Assim que virou, Jay-Jay lançou outro jato de vento em Arkanus, empurrando-o.

— Jay-Jay! — Gritou Lana novamente, preocupada.

— Eu, eu, eu... não consigo! Minhas pernas e meu corpo querem fugir, mas isso seria errado! — respondeu Jay-Jay, a determinação começou a brilhar em seus olhos.

— Garoto insolente! — disse o ceifeiro, acertando um soco e jogando Jay-Jay para longe.

— Não toque no meu irmão! — Gritou Lana, furiosa. Saltou com o corpo todo encoberto por chamas, acertando dois golpes em Arkanus, fazendo-o sangrar por um corte em sua bochecha. Jay-Jay olhou para sua irmã, que exalava poder. “Ainda bem que eu a tenho. Se não, eu estaria morto. Eu não consigo enfrentar esse cara”, pensou ele.

Arkanus levantou furioso e já viu Lana correndo em sua direção, mas antes que o alcançasse, seu fogo apagou, e ela caiu no chão, seu vigor que havia se recuperado um pouco já tinha se esgotado novamente. O ceifeiro, percebendo isso, a pegou pelo braço, levantou-a e a socou várias vezes, fazendo-a cuspir sangue.

— Fuja, Jay... — disse ela, erguendo o braço para seu irmão.

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