Segunda Terra Brasileira

Autor(a): Dimas Tocchio Neto


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 1: Futuro

 

Uma espada amarela perfurou minha barriga.

Minha vida se esvaiu naquele campo de batalha brutal. Ao mesmo tempo, meu peito apertou.
Naquela guerra de sete dias, eu estava próximo de cair morto.

Maldito Marcos… por conta desse maldito, a unificação da Terra e Serafim não aconteceria. Se eu morresse, eles atacariam a terra novamente, os serafins fizeram isso no passado. Tudo o que eu queria era paz para a humanidade.

Pulei para trás para evitar seus golpes de espada, mas ele continuou a me atacar com tudo.

Forcei minha respiração para recuperar o fôlego. Então aquele era o poder de um dos quatro generais da Terra, fiquei impressionado. Minhas mãos já estavam cansadas e ensopadas de suor, estávamos batalhando há uma hora, sem parar.

O inimigo na minha frente era muito forte e alto, ele lutava usando duas espadas, uma em cada mão, o que me impossibilitava de atacá-lo. Eu estava apenas com uma catana, e toda vez que atacava, ele conseguia bloquear meus golpes cruzando as duas espadas.

— Por que você traiu a terra? — perguntei, enquanto apoiava minha espada no chão.

— Não seja hipócrita, você matou o Igor e enganou todos nós — disse ele, me olhando com profundo ódio.

— Sim, eu fiz isso, mas tudo foi por uma causa maior. Você confia nesses alienígenas, mas eles vão destruir nosso planeta assim que eu morrer.

A humanidade se deixou ser enganada por esses seres, até mesmo aqueles em quem um dia confiei minha vida, agora estavam contra mim.

Lutei pela humanidade, mas ao que parecia, tudo seria em vão. A humanidade queria ser escrava desses seres.

Errado.

Não desistiria, a humanidade seria liberta desses falsos deuses, ali e agora.

Me levantei com dificuldade, peguei minha espada cravada no chão e a apontei novamente na direção de Marcos.
— Marcos, mesmo sendo meu irmão, eu ia te matar. A humanidade não ia perecer — falei, olhando fixamente nos olhos dele.

— Você está louco em suas próprias crenças, David — ele respondeu.
Ele lançou um olhar desafiador em resposta, preparando-se para o combate. Num movimento ágil, saltou em minha direção, suas espadas brilhando perigosamente à luz do sol. Golpe após golpe, Marcos investiu contra mim, seu ataque rápido e implacável.

Eu me esforçava para desviar de seus golpes, bloqueando-os com minha espada japonesa. Cada choque de lâminas ressoava no ar, enchendo o campo de batalha com um som metálico. O suor escorria pelo meu rosto enquanto lutava para me manter de pé diante da força formidável de meu próprio irmão.

Nossos movimentos se entrelaçaram em uma dança mortal, cada um buscando uma brecha no outro. Eu contra-atacava quando possível, lançando golpes precisos em direção a Marcos, mas ele os bloqueava habilmente, suas duas espadas cruzando-se em uma defesa impenetrável.

Os minutos se arrastavam, mas nenhum de nós recuava. O cansaço começava a pesar em meus músculos exaustos, mas eu não podia desistir. Minha determinação ardia em meu peito, alimentando minha resistência. Cada vez que meu corpo fraquejava, minha vontade se fortalecia.

A brisa suave do vento acariciava meu rosto enquanto eu tentava encontrar uma brecha na defesa de Marcos. No calor da batalha, uma oportunidade se apresentou. Com um movimento rápido, aproveitei a abertura e desferi um golpe preciso em sua direção.

Mas, antes que minha espada pudesse atingi-lo, senti uma brusca mudança no ar. Uma dor aguda dilacerou meu peito. Surpreso, olhei para baixo e vi uma espada perfurando minha barriga. Não era a espada de Marcos. Alguém me apunhalou por trás.


Marcos parou de me atacar e se afastou de mim, andando alguns passos para trás.

Uma mulher apareceu gritando.

— Isso é pelo Igor.

Então era você, Isabella, você matou a esperança da Terra para vingar seu noivo morto.

Com a espada ainda cravada no meu peito, olhei diretamente nos olhos de Isabella. Seu rosto estava contorcido com raiva, mas também vi tristeza em seus olhos.

— Por que você fez isso, Isabella? — perguntei com um sussurro fraco, caindo de joelhos no chão. — Lutei pela humanidade, pela paz.

— Paz? — ela grunhiu. — Você matou o homem que eu amava. Eu não acredito em suas mentiras sobre um propósito maior.

A dor era insuportável, mas tentei me manter de pé. Minha mão ainda segurava a espada, e sabia que minha jornada ainda não tinha terminado.

— Isabella, você ainda tinha tempo para se arrepender. Não deixe que sua raiva a consuma. A unificação da Terra e Serafim era a única forma de garantirmos a paz.
Mas ela não estava mais escutando. Com um grito de raiva, ela avançou em minha direção com outra espada. Eu não tinha forças para me defender, mas não desistiria tão facilmente. Com todas as minhas forças, ergui minha espada e me preparei para o último confronto.

Nossas espadas se chocaram com um estrondo ensurdecedor, mas eu sabia que minha luta pela humanidade continuaria, mesmo que fosse na morte. Fiz uma promessa a mim mesmo, aos meus aliados e à humanidade inteira: nunca desistiria. Eu lutaria até o fim.

Mas a luta acabou antes que eu pudesse dar o último golpe. O golpe de Isabella com sua espada foi seguido por um ataque por trás de Marcos. Caí no chão, sentindo a vida escapar de mim.

A última coisa que vi foi a silhueta de Marcos e Isabella ao meu lado, olhando para mim. Eu esperava que algum dia eles pudessem entender o verdadeiro propósito da minha luta e continuar o trabalho.

Então, tudo escureceu e soube que tinha chegado ao fim da minha jornada. Ou pelo menos era o que eu pensava.

De repente, senti minhas forças retornando. Parecia que a tecnologia de multiplicação celular tinha funcionado. Rapidamente, segurei a espada com toda a força que tinha e me levantei, olhando para Marcos e Isabella juntos. Relutei por um instante, mas logo cheguei a uma conclusão.

— Marcos e Isabella, embora vocês sejam meus amigos, se continuarem com essa resistência, serei obrigado a matar vocês e todos os outros sete exploradores.

— Busque nossas cabeças se for capaz, seu psicopata — respondeu Isabella, com uma risada irônica.

— Que assim seja, meus amigos, adeus.

Nesse momento, com grande tristeza, meus pensamentos voltaram àquele dia, dois anos atrás. O momento em que tudo começou...



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