Segunda Terra Brasileira

Autor(a): Dimas Tocchio Neto


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 2: Começo

Eu estava sentado em uma cadeira, assistindo a um duelo entre dois jovens que se enfrentavam diante de mim. 

Eles eram notavelmente fortes e inteligentes e se preparavam para uma missão que partiria no outro dia, com destino ao planeta Serafim. O treinamento que realizavam fazia parte da rotina necessária para a missão.

Hahaha, continue assim, Carlos e Victor! — exclamou o homem que estava em pé ao meu lado. Seu nome era Marcos Rossi, um dos quatro generais do exército mundial. Ele me olhou e começou a falar animadamente.

— Vocês têm muita sorte, David. Em breve, irão conhecer um novo planeta.

— Sim, Marcos, mas não estou tão animado quanto deveria.

— Por quê? Você é um dos dez escolhidos do mundo inteiro, é uma oportunidade única.

— Você tem razão, mas o que me preocupa são os perigos que podemos encontrar lá.

Mas antes que pudéssemos continuar a conversa, uma jovem de cabelos negros se aproximou, secando o suor do rosto com uma pequena toalha branca. Ela se sentou ao meu lado.

— Vejo que o Carlos e Victor estão animados logo cedo — disse ela.

— Você também estava concluindo seu treinamento de natação, Ellie? — perguntei, olhando para ela.

— Sim, tivemos um pequeno treino de duas horas.

Essa mulher é forte, mesmo com sua aparência juvenil, ela possui a maior força física entre os 10 escolhidos. De acordo com alguns boatos que ouvi, ela matou um leão usando apenas uma espada, isso quando ela tinha 15 anos, não consigo nem imaginar o que ela pode fazer hoje em dia.

As pernas de Victor começaram a tremer, acredito que ele logo perderá esse combate.

Me levantei para observar melhor a cena. Em seguida, Victor caiu de joelhos no chão com Carlos colocando a espada em seu pescoço.

Foi um duelo agradável.

Estávamos em uma Arena de combate, localizada no coração da cidade de “Cristania” a capital mundial do governo da terra. É um belo local, com uma arena de combate com 30 metros de extensão, com algumas arquibancadas ao redor, onde estou no momento. 

Carlos e Victor vieram em nossa direção e se sentaram também, começamos a conversar sobre nossa missão que logo iria partir, passamos alguns minutos assim, mas algo me surpreendeu, Ellie me convidou para um combate de espadas.

— Vamos duelar David, quero testar a capacidade do vice líder da missão.

Inclinei minha cabeça olhando para ela, afirmando que aceitei seu convite.

 Ambos pegamos espadas reais que estavam nas laterais da arena e fomos até o centro dela. Lá Marcos disse algumas regras, sendo elas: não tentar acertar as mãos do seu adversário, e sempre que for finalizar o golpe, parar ele, antes de acertar seu adversário. Afinal, não queremos ninguém morto aqui Haha.

Entrei em posição de combate colocando uma perna para trás do meu corpo, para pegar impulso na hora de atacar e segurei o cabo da espada com minhas duas mãos, apontando a espada para frente. Ela fez o mesmo, porém, colocando sua espada virada na vertical.

— David, vamos fazer uma aposta? — perguntou ela. — Caso eu ganhe essa luta, eu quero ser a vice capitã dessa missão.

Ooh, vejo sua forte determinação, mas você acha que realmente consegue me derrotar?

— Claro que sim, eu ganhei o último torneio mundial de esgrima, você vai ser apenas um coelhinho fofo, perto disso.

Que garota abusada, cadê o senso de respeito com seu adversário?

— Isso é o que veremos, Ellie Lewis, mas se eu ganhar, farei meu pedido após a luta.

— Tudo bem, em breve serei sua líder, David Arcádia.

Após nossas falas, Marcos estendeu seu braço entre nós dois, e começou a contagem. 3,2,1, LUTEM.

Ellie avançou usando uma estocada com sua espada, mas consegui rebater rapidamente. Começamos uma intensa troca de golpes. Logo ela, cansada de não conseguir acertar nenhum golpe, apelou.

— Magia de criação: Fogo Grego — exclamou ela, enquanto conjurava um feitiço de fogo que veio em minha direção, por pouco não consegui desviar.

Uma grande sacanagem, magia? Em um duelo de espadas?

— Ei, Marcos, usar magia é proibido em um duelo!

— Em duelos comuns, sim, mas em Serafim, tudo será válido pela sobrevivência, então se vira aí, David.

Um belo exemplo de juiz, temos aqui.

— Já que vamos apelar para Magia, então se prepare, Ellie. Magia de Incorporação: Espada Escarlate — falei, enquanto passava minha mão na espada e a deixava vermelha como sangue. — Vamos brincar mais, Ellie.

— Uma magia de incorporação? Isso é de estágio 10, era para ser impossível uma pessoa com menos de 30 anos usar — respondeu ela surpresa.

Nesse momento pulei para cima dela brandindo minha espada sobre a dela. No momento que minha espada reforçada com magia tocou a dela, sua espada foi quebrada em diversos pedaços.

Parei meu golpe bem próximo de seu peito, Ellie surpresa e sem poder reagir, levantou suas mãos para cima, admitindo a derrota.

Marcos segurou minha mão a colocando para cima, enquanto anunciava minha vitória, Carlos e Victor vieram me parabenizar, mas logo saíram da arena, Marcos também teve que sair após a luta, restando apenas eu e Ellie na arena, onde fomos nos sentar na arquibancada.

— Então, qual seu pedido, David? Não me diga que será algum pedido pervertido Haha.

O que ela pensa de mim? Que sou algum tipo de mago tarado?

— Claro que não… é um pedido bem simples, na verdade, quero que confie em mim, de hoje em diante e até o final da sua vida, pode fazer isso?

— Ah, posso, sim, esse era o combinado né.

— Obrigado Ellie, bem, eu tenho alguns afazeres antes da missão, nós vemos depois

— Tudo bem, até depois, David.

Eu saí da arena e voltei para meu quarto, onde ainda deveria arrumar alguns equipamentos e trajes para a missão.

Estou um pouco ansioso, mas logo sairemos para outro mundo.

 

***


Acordei cedo no dia seguinte, animado para a missão que estava por vir. Após me arrumar, peguei todos os equipamentos e trajes necessários e segui em direção à base de lançamento.

Chegando lá, encontrei outros nove exploradores, cada um com seu próprio conjunto de equipamentos. Cumprimentei todos com um sorriso, empolgado para começar a aventura.

A base de lançamento era enorme, com várias salas e corredores que levavam a diferentes áreas. O ambiente era agitado, com cientistas e engenheiros correndo de um lado para o outro, verificando e ajustando cada detalhe da missão.

Eu me senti um pouco sobrecarregado, mas sabia que todos na base eram profissionais experientes e sabiam o que estavam fazendo. Eu confiava na equipe para me levar em segurança para o mundo desconhecido que nos esperava.

Após um breve briefing sobre a missão, eu me juntei aos outros exploradores para o processo de preparação final antes do lançamento. Enquanto aguardávamos, eu olhava para o céu, imaginando o que nos aguardava lá fora. Será que encontraremos vida alienígena? Novas formas de tecnologia e energia? Ou seria um mundo hostil e perigoso, com desafios que nunca imaginamos?

Enquanto me perdia em meus pensamentos, um dos engenheiros se aproximou de mim e Ellie.

— Olá, David e Ellie, sou o engenheiro responsável pela navegação do foguete. Estão prontos para decolar?

— Sim, estamos prontos — respondi.

Ellie acrescentou:

 — Estamos animados para começar esta missão.

— Excelente — disse o engenheiro. — Antes de entrarem no foguete, gostaria de dar uma última verificação em seus trajes espaciais e equipamentos. Vamos lá?

Seguimos o engenheiro até uma área próxima, onde nossos trajes foram cuidadosamente examinados e ajustados. Enquanto isso, conversamos com os engenheiros sobre a missão e o que esperávamos encontrar.

— Vocês estão bem cientes dos riscos envolvidos nesta missão, correto? — perguntou um dos engenheiros, com uma expressão séria.

— Sim, sabemos disso — respondi.

Ellie acrescentou:

 — Sabemos que essa é uma jornada perigosa, mas estamos prontos para enfrentar os desafios que surgirem.

O engenheiro assentiu: 

— Excelente, estamos confiantes em sua capacidade de lidar com qualquer situação que surja. Agora, por favor, sigam-me para a plataforma de lançamento. É hora de começar a missão.

Seguimos o engenheiro pela plataforma de lançamento, enquanto ele explicava o processo de lançamento e a sequência de eventos que se seguiria.

Eu me senti um pouco nervoso, mas Ellie colocou a mão no meu ombro, me tranquilizando.

— Vamos fazer isso juntos, David — ela disse com um sorriso.

Com essa palavra de encorajamento, eu me senti mais confiante. Eu sabia que não estava sozinho nessa jornada. Com o coração batendo forte, eu entrei no foguete, pronto para o início da missão.


Ellie

 

Ao entrar no foguete, senti uma mistura de emoções: medo, empolgação, nervosismo e determinação. Sabia que estava embarcando em uma das maiores aventuras da minha vida, e estava pronta para enfrentar qualquer desafio.

Encontrei meu assento e comecei a me acomodar, verificando que tudo estava seguro e em ordem. David estava ao meu lado, parecendo tão determinado quanto eu.

— Ei, você está bem? — perguntei a ele.

— Sim, estou pronto para isso. E você?

— Estou pronta para o que der e vier.

Nesse momento, um dos engenheiros entrou na cabine e iniciou a contagem regressiva. Eu senti meu coração acelerando ainda mais, enquanto nos aproximávamos do momento do lançamento.

— Dez... nove... oito...

David e eu nos olhamos com determinação, sabendo que a partir daquele momento, não havia mais volta.

— Sete... seis... cinco...

Fechei os olhos e respirei fundo, me concentrando no objetivo final da missão. Não importava o que acontecesse, eu estava disposta a enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente.

— Quatro... três... dois...

O motor do foguete rugiu, e eu senti um solavanco forte enquanto o foguete começava a se mover.

— Um... lançamento!

O foguete se acelerou rapidamente, empurrando-nos de volta nos nossos assentos. Eu abri os olhos e olhei pela janela, vendo a Terra ficar cada vez menor à medida que subíamos mais e mais alto na atmosfera. Eu senti uma sensação indescritível de liberdade e emoção ao olhar pela janela do foguete e ver a Terra do ponto de vista dos astronautas.

Finalmente, chegamos à órbita da Terra, onde a Estação Espacial Internacional estava nos esperando. Os engenheiros nos guiaram através do processo de acoplamento, e eu me senti aliviada quando finalmente chegamos à estação e a porta da cabine se abriu.

— Bem-vindos à Estação Espacial Internacional — disse um dos astronautas, sorrindo para nós.

David e eu saímos da cabine do foguete, olhando em volta com admiração para o espaço que nos cercava. A Terra parecia tão pequena e frágil vista de cima, e eu me senti humilde diante da imensidão do universo.

— Vamos começar a trabalhar — disse David, me trazendo de volta ao momento presente.

Assenti com a cabeça, pronta para começar a missão. Então, um dos astronautas da estação espacial nos chamou para nos mostrar algo.

— Venham, temos algo para mostrar a vocês — ele disse, nós levando em direção a uma das naves, que estava acoplada à estação.

Conforme nos aproximamos, pude ver que era uma nave interestelar, muito diferente do nosso foguete. Era grande e elegante, com um design que parecia ter sido inspirado por algum tipo de criatura marinha.

Fiquei boquiaberta com a beleza da nave e me perguntei como seria pilotar algo tão impressionante. O astronauta nos conduziu até a sala de comando.

— Aqui é onde vocês vão passar a maior parte do tempo durante a missão — disse o astronauta, apontando para a sala de comando.

O astronauta nos explicou que dali em diante, a nave iria se autopilotar durante toda a missão. Nós, os 10 astronautas, teríamos a tarefa de monitorar os sistemas e realizar ajustes caso necessário, mas a nave iria basicamente se pilotar sozinha. Ele também explicou que, em caso de emergência, seríamos solicitados a intervir.

Eu me senti um pouco ansiosa ao pensar em deixar minha vida nas mãos da tecnologia, mas confiava nos engenheiros que haviam projetado a nave.

— Entendido — disse eu, com uma mistura de expectativa e apreensão.

Cada um de nós se sentou em seus respectivos lugares na sala de comando da nave. Eu me sentei ao lado de David e pude sentir a vibração suave da nave enquanto ela se preparava para decolar.

 A tensão no ar era palpável, mas todos estávamos concentrados em nossas tarefas.

O astronauta da estação espacial se despediu de nós e saiu da sala de comando, deixando-nos sozinhos com a nave.

Olhei ao redor, observando a cabine da nave interestelar com seus painéis de controle altamente sofisticados, telas holográficas e assentos confortáveis. Era impressionante pensar que esta nave seria nossa casa pelos próximos anos.

Então, ouvimos a voz do computador da nave, anunciando que estávamos prontos para decolar. 

Enquanto a nave começava a se mover, David se aproximou de mim e pegou minha mão. Eu senti um arrepio percorrer todo o meu corpo e meus olhos se arregalaram de surpresa. Eu nunca havia sentido algo assim antes.

— Você está bem? — ele perguntou, olhando diretamente nos meus olhos.

— Sim, estou bem — respondi, sentindo meu rosto corar. Eu não estava acostumada a ser tão vulnerável na frente dos outros.

David soltou minha mão e eu me senti um pouco aliviada, mas, ao mesmo tempo, um pouco triste. Aquele toque havia mexido comigo de uma maneira que eu não conseguia explicar.

Decidi focar minha atenção na missão e nas tarefas que tínhamos pela frente, mas não conseguia deixar de sentir um leve rubor em minhas bochechas toda vez que olhava para David.



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