Transcendendo a Existência Brasileira

Volume 2

Capítulo 81: Aprendendo Uma Nova Língua

 

Usando cálculos avançados sem adicionar a variante Qi, Qin Xa soube que Lou Bin Luo foi expelida do buraco por mais de 9 quilômetros do local onde elas surgiram.

E levando em conta que quando ela surgiu nesse mundo, foi arremessada a mais de 2000 metros por segundo contra uma parede que possuía uma dureza semelhante a titânio.

Ela fez os cálculos levando em conta a força com que ela bateu na parede, sendo que quando ela acordou estava literalmente mais de dois palmos dentro da parede.

Mas quando Qin Xa tentou destruir a parede, mal conseguiu quebrar um pedaço. Então a força com que ela foi jogada de lá foi tão absurda que muito provavelmente nenhuma pessoa com um corpo normal poderia sobreviver.

E bem... sua regeneração foi o principal fator que determinou sua vida. Tecnicamente ela morreu, já que seu coração parou várias vezes, a regeneração só não deixou ela ir para a outra vida.

Qin Xa balançou a cabeça, se livrando da sua lógica estranha. 

"Esse lugar tem uma energia muito caótica, mesmo com meu Sentido Espiritual alcançando 500 metros eu só posso saber de tudo a cem metros de mim..."

Qin Xa começou a ir em direção onde ela acreditava que Lou Bin Luo havia sido jogada. Mas ela ficou desagradavelmente surpresa ao saber que sua velocidade também foi suprimida.

Mesmo circulando a Velocidade do Vento Tempestuoso, o máximo que ela conseguia correr a cada passo eram 60 metros.

Depois de percorrer a distância estimada, ela realmente viu poças de sangue vermelho. Também tinha pedaços do chão que foram danificados, e na parede tinha marcas de socos. Evidentemente os socos de Lou Bin Luo eram muito mais destrutivos que os dela.

Mas ela percebeu algo nessas marcas. Havia um pedaço de papel com coisas escritas nele. O rosto de Qin Xa ficou solene quando ela começou a ler, seu corpo esfriando um pouco.

"Irmã Qin, nesse momento eu estou indo para uma direção diferente da que fui jogada junto com você. Deve haver um motivo para isso, o Destino sabe o que faz e tentou me afastar de você várias vezes, disso eu tenho certeza. Eu senti na pele ele querendo nosso afastamento. 

Nesse lugar minha força caiu muito, a sua deve ser o mesmo também, mas tenho certeza que há um motivo para tudo isso também. Então nós nos encontraremos novamente quando eu tiver força o suficiente para voltarmos para nosso mundo, até lá, eu verei até onde o Destino me levará... e fique atenta aos sinais do Destino. Ele é insidioso e vil, mas sempre é justo a sua maneira."

Qin Xa quase riu, mas ela sentiu um nó na garganta também.

Nesse mundo, ou no outro, não deve fazer diferença, as pessoas davam grande importância ao destino e com razão. Qin Xa passou a dar muito mais importância a ele também, depois dos acontecimentos no pequeno domínio e na guerra.

Ela agora começou a encaixar aquela reação quando recebeu a convocação... Seu incômodo com qualquer situação que era potencialmente um ponto de virada para alguma coisa...

Tudo isso era ela sentindo o Destino. E o Destino do qual ela estava pensando era traduzido como uma entidade, e não uma ideia ou força da natureza, como luz ou relâmpago...

A mensagem de Lou Bin Luo foi passada para ela: havia alguma entidade manipulando os eventos do mundo.

Lou Bin Luo acreditava que ter sido separada e jogada nesse lugar tinha um motivo, ela podia estar errada — mas Qin Xa não queria que a crença de sua amiga mais querida fosse contrariada, só porque ela queria encontrar Lou Bin Luo.

— Eu posso acreditar em destino, mas realmente não existe coincidência?

Ela respirou fundo e voltou para onde estava a criança machucada. Se ser separada dela fosse o destino de Bin Luo, então essa criança era seu destino?

Ela queria informação e nada melhor do que uma criança para fazer isso, já que criancas eram burras e davam com a língua nos dentes a toda hora.

Se o destino existia, ele definitivamente adorava a conveniência, e ela gostou disso.

Mas era melhor sair desse lugar que possuía uma energia tão caótica. Qin Xa tentou levantar o corpo do garoto com energia mental, mas ele nem se mexeu. Ela estaloua língua e colocou ele no braço, começando a escalar o penhasco.

Todos os aspectos da força de Qin Xa foram suprimidos nesse lugar, desde seu Qi até sua alma. Menos sua energia mental, essa não foi tão suprimida. Então sua força bruta caiu bastante também, era melhor ela tomar cuidado.

Depois de mais dez minutos escalando, ela chegou na beirada e pisou em terra firme. Sua cara era de principalmente preocupação quando ela viu o ambiente.

De um lado ela viu uma planície extremamente vasta e desolada. Não existia nada além de grama a sua frente, nenhuma montanha, nenhuma árvore, e nada além de grama verde.

— Esse lugar não é comum. Não tem como alguém capinar esse lugar por nada... — definitivamente era estranho a grama ter apenas 30 centímetros.

Ela espalhou seu Sentido Espiritual mas não encontrou nada de anormal com as plantas ou com o Qi. Isso era ainda mais anormal.

Qin Xa circulou a arte marcial Vida do Grande Lagarto da Terra e fez um buraco no chão, onde poderia esperar o garoto acordar e se adaptar a esse mundo. Literalmente.

O tempo passou lentamente. Os dias nesse lugar eram um pouco maiores do que onde Qin Xa vivia, mas não eram muito também. Qin Xa tentou assimilar seu Qi com o desse lugar, mas mesmo para ela isso foi um pouco difícil.

Não difícil como aprender algo novo. A dificuldade estava no fato que o Qi desse mundo tentava subjugar o seu, o que causava ferimentos nela. 

O Qi desse lugar era como se fosse extremamente velho, e o que ela havia armazenado em seu mar de Qi fosse uma criança. Quando os dois se cruzavam começavam a brigar.

No mundo do cultivo, idade era sinônimo de poder puro. Então um Qi que dava a sensação de ser extremamente velho, poderia ser traduzido como sendo extremamente forte e puro.

Passou-se uma semana e o garoto ainda continuou dormindo profundamente. Qin Xa estava lentamente assimilando seu Qi com o desse local.

Sua força lentamente começou a se recuperar também. Mas nem um terço de seu Qi havia sido assimilado ainda. Porém a velocidade com que ela estava fazendo isso estava aumentando pouco a pouco, o que era bom.

...

Duas semanas se passaram e os ferimentos no corpo do garoto agora estavam totalmente curados. Qin Xa também havia assimilado metade de seu Qi, sua força estava por volta de quando ela estava na 5ª camada do Reino do Despertar da Luz.

Um dia o garoto abriu os olhos e deu um pulo, checando os arredores com confusão e cautela. Qin Xa não estava cultivando, então não teve problema com o garoto acordar pulando e assustado.

Ele olhou para Qin Xa, ele tinha olhos temerosos em relação a ela, e ela tinha olhos curiosos em relação a ele. 

A posição que ele estava tomando, era como se fosse uma fera pronta para atacar. Ela se sentiu levemente ameaçada.

Ela podia imaginar suas vértebras dorsais se projetando, e aqueles buracos na sua cabeça sendo substituído por chifres ameaçadores e imponentes. E a principal causa do medo, seus olhos vermelhos como sangue brilhante.

— ******* — O garoto falou alguma coisa que Qin Xa não fazia ideia do que era. Isso deu a ela a certeza absoluta de que esse era outro mundo.

A razão disso era que no mundo onde Qin Xa reencarnou, só existia uma língua e ela era universal. Todos os seres falavam a mesma língua independente de sua cor, raça ou qualquer coisa.

— Eu não faço ideia do que você está falando.— ela queria fazer um teste então falou também. Para sua confirmação o garoto parecia atordoado e não entendeu o que ela disse.

Era realmente outro mundo.

Ela pensou em uma forma de tentar se comunicar com ele antes que pudesse aprender sua língua. A resposta que ela chegou foi: símbolos.

No mundo antes de Qin Xa reencarnar, toda a forma de linguagem surgiu a partir dos símbolos, feitos em pedras dentro de cavernas, e dos sons do ambiente.

É claro que no mundo inferior FanLi, do qual Qin Xa estava antes, a forma como a linguagem se originou a milhões de anos foi perdida. Todos sabiam que existia uma única língua, as leis do universo não permitiam que outra seja criada.

E essa língua era falada em conceitos, não em ideias ou descrições físicas.

Qin Xa apontou para sua mão, e falou "Mão". Ela então apontou para a o garoto e para a boca dela. O garoto falou uma palavra da qual Qin Xa acreditava ser mão também.

Ela então fez isso com muitas coisas ao seu redor. O garoto pareceu entender que Qin Xa estava aprendendo sua língua e disse o que cada coisa era apenas por Qin Xa apontar.

Esse idioma era um pouco semelhante ao dela em estrutura, e principalmente na ideia de que era baseado em conceitos para formar frases, mas a pronúncia e algumas palavras eram bem diferentes.

E ele possuía sua própria atribuição para nomes próprios, separada da língua falada. O que era diferente do seu mundo, já que o nome dela sempre teve um conceito próprio. 

Depois de algumas horas nisso o garoto parecia cansado. Qin Xa então foi examinar o corpo dele melhor.

"Um corpo muito forte para uma criança... de que raça é ele? Seus ferimentos se curaram nessas duas semanas, mas as feridas em sua cabeça ainda estão abertas e não parecem que vão curar nem tão cedo."

Qin Xa trocou as ervas curativas da cabeça do garoto e ele parecia sentir muita raiva enquanto ela cuidava dele, o ódio em seu olhar era palpável, e ele parecia murmurar maldições. 

Ela deu para ele uma erva para dormir e continuou a assimilar seu Qi.

Quando o garoto acordou novamente, Qin Xa passou para seu aprendizado de caracteres.

Ela ficou aliviada ao descobri que o garoto sabia ler. Nesse novo mundo existiam 14 caracteres para números e 179 para palavras, eram um pouco menos do que no mundo FanLi, que tinham 19 caracteres para números e 342 caracteres para palavras.

Ela facilmente decorou isso e então passou para os elementos da natureza. Qin Xa teve que usar Qi para fazer água, fogo e outras coisas. O garoto parecia muito admirado e invejoso por conta disso.

Nesse ponto eles já podiam trocar algumas palavras entre si, o que causou no garoto uma constante mudança de expressão que ia entre confusão, dor, e um sorriso inocente que escondia mágoa.

Dessa forma o tempo passou.

Um mês mais tarde Qin Xa resolveu sair desse lugar quando viu que os ferimentos da cabeça do garoto já haviam se curado, a pior parte. Mas ficaram cicatrizes no lugar.

Ela descobriu que o nome dele era Ranyu Sheng e que ele foi expulso da sua família por não ter talento. Depois de um mês conversando entre si, ela já estava falando tão bem como se ela fosse uma habitante natural desse mundo.

— Sênior Qin, para onde você está indo? — Ranyu Sheng falou com certo receio em sua voz infantil.

— Não sei, eu não sou daqui. Qualquer lugar.

Essa era a verdade. Qin Xa tinha o objetivo de ficar mais forte, já que mesmo depois de ter assimilado todo o seu Qi com o desse lugar, ela ainda estava sendo muito suprimida.

E o terror de viver horas flutuando no meio do nada, a mercê das forças do universo; a agonia de assistir seu corpo ser destruído e reconstruido sem poder fazer nada; a constante certeza de que esse mundo era mais perigoso... tudo isso fez algo nascer dentro dela.

Qin Xa queria ser forte para não sofrer uma morte horrível.