Um Alquimista Preguiçoso Brasileira

Autor(a): Guilherme F. C.


Volume 2

Capítulo 161: Raios verdes

Prevendo que poderia haver uma confusão, Heloísa instruiu ao convidado especial e seu grupo para que deixassem as imediações do maior edifício da capital. E apesar da Grã-chanceler ter permanecido no local para tentar diminuir as dúvidas levantadas pelos clientes, o bando da Cidade da Fronteira do Caos, nesse momento, encontrava-se de volta à vila, na casa em que haviam passado a noite.

Depois de retornar para a vila, Ning sequer se deu ao trabalho de trocar as roupas por algo mais confortável, pois as que estava vestindo já eram casuais o bastante. Ele ocupou o sofá que ficava de frente a lareira e, acompanhado pelo amigo, por ali ficou pelas próximas horas.

Em contrapartida, as garotas se viram obrigadas a trocar as elegantes vestimentas que haviam escolhido para o evento. Shui não estava acostumada a usar aquele tipo de roupa e depois de algum tempo passou a se sentir desconfortável. E embora fosse mais comum para Xu Xia se produzir antes de ir a alguma festividade, ela também preferia algo mais informal para ficar em casa.

Por isso, as meninas, junto do 5º Ancião ― que também se sentia cansado ―, passaram as próximas horas isoladas em seus quartos. Apenas quando a noite havia se manifestado em sua máxima existência e um homem bateu à porta, pedindo para entrar, que o grupo interrompeu o descanso para receber a visita.

Pensando que poderia ser a Grã-chanceler, as garotas desceram do segundo andar correndo, afinal havia uma promessa entre elas de que se encontrariam ainda naquela noite para conversar. Xiao Qiao, responsável por cuidar do bando, veio logo depois.

Quando chegaram no primeiro andar, perceberam que Xiao Ning já tinha aberto a porta e o visitante repentino, que se encontrava no meio da sala, era um homem de rosto desconhecido, mas que vestia uma camisa característica contendo o símbolo da Seita Ebúrnea: uma carroça tombada para frente.

― A pedido da Santa Mística, Heloísa Valentina de Carvalho, eu vim trazer os lucros da venda das Pílulas da Borboleta Monarca, composta pelo grande Alquimista, Xiao Ning! ― anunciou o sujeito em voz alta. Em seguida, ele sacou uma Bolsa de Armazenamento muito diferente daquelas com a qual Shui estava acostumada.

O item era feito de um tecido branco e lustroso, semelhante a uma peça de seda. Diferente do artefato que a filha do 9º Ancião carregava, bege e sem graça, esse era adornado com linhas douradas nas bordas e pedras preciosas incrustadas no centro, formando uma vigorosa lótus.

― Aqui estão as cinco mil peças de ouro! ― Ele esticou o braço e entregou o objeto para o preguiçoso. Logo depois, fez uma respeitosa saudação e acrescentou: ― A Bolsa de Armazenamento é uma cortesia e um agradecimento pela parceria.

Terminando de dizer isso, o sujeito fez um gesto simples para os demais presentes, despedindo-se, e saiu.

A chegada e partida súbita do estranho trouxe uma nova atmosfera para o ambiente. Embora já soubessem o que havia dentro, todos ficaram muito intrigados com a Bolsa de Armazenamento e se aproximaram do Alquimista. Mesmo Xu Xia, que não ganharia sequer uma única daquelas moedas, acabou sendo atraída pela curiosidade e se juntou ao círculo.

― Está... Está tudo aí? ― A voz de Shui vacilou por um instante. Seus olhos miravam o artefato com extrema cobiça e, ao mesmo tempo, receio.

― Acho melhor nós guardarmos isso em um cofre ― sugeriu o 5º Ancião, cujo rosto havia ficado pálido.

― Que bolsinha bonitinha. ― Por outro lado, sabendo que não poderia ficar com as moedas, Chan se interessou mais pelo presente que receberam.

― É minha! ― Mas Ning já havia tomado posse, o que fez o colega franzir os lábios, desgostoso pelo egoísmo do amigo. ― E então ― continuou ele, abrindo um sorriso travesso ―, quem quer contar?

Imprudente como sempre, ele virou a Bolsa de cabeça para baixo, fez um gesto simples com a mão e, no instante seguinte, as moedas de ouro começaram a cair no chão feito uma cachoeira, produzindo um estridente, mas agradável tilintar.

O bando se assustou com a atitude ousada e exibicionista do Alquimista e se afastou rapidamente. As moedas caíam e rolavam pelo chão, mas quanto mais delas saiam de dentro do Artefato, maior a pilha se tornava e menos elas se espalhavam.

Xiao Shui ficou assombrada conforme assistia o chão se tornar dourado. Seus olhos foram atraídos pelo brilho da mesma maneira que um corvo é atraído por peças brilhantes e, por um segundo, acabou sendo hipnotizada pela riqueza em sua frente. Nunca tinha visto tanta fortuna em um só lugar e à medida que a pilha de moedas aumentava, sua cobiça crescia.

No entanto, esse fascínio logo foi trocado pelo medo prudente do que poderia acontecer se alguém mal-intencionado visse aquilo.

― O que você está fazendo? ― Ela se jogou no chão e começou a juntar as moedas espalhadas desesperadamente. ― Guarda isso antes que alguém veja. É muito perigoso deixar esse tipo de coisa jogado assim.

― Relaxa um pouco e aproveita, pequena Shui. ― No entanto, Ning parecia livre de tais preocupações. ― Quando foi a última vez que você viu esse tanto de dinheiro em um só lugar? Tira a roupa e esse joga aí no meio. Ahahahah!

― Que tipo de doida faria isso?! ― grunhiu a garota de cabelo azul-claro. ― A gente não pode perder nenhuma dessas moedas.

― Tá, tá! Que coisa, hein! ― resmungou o preguiçoso, revirando os olhos. ― Acho que vou guardar tudo para mim então.

― Não foi isso que eu quis dizer! ― Xiao Shui sentiu que ele estava provocando-a. Mas levando em consideração sua personalidade descompromissada, achou melhor lembrá-lo do verdadeiro propósito daquele dinheiro. ― A gente vai levar tudo isso embora, para o Patriarca. Você prometeu que iria doar os lucros para ajudar a pagar a dívida da Família.

― Não posso ficar nem com umas... mil?

― Você pode ficar com dez! ― retrucou a dedicada integrante dos Xiao.

― Só isso? Mas fui eu que fiz as pílulas! ― Ning não parecia muito feliz com a decisão, embora não estivesse zangado.

― Vai quebrar sua promessa, é? ― Abraçando um número incrível de moedas, Shui olhou para o preguiçoso com um semblante julgador. ― Eu me lembro bem de sua garantia ao Patriarca de que doaria tudo. Quer dizer que suas palavras não valem nada?

He! Ela te pegou! ― Chan esboçou um meio sorriso conforme provocava o amigo cujo rosto se contorceu de vergonha.

― Tudo bem. Eu entendi. ― Ning soltou um suspirou derrotado e arqueou os ombros. ― Então... o que acha de dividirmos?

― Agora quer me subornar?! ― Isso para Shui foi uma grande ofensa. Suas narinas dilataram e a testa franziu, demonstrando que tinha ficado irritada com a proposta inapropriada.

― Não é para dividir desse jeito, sua pirralha gananciosa ― retrucou o Alquimista, deixando a colega constrangida. ― Eu só acho que é muito dinheiro para ficar nas mãos de uma pessoa só. Assim fica mais fácil perdermos tudo, se alguém tentar nos roubar.

― Até que faz sentido ― avaliou o Ancião Qiao. ― A gente pode dividir esse dinheiro entre nós e se algum incidente ocorrer, podemos diminuir as perdas.

― Mas a Seita Ebúrnea não vai escoltar vocês no caminho de volta? ― perguntou Xu Xia.

― É verdade! ― disse Shui, que não estava muito convencida dessa estratégia. ― Eu duvido que alguém teria coragem de nos atacar.

― E você vai se responsabilizar por isso? ― A fala de Ning deixou a amiga muda de repente. Essa era uma responsabilidade grande demais para ser leniente ao fazer uma afirmação. ― Já que o pequeno Chan não vai voltar para a cidade, o que acha de dividirmos o dinheiro em três partes? Eu fico com duas mil moedas e vocês ― apontou para os outros dois integrantes dos Xiao presentes ― dividem o resto.

Exibindo um enorme sorriso, o Alquimista se abaixou e começou a contar o lucro. Para ele, a decisão já havia sido tomada.

No entanto, a rigorosa garota de cabelo e olhos azuis pensava diferente.

― Se é para evitar roubos, você deve ficar com a menor parte ― contrapôs, puxando a pilha dourada para longe do espertalhão. ― Pensa bem: Se alguém tentar nos roubar, ele irá direto no “grande Alquimista”. ― Já que é assim, eu e você vamos ficar com quinhent... duzentas e cinquenta moedas cada e o Ancião Qiao vai guardar o resto.

― Só isso? ― Outra vez o jovem de alma velha se sentiu injustiçado.

― Isso tudo? ― Por outro lado, Xiao Qiao achou que aquelas crianças estavam depositando confiança demais em sua pessoa. Seu rosto ficou pálido e gotas de suor começaram a escorrer de sua testa. Ele estava pronto para se opor à decisão, mas a amiga de sua filha agiu antes que qualquer contraproposta fosse feita.

― Sim! Só isso ― ralhou ela através de um tom severo. ― E para falar a verdade, já é muita coisa. Então, não reclame! Além do mais, esse dinheiro é para você guardar, não gastar. Entendeu?

― Eu entendi! Eu entendi! ― Frustrado, o Alquimista se afastou enquanto resmungava. Percebendo que não conseguiria convencer a colega, ele se jogou no sofá mais próximo e assistiu aos demais contando e dividindo o dinheiro em Bolsas de Armazenamento distintas.

Nos minutos seguintes, Shui contou e dividiu as moedas de acordo com o que havia sido combinado. O Ancião, apesar de já ser um Espirituoso de Segunda Camada, ficou muito nervoso ao receber o Artefato contendo a enorme riqueza. Mas, no final, ele pegou a bolsa e logo tratou de escondê-la em um local seguro.

E quando foi a vez de passar a parte do preguiçoso, a filha de Xiao Chang fez questão de lembrar o colega que aquele dinheiro não era para ser gasto.

Conforme o tempo avançou, as garotas começaram a ficar ansiosas, pensando que a Grã-chanceler havia esquecido a promessa de se encontrarem ainda naquela noite para conversarem. Não era um assunto importante que precisavam discutir, mas desejavam de todo o coração poder fazer algumas perguntas à proeminente figura.

Nesse ponto, Shui e Xu Xia possuíam uma coisa em comum: a ansiedade e a impaciência. As duas haviam deixado seus quartos e estacionado na sala de entrada. Estavam vigiando a porta, esperando pelo momento em que a deslumbrante mulher cujo nome era sinônimo de poder em todo o império entrasse na casa.

Entretanto, após o jantar, suas esperanças diminuíram. E embora estivessem impacientes, nenhuma das duas achava certo ir atrás da Santa Mística por conta própria. Mas então, quando parecia que elas teriam que deixar a pergunta para outro dia, um homem bateu na porta.

Evidentemente não se tratava de Heloísa, mas ele trouxe uma mensagem que muito agradou as meninas.

― A Grã-chanceler as espera na casa principal.

Xiao Shui e Xu Xia sequer ponderaram por um segundo ou pensaram em avisar que estava de partida, quando se levantaram de seus acentos e se juntaram ao estranho que as guiou até uma residência localizada do outro lado da rua, a poucos metros de distância.

A despeito do termo “casa principal”, a moradia escolhida por Heloísa e Noah era igual àquela na qual o grupo estava hospedado. A única coisa que mudava era alguma das decorações no interior.

Xiao Shui ficou muito surpresa ao saber que a residência escolhida pelo mestre da Casa das Relíquias Perdidas e pela segunda no comando dos Eburneanos não era diferente de todo o resto. Em condições normais, não seria estranho encontrar algo mais luxuoso.

Porém, como ela viria a descobrir ainda naquela noite, aquela não era de fato a casa deles. O único motivo para estarem ali era permanecer próximo de Ning.

Seja como for, Heloísa Valentina de Carvalho estava aguardando na sala de visitas, sentada na ponta de uma mesa comprida. Quando as visitas se aproximaram, tímidas e encolhidas, ela se levantou e sugeriu para que se sentassem perto umas das outras.

― Querem um pouco de chá? ― perguntou a bela de cabelo comprido e rosto redondo enquanto fazia um gesto com a mão. Em seguida, um serviçal se aproximou e serviu uma xícara de chá quente às recém-chegadas.

Heloísa percebeu o quão desconfortável as duas estavam e tentou amenizar a tensão antes de avançarem para o tópico principal. Mas a bebida quente não bastou para fazê-las relaxar. Então a praticante resolveu perguntar:

― O que acharam do leilão? Divertiram-se?

Ah, sim. Eu... fiquei muito surpresa ― disse Xu Xia. ― Eu já tinha ouvido muitas histórias sobre o leilão, mas não achei que vocês de fato vendessem armas de nível Despertada.

Hm! Aquela espada... ― murmurou a Grã-chanceler em um tom pensativo. ― Bem, nós ainda somos uma organização que vive do comércio. De vez em quando, precisamos mostrar algo que nos diferencie.

― E também teve aquele colar que a... ― Xiao Shui hesitou em dizer o nome da segunda imperatriz ― que foi vendido antes da espada. Eu ainda não sou muito boa em usar o Sentido Espiritual, mas pude sentir uma Energia muito pura vinda dele.

― É verdade. Teve aquilo! Para ser sincera, Xiao Ning quase me matou do coração naquela hora ― confessou a Santa, que pegou a xícara em sua frente e deu uma bebericada. ― Eu não estava esperando que aquele menino fosse me aprontar uma coisa tão inapropriada.

Xiao Shui estava ficando tão acostumada com as travessuras do preguiçoso que nem mesmo se lembrava de tal evento. Contudo, a fala da poderosa praticante soou aos seus ouvidos como um alerta. Parecia que a bronca tinha sido para sua pessoa. Assim sendo, desesperada, ela se ergueu da cadeira e curvou a cabeça.

― Eu sinto muito pelo transtorno que causamos! Aquele idiota não pensa antes de agir, mas ele não faz por mal. Se tiver algo que eu possa fazer para compensar...

― Acalme-se! Acalme-se! ― pediu a Grã-chanceler, gesticulando com a mão. ― Eu não estou brava, nem nada do tipo. Além do mais, graças a ele conseguimos uma boa quantia no colar.

Entretanto, apesar dos esforços da outra para acalmá-lo, a jovem de cabelo azul ainda se sentiu culpa por tudo o que aconteceu. Ela voltou a se sentar apenas depois de alguns instantes em pé. E, nesse momento, acrescentou:

― Eu também avisei a ele para parar com aquelas “gracinhas” e respeitar você.

― Não se preocupe. Eu já estou acostumada a lidar com esse “tipo” de homem. ― A despeito da apreensão apresentada pela jovem, Heloísa não parecia nem um pouco nervosa. Ela voltou a bebericar o chá e continuou: ― Vocês disseram que queriam escutar algumas de minhas histórias. Por qual devo começar?

Esse era o momento que ambas estavam esperando. E quando enfim receberam permissão para falar do tópico que lhes parecia mais interessante, as duas abriram a boca para falar. Porém, Xu Xia, foi mais rápida.

― É verdade que você conseguiu chegar no topo da Montanha Ancestral de Jade? ― Seus olhos brilharam, repletos de expectativa, ao fazer a pergunta. ― Todos na cidade falam que você foi a última a conseguir esse feito. E que nem mesmo o imperador foi capaz.

Apesar de ter sido superada, Shui não ficou irritada, pois essa era uma história que também desejava conhecer. Ao longo da infância escutou muitos contos a respeito dessa conquista quase inédita, mas era difícil julgar qual parte era verdade e qual parte era invencionice. Pois existem até mesmo relatos que contam que antes da escalada da Santa, a montanha era duas vezes maior. E ela foi destruída pela metade após uma batalha brutal.

Entretanto, apesar da grande expectativa colocada pelas garotas, a Grã-chanceler possuía um semblante diferente, um tanto sem graça.

― Eu conheço um pouco das histórias que são contadas na Cidade da Fronteira do Caos. E infelizmente a maioria exagera um pouco. Eu fui a última pessoa a escalar a montanha e chegar mais alto. Porém não consegui alcançar o topo.

― O que aconteceu? ― perguntou a filha do 9º Ancião dos Xiaos, curiosa e espantada por descobrir que nem mesmo sua grande ídola havia conseguido ir tão longe na caótica formação.

― Quando eu estava perto de chegar ao cume, nuvens estranhas cobriram o céu e a montanha ficou escura de repente. Era como se a noite tivesse chegado mais cedo, só que sem estrelas ou lua. Eu me lembro que um vento forte começou a soprar e raios verdes caíram um depois do outro, mesmo sem uma única gota de água vinda do céu. Não sou de me assustar, mas os raios pareciam estar vivos e me seguindo. Senti que tinha algo perigoso acontecendo e por isso saí de lá o mais rápido possível.

Descobrir que a mulher que tanto admiravam havia sido obrigada a fugir de uma situação perigosa foi um grande choque para as garotas. Elas se lembraram de todas as vezes que seus pais falaram para jamais subirem muito a montanha e agradeceram por não terem sido teimosas. A frase que passaram a vida escutando ressoou em suas mentes mais forte do que nunca conforme a narrativa avançava: “Do meio para baixo”.

Após isso, outras histórias foram surgindo e novas descobertas a respeito da poderosa Santa Mística apareceram. Quanto mais descobriam, mais fascinadas Xiao Shui e Xu Xia ficavam. A admiração que elas sentiam apenas cresceu e a cada nova revelação a certeza de que a mulher diante delas era uma pessoa incrível aumentava.

No final da noite, quando a vila já havia se recolhido, elas partiram satisfeitas e inspiradas por tudo o que descobriram. Xiao Shui estava empolgada para voltar e contar tudo o que descobriu ao irmão.

Entretanto, quando ela entrou na casa, deparou-se com uma cena um tanto inesperada. O lugar estava escuro e silencioso. Ao que tudo indicava, todos já haviam se retirado para os seus quartos, o que não era de estranhar. Afinal, tinha sido um dia cansativo e passava da meia noite.

Ela também estava cansada e por isso decidiu que seria melhor seguir o exemplo dos rapazes e ir para o quarto. Deixaria os relatos para o dia seguinte.

 


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