Um Alquimista Preguiçoso Brasileira

Autor(a): Guilherme F. C.


Volume 2

Capítulo 185

Quando chegou neste lugar desconhecido chamado Reino da Lua Verde, Xiao Shui não sabia muito bem o que esperar. Estava assustada, empolgada, receosa e, acima de tudo, preocupada com o que Ning poderia aprontar. Ao longo destes meses que passou ao seu lado, sabia que ele podia ser impulsivo, irresponsável, e essa impulsividade talvez não fosse aceita muito bem pelos locais. Na Família, o novo prodígio podia ter carta branca para aprontar algumas coisas. Mas isso era diferente em um lugar sem conexões afetivas.

Porém, agora, ela estava aliviada. Ouvir do próprio Xogum que o grupo era bem-vindo, a deixou mais à vontade. Além do mais, e principalmente, Xiao Ning não aprontou nada nas primeiras horas. Na verdade, ele se comportou bem e agiu de maneira exemplar perante a presença do líder local, tratando-o com o devido respeito. Ao que parece, o Grã-alquimista sabia ser bastante cordial quando necessário.

Ning havia se retirado, ido para o quarto que foi reservado para recebê-lo. Por outro lado, sabendo que não precisaria se preocupar tanto com ele, Shui estava animada para conhecer o castelo ― a despeito da ordem que recebeu para também se retirar e cultivar. Ela nunca esteve em um local de tão alto prestígio e repleto de artes fascinantes. Sentia-se animada para explorar a suntuosa moradia.

Depois de passear pelo jardim, ela atravessou uma passagem aberta que encontrou por acaso e que levava direto para o pátio interno ― o mesmo que ficou quando chegou no castelo. E, mais uma vez, reparou que a segurança do local era forte, repleta de cultivadores, que apesar de aparentarem ser simples Virtuosos, a Energia que emitiam estava muito além desse Reino. Entretanto, agora que tinha recebido a permissão do Xogum para andar livremente, não estava com medo dos olhares observadores que aqueles homens lançavam em sua direção. Por isso, estudou a arquitetura do castelo e os detalhes que não havia reparado antes, sem se apressar.

Ela passou algum tempo andando pelo átrio. E quando decidiu que já tinha visto tudo o que queria, voltou a entrar no castelo pelo mesmo caminho que percorreu durante sua chegada. Mais uma vez, repetiu o ritual de deixar os calçados na entrada ― desta vez, os reservas que tinha ganhado de Michi ― e avançou pelos corredores internos da suntuosa moradia. Porém, diferente de antes, não seguiu o caminho até o dormitório feminino. Virou na direção oposta das escadas que levava até o segundo andar e continuou sua exploração.

Enquanto se aventurava, ficou bastante evidente que todos os moradores do castelo já sabiam de sua permissão para conhecer o lugar sem restrição, pois ninguém que encontrou no caminho a parou para perguntar o que estava fazendo ali ou coisa do tipo. Mesmo quando entrou em um recinto que parecia ser restrito, as pessoas não tentaram impedi-la.

Shui continuou andando, aproveitando sua primeira vez fora do Império. E ao enfim se cansar da parte inferior do castelo, decidiu seguir para o andar seguinte por uma escada que encontrou. Em um primeiro momento, ao enfim alcançar uma nova área, ela se sentiu um tanto quanto perdida. Mas ao observar melhor seus arredores, percebeu que havia voltado para a ala reservada para o uso do Xogum.

Mesmo tendo permissão para conhecer o castelo, a jovem de cabelo azul-claro sentiu que não era bom continuar ali por muito tempo, então decidiu encontrar o caminho que levava até o dormitório feminino. Entretanto, ao começar sua busca, deparou-se com algo que chamou sua atenção: uma grandiosa e magnífica pintura.

Todo o Reino da Lua Verde estava repleto de intervenções artísticas, telas, imagens, entre outras. Mas a pintura em sua frente tinha algo de diferente. Enquanto as demais retratavam paisagens naturais e criaturas místicas, essa, que ocupava uma parede inteira, trazia um cenário caótico de guerra. E no centro, em destaque, duas figuras se sobressaiam, imponentes e ameaçadoras.

A primeira, localizada no centro, logo à frente da segunda, na parte de baixo da imagem, era de um sujeito que Xiao Shui já tinha visto. Tratava-se do mesmo homem humilde representado em forma de estátua na escada conhecida como “Escalada do Paraíso”. Diferente do que foi visto na escadaria, o homem na pintura estava com sua espada desembainhada, gritando feito uma besta furiosa ao passo que se preparava para enfrentar o exército inimigo.

Já a segunda figura, que se estendia do chão ao teto, como se fosse um gigante, era desconhecida para Shui. O homem pintado possuía um corpo robusto, mas não forte demais. Seu cabelo, curto, era de um branco puro e os olhos tão azuis que pareciam dois cristais preciosos. Usando um Kimono branco com estampas florais, sem nenhuma arma em mãos, ele apontava para frente, quase como se estivesse incentivando o guerreiro logo abaixo a continuar lutando.

Shui ficou bastante impressionada com a imagem e levou algum tempo a observando. Era de fato uma composição bastante selvagem, brutal e, em certos aspectos, realista.

Ela estava entretida, quando uma voz a interrompeu.

Ah! Oi...

Ao se virar para encontrar a origem da voz, a jovem de cabelo azul encontrou um homem alto com um volumoso coque sobre a cabeça. Sua aparência bem cuidada expunha certa vaidade, mas sua expressão era branda e um tanto bondosa.

― Senhor Raijin... ― quando percebeu a presença do irmão mais novo do Xogum, Shui levou um susto e se afastou rapidamente da parede. Em seguida, curvou a cabeça em sinal de respeito. ― Sinto muito por minha intrusão. Eu estava tentando voltar para o meu quarto.

― Não precisa ser tão formal ― Raijin, que trazia nos braços alguns itens peculiares como frascos de vidro, um pilão de porcelana entre outras coisas, mostrou um sorriso simpático para a garota parada a sua frente e acrescentou: ― É uma pintura impressionante, não é? ― disse, olhando para a parede.

― Sim, é... muito bonita! ― afirmou ela. ― Mas quem é essa pessoa segurando a espada? Eu também o vi na escada, quando estava vindo para o castelo.

― Este é Daiki, o maior guerreiro que este reino já viu e que, para nós, já pisou sobre o mundo. Ele está segurando a katana do Deus da Guerra enquanto bravamente enfrenta seus inimigos.

Oh! Mesmo? Isso é incrível! ― comentou Shui, olhando para a espada que o sujeito empunhava com coragem e imponência. ― Esta é a Guerra dos Reis e Imperadores, não é?

― Muito bem observado ― elogiou Raijin, impressionado pela precisão histórica da garota. ― De fato, a imagem busca representar o maior conflito que nosso continente já testemunhou, uma disputa que arrastou todos os reinos e impérios para uma batalha sangrenta pela supremacia e expansão territorial.

― Eu estudei sobre isso. Mas nunca tinha visto uma pintura tão impressionante.

Percebendo o imenso interesse da garota pela tela, Raijin se aproximou um pouco mais da parede, ficando de frente para o Grande Guerreiro, e acrescentou:

― Se não fosse por ele ― indicou o sujeito segurando a katana ―, nosso reino teria sido engolido pelos outros, mesmo com o oceano no caminho. Dizem que na época, ele era apenas um Mundano, mas foi capaz de derrotar um Santo com um único golpe.

― E isso é possível?! ― perguntou Shui, espantada. Se fosse antes de conhecer Ning e o seu potencial na Alquimia, duvidaria profundamente de tal afirmação. Porém, já não achava esse tipo de coisa impossível.

― Segundo as lendas, Daiki era um descendente direto do Deus da Guerra. Não apenas isso. Ele também herdou sua Técnica de Combate do poderoso ancestral. E antes de morrer, a transmitiu para todos do reino, para que nunca mais fossemos ameaçados. Afinal, somos a menor monarquia do continente. ― Raijin fez uma breve pausa enquanto encarava a pintura. E depois de alguns segundos em silêncio, acrescentou: ― É claro. Isso não passa de uma história de um passado distante e é difícil saber o que é verdade e o que é mito... embora tenha suas verdades.

Xiao Shui ficou tão admirada com tudo o que ouviu que passou a olhar o homem de vestes simples segurando uma katana de maneira diferente. Por alguns instantes, ela continuou estudando a tela sobre a parede, procurando por um segredo que não tinha reparado antes. E quando seus olhos voltaram a se focar na segunda figura, de cabelo branco e postura grandiosa, perguntou:

― Quem é aquele?

Ah! Aquele é o Deus da Guerra, o único entre os Deus que nunca cultivou e que também era o único que o Deus da Desolação temia. Você não o conhece?

― Bem, a Cidade da Fronteira do Caos é um lugar muito perigoso. Então nós honramos o Deus da Proteção, Protígilus.

― Entendo ― Raijin ajeitou os itens que estava segurando. ― Eu estou indo ver o seu amigo, Grã-alquimista. Se quiser, posso mostrar como voltar para a ala do dormitório feminino.

Embora desejasse continuar estudando a imagem um pouco mais, Shui agradeceu a oferta e seguiu o irmão mais novo do Xogum pelos corredores do castelo.

***

Como já era de se esperar, o quarto em que Xiao Ning foi alocado era maior e mais luxuoso do que aquele destinado às garotas. E, diferente delas, o Grã-alquimista não estava sendo obrigado a dividir seu espaço com o 5º Ancião. O aposento era espaçoso em todos os sentidos, de modo que do chão até o teto tinha mais de quatro metros de altura. Contrário ao que Shui e Corina encontraram, o lugar estava todo decorado, com estatuetas, quadros, um tapete gigante, entre outras coisas.

Tratava-se de um quarto que visivelmente era destinado a hóspedes importantes, pois cada detalhe, cada peça decorativa, havia sido pensada e posicionada com cuidado. Mas para Ning, isso não importou.

Ele não se deu ao trabalho de conhecer o recinto ou sequer pegar um futon no armário antes de começar a cultivar. Apenas deitou sobre o tapete de seda, fechou os olhos e deu início a sua prática. No mesmo instante em que sua consciência entrou no mundo dos sonhos, seu corpo foi envolvido por uma luz azul. Seu objetivo era enfim avançar para o próximo Reino do Cultivo.

No entanto, não foi muito tempo depois de a Aura do Imortal cobrir seu corpo que, de repente, Xiao Ning abriu os olhos, ergueu-se com um salto e encarou a porta.

Por alguns segundos, nada aconteceu. Mas então, uma voz chamou do lado de fora.

― Grã-alquimista, está aí?

― Pode entrar ― disse o rapaz, de maneira simples.

A porta se abriu e Raijin entrou, segurando um punhado de itens. Ele avançou pelo recinto, parou ao lado de uma mesa que se achava posicionada no canto esquerdo, e começou a colocar o que carregava sobre o móvel.

― Perdoe-me pela intromissão ― desculpou-se em um tom cordial. ― Encontrei algumas das coisas que o Grã-alquimista pediu. Achei melhor trazê-las de uma vez para que pudesse se organizar. O restante está sendo providenciado. Acredito que até o fim do dia, o senhor terá tudo o que solicitou.

― Incluindo um Caldeirão Encantado?

― Sim ― afirmou Raijin, que depois de colocar tudo sobre a mesa, se afastou e assumiu uma postura diplomática. ― Não temos Alquimistas sob nosso domínio, mas dispomos de muitos itens utilizados por essa prática.

Xiao Ning se aproximou da mesa e avaliou com um breve olhar tudo o que o irmão mais novo do Xogum tinha conseguido. Além de um pilão de porcelana e almofariz, que seria usado para amassar ervas medicinais, também havia alguns frascos de vidro, como um balão de fundo chato e dois béqueres, um estetoscópio rudimentar ― de madeira e alongado, semelhante a uma luneta ―, uma lâmina de vidro, tubos de ensaios e uma pipeta.

De fato, estava quase tudo ali. As únicas coisas faltando eram a balança e o caldeirão.

― Se lembrar de algo a mais, por favor, avise-me ― disse Raijin, disponibilizando-se para ajudar o convidado. ― Quanto ao incidente de mais cedo, fico feliz em dizer que o Comandante Masao já está organizando uma equipe para capturar as responsáveis. Ele e o Comandante Isamu irão trabalhar em conjunto para resolver esse assunto.

― Isso foi rápido ― comentou Ning, que não parecia tão surpreso. ― Vocês já identificaram as duas mulheres?

― Não é tão difícil imaginar ― respondeu Raijin.

― Bem, eu ouvi que vocês estão no meio de uma guerra civil. Então, os inimigos devem ser conhecidos.

― Na verdade, o Comandante Masao não acredita que os rebeldes tenham algo a ver com o ataque. Ao que tudo indica, as responsáveis são integrantes de um grupo marginal que vem causando alguns problemas para o Xogum.

― Elas eram muito fortes para duas “marginais” ― observou Ning, demonstrando certa astúcia ao falar. ― De onde eu venho, cultivadoras Virtuosas não conseguem enfrentar um Espirituoso daquela maneira, ainda mais se tratando de soldados altamente treinados.

― Com todo respeito ao Grã-alquimista e ao Império Dourado, mas o senhor não deveria subestimar os nossos combatentes. Mesmo as marginais. ― Enquanto falava, o tom de Raijin trazia uma sensação de afronta, embora estivesse tentando ser discreto. ― Aqui, no Reino da Lua Verde, o nível no cultivo não é tão importante quanto a Técnica de Combate e a habilidade com a espada.

Xiao Ning encarou o irmão do Xogum por um segundo, em silêncio. Por fim, suspirou e acrescentou:

― Foi o que imaginei.

― Se não deseja mais nada, irei me retirar agora. ― Raijin estava pronto para partir. Mas antes que deixasse o recinto, o médico de cabelo castanho da altura do ombro o interrompeu.

― Na verdade ― ele começou a falar ― há uma última coisa. Quando o Xogum me conheceu, ele parecia um pouco surpreso com o fato de eu ser um Grã-alquimista. Há algum motivo para isso?

― Em defesa de meu irmão, ficamos todos surpresos. Não é todo dia que temos a chance de encontrar uma existência tão influente e misteriosa. Ainda mais, tendo tenra idade ― respondeu Raijin com um sorriso discreto e usando uma voz leve e descontraída. No entanto, sua explicação vaga apenas levou o convidado a encará-lo de maneira intensa.

― Mas vocês receberam uma carta explicando a situação ― confrontou o jovem de alma velha, bastante astuto.

― Sendo sincero, na carta que recebemos, apenas dizia que o senhor era um Alquimista que tinha recém-despertado sua habilidade.

― Entendo ― murmurou Ning. ― Bem, isso é tudo. Por favor, avise ao Xogum que mais tarde o visitarei para dar seguimento aos exames. Com tudo o que trouxe, eu já posso fazer alguns experimentos.

― Eu o deixarei informado ― disse Raijin, antes de curvar a cabeça, se despedir e sair do quarto, deixando o convidado sozinho mais uma vez.

Xiao Ning, por sua vez, lançou um último olhar sobre os instrumentos. Em seguida, voltou para o lugar de antes, deitou-se no chão e dormiu.

***

Após voltar para o dormitório feminino sozinha, Corina foi direto para o quarto e começou a se organizar. Ela pegou um futon no armário e colocou em um canto. Por alguns instantes, ficou olhando para aquele “tapete” fino e acolchoado, imaginando como seria dormir daquela maneira. Sendo sincera, a experiência não parecia muito confortável à primeira vista.

A jovem de cabelo dourado estava acostumada a dormir em uma grande e espaçosa cama, com muitas camadas de algodão e palha, para dar mais volume. Quando ficou na vila da Seita Ebúrnea, passou a noite em um colchão de lã e penas, que era tão macio que seu corpo afundava. Mas o futon parecia tão duro, tão desconfortável.

Temendo a noite que enfrentaria, ela decidiu experimentar, antes de tirar mais conclusões precipitadas. Dessa forma, pegou um travesseiro no armário e se deitou.

Para a sua surpresa, não foi tão desagradável quanto imaginou. Mas ainda preferia uma cama bem alta com um colchão.

Corina continuou deitada, de costas para baixo e barriga para o alto. Tinha sido uma viagem exaustiva até chegar no Reino da Lua Verde e mesmo que não estivesse sentindo sono, estava cansada.

No entanto, antes que ela pudesse ter um momento de tranquilidade, a porta do quarto de repente se abriu com um solavanco e uma mulher bela, de pele acobreada e olhar astuto, entrou.

― Estou entrando! ― anunciou Kali, que sequer pediu permissão ou se desculpou pela intromissão.

Corina foi pega de surpresa pela invasão repentina e se levantou com um pulo, de um modo que parecia estar aprontando alguma coisa e quase foi descoberta.

Ah, é só você que está aqui? ― disse a bela mulher que carregava um conjunto extravagante de joias. ― E aquela sua amiga? Eu ouvi que vocês já tinham voltado.

― Ela não está aqui. ― Apesar de ter sido surpreendida, Corina acabou sendo atraída pela simplicidade de Kali e respondeu de forma espontânea.

― E onde está?

― Acho que... ela queria conhecer o castelo.

Ah, eu entendo. Este lugar é lindo ― comentou Kali, esbanjando jovialidade. ― E também tem uns rapazes bem bonitinhos. Se bem que, pelo que ouvi, vocês já vieram bem acompanhadas ― acrescentou de uma maneira insinuante enquanto mexia a sobrancelha esquerda de um modo sugestivo.

― Você já conheceu o Xiao Ning?! ― surpreendeu-se Corina, que ficou imaginando se o ex-noivo abusado já havia tentado alguma coisa com aquela mulher.

― Eu não estou falando do Alquimista. E sim do outro, o de cabelo branco. As garotas disseram que ele é um tremendo gato!

― O... O Ancião Qiao?! ― perguntou, confusa.

― Esse mesmo! ― confirmou Kali. ― Fiquei sabendo que ele é um cultivador poderoso. É o pai de alguma de vocês?

― Não. Ele só... É o Ancião da Família Xiao. ― Corina ainda estava sem saber como reagir. Foi pega tão de surpresa pela invasão, que seus pensamentos demoraram para reagir. Além do mais, era difícil acompanhar a maneira rápida e espontânea da mulher se comunicar. ― Você... quer alguma coisa?

Ah, é verdade! Eu já estava até me esquecendo. ― Kali deu um tapa na própria testa, repreendendo-se pela própria desatenção. ― Eu queria me desculpar por mais cedo. Achei que vocês tivessem sido escolhidas pelo Xogum. Se bem que, desde que ficou doente, ele não tem tido energia nem para levantar da cama, se é que me entende ― deu uma piscadinha insinuante. ― E não foi por falta de tentativa. Ahahaha! ― caiu na gargalhada.

Se por um lado a bela de pele acobreada estava se sentindo à vontade, por outro, as bochechas da jovem Despertada ganharam um leve tom avermelhado à medida que desviava os olhos.

― Você é... ― Corina abriu a boca para perguntar algo que já havia passado por sua mente. Mas antes de terminar, percebeu que seria extremamente indelicado de sua parte tocar em um assunto tão complicado e íntimo. Por isso, achou melhor não continuar.

Entretanto, Kali percebeu sua intenção e, sem vergonha nenhuma, completou a frase:

― Parte do harém pessoal do Xogum? ― falou. E, no mesmo instante, um tom de rubor tomou conta do rosto da garota de cabelo dourado à medida que baixava a cabeça, arrependida por ter aberto a boca.

― Sinto muito! ― desculpou-se Corina.

― Não precisa ficar com vergonha ― disse Kali com sua jovialidade natural. ― Não é tão ruim quanto você deve estar imaginando. A comida daqui é deliciosa e, veja... ― estendeu os braços, exibindo as pulseiras de ouro que usava. ― Eu ganhei todas essas joias. E também, eu sou a favorita do Xogum. Então, tenho alguns privilégios.

― Eu... entendo o Xogum ― comentou Corina.

― Ora, que menina galanteadora ― comentou a mulher detentora de uma beleza estonteante, ao mesmo tempo em que exibia um sorriso divertido. ― Ah, eu já sei! ― exclamou de repente, parecendo ter percebido algo. ― Como sua amiga está explorando o castelo, que tal a gente fazer o mesmo? Eu vou te apresentar os meus lugares preferidos. ― Sem ao menos conferir se a outra parte estava de acordo, ela avançou e agarrou a garota pelo braço.

Corina, por sua vez, não foi contra a iniciativa e se deixou ser guiada.

 


Nota do Autor!

Pessoal, sinto muito, de verdade pelo sumiço!

Fiquei tão agarrado com a faculdade esses dias que não estava tendo tempo de fazer nada. Foram tantas provas e trabalhos que achei que perderia a cabeça.

Mas pretendo voltar ao normal, com algumas DIFERENÇAS.

Os caps de UAP agora serão nos finais de semana, não quinta-feira, senão eu não dou conta.

 

INSTAGRAN: https://www.instagram.com/liberaoconto/



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