Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 24: Nascimento de Um Numen


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

— Erisu...su... corra...

Uma voz engasgada diz tais palavras, junto a um som trovejante alto o suficiente para Erisu acordar com o susto, seu corpo está completamente suado, junto a uma dor intensa em sua cabeça.

Ele leva sua mão esquerda até seu rosto, percebendo pela janela a terrível tempestade que atacou seu distrito naquele dia, mesmo não tendo certeza ele sente algo estranho.

“Acho que tive um pesadelo..., mas porque não consigo me lembrar?”, pensa Erisu, tirando a coberta de suas pernas, em seguida pisando sobre o chão frio descalço, caminhando até seu armário para se arrumar, logo após de ver o horário em seu despertador.

— Mãe, por que não me acordou?

A resposta para sua pergunta foi o silencio, ele olha para o corredor buscando algum sinal de sua mãe, mas não somente a rua está toda escura, mas também sua casa.

“Para onde será que ela foi?”, questiona Erisu em sua mente, descendo as escadas para o primeiro andar, vendo que na cozinha uma xicara de café está posta na mesa, ainda com o vapor quente saindo dela.

“Acho que foi algo urgente”, Erisu segura o cabo do guarda-chuva que está atrás da porta, o abrindo em seguida enquanto pega sua mochila, para enfim sair de casa.

A chuva está forte, o vento faz até mesmo que o guarda-chuva balance de um lado para o outro, Erisu então aperta mais suas mãos, segurando de maneira firme, começando a caminhar pela rua.

Normalmente em dias de chuva Arias não vai até sua casa, mas sim se encontram no colégio para facilitar a vida de ambos

A rua está muito mais silenciosa e vazia do que o comum, “Talvez seja a chuva?”, pensou enquanto caminha ouvindo somente o gotejar sobre o asfalto. Foi aí que ao se distanciar de sua casa, percebe que os símbolos estão sendo levados pela água.

Um sentimento de alívio momentâneo passa por ele, voltando sua atenção em seu caminho, lojas; mercados; até mesmo a escola primaria está completamente vazia e fechada.

“Será que foi um alerta de tornado? Puta merda o que estou fazendo na rua então?!!!”, pensa Erisu, olhando a sua volta.

Ele se vira para retornar seu caminho para sua casa novamente, até sentir um tremor em seus pés, acompanhada por um intenso estouro.

As luzes fracas do poste desligam, com tremor aumentando ainda mais, fazendo com que ele vire seu olhar para o alto, percebendo que ao norte um incêndio acabara de se iniciar em um prédio familiar, a origem da explosão: Seu colégio.

Mesmo com o som alto, ninguém ao redor parece ter notado, muito pelo contrário, todo o ambiente indica que somente Erisu percebe aquilo.

Um medo cresce em seu peito, porém de maneira brusca Erisu larga seu guarda-chuva, jogando junto a sua mochila para enfim correr em direção ao seu colégio, se enxarcando por completo.

“Não vá. Não vá, droga! droga!”, Erisu diz para si mesmo enquanto passo por passo se aproxima de seu colégio, vendo as imensas labaredas de chamas no último andar do prédio iluminando tudo a sua volta.

— Merda!

Ele corre passando pela entrada de seu colégio, virando à direita até finalmente chegar no corredor principal.

Por fim parando abruptamente ao se deparar com algo confuso em sua visão, a sua frente no meio do corredor está uma porta de ferro velha e enferrujada, com um olho mágico no centro.

Seria apenas uma porta estranha se não fosse por dois motivos, sendo o primeiro deles que aquela porta nunca esteve ali, ontem mesmo ele caminhou por esse corredor e não havia sinal de tal porta.

Já o segundo motivo, é que aquela porta dá a lugar algum, está no meio do corredor que dá amplamente para ver o que há atrás.

Sua respiração está ofegante com tal situação, mesmo assim ele anda até a porta passo por passo lentamente, quase como se algo atrás daquela porta o chama-se para ver o que tinha por de trás daquele olho magico.

“Não olhe! Não abra! Não!”, seus pensamentos são diferentes de seus atos, ele estende a mão até a maçaneta fria, esticando seus pés enquanto se aproxima seu rosto do olho magico.

Ele não sente seu corpo, não consegue nem mesmo ouvir sua respiração, é claustrofóbico mesmo em um ambiente aberto.

Quando Erisu está a um centímetro de olhar de trás da porta, alguém segura seu braço, um toque familiar junto a desespero e força que acaba o puxando para longe, abrindo a porta do zelador ao lado do corredor principal, se escondendo junto a ele.

A sua frente está Arias, que leva o dedo indicador até sua boca em sinal de silêncio, além dos machucados que já tinha percebido no dia de ontem, um corte imenso em sua sobrancelha sangra enquanto ele tenta controlar sua respiração.

Arias fecha a pequena cortina da janela na porta, observando ao redor, até por fim suspirar encarando seu amigo.

— Você está bem Erisu-su? — diz enquanto mostra seu grande sorriso sincero.

— O que está acontecendo? Cadê todo mundo? Que merda é aquela porta?!

— Sendo sincero, eu também não sei, hehe!

Erisu arrega-la seus olhos, de maneira incrédula.

— Como você consegue?

— Como eu consigo o que?

— Sorrir, mesmo nessa situação? Não só nessa..., mas sempre você sorri, como?

Arias o encara, pensando por um tempo em sua resposta.

— Acho que é à minha maneira de retribuir.

— Retribuir o que? — questiona Erisu, encostando suas costas na parede.

— O quanto sou feliz por ter te conhecido — Arias suspira, levando a mão até o ombro de seu amigo — além do mais, você quase nunca sorri, então eu tenho que fazer por nós dois!

Erisu não encontra palavras para responder seu amigo, em seguida vê seu amigo pegando um cabo de vassoura se preparando para algo.

— O que está fazendo?

— Temos que dar um fora daqui e isso é para nos proteger! — diz Arias, jogando outro cabo para seu amigo.

— Nos proteger do que?

— Também não sei, mas não importa o que aconteça, fique sempre atrás de mim!

Arias abre novamente a porta, se dirigindo em direção a saída dos fundos agachado, enquanto Erisu o acompanha quase que perfeitamente.

— Não é mais perto sair pela entrada?

Shiu! Fale baixo! Já estaríamos indo por lá se fosse possível, mas não é seguro. — Cochicha Arias, virando seu olhar para seu amigo.

Todo o colégio está em completo breu, o clima úmido deixa o piso levemente escorregadio, mas o que mais assombra os pensamentos de Erisu, é o estranho silencioso amedrontador, por alguma razão nem a chuva pode ser ouvida de dentro.

Enquanto caminham, por fim Erisu vê uma porta entreaberta, é a sala de matérias práticas, como química e biologia.

Passando pela frente da fresta, percebe uma silhueta caída no chão.

— Arias! Tem alguém caído ali! — cochicha Erisu, apontando para sala.

— Sério? Okay, fica atrás de mim.

Arias toma a frente, retornando até a porta a abrindo lentamente, para enfim perceberem que está caída no chão frio.

— É a professora Osara, droga me ajuda aqui Erisu! — diz Arias, se curvando para erguer a professora.

Erisu o ajuda em seguida, conferindo se ela está bem, assim de pouco a pouco acaba recuperando sua consciência olhando para seus dois pequenos alunos.

— Meninos? O que fazem aqui? — questiona Osara aparentando estar confusa.

— Nós fazemos a mesma pergunta — diz Arias, pegando novamente o cabo de vassoura — o que aconteceu?

— Eu vim trabalhar como qualquer outro dia, corri direto para aqui achando estar atrasada por não ver nenhum aluno ou professor do lado de fora, mas... algo então apareceu... e explodiu!

— Eu também ouvi essa explosão, consegui ouvir a distância.

— Foi na sala do diretor, eu fui conferir... — diz Arias, voltando sua atenção para o corredor — temos que sair daqui, consegue andar professora Osara?

— Acho que torci meu tornozelo quando cai — exclama Osara, demonstrando ao tentar pisar com a perna direita.

— Deixa que eu te ajudo professora — diz Erisu, se colocando ao lado dela como apoio.

— Obrigada pequeno — Osara sorri, pegando de cima da mesa uma pequena caixa, partindo junto com os dois.

Os três então saem para o corredor novamente, enquanto caminham buscando fazer o menor ruído possível.

Quando finalmente estão a poucos passos da saída dos fundos, tendo a imagem da fuga daquela situação bem a frente, Osara sem querer pisa em falso novamente com sua perna machucada, fazendo com que ela e Erisu caíssem ajoelhados no chão.

— Professora, você está bem? — questiona Erisu preocupado, tentando erguê-la novamente,

— Estou... só minha perna...

Arias se vira, estendendo a mão direita para ambos de maneira alegre, — Estamos quase lá! Eu ajudo.

Erisu ergue sua mão para segurar a dele, então em um piscar de olhos, um som de carne sendo cortada é ouvida por Erisu, que em uma fração de segundos, vê o braço direito de seu amigo voando, enquanto espirra uma quantidade imensa de sangue sobre o chão.

A expressão de Erisu se molda em um olhar de desespero e agonia, vendo seu amigo caindo de lado no chão sangrando sem parar, enquanto grita com todas as forças pela terrível dor.

Paralisado, ele ouve ao seu lado, um som constante de algo se arrastando, para pôr fim perceber o que arrancou o braço de seu amigo.

Uma imensa criatura de pele azul e dentes afiados, seus cabelos parecem lâminas punitivas, é impossível distinguir a forma de seu corpo que se moldar a cada segundo.

Já tiveram suas bolhas descascadas!!! — grita aquele monstro, com sua voz borbulhante e confusa.

A monstruosidade então move seu braço para o alto, frente a Erisu para atacá-lo, que em contrapartida está estático.

No último segundo, Arias segura o cabo de vassoura com sua mão esquerda e usa seu corpo enquanto se joga na frente de Erisu, recebendo novamente um terrível corte que passa do seu pescoço a até suas pernas.

Mesmo com terrível ferimento, Arias continua em pé, olhando para seu amigo com uma expressão de dor.

— Erisu...su... corra...

Erisu sente o toque de sua professora, que o segura correndo na direção oposta da saída e da criatura.

Sua última visão, foi seu amigo sendo perfurado por uma lâmina no estomago, ficando pendurado contra a parede demonstrando uma agonia em seus olhos enquanto tenta respirar de maneira desesperada sem sucesso.

A voz de Arias não sai mais, agora sua voz se tornou grunhidos de dor e desespero, até seus olhos começarem a lacrimejarem sangue.

A criatura por fim, corta o pescoço de Arias, que bate sua cabeça contra a lâmina, dando seu último suspiro.

A visão de Erisu se escurece, ele está vazio, a agonia crescente em seu coração, seu melhor amigo morre em sua frente.

Osara sobe as escadarias correndo, entrando na sala dos professores trancando as portas, deixando Erisu cuidadosamente no chão.

Sem ter tempo para pensar, Erisu vomita enquanto grita cada vez mais o nome de seu amigo, — Arias!!! —, ele se engasga cada vez que expele seus líquidos misturados a suas lagrimas.

Osara se afasta de Erisu, abrindo as janelas fazendo a chuva molhar o chão e os trovões iluminarem a sala.

— Professora... que monstro era aquele?!!! — exclama Erisu, voltando a vomitar, com a imagem de seu amigo voltando em sua mente.

— É um Namahage — diz Osara calmamente, se aproximando de Erisu, abrindo a pequena caixa de sua mão, para em seguida acariciar o rosto dele para acalmá-lo.

Erisu continua ofegante olhando para o chão, vendo somente os pés de Osara no chão.

— Sua perna melhorou professora? — questiona Erisu em confusão.

— Sim meu amável Erisu — Ela gargalha brevemente, erguendo o queixo dele para olhar ela nos olhos — lembra da nossa conversa de ontem de não se sentir capaz?

Erisu a encara nos olhos, vendo um intenso brilho vermelho do qual nunca havia reparado antes.

— Eu amo garotos egoístas como você — Osara sorri, concluindo sua frase.

Ela ergue uma seringa retirada da caixa do qual carregava, com um líquido espesso e negro dentro, assim com um sorriso malicioso, Osara enfia a agulha da seringa diretamente no centro do olho de Erisu, que arrega-la seus olhos com tremenda dor.

Erisu grita em dor com espasmos em seu corpo enquanto tenta afastar Osara, mas sem sucesso, a força dela beira a ser sobre-humana.

O líquido entra em seu globo ocular, causando um latejar intenso por todo seu cérebro, sua cabeça parece que ia explodir.

Osara retira a seringa de seu olho, gargalhando de uma maneira nunca vista por ele, um sorriso de uma pessoa que parece estar se divertindo com o que está acontecendo.

— Vamos! Vamos meu pequeno! Quero ver se você vai sobreviver!

Com ambas as mãos em seu rosto, Erisu sente sua pele queimar cada vez mais, uma dor fervente, todos os momentos com seu amigo percorrem em sua cabeça como se fosse seu fim.

De todos seus orifícios em seu rosto escorre sangue e mais sangue.

Ele curva sua coluna para assim por fim sua escapula junto ao seu ombro se quebrar e sua pele rasgar com algo saindo de suas costas, cortando tudo a sua volta.

Osara a cada segundo gargalha ainda mais, abraçando os próprios braços em prol de sua diversão.

— Isso! você tá indo muito bem! bom garoto!

Em meio a dor, a sua expressão de dor e choro se muda para um sorriso tão sádico quanto de sua professora, em gargalhadas infernais, sua mente agora está quebrada.

O som da risada de ambos pode ser ouvido até mesmo do lado de fora do colégio, para logo em seguida de pouco a pouco a consciência de Erisu fosse se perdendo em meio a seu sorriso.

Osara acaricia os cabelos de Erisu pela última vez, olhando bem no fundo de seus olhos.

— Sabe... se fosse em outra situação, adoraria ter brincado com você por mais tempo. — Ela entrelaça os dedos, se afastando de Erisu.

Ela caminha até a porta, a destrancando e saindo para o lado de fora.

Em meio a escuridão e a perca de consciência, Erisu somente pode ver o sorriso maligno e os olhos vermelhos dela, que gentilmente retira seus óculos.

E como a sua última memoria desse inferno de momento, ouve Osara dizer tais palavras, antes de uma asa carmesim sair de suas costas:

DIABURU!!!

Após o breu de seu desmaio, nada mais faz sentido.

Até que Erisu novamente acorda soado, se levantando com urgência do local em que estava deitado, vendo com seus olhos então, Oinari e Himeno jogando videogame juntas, na casa do qual encontrou seu novo lar.

Erisu suspira de alívio, por enfim perceber que aquilo que viveu era somente as memorias de seu pior pesadelo, ele leva a mão até seu olho direito e diz, — Acho que tive um pesadelo.

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】


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