Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Delongas


Volume 3

Capítulo 78: Nasce um Império.

Calie.

 

Mesmo depois que Tyler saiu, Calie passou muito tempo acordada, ela apenas pensava em tudo o que estava acontecendo.

Sua visão dos homens estava errada? Tyler era diferente dos demais?

Calie simplesmente não sabia. Tudo o que ela sabia era que esse senhor despertava sentimentos diferentes dentro dela, ver a forma que ele tratava ela e sua filha lhe dava uma sensação de segurança e paz nunca sentidas antes.

Mesmo sem perceber Tyler tinha trago momentos muito especiais, aquela comida quente e saborosa tinha lembrado sua mãe, mas ver ele deitado na cama e contando histórias de ninar. Era isso que um pai devia fazer?

Mesmo Calie tinha que admitir que Mel estava incansável naquela noite, pedindo uma atrás da outra, quantas histórias ele tinha contado? 

Ela o viu inventar muitas diferentes sobre trolls, goblins, fadas, reinos e duelos. Tyler tinha sido muito criativo e contava com uma emoção que cativava a pequena, talvez esse tivesse sido o motivo dela demorar quase duas horas para dormir.

Será que é isso que um pai faz? Calie se perguntou.

Seu próprio pai havia morrido muito cedo e ela quase não tinha nenhuma lembrança dele, uma das poucas que tinha era de quando ele a ensinou a andar de bicicleta. Já a pobre Mel nunca vira o seu.

Dylan foi um babaca completo, abandonado-a antes mesmo da filha nascer, ela nunca mais o viu e nem ouviu falar.

Talvez tinha sido melhor assim. Talvez ela tenha se livrado de um fardo terrível muito antes de ser tarde demais, Calie não se arrependia de ter sua menina, ela a amava do fundo do coração e agora essa criança era sua única companheira.

Mas e Tyler? O que esse senhor representava em sua vida agora?

Calie não estava certa de qual eram seus verdadeiros sentimentos por Tyler, mas sem dúvidas o maior deles era gratidão. E com base nessa gratidão ela trabalharia com todo afinco por Tyler.

Naquela manhã ela acordou muito mais cedo que o necessário e com isso Mel também foi obrigada a se levantar, deixando a menina no colégio antes mesmo dele abrir, Calie foi para a sede da empresa.



Tyler.

 

Quando Tyler saiu da casa naquela noite ele ficou com as palavras de Melanie grudadas na sua mente.

Deixar de perguntar o nome do planeta na qual você pretende se mudar era de fato um deslize sem igual, contudo Tyler pensou no real motivo dele não ter interesse em perguntar.

E a resposta era simples, ele não sentia uma ligação com aquele planeta.

Quando ele era jovem e se alistou para lutar na guerra do Vietnã, ele foi movido por puro patriotismo. Tecnicamente ele não precisava ir, sua formação como médico o assegurava longe de qualquer obrigação, e se por um acaso fosse convocado nunca precisaria lutar nas linhas de frente.

Movido pela paixão pelo seu país, ele lutou lado a lado com seus irmãos derramando sangue, suor e lágrimas.

Quando você entra para o exército é muito “engraçado” eles te desconstroem por inteiro e depois te reconstroem como uma máquina de matar patriótica.

Até hoje Tyler ainda se lembra das cantigas de guerra cantadas em longas marchas e exercícios extenuantes.

Claro que depois de um tempo você volta a pensar direito, mas sem dúvidas todas as pessoas têm suas mentes e corações transbordando de orgulho quando estão servindo, ele mesmo quase que pedia uma ocasião para usar seu uniforme de gala.

Até hoje ele tem uma visão diferente sobre os demais assuntos, não só sobre seu próprio país, mas como o mundo em geral.

Tyler tinha que criar essa mentalidade também naquelas pessoas, ele destruiria toda e qualquer mentalidade antiga e construiria uma nova com base nos seus próprios valores morais.

Muito longe de criar uma nação de minions que o adore como um deus vivo. Seus planos eram mais simples, era trazer o coração das pessoas a uma sociedade mais igualitária e justa.

Ele até sentiu um frio na espinha quando percebeu que de certa perspectiva ele era um comunista…

Porém é como ele dizia: “Se você dá liberdade às pessoas e uma boa vida para elas e sua família, você está encarnando a alma de um verdadeiro capitalista.

Baseado nesse plano de formar uma nova identidade Tyler resolveu fundar um país completamente novo, suas ambições de assimilar os reinos vizinhos ainda estava de pé. O que mudou era que o Reino Leste, o qual ele agora era o herdeiro, não seria mais aquele quem tomaria conta do continente.

Um novo país tinha que surgir para esse novo povo. Um país que inspirava avanço, força, igualdade e sem dúvidas um país de vanguarda.

“Atlantis!!” Tyler exclamou quando o nome veio.

Sim, seja real ou mitológico, não há nada que se compare com Atlantis, segundo Platão relatou, ela era uma cidade muitas eras mais avançada que suas vizinhas, uma sociedade quase utópica.

O mito de Atlantis trazia tudo o que Tyler almejava como sociedade, mesmo que fosse baseada apenas em uma lenda ele poderia mexer e embutir os preceitos e valores de sua escolha nessa bandeira.

As novas pessoas que entrassem em seu reino destituíram seus velhos conceitos e vestiriam o sentimento patriótico de ser um atlantiano.

Os países antigos sumirão do mapa, mas, mesmo assim, os povos e as culturas regionais sobreviveriam, isso não era um problema, o problema era que muitos desses povos eram inimigos por gerações, se as restrições impostas pelos reinos sumisse, o que aconteceria?

Para evitar todo o caos, Tyler tinha que inventar uma nova identidade que superasse todas as outras.

Sem poder conter seus pensamentos, Tyler mal pôde dormir a noite. Mal esperando o sol nascer ele decidiu ir para a firma e começar a fazer ligações, agora que tinha uma ideia fixa, Tyler queria personalizar tudo o que pudesse com o logotipo de Atlantis.

Tyler era um homem do século XXI e sabia com exatidão o poder da propaganda. Todos os grandes governantes só são lembrados até hoje, por causa das propagandas, foi César quem teve a ideia de pôr o rosto em uma moeda, naquele tempo as pessoas só sabiam quem era o rei, contudo ninguém tinha ideia de como ele era.

Mesmo aquele bastardo de Hitler só chegou onde chegou, por causa da sua extensa máquina de propaganda.

Para se fazer uma bandeira tem que se obedecer certas regras, ela tem que ser de fácil identificação, ter poucas cores e ser tão simples que qualquer criança possa desenhar.

Pensando nisso, Tyler pensou em uma bandeira prateada com um “A” azul estilizado no centro.

As cores sempre têm um significado, o prateado sempre está associado com brilho, valor, solidez, tecnologia e inovação, já o azul ligado a profundidade, confiança, sabedoria, lealdade e inteligência.

Com essas e outras coisas em mente, Tyler madrugou na frente do escritório. Os meninos só chegavam perto do meio-dia, já que grande parte dos seus trabalhos eram feitos tarde da noite.

Nem tinha dado 7:00 horas quando Tyler viu um carro estacionar ao lado do seu. Embora ele não tenha comprado diretamente, ele sabia muito bem de quem era esse carro.

“Desculpe, a agência de modelos é do outro lado da rua.” Tyler brincou quando Calie entrou.

Ela vestia um terno de alta-costura muito bonito, e o preço caro que tinha pago era justificado pelo caimento perfeito que ele tinha no seu corpo.

Calie mesmo que já estivesse acostumada com os elogios gratuitos de Tyler, corou. “Desculpe, eu só achei que devia vir bem-vestida.”

“Está se desculpando por estar bem-vestida? Minha cara, essa empresa está transbordando de cuecas fedidas, uma flor que nem você era tudo o que precisávamos!”

“Obrigada.” Calie respondeu um pouco sem graça.

“Não agradeça tanto, vamos trabalhar?” Tyler quis saber.

“Sim, claro! Por onde eu começo?” Calie falou enérgica.

“Eu pedi aos rapazes que providenciassem uma sala, porém hoje você fica na minha sala e trabalhamos juntos por enquanto, pode ser?”

“Sim, sim!” Calie tinha mola nos pés, tudo o que ela fazia era como um poço de ânimo.

“Aquela sala ali é a sua, pegue uma cadeira e venha.” Tyler mandou e entrou no seu escritório.

Calie seguiu as ordens de Tyler e foi pegar a cadeira, seria mentira se ela não dissesse que estava curiosa sobre sua sala.

Quando ela abriu a porta, gostou muito do que viu, era bem espaçosa. Havia uma mesa com uma poltrona de chefe, também tinha uma estante e alguns vasos decorando. Fora a mesa e a cadeira que obviamente eram produtos de alta linha feitos por designers, o resto era meio frio e sem senso de estética.

Era claro que nada disso importava, ela estava morta de felicidade, aquilo era quase a realização de um sonho. Sem demora ela pegou a cadeira e saiu.

Calie abriu a porta e empurrou até a mesa de Tyler. “Pronto!” ela anunciou.

“Bom, quer um café?” Tyler perguntou.

Sua sala não tinha nada demais, na verdade era igual à de Calie, o único diferencial era uma máquina de café expresso bem cara na estante.

“Claro.” Calie respondeu.

“Os rapazes, e eu também, não sabíamos como montar a sua sala, depois você pode decorá-la como quiser.” Tyler falou.

“Não há problema, eu gosto dela.”

Tyler franziu o cenho, mas deixou para lá. “Tente entrar em contato com essas firmas de design, eu quero uma arte com eles, só mais uma coisa; aqui na empresa dinheiro não é problema, tempo sim! Todo negócio que você fizer tente encurtar o prazo de entrega ao máximo!”

“Compreendo.”

“Você fala outro idioma?” Tyler perguntou.

“Falar, falar não... mas sei cumprimentar em 8 idiomas.”

“Hahaha.” Tyler não aguentou o riso com essa. “Essa empresa aqui é da China, depois que tivermos uma resposta dos designers contate ela e veja se eles podem incorporar essa logo nos nossos produtos.”

“Sim senhor, mas tudo bem eu não falar mandarim?” Calie de repente se sentiu insegura.

“Meu anjo, você agora fala a língua do dinheiro, quem quer falar com você é que precisa se adaptar.”

“Certo, eu entendo.”

“Ótimo, agora ligue para as empresas e repasse o e-mail que está na sua caixa de entrada.”

Com as ordens de Tyler os dois retomaram aos seus serviços.



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