Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Delongas


Volume 3

Capítulo 79: Primeira viagem.

“O que acha desse?” Tyler perguntou.

Duas horas depois de ter enviado o pedido para as empresas de design, eles receberam dezenas de artes conceituais diferentes. Algumas eram muito parecidas entre elas e se diferenciavam apenas por um ou outro pequeno detalhe.

“Não sei, acho que esse aqui é melhor…” Calie falou incerta, ela tinha visto tantas e tantas artes diferentes, que tudo parecia o mesmo, contudo a que estava em sua mão era o que ela mais gostou.

“Se é esse, então responda a empresa que aprovamos e peça que façam os produtos.” Tyler pediu.

Esse último pedido de Tyler dizia respeito à empresa contratada colocar em vários produtos a arte conceitual. Ele teoricamente deixaria tudo pronto para uma campanha de marketing. Normalmente uma campanha tem adesivos, bonés, chaveiros, canetas, agendas e etc. Contudo Tyler não usaria isso no mundo real, ele usaria lá. Inundando todo um planeta com seu marketing promocional.

“Ehh… Tyler, por que só há nós dois aqui?” Era quase 9:00 da manhã e mais ninguém tinha chegado, Calie ficou desconfiada.

“Os rapazes ficam trabalhando na maior parte das vezes de madrugada, então é natural que cheguem mais tarde.” Tyler explicou.

“Hum, faz sentido. E agora, fazemos o quê?”

“Mande as imagens para as fábricas na China e peça que as nossas logos venham nos próximos produtos.”

“Sim, claro.” Calie falou nervosa, ela nunca tinha trabalhado num escritório, e agora estava conversando com pessoas do outro lado do mundo e fechando um negócio que envolvia centenas de milhares de dólares.

Sem saber o motivo, ela ficava mais nervosa com a calma excessiva de Tyler, ele a mandou fazer isso sozinha e não se preocupou com nada. Ela não era nenhuma comerciante, e nunca tinha negociado nada de valor significativo.

*Respira* Respira* Respira*

Calie se concentrou e começou a ligação. “Alô… eu sou Caterine Smith, eu sou a gerente de aquisições da RH Enterprises, eu gostaria de conversar sobre algumas modificações...” mesmo nervosa ela tentou manter um tom sério e profissional.

Pouco a pouco ela foi se soltando e se acostumando com sua nova função, antes das 11:00 ela já tinha feito mais de 15 ligações diferentes para diversos países e como Tyler tinha dito, ela falava a língua do dinheiro. Todas as firmas tinham alguém que falava inglês então tudo correu sem muitas dificuldades.

“Já terminei.” Calie avisou.

“Isso é muito bom, o que achou?” Tyler quis saber.

“Eu estava muito nervosa no começo.” Ela admitiu. “Mas depois me acostumei, acho que não é tão difícil.”

“Os meninos estão chegando e temos uma reunião em Dallas.”

“Em Dallas?” Calie ficou surpresa, ela sabia que não era perto, de Houston para Dallas eram mais de 380 quilômetros, não era uma coisa que ela poderia ir e vir como quisesse.

“Vamos de avião.” Tyler disse depois de ler a expressão dela.

“Entendo.” Calie falou mais aliviada, pelo visto ela ainda podia chegar em casa cedo.

“Vamos, nós podemos almoçar enquanto voamos.”

Tyler a chamou, os dois estavam perto de sair quando os rapazes começaram a chegar.

“Tio Ty.” Shift cumprimentou.

“Bom dia, garotos, deixem-me apresentar todos corretamente, essa é a Calie. Ela vai trabalhar conosco de agora em diante.” Tyler introduziu cada um deles.

“Eles têm nomes tão esquisitos.” Calie falou quando os dois estavam no carro.

“Bem, eles são todos esquisitos, mas são boas pessoas.” Tyler falou.

“São muito jovens também.” Calie completou.

“Eles são o que a sociedade chama de gênios, tive sorte de achá-los.”

Tyler não foi evasivo nem deu muitos detalhes, felizmente Calie estava muito concentrada em seus deveres.

 

***

 

“O que vamos fazer em Dallas?” Calie perguntou enquanto almoçavam no avião.

“Comprar armas.” Tyler disse.

“Armas?”

“Sim, essa fábrica em questão faz fuzis de assalto, o AK-47 para ser mais preciso.” Ele explicou.

Calie não estranhou tanto, em primeiro lugar ela era americana e em segundo lugar ela era uma texana, se ela não estivesse acostumada com armas, deveria mudar de país.

“Já atirou?” Tyler perguntou.

“Quando eu tinha 14 anos, eu tinha uma amiga que se chamava Ana, o pai dela gostava muito de acampar. Ele deixava ela atirar com um rifle, eu atirei um pouco, mas as balas eram muito pequenas.” Calie mostrou com os dedos. “Pareciam de brinquedo.”

“Deve ter sido um 22LR, o LR quer dizer long rifle (rifle longo), ela é uma excelente munição para começar.” Tyler explicou. “Gostou?” Ele quis saber.

“Eu só atirei uma vez, não posso dizer se gostei ou não, mas posso dizer que não foi uma experiência ruim.”

“Isso é bom, nós estaremos em uma fábrica, se quiser atirar, esse é o melhor local.” Tyler aconselhou.

“Posso responder quando estivermos lá?”

“É claro.”

 

***

 

Nos arredores de Dallas, funcionava a US Fire Guns.

Ela tinha sido uma empresa familiar por muitos anos e depois cresceu muito, apesar de exportar seus produtos para vários países, continuou sendo operada pelos descendentes de seu fundador. O gerente atual era Herman Parker.

O senhor Parker era um homem de aparência simples, estava na casa dos 50 e provavelmente sua altura e circunferência eram iguais, ele era careca e muito branco, do tipo que quando ria ficava inteiro vermelho, e isso acontecia com uma frequência relativamente alta.

“Senhor Parker, é um prazer poder falar com o senhor pessoalmente.” Tyler disse.

“O prazer é meu, o senhor disse falar, já nos vimos alguma vez antes?” Parker quis saber.

“Na feira de armas de 2013 que aconteceu em Illinois, ficamos com os estandes colados, mas não pude falar com o senhor.” Tyler explicou.

O homem pensou um pouco. “Você estava naquele estande de defesa pessoal?” Ele perguntou.

“Sim, eu não trabalho nesse ramo, naquela época eu recebi um convite, só isso.” Tyler explicou.

Como ele praticava artes marciais desde jovem, ele mesmo trabalhou de vez em quando como instrutor em algumas academias especializadas, então era natural que em algum momento uma empresa que estivesse precisando de pessoas experientes em feiras o contratasse.

“Entendo, por onde começamos?” Herman perguntou.

“Bem essa é minha gerente de aquisições, a senhorita Caterine Smith, como meus assessores entram em contato antes, o senhor já deve ter uma ideia básica das nossas intenções.” Tyler fez o resto das apresentações e foi direto ao assunto.

“Sim, o senhor quer que minha empresa produza sob encomenda, não é?

“A princípio sim, e parceria futuras podem ser conversadas, estou montando um grande portal online e algumas lojas físicas, ter armas personalizadas feitas por vocês seria um ótimo começo.” Tyler sorriu, é claro que 90% das palavras que ele falou agora eram mentira, tudo isso era apenas uma estória de fundo para que ninguém desconfiasse de milhares de armas sendo compradas sem motivo.

“Isso é muito bom, deixe-me mostrar-lhes nossas armas e então conversamos.”

Tyler e Calie eram guiados pela linha de montagem, eles viram o material chegar em forma de barras de aço, depois ser usinado. Basicamente existem dois tipos básicos de diferenças no corpo de um AK-47, ele pode ser chapeado ou usinado.

As originais projetadas pelo grande kalashnikov, eram feitas de folhas de aço dobradas. Isso dá leveza na arma e acelera em muito os processos de fabricação. Posteriormente vieram as usinadas, a “caixa” onde os mecanismos de disparo estão, é usinado a partir de um bloco sólido de metal, isso deixa ele bem mais resistente e sem grandes pontos de possíveis falhas, esse método resulta em uma arma mais pesada, porém mais durável.

Dizer que um é melhor que o outro é errado, armas são ferramentas e cada ferramenta tem seu papel específico. Qual é melhor um revólver ou um fuzil?

A resposta é: depende; se você está em um ambiente muito apertado como um corredor ou mesmo dentro de um carro, a resposta é um revólver, já se é numa área espaçosa e os inimigos estão a uma distância muito grande, o melhor é um fuzil.

Quando Tyler andava pela fábrica, ele secretamente fez uma anotação mental de pedir para os meninos invadirem o banco de dados dessa empresa e copiarem as plantas e os processos de fabricação deles, quando Tyler montasse uma dessas no outro mundo, seria muito mais simples e evitará dores de cabeça desnecessárias.

Depois de terem dado um tour com o gerente, Tyler e Calie foram levados até o estande de tiros.

“No momento estamos fazendo apenas a AK-47, contudo como devem ter visto, as variações são enormes!” Herman falou apontando para uma mesa onde as armas estavam alinhadas.

Para começar tinham as em calibre 7.62  X 39mm russo  original e o 7.62 X 51mm NATO e 5.56 NATO, depois as com coronha de ferro, plástico ou madeira, rebatíveis ou não, com detalhes em madeira ou polímero, com trilho tático ou não, etc. As possibilidades de escolhas diferentes beiravam o infinito.

“Vamos atirar um pouco?” Tyler perguntou.

“É claro.” Herman concordou.

Todos os três colocaram óculos de proteção e abafadores de ruídos.

Tyler já tinha atirado com essas armas antes, mesmo aquela que Noeru tinha era feita por essa companhia. Mas quem ia perder a chance de atirar de graça?

“Quais os problemas que tiveram?” Tyler perguntou, embora parecesse uma pergunta aberta, quem entende de armas sabe que quando se fabrica uma por causa de um ou outro detalhe ela pode não operar como esperado, um recall não é algo fora do comum nesse meio.

“Os nossos modelos em 5.56 tiveram pequenas falhas na alimentação do gás e às vezes tendiam a não completar o ciclo se fossem de munição recarregável, mas nós consertamos o erro e faz três anos que não temos mais nenhum problema.” Herman assegurou.

“Gás?” Calie ficou confusa.

“Olhe aqui.” Tyler mostrou a arma para ela. “Está vendo que ela tem dois canos?” Ele apontou.

“Eu vejo.” Ela disse.

“Essa arma é do tipo operada a gás, quando o cartucho explode na câmara, é o gás em expansão quem expulsa o projétil pelo cano, está entendendo?” Tyler perguntou.

Calie assentiu com a cabeça e deixou que ele continuasse.

“Pois bem, aqui no final do cano principal, existe um pequeno furo que liga a outro tubo, parte do gás passa pelo furo e entra nele. Usando esse gás “reciclado” a arma tem uma ajuda para preparar o ciclo do próximo disparo mais rápido.”

“Ohh, eu entendo, muito engenhoso.” Calie elogiou.

“Sim, de fato, o problema é que tudo tem que ser muito bem calibrado para que funcione com perfeição. Às vezes aumentar o furo ou uma pequena besteira na mola são o suficientes para ajeitar o problema, e como o senhor Herman tinha dito, outras vezes ela falhava com munições recarregáveis, no geral elas sempre dão trabalho, pois não se tem um controle específico de quanto ou qual tipo de pólvora está sendo utilizada na arma.” Tyler terminou de explicar.

“Eu não sabia que tinha tanta coisa envolvida.” Calie confessou, parece que ela se deu conta de que caiu de paraquedas sem saber de nada do trabalho.

“Não se preocupe, vai dar certo.” Tyler falou depois de ler seu rosto. “Quer atirar?” Ele perguntou para aliviar o clima.



Comentários