Vida em Folhas Brasileira

Autor(a): Lucas Porto


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 14

 

Cidade Principal.

Mākeke Nui.


“O país de Artéria é vasto. Suas terras se estendem além do que os olhos podem ver. Na era atual, o país foi dividido em 5 regiões: Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Cada uma dessas regiões possui duas Grandes Famílias as liderando e as administrando.

Dentro de cada região há diversas aldeias e vilas, todas interagindo entre si, mas acima dessas pequenas residências estão as cidades principais. Local este onde todos já foram pelo menos uma única vez, é lá onde fica as casas das grandes famílias.”

— Entendi — interrompeu Kishi. — Então uma das Grandes Família vive aqui em Mākeke Nui?

— Se for fazer pergunta faça depois de eu terminar minha explicação — resmungou Alissa. — Se você não tivesse perdido a memória eu não teria que te explicar tudo.

— Ela tem razão Kishi, não é educado interromper os outros, e não, nenhuma das Grandes Famílias vive aqui. A região Sul onde estamos tem três cidades principais, a Família Iona e Nyune se estabelecem nessas outras cidades. — O senhor Edo suspirou, aquele dia estava quente.

Mākeke Nui é uma cidade gigantesca. Quatro vezes maior do que qualquer outra aldeia ou vila que eles já tivessem passado. A rua estava lotada de pessoas, todas carregando alguma coisa. Mākeke Nui é conhecido como a cidade dos mercantes, e o motivo é óbvio.

Se a aldeia Prawf era onde todos os mercantes passavam, Mākeke Nui seria onde esses mesmos residiam. Não importa para onde olhasse, sempre havia alguém vendendo algo. As casas também eram maiores que o padrão, todas sem exceção tinham ao menos dois andares. As mais exuberantes chegavam a cinco ou seis.

Kishi se sentiu admirado com aquela cidade. Ele não tinha certeza se já havia visitado ou não essa cidade, mas seus olhos que brilhavam com uma luz forte deixavam claro o sentimento de felicidade gigantesca que sentia, entretanto, essa felicidade foi interrompida por uma abrupta preocupação.

Estando em um lugar tão grande seria fácil infiltrar espiões. Não apenas isso, as palavras fofoqueiras que pulavam de uma boca para outra faziam com que a troca de informações fosse facilitada. Pensando de maneira mais racional, ele sentiu a vontade de desaparecer daquele lugar.

O Sol estava bem colocado no céu, seus raios arrebatadores caiam sobre todos aquecendo a cidade como uma grande fogueira. Alissa e Edo eram quem mais sofriam com isso. A garota jogou os cabelos para cima e se perguntou se não deveria cortá-los, mas disse para si mesma que não.

Em sua casa, Alissa e seu falecido pai constantemente olhavam para uma pintura que um artista viajante fez. Na pintura em questão, o pai de Alissa aparecia ao lado de uma mulher com longos cabelos vermelhos e uma barriga tão grande quanto. Essa era sua mãe.

Ela nunca teve a chance de conhecê-la, sua mãe faleceu durante o parto. Por sorte havia aquele quadro que ficava dentro do quarto de seu pai, sempre que ela olhava para a pintura sentia seu coração aquecer. Era sua mãe, onde quer que estivesse, a vigiando e a protegendo.

Já o senhor Edo se sentou perto de uma parede. Ficar de pé era muito cansativo. O calor extenso da cidade fazia com que sua testa enrugada ficasse cheia de suor. Sua respiração ficou pesada. Ele observou Kishi e Alissa, ambos pareciam entretidos em pensamentos longínquos na qual ele não poderia se intrometer.

Fechou os olhos por um instante. Em uma oração incerta, agradeceu aquele que reuniu todos os três. Reencontrar o filho é uma dádiva que apenas os mais sortudos poderiam ter.. Quando abriu os olhos observou a roupa que algumas pessoas estavam usando. 

Azul, vermelho, cinza, branco, rosa e roxo. Sempre uma cor diferente, todos os tecidos eram refinados e da mais alta qualidade. Alguns com detalhes a mais se comparado aos outros. Pareciam ser roupas leves e confortáveis, pensou ele, e olhando para sua própria roupa que já era extremamente velha, ele se sentiu desarrumado e deselegante.

— Vamos logo comprar o que precisamos, toda essa multidão me deixa desconfortável — disse Kishi.

— Não precisa se preocupar. As cidades principais são bem protegidas pelos guardas da Lótus Vermelha, é improvável que Hakuro tenha conseguido infiltrar soldados aqui — respondeu Alissa enquanto se aproximava. — Eu estou morta de fome, o que vamos comer?

— Podemos comprar alguns aperitivos e comer durante a viagem.

— Você está tenso, meu filho. Dê uma volta, isso deve fazê-lo relaxar um pouco. — O pai de Kishi se levantou e caminhou até eles. — Eu quero comer bolinhos de arroz. Comprar algumas verduras também seria bom.

Alissa e o senhor Edo começaram a andar para o centro da cidade, ignorado, Kishi os seguiu ainda atento aos arredores. Mesmo preocupado, ele se sentiu feliz em ver aqueles dois rindo, se divertindo como se estivessem à passeio.

"Talvez eu esteja me preocupando atoa..."

 


Após andarem e explorarem um pouco, os três estavam exaustos. Mesmo andando o dia inteiro e visitando todas as lojas e pontos turísticos eles apenas experimentaram uma parte do que aquela magnífica cidade tinha a oferecer. 

Alissa estava sentada ao lado do senhor Edo, ambos com barrigas cheias e completamente cansados. Os dois contemplavam aquela tarde lenta, as pessoas que andavam pela rua diminuíram um pouco. Algumas lojas foram fechadas e outras foram abertas.

A garota colocou a mão sobre a barriga e suspirou em alívio, nunca comeu tanto em sua vida. Eles tinham uma boa quantidade de dinheiro graças a Edo, ela se sentiu mal por ter se divertido às custas do bom senhor, mas ele não se importou, afinal: a felicidade não tem preço.

Nesse momento, Kishi estava voltando de uma das lojas. Ele comprou os suprimentos necessários para que pudessem seguir viagem, seus ombros exaustos e sua postura relaxada eram estranhos demais para ele. Sempre alerta, seu pai dizia em seus treinos quando era pequeno, nunca pensou que relaxar fosse tão exaustivo. Entrar em várias lojas, comer um monte... Essa vida não é para ele.

Mesmo com tudo isso, um sorriso sincero estava impregnado em seu rosto.

O fim de tarde pegou Kishi de surpresa, tanto tempo assim se passou? A cor alaranjada substituía o azul celeste, as pessoas seguiam o ritmo do Sol. Ele via vendedores cansados que fechavam suas lojas e crianças sonolentas carregadas por seus pais.

"Para uma cidade tão agitada, seria estranho se as pessoas não se sentissem cansadas no fim da tarde." — pensou, observando algumas lojas.

Seus passos que já estavam lentos foram parando cada vez mais. Sua visão ficou fixa em um dos itens de uma loja simples e humilde. Uma loja de caça, vendendo armas, facas e... Uma katana. Aquele item curioso puxou a atenção de Kishi.

O homem velho que vendia os itens roncava em seu leve sono. De barba grande e um chapéu pontiagudo ele seria facilmente confundido com um gnomo. Ao olhar mais atentamente, notou-se que as armas de caça e peles de animais eram de excelente qualidade, e mesmo tentando focar em outros assuntos a transparência de seus olhos diziam que ele apenas se interessava pela katana.

Mas, olhando além da katana, do outro lado da rua, uma outra coisa chamou sua atenção; uma mulher alta de cabelos amarronzados, usava uma roupa azul sem mangas que deixava transparecer seus belos braços, uma beleza escultural que poucas vezes ele havia visto, a mulher parecia estar comprando legumes.

E o vendedor da loja onde estava a katana, acordou.

Sem abrir muito os olhos ele viu aquele jovem observando seus produtos. Sorriu discretamente e coçou a barba. Em uma avaliação rápida, o vendedor supôs que ele seria um viajante por conta dos suprimentos que carregava, seu físico era dez vez melhor do que de um simples fazendeiro. Um guerreiro da mais alta categoria.

— Olá, meu jovem. — A fala dele pegou Kishi de surpresa, ele voltou toda sua atenção para o vendedor.. — Gostou de algo? Estou fazendo um ótimo preço hoje.

— Me desculpe senhor, não quis o acordar. — disse sorrindo timidamente. — O senhor tem excelentes produtos, é um caçador veterano?

— Oh sim, você tem bons olhos. Em minha juventude eu me aventurava no interior das florestas, buscando todo tipo de animal. Hoje em dia apenas vendo as peles mais simples e fáceis de coletar, uma grande queda de performance, não acha? — ponderou a questão como se contasse uma piada. Ele viu o olhar de Kishi sair da katana para a pele de uma raposa, e da pele de uma raposa para de volta a katana.

— Pelo contrário, o senhor está vivo mesmo depois de enfrentar os animais mais selvagens, é uma inspiração para mim — respondeu, e logo teve seu olhar fisgado pela mulher do outro lado da rua, que sem querer derrubou um dos produtos no chão.

— Está tudo bem, meu jovem? — perguntou o vendedor. — Você me parece distraído. — Ele se virou para trás, tentando ver do outro lado da rua o que chamava tanto a atenção do jovem, mas seus olhos velhos já não funcionavam como antes.

— Sim, estou. Senhor, essa katana, posso dar uma olhada?

— Vá em frente — disse sorrindo.

Kishi colocou suas coisas no chão e pegou a bainha da katana com as duas mãos. Era branca, um branco tão limpo que poderia causar inveja às nuvens. Pequenos detalhes em dourado e vermelho dançavam por aquele branco esbelto. Tirou a espada da bainha e analisou a lâmina.

Fria, como o metal deve ser. Nunca foi o maior dos espadachins, as espadas não combinavam com seu estilo de luta segundo seu pai. Mesmo assim, ele conseguia ver com clareza que aquela arma era magnífica. O atentar dos detalhes, o peso equilibrado, se não fosse uma arma feita para matar poderia ser usada como decoração. 

— Ela... Possui um nome? — questionava sem tirar os olhos da arma. A lâmina era tão brilhante, que ele viu seu próprio reflexo no metal.

— Ele.

— Perdão?

— A espada, não é ela, é ele. — O velho abriu mais os olhos chamando a atenção de Kishi. — Meu irmão mais novo forjou essa espada.

— Ele é um ferreiro magnífico, gostaria de conhecê-lo algum dia.

— Infelizmente isso não será possível. — O homem não precisou falar mais nada, Kishi entendeu a mensagem. — Quando mais jovem, meu irmão se esqueceu brevemente do amor que sentia pela forja, seu coração foi roubado, ele sentiu o mais puro dos amores. Infelizmente, sua alma gêmea pereceu por uma doença fatal e sem cura.

A mulher do outro lado da rua olhou para a direção dele por um instante.

— Eu… — parou por um breve momento, se sentindo observado. Continuou. — Eu sinto muito pelo senhor.

— Não há porque sentir, meu irmão, desabalado e inconformado, voltou toda a sua atenção novamente à forja. Jogou todo o amor que sentia em uma única arma, essa katana que você está segurando agora. O nome da katana é o mesmo nome de sua alma gêmea: Hilbert.

Aquela história tocou Kishi. Aquilo não era uma simples arma, era a personificação de um amor dos mais puros, uma obra de arte sem dúvida alguma. Kishi colocou novamente a katana dentro da bainha e olhou para o senhor que coçava sua extensa barba.

— Por que está vendendo essa arma se é tão importante?

O velho riu.

— E que sentido faria guardar a felicidade comigo? O amor foi feito para ser distribuído aos outros, essa é sua verdadeira função. — O vendedor observou a katana. — Da mesma forma que é passada a mim, eu devo passar esse amor em formato de espada para um jovem guerreiro. E quando necessário, deve passá-la para seu próximo usuário.

— São lindas palavras — disse colocando a katana Hilbert sobre a mesa.

— Depois de tanto a olhar, não irá levá-la?

— Infelizmente, não possuo dinheiro. Além disso, acredito que existam aqueles que farão melhor uso desta espada.

— Eu discordo — falou. — A forma como você a olhou… Essa arma seria perfeita em suas mãos. Não me importo com o dinheiro, considere um presente.

A mulher terminou suas compras e prosseguiu andando.

— Não senhor, eu preciso lhe retribuir de alguma forma, aqui. — Ele se abaixou por um momento e pegou duas maçãs entregando-as para o vendedor. — Espero que goste, estão frescas.

— Obrigado. — O vendedor as pegou, estavam vermelhas como rubis, suculentas. — Jovem, qual é o seu nome?

— Eu me chamo Kishi. Kishi Sanju.

— É um lindo nome, Kishi. Espero que ela seja útil a você.

Agradecendo mais uma vez, ele pegou a katana Hilbert e a olhou profundamente, ele sentia que essa espada seria muito mais que útil. Se despedindo do vendedor, voltou a trilhar seu caminho até Alissa e seu pai.

Caminhou um pouco mais rápido que o padrão, não queria ficar na cidade até o escurecer, devido a seu tamanho colossal, seria fácil se perder na mesma. 

Ele passou por algumas pessoas, e olhou para o lado por um instante, não viu nada demais. Olhou novamente para frente e continuou seu trajeto quando…

A mulher de longos cabelos castanhos passou ao seu lado, andando a passos rápidos, demonstrava estar com pressa para chegar em algum lugar. Kishi a seguiu com a cabeça, surpreso e incrédulo.

Ele parou de andar.

— Quem é você? — disse.

A mulher, pega de surpresa por aquele estranho, parou a alguns metros à frente dele, virou-se e respondeu:

— Perdão? — Ela ergueu uma das sobrancelhas, imaginou ter conhecido aquele homem de algum lugar, mas embora sua memória se esforçasse, não fazia ideia de quem ele era. — Eu conheço o senhor?

— Não…

— Ah, entendo… Sendo assim, se me dá licença, estou com um pouco de pressa, tenho que preparar a refeição de meus irmãos, com licença. — Ela voltou a caminhar.

— E onde estão os legumes que você comprou?

A mulher outra vez parou, incerta do que responder.

E lançou uma adaga na direção de Kishi.

Sua resposta foi instintiva, ele se movimentou para a direita escapando com êxito do ataque.

Uma flecha atingiu seu ombro direito.

— Agh! 

Ele não teve tempo de processar a dor, quando viu a mulher vindo em sua direção ele jogou os suprimentos que estavam em sua sacola na mesma, fazendo-a perder um pouco de sua iniciativa.
Sem saber quantos inimigos estavam ao seu redor, ele começou a correr na direção oposta, passando no meio de algumas lojas e barracas para tentar despistar seus adversários.

As pessoas assustadas, começaram a correr em desespero, não sabiam o que estava acontecendo, mas tinham certeza que aquele era outra artimanha dos criminosos número um do país:

A Lótus Negra.

 

 

O Sol lutou bravamente durante o dia.

Mas sucumbiu, perante a escuridão da noite.

E a Lua, sorria vitoriosa.

Alissa e Edo estavam inquietos. Andando de um lado para, Alissa não se conformava com a demora de Kishi que já deveria ter chegado ali, já o senhor Edo, embora também muito preocupado, tentava controlar sua ansiedade por meio de uma respiração calma e controlada.

— Acho melhor irmos atrás dele — disse a garota.

— A cidade é muito grande, poderíamos acabar nos desencontrando, vamos esperar mais um pouco.

— Então o senhor fica aqui e eu irei procurá-lo. Não irei demorar.

— Mas Alissa…

— Eu sei — resmungou. — Não devo agir de cabeça quente ou de forma imprudente… Mas também não posso ficar parada aqui sabendo que um amigo pode estar correndo perigo! — Assim que terminou de dizer aquelas palavras, Alissa saiu em disparada para o centro de Mākeke Nui.

Diferente do que se imaginava, quanto mais se aproximava do interior da cidade mais pessoas surgiam, ela havia imaginado que, com a chegada da noite as pessoas na rua deveriam ter diminuído, ainda mais considerando a condição atual do país, mas não era esse o caso.

As pessoas afobadas andavam com pressa de um lado para o outro. Alissa tentou conversar com algumas delas, mas tudo o que conseguiu foi ser empurrada e jogada aos cantos. Independente do que estivesse acontecendo, era algo grande que fazia toda a cidade se remexer.

— Vamos subir, poderemos ter uma visão melhor dele lá de cima. 

Alissa que estava jogada em um canto após ter fugido da muvuca, acabou sem querer escutando a conversa de dois homens que portavam arcos e usavam roupas típicas de caçadores. 

Ela quis deixar esse fato passar, mas seus olhos não conseguiam desgrudar daquelas duas figuras, que adentraram a multidão que corria para o lado oposto, visando adentrar em uma das altas residências da cidade. E com um pouco de insegurança, ela os seguiu.

Andando contra correnteza, era impossível dar qualquer passo sem antes dar outros dois para trás. Ainda assim, embriagada por uma determinação quase sobrenatural, Alissa conseguiu sobressair daquela multidão e se aproximou dos homens, que com pressa, adentraram uma casa de 4 andares.

Quando ela estava prestes a entrar também, um homem a parou.

— Como posso ajudá-la?

— Ér… Me desculpe! Eu acabei me confundindo, com licença — mentiu e apressadamente tentou se afastar.

Em um estalo, a mente de Alissa começou a raciocinar em uma velocidade que nem ela mesma conseguia acreditar ser possível. Mākeke nui, ou grande mercado como também era chamado, era um centro comercial gigantesco, não apenas produtos eram vendidos, mas também, informações.

“Eles conseguiriam achar o Kishi facilmente aqui, e aqueles homens queriam uma visão melhor ‘dele’... Droga…”

— Senhorita? — perguntou o homem que lentamente ia se aproximando, aquela moça havia ficado imóvel do nada, e parecia cochichando algo para sí. — Está tudo--

Em um giro, Alissa desferiu um potente soco na mandíbula do homem. O golpe o pegou totalmente de surpresa, o levando ao chão no mesmo instante.

— Ai! — gritou. — Que merda… — Ela apertou a mão que usou para desferir o soco, estava doendo muito. — Droga… Não tenho tempo pra isso.

Com pressa, Alissa adentrou a residência.

 

 

— Oh, impressionante.

Aquela mulher se surpreendia enquanto olhava para Kishi que com muita dificuldade se mantinha de pé. Ele tentou despistar ela, mas não importava o quanto corresse aquela mulher sempre aparecia o pegando desprevenido. Sua velocidade era espetacular, mas o que mais o surpreendia, era que ela parecia estar apenas brincando.

Ele ainda tentou fugir, mas acabava sempre sendo pego por alguma flecha que o atingia em cheio. Agora, já estava no meio da cidade, cercado pelas enormes construções, onde provavelmente estavam os ninjas com seus arcos e flechas: ele estava totalmente cercado.

— Você… É uma general também não é… — dizia aflito, sua voz quase não saia devido a seus ferimentos que exigiam muito de si mesmo.

— Exatamente. Eu sou a general do Oeste da Lótus Negra, Sinsha — anunciou. — Ouvi falar muito sobre você, Noredan.

— Esse não é o meu nome — retrucou irritado. —, Achei que os ninjas operassem nas sombras, não está se expondo demais?

— Não se preocupe com isso, estou nessa cidade a um bom tempo, ela já nos pertence. Se ficar se preocupando com esses detalhes bobo, você irá morrer.

— Tsc, Me poupe. — Ele segurou com as duas mãos sua recém adquirida katana, olhava para os lados buscando algum ponto cego, para que pudesse fugir, não sabia o número de inimigos e nem como estava Alissa e seu pai. Ele estava em completa desvantagem.

— Não se preocupe quanto aos seus colegas, não iremos atrás deles. — Kishi arregalou os olhos, ela adivinhou perfeitamente o que ele estava pensando. — Você é o único que me interessa, não me importo com os peixes pequenos.

— Estou começando a me cansar disso tudo. — Ele ativou seus olhos negros, e em um instante, todas as suas feridas já estavam curadas. — Saia da minha frente, Sinsha.

— Uau… Isso… É incrível! — Ela sorriu com uma felicidade genuína em seu rosto, não havia encontrado ninguém realmente forte desde que conheceu Hakuro, seu coração pulsava em um ritmo acelerado, quase como em uma música. — Então venha com tudo, Kishi!

E o combate se iniciou.



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