Volume 1

Capítulo 18: Duelo no Navio

O jovem possuía um pequeno sorriso de confiança no rosto e deixou a sua espada erguida. Ele estava preparado para entrar em combate.

Amon nem mesmo se preocupou em levantar a sua guarda. Ele apenas segurou a sua cimitarra em posição de combate e aguardou.

Um leve movimento de mão foi realiza. Amon quase não o percebeu. Era um movimento sutil e rápido, quase que um reflexo involuntário. O florete moveu-se em uma velocidade tão grande que deixou uma imagem para trás e o som do ar quebrando ressoou.

O jovem colocou a mão para trás das costas, demonstrando uma experiência. Isto havia passado despercebido pelos olhos de Amon, que havia subestimado o seu oponente.

Ele havia executado um ataque. Aquele movimento de mão rápido foi a única coisa que alertou Amon e o havia salvo a tempo, pois o jovem atacou-lhe com o objetivo de finalizar tudo rapidamente.

O corpo dele inteiro avançou e a espada firmou-se em suas mãos, cortando para frente com destreza absoluta.

A lâmina passou raspando pelo pescoço de Amon que desviou com dificuldade e tomou um pouco de distância.

— Parece que você não é só um blefe, garoto! — Sorrindo, Amon recuperou um pouco o fôlego e levantou a própria guarda.

O jovem não lhe respondeu. Ele apenas abriu um sorriso e sacudiu a espada de um lado ao outro provocando.

A agilidade sobre-humana de Amon havia lhe salvo.

Logo, o jovem executou uma série de ataques rápidos. Várias estocadas foram feitas em alta velocidade. Amon desviava de cada ataque com seus movimentos ágeis.

Os piratas ficaram boquiabertos com a situação. Nunca antes haviam visto o seu capitão ser pressionado de tal maneira. Apesar dele estar ferido, ainda era algo inédito.

O capitão pirata continuou desviando de todos os ataques que vinham em sua direção. Ele tinha uma precisão e a lâmina não cortou nem ao menos um pelo do seu corpo.

Para os de fora, Amon estava sendo pressionado; porém, era ele, ele que dominava o duelo que se desenrolava no convés daquele navio. Amon tinha completo controle da situação.

Os ataques tornaram-se cada vez mais ferozes, criando uma chuva de lâminas e até assustando os piratas. Todos eles eram rápidos, precisos e, o mais importante, mortais. No entanto, algo logo se tornou claro para os piratas e para o jovem, Amon não atacou uma única vez.

Dando um passo atrás, o jovem mudou a sua postura. Ele pôs uma perna para frente e desferiu um golpe afundo, alongando o seu braço o máximo que poderia.

Amon foi pego de surpresa, mas conseguiu perceber o golpe antes de ser fatal. Assim que a espada chegou perto, ele abaixou-se. A lâmina passou reto por cima de sua cabeça. Aproveitando-se do impulso do próprio jovem, Amon o arremessou por cima da sua própria cabeça.

Um baque pesado ressoou quando o corpo bateu no chão quente de madeira.

— Você realmente está levando isso a sério? Hahaha! — provocou Amon apoiando-se na sua própria espada.

A fúria rapidamente tomou conta da mente do rapaz. Ele se levantou e recuou um pouco, atacando outra vez logo em seguida. Executou várias flechas na direção de Amon. Esses eram ataques rápidos, utilizados normalmente para finalização, mas o jovem os usava para criar uma barragem de golpes.

Suspirando, Amon cansou de brincar com o jovem. A cimitarra dele soltou um zumbido suave quando cortou para baixo em direção ao oponente. Agora, quem realizava os ataques rápidos era Amon.

O jovem passou a ser pressionado.

Os ataques de Amon eram pesados e sem técnica, mas ainda eram precisos e poderosos. A maneira elegante dos ataques anteriores acabou por contrasta  com os golpes bárbaros do pirata.

Além disso, eles eram acima de tudo rápidos e imprevisíveis como o verdadeiro ataque de uma Enguia.

Diferente do garoto que deveria ter treinado em um lugar seguro, os ataques de Amon mostravam os perigos das ruas. Aquilo vinha da sua própria experiência em combate e eram mortais, mesmo que não fossem nem um pouco “bonitos” de se ver.

— Você está tentando me matar?! — gritou o jovem.

— Mas é claro! Por qual outro motivo estaríamos duelando?  — Amon sorria ao observar o desespero. — Duelos foram feitos para isso!

O jovem recuou alguns passos, dando um sorriso de nervosismo e engolindo seco. Naquele momento, o espectro da luta mudou completamente.

O som do zumbido da espada não parava de ressoar nos ouvidos do espadachim. Toda vez que Amon cortou com a sua espada, ele reverberou pelo ar. Ele não era um som comum, pois soava com o como uma cobra.

Amon realizou outro ataque rápido, que cortou um pouco o rosto do adversário. Ao dar alguns passos para trás, o espadachim passou a mão no rosto e olhou para os dedos sujos de sangue. Contudo, a sua visão estava turva e os dedos pareciam duplicar-se.

Aproveitando-se da distração, Amon correu pronto para acabar com tudo. Ele cortou na direção do jovem que reagiu rapidamente, colocando a sua espada na frente do peito e recebendo o poderoso impacto.

A espada saiu voando para um lado e o rapaz voou para o outro.

Um grande corte surgiu no seu peito e agora estava desarmado.

— Parece que acabou, moleque. Últimas palavras?  — Amon chutou o jovem caído e apontou a lâmina para o seu pescoço.

Sem conseguir ver escapatória, o Espadachim chegou a uma conclusão rápida.

“Eu vou fugir daqui. Esse cara é maluco.”

O jovem tentou acertar um chute em Amon que desviou com um passo para o lado. Dado a oportunidade, ele levantou-se e correu até o outro lado do navio. Antes, pegou a sua espada e seguiu em frente.

— Peguem ele! — gritou um dos piratas subordinados.

Sem pensar muito, o jovem pulou dentro d’água e desapareceu no mar.

— Desgraçado! — O pirata olhou para o mar, mas não conseguia ver nada. — Coloquem uma recompensa...

— Deixe-o. Apesar de ser um lixo, ele ao menos sorriu. — Amon continuou com o sorriso no rosto, colocou a cimitarra no ombro e seguiu até o porto, descendo pelas escadas. — O Said já foi atrás da menina?

— Said?... Sim, senhor!

— Então vamos logo para o Cassino. Logo aquele monstro vai chegar na ilha. Até lá, eu quero a garota!

O sorriso perverso e os olhos frios de Amon intensificaram a loucura desenfreada da sua fala. O seu verdadeiro alvo não era a menina; e sim, o monstro que encontrou no barco de Willy, Morpheus.

O dia estava indo, enquanto à noite se aproximava a passos rápidos.



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