Volume 1

Capítulo 27: Leilão (2)

Sienna e Morpheus rondaram pelo prédio buscando alguma outra entrada, pois à entrada principal estava cheia de guardas.

Além disso, os ricos participantes do Leilão eram sempre acompanhados de guardas, dificultando ainda mais as coisas.

— Fique aqui — disse Morpheus para Sienna em um beco, enquanto ele saia para buscar informações.

Alguns minutos passaram com Sienna ainda aguardando até que escutou gritos de uma menina.

Ela foi até o final do beco que ficava a alguns metros do enorme prédio e conferiu a cena que se desenrolava.

Havia uma garota caída no chão gritando. A menina possuía quase a mesma idade de Sienna. Perto dela estavam alguns guardas e um homem com uma aura poderosa.

O homem estava na frente da menina e, do outro lado, um grupo de pessoas com vestes negras atacavam-nos.

Hajor brandiu o seu sabre curvado na direção dos inimigos e exclamou:

— Eu sou Hajor, comandante da marinha, quem está por trás disso?!

Os inimigos não responderam. Continuaram com o ataque em direção ao antigo Sultão e sua neta. Eles puxaram sabres das suas vestes e partiram para cima.

Uma fina camada de aura surgiu de ambos os guardas, potencializando os seus ataques e fazendo o som de metal ressoar no ar.

A menininha caída no chão agarrou-se no avô.

— Está tudo bem, querida. Afaste-se, vovô cuida disso. — Uma camada densa de Aura de cor marrom cobriu o corpo do homem. — Matem todos!

Hajor partiu para atacar com a velocidade de um cavalo em fúria e atacou dois dos adversários de um total de cinco.

Os inimigos estavam em clara desvantagem e não possuíam a capacidade de usar Aura. Porém, em um momento de descuido, o último dos bandidos conseguiu passar por eles e estava indo na direção da menina no chão.

— Jasmine! — gritou Hajor, livrando-se dos inimigos e correndo até o homem, porém era tarde demais.

A espada do inimigo em vestes negras desceu na direção da neta do comandante...

No entanto Sienna apareceu no último segundo e saltou para salvar a menina. A espada encontrou apenas o ar enquanto as garotas rolavam pela terra.

— Morra, desgraçado! — Hajor surgiu por trás dele e cortou o peito do inimigo de cima a baixo.

Sienna caiu por cima de Jasmine. Ela reclamou da dor de ter rolado pelo chão.

Aí! Você está bem?

Jasmine encarou o bonito rosto, mas sujo de Sienna. Viu o cabelo curto, as roupas masculinas e, no instante seguinte, reparou que o menino na sua frente estava em cima dela, corando instantaneamente.

Ela não havia percebido que Sienna na verdade era uma garota.

A menina usava um vestido simples com um laço vermelhos, tinha uma pele morena, um nariz arrebitado, comum em sua família, e enormes cabelos negros que tocaram o chão durante à queda.

Sienna se levantou com cuidado e deu a mão para ajudá-la, tornando o rosto da garotinha ainda mais vermelho sem que percebesse

— Você está doente? — interrogou, confusa com o estado da menina.

 

 

Logo, a situação do ataque foi resolvida.

— Senhor, o objetivo deles era a jovem senhorita. Eram apenas bandidos tolos querendo sequestrar ela — comentou um dos guardas.

— Certo. Aumentem a segurança e vejam se não há outros deles.

— Sim, senhor!

Os guardas partiram carregando os cadáveres e Sienna viu aquilo como uma deixa para fugir dali; antes que uma multidão surgisse.

Contudo, antes que pudesse fugir, uma mão tocou o seu ombro.

— Espere, meu jovem. Gostaria de agradecer por salvar minha neta. — Hajor estava parado atrás dela e, logo atrás dele, estava Jasmine escondendo o seu constrangimento. — Posso recompensar você por essa ação. Pode pedir qualquer coisa.

Sienna engoliu seco e percebeu que os dois estavam indo ao Leilão, então queria manter distância.

— Eu não quero nada. Posso ir? Meu amigo deve estar preocupado comigo.

Ah. Um verdadeiro herói então. — Hajor passou a mão na cabeça de Sienna bagunçando o seu cabelo. Aquilo irritou-a. — Mas sei que um dia pode precisar de ajuda, então, caso ocorra algum problema, você pode pedir minha ajuda. É só citar o nome Hajor para qualquer guarda da cidade e virei pessoalmente ajudar.

Ela aceitou aquilo e rapidamente se virou para sair, mas, antes que pudesse partir, ouviu o agradecimento de Jasmine.

— Muito obrigada por me salvar! — gritou a garota atrás do avô.

Sienna apenas acenou com a mão e voltou ao beco, desaparecendo da visão deles.

— Jasmine, você está bem, querida? Por que o seu rosto está tão vermelho?

— Vovô, seu idiota!

O homem ficou pasmo ao receber os soquinhos da sua neta e coçou a cabeça em confusão.

“Deve ser apenas o medo de ter sido atacada”, pensou ele.

[...]

— Onde você estava?!

Assim que retornou ao beco, Sienna se encontrou com Morpheus e contou para ele sobre a sua curta aventura. Ele ficou aborrecida, mas, após ouvir tudo, decidiu se acalmar.

— Você se machucou?

— Não. Estou ótima.

Morpheus então contou para ela que havia encontrado uma entrada pelos fundos. Quando ele citou “entrada”, Sienna percebeu algo.

“Aquele homem estava indo para o Leilão... eu poderia ter pedido a ele para entrarmos juntos disfarçados.”

Ela notou o próprio erro, mas também sabia que Leon ainda estava desaparecido, então era melhor entrar escondido; confiar em outras pessoas também não era algo muito inteligente a se fazer.

Sienna então seguiu Morpheus. Eles passaram por um pequeno beco, atravessaram para trás do Leilão e depois seguiram um pouco mais; até que chegaram a um ponto do lado contrário à entrada.

Acima, viu-se uma pequena janela há mais de dez metros do chão.

— Essa é a nossa entrada? — perguntou a menina.

— Exatamente.

Ela o viu acenar com uma mão; aproximou-se, então foi agarrada pelo braço dele e os dois foram carregados aos céus por um salto.

A janela quebrou em vários pequenos pedaços e os dois entraram no prédio.

Ei! Você escutou isso? — disse um guarda.

— Foi a janela dali de cima. Deve ter sido um pássaro — respondeu outro.

Mesmo dizendo aquilo, os dois deram uma boa vasculhada na região. Porém, ao não encontrarem nada, voltaram aos seus serviços.

Acima, agarrados no meio das ferragens, estavam Sienna e Morpheus. Ela respirou aliviada quando eles foram embora.

Porém, quando estava prestes a falar algo, sua boca foi tampada pela mão de Morpheus. Em seguida, dois homens entraram no armazém.

— Estou dizendo. Desta vez vai ser um show! — disse um deles ligando as luzes e cegando a menina momentaneamente.

— Fique em silêncio — sussurrou o vampiro.

— Você entende que isso precisa funcionar, né? Os sacerdotes esperam muito desse evento e você não pode falhar, August.

— Não se preocupe; teremos uma nova atração hoje.

— E onde está ela?

Sienna prestou atenção nessa parte da conversa em específico, pois sabia que falavam da sua mãe.

— Escondida, é claro. Você não soube o que aconteceu com Leon?

— Leon era presunçoso e covarde. Apenas não fracasse, entendeu? A sua cabeça está em jogo aqui.

— Sim, sacerdote Tomas.

A conversa entre os dois homens terminou e eles saíram, mas deixaram as luzes acessas.

August era um homem de meia idade, pele morena, cabelo ralo e roupas caras de cor preta.

Tomas usava um manto cinza e estava oculto dentro dele, por isso Sienna não pôde identificar, mas ela escutou ele citar o nome “sacerdotes” e também ser chamado de um.

Com as luzes do armazém acesas, conseguiu ver bem o lugar. Relíquias, itens de outros países, tapeçarias banhadas à ouro e muitas outras coisas, que poderiam tornar um homem rico da noite pro dia, estavam espalhadas pelo lugar.

Vistoriando tudo, algo em específico chamou-lhe atenção. Dois ganchos prendiam o objeto na parede.

O item possuía o tamanho de um antebraço. Ele tinha um cano feito de ferro e uma guarda mão de cor marrom, mas, apesar de ser feito com materiais de uma arma, não se parecia uma.

Naquele item, também havia outra coisa que chamou a atenção dela. Perto do cano, gravado na área marrom, havia o símbolo de uma flor.

Quando estava prestes a pegar aquilo, outra vez foi agarrada por Morpheus e levada ao teto.

August entrou na sala junto de uma dúzia de homens.

— Levem tudo para o palco! Mas tenham cuidado, pois tudo aqui vale mais que a vida de vocês. Vamos rápido!

Os homens carregaram a maioria das coisas, deixando apenas aquele objeto por último. Este, August levou ele mesmo, pois tinha medo de que quebrasse.

— Essa era a antiga atração principal, mas agora nem se compara ao grande prêmio! Há Há Há! — riu enquanto saia da sala.

Percebendo do que se tratava, Sienna e Morpheus se entreolharam; o Leilão estava prestes a começar!



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